Tintas Gráficas: Impressão em alta recupera as vendas

Com a expansão da indústria gráfica nacional, fornecedores de tintas de impressão almejam crescimento

Química e Derivados: Tintas: vinh_tintas_corte. ©QDO setor de tintas para impressão ingressou confiante em 2005 e não sem motivos, pois a indústria gráfica conseguiu retomar o ritmo de crescimento no ano passado.

Relatório preliminar de desempenho divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) aponta expansão de 10% e um faturamento global superior a US$ 5 bilhões em 2004, contra os US$ 4,5 bilhões alcançados em 2003.

Embora não sejam resultados definitivos, o último saldo anual da balança comercial também foi bastante favorável aos produtos gráficos brasileiros com superávit de US$ 100,7 milhões, contra os US$ 72,8 milhões de 2003, um aumento de 38,7%. As exportações cresceram 2,65%, totalizando US$ 204,43 milhões, e as importações registraram queda de 6,79%, ao somar US$ 103,7 milhões.

Tais avaliações feitas pela Abigraf levaram em conta o consumo aparente de papéis e tintas de uso setorial, onde o crescimento em 2004 foi estimado em torno de 8%. Se as margens de lucro subtraídas nos últimos anos ainda não puderam ser recuperadas, restou a possibilidade de recuperar vendas.

Como grande importador de matérias-primas, como pigmentos, óleos minerais, vegetais, ceras e resinas, o setor de tintas também se viu favorecido pelo câmbio e pela condição declinante do dólar, podendo contabilizar menores custos de produção. No entanto, para expandir e até mesmo assegurar participações no mercado interno, e projetar-se de maneira agressiva nas exportações, o setor tem modernizado fábricas, oferecendo novas ofertas em produtos.

Química e Derivados: Tintas: Gero aposta na linha aquosa para retogravura. ©QD Foto - Cuca Jorge
Gero aposta na linha aquosa para retogravura.

Aquosa para rotogravura – Com mais de 60 anos de atuação, a Cromos, com fábrica no Rio de Janeiro, inova a oferta de produtos para o segmento de rotogravura de alta tiragem, lançando em meados de 2005 a linha de tintas aquosas, como alternativa de substituição para as tintas à base de solventes orgânicos.

“A nova linha aquosa para rotogravura é mais concentrada e pigmentada, atóxica, e substituirá com vantagens técnicas e ambientais as tintas à base de álcool etílico, acetato e compostas de resinas à base de nitrocelulose, com o mesmo desempenho e características de brilho, aderência e secagem dos produtos convencionais”, informou Gero Pluecker, diretor industrial da Cromos.

A liberação da nova linha aos mercados de rótulos, etiquetas e embalagens só será possível graças a inúmeros testes complexos de impressão, envolvendo as etapas de gravação de cilindros e secagem por evaporação nas estufas. O fornecimento inicial deve ser para impressões em papel ou cartões, empregados na fabricação de carteiras e envoltórios para a indústria de cigarros.

Ao conceber a novidade, a empresa levou em conta não só a evolução do mercado de tintas gráficas, que vem adquirindo equipamentos mais velozes, como também as demandas ambientais das empresas, por produtos menos agressivos.

“Hoje não mais se admitem tintas gráficas formuladas com metais pesados ou com fortes odores e, por isso, a busca de fontes e fornecedores de matérias-primas tornou-se incessante para melhorar a competitividade dos nossos produtos”, acrescentou Gero.

Há décadas produzindo tintas para rotogravura à base de nitrocelulose, com especialização no fornecimento para o mercado de embalagens para cigarros, em parceria de longa data com a Philip Morris, a empresa teve agora a oportunidade de desenvolver as primeiras aplicações de tintas aquosas para a aplicação. E, além desta, também se prepara para lançar nova linha para off-set, com cura UV e secagem instantânea. Com essas características, há mais de 20 anos já são produzidas várias linhas de produtos, cujas vendas não decolaram na proporção esperada em razão dos custos e de dificuldades operacionais encontradas pelas gráficas.

“Planejamos, agora, produzir com novas matérias-primas, e vamos promover reduções de custo, tornando os produtos mais atraentes sem perdas de produtividade comuns a esse tipo de impressão, sobretudo na produção de formulários contínuos em sistemas rotativos”, afirmou o diretor.

