Tintas e Revestimentos – Aditivos retardam a propagação das chamas e as extinguem
A adição de aditivos retardantes de chama às tintas melhora sua capacidade de reagir ao fogo, impedindo seu alastramento. Assim é possível aumentar o tempo para a instalação de um incêndio ou mesmo evitá-lo. Apesar disso, também nesse caso, faltam normas para impor sua utilização.
“Não existe, atualmente, nenhuma norma que determine o uso de qualquer tinta de proteção passiva contra chama, atrasando a sua adoção, mas o Brasil está se adequando aos poucos aos padrões internacionais de construção e segurança”, afirmou Sandro de Oliveira, chefe de marketing da WEG Tintas. Ele tem percebido uma evolução nos requisitos técnicos das consultas recebidas, vindas de todos os setores industriais e também nas plataformas de petróleo, indicando crescimento de mercado.
A WEG oferece tintas antichama em pó (para acabamento) ou na forma líquida em epóxi (WEGPOXI FRD 303, primer) e poliuretano (WEGTHANE FRA 501, de acabamento). Segundo Oliveira, essas tintas podem compor esquemas de pintura com produtos de outros fornecedores, mas o ideal é conjugá-los para que se obtenha uma proteção maior em todas as camadas da pintura, além de aproveitar a resistência do epóxi contra a corrosão. Ele explicou que as normas internacionais avaliam o tempo de resistência à chama, a resistência a fontes irradiantes de calor e, principalmente, a capacidade de autoextinguir a chama.
Segundo Gabriel Zenobi, a AkzoNobel possui algumas tintas com propriedades ignífugas, e elas estão disponíveis no portfólio das tintas industriais da companhia.
Há vários mecanismos para melhorar as propriedades ignífugas das tintas. Os métodos de atuação podem ser físicos, químicos ou combinados. A alumina tri-hidratada, por exemplo, começa a se decompor a 230ºC, dando origem ao trióxido de alumínio (incombustível) e água, cuja evaporação retira calor do meio. Compostos halogenados formam ácidos em alta temperatura que se combinam com os radicais de alta energia responsáveis pela retroalimentação do fogo, extinguindo-o. Os fosfatos se decompõem pela ação da temperatura, liberando ácido fosfórico que desidrata o material polimérico da tinta para formar uma camada incombustível de proteção. Esse mecanismo também libera água e gases que ajudam a conter a chama.
A Clariant oferece aos formuladores de tintas a linha Exolit de retardantes de chama com base em fosfatos. “Esses aditivos são livres de halogenados que formam gases tóxicos durante a queima, motivo pelo qual não são recomendados”, afirmou Antonio Carlos Ferracioli, coordenador de vendas da BU Additives.
Ele comenta que o mercado desses aditivos para tintas é recente para a companhia no Brasil e começou a ser desenvolvido após a criação da BU de aditivos no ano passado. Antes disso, a Clariant se concentrava nas aplicações de retardantes em plásticos. “O mercado de tintas tem grande potencial e está efetivamente crescendo”, avaliou. A falta de normas técnicas tem sido um limitador desse crescimento. “Por enquanto, só grandes obras como shopping centers e aeroportos usam essas tintas antichama”, lamentou.
Também usado em plásticos como polietileno, PVC, poliestireno, acrílico e poliamida, o trióxido de antimônio é uma opção de retardante de chama para formuladores de tintas. “São aditivos para produtos especiais, desenvolvidos pelos fabricantes de tintas para uso na indústria naval e na automobilística, com bom potencial de evolução”, comentou Antonio Carrero, gerente de vendas da Cesbra, com fábrica em Volta Redonda-RJ.
Carrero explica que a ustulação do antimônio metálico a 900ºC dá origem ao trióxido de antimônio puro, um pó branco levemente acinzentado, sem impurezas. “O trióxido não interfere na cor final da tinta, não reage com os pigmentos nela presentes”, garantiu. Ele explicou que o produto é usado para a composição de espinéis (pigmentos cerâmicos) mediante a calcinação conjunta com outros óxidos sob temperaturas muito elevadas, nunca atingidas na fabricação de tintas.
As formulações de epóxi e de poliuretano são altamente compatíveis com o trióxido, segundo Carrero, que cita como referência a concentração de 3% em peso do aditivo em uma tinta de alta qualidade. Ele mencionou o uso do aditivo em tintas automotivas, iniciado em 2010, para proteção dos demais pigmentos e da camada pintada em caso de incêndio nos veículos. A fiação dos carros também é revestida com uma película antichama que carrega o aditivo.
Ele acredita que divisórias de ambientes, pisos elevados e portas devam ser pintadas com tintas antichama. “Revestimentos de iates de luxo usam tinta antichama também”, comentou, lamentando a inexistência de normas impositivas que proporcionariam maior segurança contra incêndios.
A Cesbra está equipada para produzir no país o trióxido de antimônio, porém essa fabricação pode ser substituída por importações, dependendo do custo local de produção em relação aos preços internacionais do óxido. “A qualidade do produto é a mesma”, afirmou.
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