Tintas: Expectativa de recuperação dos automóveis e da construção anima a cadeia produtiva – Perspectivas 2018
A indústria de tintas encerrou 2017 com uma grande sensação de alívio. Depois de três anos de retração do PIB – que se reflete diretamente nas vendas do setor –, a pequena recuperação da economia brasileira permitiu ampliar as vendas de tintas no Brasil em 1,5% (estimativa preliminar), segundo a Associação Brasileira da Indústria de Tintas (Abrafati).
“Esperamos resultados ainda melhores para 2018”, ressaltou Freddy Carillo, presidente do conselho diretor da Abrafati e também da Sherwin-Williams do Brasil. Como informou, as vendas do setor no segundo semestre apresentaram forte recuperação. Com isso, a expectativa de crescimento para 2018 foi elevada para 2% a 3%, no total.
Em 2017, as vendas de tintas automotivas apresentaram recuperação, aproveitando o crescimento de 20% da produção nacional de autoveículos, em grande parte direcionada para exportação. Mas, outros grandes segmentos consumidores, a construção civil e as obras de infraestrutura, ainda andaram de lado. “Exatamente por isso, temos grandes expectativas de aumento de vendas quando esses segmentos voltarem a atuar a plena carga”, afirmou Carillo. Como explicou, pela sua própria natureza, esses clientes demoram mais para maturar seus projetos e dependem de um quadro mais estável da economia nacional. Em 2018, eles podem voltar a crescer.
No caso das tintas imobiliárias, representantes de 85% das vendas, o consumo per capita brasileiro segue ao redor de 6,5 litros/habitante/ano, aproximadamente a metade do registrado para a Europa (em média), e muito abaixo do índice dos Estados Unidos (15,5 l/hab/ano). “Cabe à cadeia produtiva incentivar a apoiar o aumento do consumo unitário de tintas imobiliárias, seja por desenvolver novos produtos mais específicos, seja por melhorar o atendimento nos pontos de venda ou por aumentar as campanhas de divulgação e informação aos usuários”, afirmou Carillo.
Faz parte desse esforço a reformulação interna da própria Abrafati, que passará atuar com presença institucional mais forte. “Queremos reforçar os elos entre as empresas e também com fornecedores e clientes, defendendo os interesses setoriais de forma ampla, especialmente no campo regulatório, bem como intensificar a geração de conhecimento e a formação de pessoal qualificado em todos os níveis”, afirmou. “Nosso plano estratégico pretende agregar cada vez mais valor a toda a cadeia produtiva.”
Um ponto chama a atenção do dirigente setorial. A incorporação acelerada de ferramentas tecnológicas, na linha do conceito Indústria 4.0, pode impactar todo o setor de várias formas. A começar pelo chão de fábrica, que tende a ficar cada vez menos povoado, pois muitas funções serão absorvidas por sistemas automáticos. Além disso, as ferramentas de e-commerce também serão aprimoradas e podem trazer mais conforto aos usuários finais. “A cadeia produtiva precisa estar atenta a esses movimentos e deve se antecipar a eles”, recomendou.