Com participação em torno de 35% no mercado de tintas off-set, estimado em 500 toneladas/mês, a Cromos também se destaca no fornecimento de tintas off-set sheet fed, para impressão de formulários contínuos, folhetos, materiais promocionais, obras didáticas e embalagens em geral. Também produz tintas off-set com cura UV, para papéis e plásticos, neste último caso envolvendo a fabricação de cartões de crédito e telefônicos.

Seu alto conceito, porém, se estende ao segmento de tintas metalgráficas com cura térmica ou UV, empregadas em latas compostas de três peças (three-piece), envolvendo tampa, corpo da lata e fundo, para o mercado de óleos e solventes. Outro foco é em tintas com cura térmica para latas two-piece, providas de tampa e corpo repuxados, em alumínio ou aço, utilizadas para acondicionar refrigerantes e cervejas, onde a Cromos detém posição confortável de fornecedora exclusiva, mantendo-se na liderança.

“Em 2005, vamos nos dedicar mais ao mercado de tintas flexográficas para substratos flexíveis”, antecipou seu diretor. Responsável pelo desenvolvimento das primeiras tintas flexográficas aquosas, formuladas ainda na década de 70, a Cromos ganhou mercados nos segmentos do papelão ondulado e sacos multifolhados, mas pretende agora centrar o foco em flexíveis.

“A flexografia, especialmente para substratos flexíveis, é o segmento que mais cresce no mundo e no Brasil, e terá grande desenvolvimento nos próximos anos, principalmente em virtude das exportações de alimentos, um mercado em franca expansão no Brasil e de grande exigência quanto à especialização de seus fornecedores”, comentou Gero.

Afora a flexografia, a consagrada impressão por off-set, disseminada nos segmentos editorial, promocional e de embalagens, também deverá continuar rendendo bons dividendos. A empresa renovou acordo comercial com a americana INX International, do grupo japonês Sakata, para a venda no Brasil de tintas gráficas especiais destinadas às impressões em máquinas rotativas do tipo “HS”, com capacidade para grandes volumes.

Levando também em conta as necessidades das máquinas off-set planas, a empresa desenvolveu tintas para aplicações em papéis revestidos e não-revestidos com brilho e alta resistência ao atrito, que não secam na rolagem em períodos até 24 horas.

Para papéis de secagem mais lenta, como os cuchês foscos e os off-set, outro desenvolvimento também contemplou secagens mais rápidas. Para impressões de alto brilho e rápida secagem, são oferecidas tintas off-set especiais, indicadas para impressoras com reversão 4/4 e 5/5, com velocidade de impressão de mais de 15 mil bases/hora, incluindo produtos para máquinas com impressão simultânea, abrangendo frente e verso impressos em quatro cores em cada lado.

Química e Derivados: Tintas: Kavagauchi obteve recorde na venda de tintas flexográficas. ©QD Foto - Cuca Jorge
Kavagauchi obteve recorde na venda de tintas flexográficas.

Na próxima temporada, também impera na Cromos a certeza de retomar a fabricação de vernizes à base d’água e com cura UV, além de aumentar as vendas aos mercados de embalagens para alimentos e brinquedos que, há mais de 20 anos, já vem utilizando tintas off-set de baixa toxidez, fabricadas pela empresa com teores controlados de metais, como antimônio, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cromo, mercúrio e selênio. “Tivemos a preocupação de organizar uma cadeia de fornecimento de matérias-primas controladas, envolvendo pigmentos, processos e até embalagens, que passaram de metálicas a plásticas transparentes, com investimentos de 3% do nosso faturamento anual em pesquisas”, informou Gero.

Flexográfica para náilon – A projeção, realizada pela diretoria da Luminar, de São Paulo, no final de 2003, estimava a possibilidade de crescimento de 40% nas vendas em 2004, mas a magnitude dos resultados surpreendeu a todos, com as vendas de tintas flexográficas em base solvente alcançando 86% de crescimento no ano passado, afora os 12% de expansão também obtidos na demanda de flexográficas em base água, segundo revelou Assis Kavaguchi, há pouco mais de um ano integrando a diretoria da empresa.

O impacto das vendas foi bastante positivo, tornando possível contabilizar crescimento real de 22%, mas as margens de lucro ficaram ainda mais enxutas em relação ao ano anterior, segundo Assis, porque o mercado em 2004 se caracterizou por grandes ofertas.

Ao avaliar as possibilidades para 2005, o diretor considerou: “Apesar dos desacertos da política econômica brasileira, que tudo faz para frear o setor produtivo, o setor de embalagens continuará a crescer, levando consigo os rótulos que estão evoluindo de maneira fantástica, bem como as tintas.”

Já fabricando dezenas de tipos de tintas flexográficas em base álcool, água e solvente, a empresa agora está prestes a lançar nova linha em base solvente para embalagens confeccionadas em náilon, destinadas a acondicionar o mercado de embutidos, envolvendo queijos, salsichas, presuntos, salames, mortadelas, patês e carnes cozidas. “No momento, a nova tinta vem sendo testada em três de nossos clientes, mas já há vários outros interessados, inclusive empresas norte-americanas”, comentou o diretor.

Lançadas em 2002, mas só agora deslanchando em vendas, as tintas flexográficas em base água, da linha Hidroprint, também fazem sucesso, concorrendo com as importadas em condições vantajosas de custo, de 20% até 40%, a depender do grau de concentração de pigmentos.

Química e Derivados: Tintas: Katila deposita confiança no desempenho das embalagens. ©QD Foto - Divulgação
Katila deposita confiança no desempenho das embalagens.

Não fugindo à regra de importar insumos, como pigmentos e resinas, que participam em cerca de 30% da produção, a Luminar também deveria ter colhido maiores frutos em 2004, favorecida pela cotação em baixa do dólar, mas isso não ocorreu, segundo Assis. Isso porque os vários mercados onde a empresa atua não ofereceram condições compatíveis para a fixação de preços mais compensadores, como foi o caso de embalagens em papel e papelão, flexíveis, além dos mercados de rótulos, etiquetas, embalagens laminadas e em alumínio.

“As nossas principais linhas de produtos são tintas para embalagens em geral, tintas para rótulos e vernizes UV, mas é bom lembrar que só na produção desses itens nossa diversidade já é bastante grande”, diz Assis. Para o mercado de embalagens flexíveis, por exemplo, há cinco tipos diferentes de tinta para cada tipo de suporte, especificadas de acordo com os processos envolvidos e com as finalidades das embalagens.

Em 2005, além de continuar investindo na expansão do mercado de tintas em base água, onde estima participação de 42% no mercado nacional, a empresa deverá também aumentar o nível de automatização na fábrica, hoje envolvendo 35% da produção das tintas em base água, e que será ampliado ao longo do ano para 45%, possibilitando a inclusão dos processos de fabricação de tintas base solvente.

Embalagens impulsionaram – Com mais de 30% de participação no mercado de tintas para banda estreita, voltado principalmente para a fabricação de etiquetas auto-adesivas para substratos plásticos ou celulósicos, a ANI, de Curitiba-PR, também alcançou mais resultados em 2004, registrando 50% de crescimento nas vendas em relação ao ano anterior. Esse desempenho foi atribuído ao aumento no consumo de embalagens no país, denotando, entre outros, maior consumo de alimentos pela população.

“As grandes oportunidades de crescimento para o setor de tintas estão nos mercados de embalagens primárias e secundárias e acreditamos que em 2005 esse ritmo deve continuar”, considerou Matias Katila, diretor geral da ANI.

Na avaliação do diretor, o crescimento nas vendas também não foi acompanhado de margens maiores de lucro. “Por causa dos aumentos nos custos de matérias-primas e da nossa impossibilidade de repassá-los aos preços, nossas margens diminuíram em 2004, em vez de aumentar, tornando-se em alguns casos preocupante, principalmente quando analisamos os preços dos derivados do ácido acrílico, empregados nas formulações de tintas à base de água e tintas UV”, considerou.

Química e Derivados: Tintas: Zoretto - País entra no mercado de tintas off-set com cura UV. ©QD Foto - Cuca Jorge
Zoretto – País entra no mercado de tintas off-set com cura UV.

Criada em 2001, como sucessora da Akzo Nobel Inks, a empresa no final de 2004 promoveu nova fusão, desta vez com a Basf Drucksystem, sendo controlada em caráter majoritário pela CVC Capital Partners, grupo da Inglaterra. “Em âmbito mundial, somos o terceiro maior fabricante de tintas para impressão com participação de 7,3% no mercado global e o segundo maior fabricante de fotopolímeros com 26% do mercado”, posicionou Matias. No leque de ofertas mundiais estão tintas para off-set rotativa, off-set plana, tintas líquidas, tintas para banda estreita, fotopolímeros para flexografia e letterpress e pigmentos.

No Brasil, onde a oferta é também diversificada, estão disponíveis três linhas de tintas flexográficas em base água para banda estreita, com alto teor de pigmentação e aderência a vários substratos, como polietilenos, polipropileno, vinílicos, poliestireno, polietileno tereftalato, além de duas linhas de flexográficas por cura UV, de alta velocidade de cura, para impressões de etiquetas auto-adesivas, sleeves, materiais termoencolhíveis e cartões laminados.

Além desses produtos, a ANI também dispõe ao mercado brasileiro tintas UV para serigrafia rotativa, letterpress UV e off-set UV, sendo estas últimas consideradas em plena ascensão pelo diretor por causa da demanda crescente de cartões plásticos laminados.

Off-set para quadricromia – A diversidade de lançamentos de tintas de impressão começou em 2004, mas deverá ter continuidade neste ano, segundo confirmado pela Printcor, de Diadema-SP. Movida pela preocupação de oferecer opção nacional às indústrias com impressoras reversíveis de alta velocidade, a empresa começou a ofertar no início de 2004 nova linha de tintas off-set para quadricromia, a Escala Europa 20800, e se surpreendeu com os resultados.

“A nova linha obteve excelente aceitação, sendo considerada referência entre os mais exigentes clientes do setor gráfico publicitário”, afirmou o engenheiro Marco Zorzetto, responsável técnico pelos novos desenvolvimentos da Printcor. Após um ano de comercialização, a produção já havia alcançado incremento de 200%. Para facilitar vendas e aplicações, além de envasar o produto em embalagens plásticas convencionais, a empresa passou a disponibilizá-lo em embalagens metálicas a vácuo, para o usuário poder estocar por prazo superior a um ano, sem risco de formação de crostas. As novas modalidades de embalagem também incluem tubetes plásticos de 2 quilos, para impressoras off-set mais modernas e com sistema automático de alimentação.

A empresa a partir de março dará início à nova empreitada rumo ao mercado de tintas off-set para substratos plásticos, lançando duas linhas de tintas pastosas, a ultravioleta e a híbrida, esta última representando uma combinação de tintas off-set convencionais com tintas UV, para impressões de BOPP, PE, PVC, PP e poliéster.

“Durante muitos anos, importamos da França tintas off-set de secagem UV com altos níveis de aderência e secagem nas impressões de substratos plásticos, mas agora fomos encorajados a entrar nesse novo mercado, principalmente por termos adquirido conhecimento e tecnologia para trabalhar com tintas UV, que começou a partir da fabricação de vernizes UV, ocorrida cinco anos atrás”, explicou Zorzetto.

Na avaliação do técnico, outro aspecto positivo para a evolução das empresas brasileiras do setor de tintas assenta-se no fato de que nos dois últimos anos reduziram-se as importações de sistemas off-set, registrando-se ainda aumento nas exportações do segmento. Tal reversão de conduta, segundo Zorzetto, deve-se à maior agressividade dos fabricantes nacionais, somada ao maior interesse das empresas multinacionais de produzir no Brasil . “Os fabricantes nacionais não podem deixar de acompanhar o desenvolvimento tecnológico das máquinas impressoras para poder competir em igualdade de qualidade com os produtos internacionais”, considerou Zorzetto. “Já colocamos produtos em oitos países latino-americanos, mas nosso objetivo é incrementar maiores volumes e abranger maior número de países e mercados”, completou Zorzetto.

Outros alvos mais recentes dos investimentos da empresa direcionaram-se às tintas digitais e metálicas. Em meados do ano passado, a Printcor passou a oferecer tintas para impressão digital e metálicas. Estas últimas, lançadas nas colorações ouro e prata e envasadas a vácuo, são fabricadas com pastas importadas da Alemanha e com vernizes dos Estados Unidos.

A versatilidade da empresa, porém, não se limita somente à produção de tintas. No final de 2004, inaugurou ao lado da sede paulista de Diadema uma unidade de produção de vernizes à base d’água. Totalmente automatizada, as operações contam com dosadores controlados por sensores de massa, permitindo que os ingredientes das fórmulas sejam adicionados um a um por intermédio de bombas especiais.

Química e Derivados: Tintas: Veloso - homologação de veniz de rotogravura e de off -set. ©QD Foto - Cuca Jorge
Veloso – homologação de veniz de rotogravura e de off -set.

“Dispomos de 1.500 m² de área e já estamos produzindo 180 toneladas/mês, mas até o final de 2006 deveremos alcançar volumes mensais de 350 toneladas, ampliando nossa participação no mercado de vernizes gráficos, focando principalmente em aplicações para flexografia e rotogravura, além de off-set, onde já somos líderes”, considerou.

Recentemente, concorrendo com versões importadas, a empresa ainda lançou com bastante sucesso vernizes em base água de alto brilho e fosco para tinteiros, principalmente visando atender às gráficas de pequeno e médio portes sem impressoras com unidades de verniz. Além das novas tecnologias em base água, porém, figuram em linha vernizes especiais para a impressão de embalagens de alimentos gordurosos e verniz para o segmento de rótulos de cervejas, que tem barreira à água.

Vernizes para exportar – Com produção focada no desenvolvimento de produtos personalizados, a Cromar, de Guarulhos-SP, também adotou por meta crescer nas exportações, principalmente motivada por ter vernizes homologados pela Philip Morris. “Conseguimos homologação internacional em vernizes acrílicos à base de água para impressões em rotogravura e off-set de alto brilho, o que nos permitirá fornecer para o mundo todo, bem como a utilização de nossos produtos por todas as gráficas próprias ou terceirizadas que fabricam as embalagens alimentícias e de tabaco da Philip Morris”, informou Francisco Veloso Filho, diretor da Cromar.

As análises das formulações, iniciadas há dois anos, envolveram o envio de amostras de produtos e matérias-primas para a Suíça e Estados Unidos, além de auditorias para verificar o processo produtivo, mecanismos de controle de qualidade, logística e distribuição. “O nosso objetivo, agora, é exportar para as gráficas que trabalham com a Philip Morris e já estamos recebendo consultas de vários fornecedores da companhia, instalados na América Latina e Europa”, informou.

Na avaliação do diretor, o mercado de vernizes em base água cresce a taxas de l0% até 12% ao ano, apresentando ritmo mais lento em relação ao mercado de vernizes UV, onde o crescimento chega a ser superior a 15%.

O crescimento só não é maior porque, afora as máquinas impressoras mais modernas, que saem de fábrica com sistema de aplicação de vernizes, os equipamentos mais antigos, e difundidos na produção do setor gráfico, necessitam de recursos específicos para promover essas aplicações, considerados de alto custo.

“O problema não está no encarecimento da embalagem pela aplicação do verniz, e sim no custo do sistema de aplicação”, considerou o diretor. Atualmente, segundo ele, um verniz à base d’água ou UV trará acréscimos entre 0,5% e 1% e 1,5% até 4%, respectivamente, aos custos finais dos impressos.

Com cerca de 300 formulações de vernizes já desenvolvidas para impressões off-set e rotogravura, cujas demandas nesses dois casos respondem por mais 70% dos volumes produzidos, a empresa a partir deste ano também pretende incrementar participação em projetos inovadores em peças de propaganda e publicidade, onde são utilizados vernizes para destacar efeitos, envolvendo texturas de papéis impressos por off-set ou serigrafia, colorações peroladas, perlescentes e fosforescentes, além de aromatizações.

Especialmente para o mercado publicitário, um dos mais novos projetos em desenvolvimento pela Cromar prevê o uso de essências em microcápsulas nos vernizes, estendendo o prazo de permanência dos aromas para mais de 30 dias após a impressão.

Tintas polivalentes – Para crescer em participação no mercado de embalagens, a Tupahue, de Diadema-SP, investiu recentemente em tintas polivalentes, acompanhando a tendência sinalizada pelas próprias indústrias do setor, que processam ampla gama de substratos, com o lançamento de duas linhas de tintas líquidas com espectro de aplicações para impressões flexográficas de papéis e filmes plásticos.

Na opinião do diretor industrial da empresa, Nércio de Tomazo Filho, as inovações estão sendo impulsionadas pelo moderno mercado brasileiro de embalagens. “Fomos motivados a iniciar um plano de aquisição de novos equipamentos de moagem, para ter maior aproveitamento dos pigmentos e reduções no tamanho das partículas, e proporcionar ganhos na qualidade dos produtos finais”, afirmou Tomazo Filho. Com os equipamentos recém-adquiridos, as partículas dos pigmentos em questão hoje são menores que 6 micra, enquanto antes apresentavam dimensões em torno de 12 micra.

Produzindo tintas, vernizes e solventes para impressões flexográfica, off-set e rotogravura, a empresa tem centrado esforços nas vendas para os mercados de embalagens flexíveis e promocionais, promovendo mais a linha de tintas para impressões off-set.

“Em 2004, conseguimos retomar o crescimento no segmento de embalagens flexográficas e confiamos na perspectiva de poder manter esses níveis”, afirmou. Traduzido em vendas, esse crescimento, segundo ele, manteve-se 5% acima do PIB. Neste ano, além de dar continuidade ao processo de crescimento instaurado no ano passado, a empresa quer abrir novos mercados na América Latina.

Padronização global – A perspectiva de efetivar bons negócios na América Latina não poderia ser mais promissora para empreendimentos internacionais do setor de tintas gráficas, conforme indicado pela evolução no curto e médio prazos dos negócios firmados pela subsidiária da americana Flint Ink, com fábrica em Cotia-SP.

Química e Derivados: Tintas: Pilar - maior unidade de tintas gráficas do Brasil. ©QD Foto - Cuca Jorge
Pilar – maior unidade de tintas gráficas do Brasil.

Instalada no final de 1999 via aquisição da Renner Lorileux, antes atuando somente com importações, a Flint Ink do Brasil não só conseguiu expandir no período as vendas no mercado interno, como também está construindo alicerces de plataforma para exportar.

“Nós instalamos no País a maior planta de tintas gráficas em capacidade, com produção atual superior a 2.500 toneladas/mês, e já nos posicionamos como o maior exportador do Brasil, destinando 35% da nossa produção a todos os países da América Latina”, avaliou Adhemur Araujo Pilar, diretor da Flint Ink, acrescentando que as exportações em volume deverão crescer 10% em 2005.

Para atuar de maneira mais agressiva nos mercados interno e externo, após concluir o plano de investimentos na planta industrial, que demandou dois anos, de 2000 até 2002, e resultou na homologação de 14 mil produtos, a unidade brasileira desde 2004 foi inserida no processo de padronização global dos itens fabricados, implementado inicialmente junto à produção de tintas pastosas da linha off-set, destinadas em boa parte à impressão de jornais, segmento onde a empresa já detém 70% de participação no mercado brasileiro.

Numa segunda etapa, com início neste ano, a padronização se estenderá às tintas líquidas, para o segmento de impressão flexográfica. Ao final, não haverá diferença entre as metodologias de ensaios e os procedimentos de fabricação adotados no Brasil ou nos Estados Unidos.

Segundo Pilar, além de liderar o fornecimento de tintas para jornais, a subsidiária brasileira já detém 57% de participação no mercado de tintas para heat-set (secagem a quente), 18% em tintas para máquinas planas, 35% em tintas UV, 17% em tintas líquidas destinadas à impressão de embalagens por rotogravura e flexografia. Reúne em carteira 600 clientes ativos do segmento de artes gráficas, abrangendo os mercados editorial e de embalagens, que crescem à razão de 3% e 8% ao ano, respectivamente.

Segundo apontou balanço de resultados alcançados em 2004, o crescimento nas vendas foi da ordem de 12% em comparação com o ano anterior. “No entanto, segundo frisou Pilar, as margens de lucro não foram proporcionais em função dos aumentos de matéria-prima, que chegaram, em média, a 10%, incidindo sobre o fornecimento de óleos vegetais, minerais, pigmentos, solventes e resinas.

Os aumentos só não interferem mais nos ganhos porque, em alguns setores, como o de pigmentos e dispersões, a Flint Ink opera de maneira integrada e verticalizada, com a CDR, fabricante dos Estados Unidos, que atende 75% da demanda de pigmentos da empresa. Outra variável importante vinculou-se à queda do dólar no ano passado, condição que favoreceu o desempenho da empresa no mercado nacional.

Tintas condutivas – Destacando-se no leque das tecnologias mais recentes incorporadas ao grupo Flint Ink, está a criação, em 2003, da empresa Precisia, para oferecer ao mercado tintas condutivas contendo cargas elétricas, para aplicações de identificação por radiofreqüência (RFID), com circuitos eletrônicos já impressos.

Empregada pelas grandes redes de supermercado da Europa e Estados Unidos, a tinta foi demonstrada ao público na feira de embalagens Drupa, na Alemanha, em maio de 2004.

Além dessa tinta, a Flint-Schmidt, fusão entre a Druckfarbenfabrik Gebr.Schmidt e a operação da Flint Ink na Europa, destacou também na feira sistemas de tinta para off-set plana, tintas de baixa viscosidade para flexografia UV, além de sistema multifuncional de tintas para laminação e impressão de superfícies.

Para impressões em off-set plana, as fórmulas à base de óleo vegetal são desenvolvidas para cada tipo de aplicação, abrangendo impressão comercial, impressão de papelões dobráveis e impressão realizada por convertedores. Tintas dessa família (Arrowstar), segundo Pilar, possibilitam melhor rendimento nas máquinas, obtido pela melhor resistência à fricção, maior capacidade de transferência de tinta e maior brilho, sendo acrescidas de vernizes que oferecem maior intensidade às cores.

Com formulação patenteada de resina e fotoiniciador, a empresa também já disponibiliza na Europa a família Matrixcure. Desenhadas em duas séries (S e LT), elevam a produtividade das impressões em off-set plana e rotativa, gerando menor tempo de residência e maior eficiência nas salas de impressão. Segundo orientações do fabricante, ainda oferecem melhor balanço de gris, maior controle de densidade e melhor balanço entre tinta e água, permitindo preparações mais rápidas.

Para aplicações em papéis, etiquetas, papel alumínio, películas, plásticos e papelões dobráveis, a empresa desenvolveu um sistema híbrido de tintas (Gemini), que combina a tecnologia das tintas off-set convencionais com a tecnologia das tintas de cura por UV.

As novidades para a área flexográfica incluem produtos com baixa viscosidade, isentos de solventes, para reduzir as emissões dos compostos orgânicos voláteis (VOC), sendo compostos praticamente de materiais 100% ativos e de cura instantânea, adequando-se às aplicações de conversão de alumínio, papelões, chapas e etiquetas termoencolhíveis.

A Flint Ink também pretende nos próximos três anos alcançar 50% de crescimento nas vendas, impulsionada por novidades no segmento de tintas líquidas e de novas iniciativas em logística de distribuição, atualmente incluindo a participação de gerências e equipes de vendas nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste, 13 representações comerciais e 20 distribuidores diretos.

Segundo antecipou Pilar, a partir de 2005, a empresa apresentará ao mercado tecnologias em tintas líquidas para impressão por rotogravura e flexografia, promovendo up-grades nas linhas já fabricadas no Brasil, devendo dedicar maiores esforços de comercialização para tintas de alto brilho, destinadas às embalagens flexíveis com estruturas simples ou laminadas.

Cromos investe em atendimento

A Cromos criou um serviço de pronto-atendimento aos usuários de tintas especiais para facilitar o dia-a-dia das indústrias gráficas, designers e especialistas em cores. Ao acessá-lo, as gráficas e os criadores de embalagens, publicações e folhetos promocionais podem especificar tintas nas tonalidades desejadas, e contar com fornecimento quase imediato de tintas off-set, flexográficas aquosas e metalgráficas. Trata-se do Cromos Express, um serviço de produção artesanal para desenvolver e misturar cores, incluindo mais de 50 diferentes tonalidades disponíveis em catálogo, entre uma infinidade de outras novas formulações, preparadas em até 6 horas, para atender desde pequenas encomendas de 4 quilos até volumes de 2 toneladas.

“Costumamos receber encomendas para ‘ontem’ e nas combinações de cores as mais diversas, havendo até casos em que, para uma mesma aplicação e mesma cor, tenhamos de desenvolver várias combinações em função das alterações encontradas nos lotes dos papéis”, informou o diretor Gero Pluecker.

Já instalado em São Paulo-SP, no bairro da Barra Funda, Curitiba–PR, entre outras capitais, o Cromos Express deverá em breve chegar a Buenos Aires, na Argentina, onde a empresa fundou recentemente a Cromos Latina, para impulsionar o crescimento no mercado externo.

Degussa distribui Polisiloxanos

Importante fornecedora de insumos para tintas, a Degussa distribui novos aditivos para sistemas de tintas de impressão UV. Envolvendo tanto tintas líquidas como vernizes, segundo destacou Vitor Lavini, coordenador de negócios da empresa, as novidades são os polisiloxanos acrilados, que promovem efeito desaerante às formulações, melhoram as propriedades de alastramento, slip, anti-blocking e a umectação dos substratos. A depender da variedade de itens fornecidos pela empresa, tintas líquidas UV e vernizes UV ainda podem contar com resinas para melhorar a adesão em substratos plásticos, inclusive poliolefinas, fornecidas em solução e com teor de 50% de sólidos de TPGDA, o monômero acrílico de tripropilenoglicol diacrilato.

Para tintas pastosas UV, destinadas às impressões por off-set, os desenvolvimentos podem promover a umectação e a dispersão de pigmentos orgânicos e negros-de-fumo, reduzindo a viscosidade das formulações e permitindo moagens em concentrações mais elevadas.

Para quem fabrica sistemas de cura UV, ainda é possível lançar mão de sílicas para aplicações em off-set, tintas líquidas e vernizes, que promovem maior resistência a riscos, contando ainda com negros-de-fumo oxidados, fornecidos diretamente para moagem de tintas UV, líquidas e pastosas.

“As novas especialiadades da Degussa acompanham a atual tendência mundial de expansão das formulações de tintas UV e em base água, que deverá perdurar por muitos anos”, considerou Lavini. Para formulações base água, a empresa desenvolveu vários aditivos para aplicações em tintas líquidas e vernizes, destinados às impressões em papéis e plásticos por rotogravura e flexografia.

Segundo o coordenador, a principal novidade para esse segmento é um aditivo formado por um polisiloxano que combina a dupla função de reduzir as tensões superficiais e combater a geração de espumas. Outro aditivo de grande utilidade para formulações base água atua como agente umectante e dispersante de negros-de-fumo e pigmentos orgânicos, reduzindo a viscosidade das fórmulas.

Para os tradicionais sistemas em base solvente, também há ampla oferta de matérias-primas e aditivos. Entre os mais recentes, Lavini destacou as resinas de moagem, que atuam como complemento de tintas líquidas em virtude de sua elevada afinidade com os mais diversos pigmentos. Segundo ele, elas oferecem melhores condições de brilho, velocidade de secagem, transparência, tingimento, adesão e resistência ao blocking. Para ser empregada como aditivo, há uma resina especial, capaz de promover maior adesão em substratos metálicos, plásticos, estendendo-se também às poliolefinas.

Nas formulações de ceras, encontram-se desde itens em polietileno micronizado para melhorar a resistência a riscos, abrasão e antiblocking em tintas e vernizes em base solvente, como ceras “Fischer-Tropsch” micronizadas, com 10% de PTFE (politetrafluoretileno), para emprego em tintas flexográficas e rotogravura.

Mas se o caso for trabalhar com resinas metacrílicas, pode-se contar com itens para rotogravura, compatíveis com nitrocelulose (NC), e que proporcionam, segundo destacou Lavini, alta aderência em PVC flexível e rígido, em papéis e tintas de cura UV em polipropileno orientado (OPP) e biorientado (BOPP).

Para atender ao segmento de tintas off-set (pastosas) convencionais, a Degussa oferece sílicas pirogênicas hidrofílicas e hidrofóbicas, que atuam como agentes reológicos, anti-misting e na redução do water pick up, além de dois tipos de negro-de-fumo de baixa estrutura, para uso em tintas com grande quantidade de pigmentos e baixa viscosidade.

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