Dispersantes para Tintas – Venda de tintas premium incentiva o uso de insumos mais eficazes
O segmento de dispersantes para tintas está em alta, crescendo em um mercado aquecido. “Nos últimos dois anos, o aumento, na casa dos dois dígitos, é impulsionado pelo crescimento da construção civil, pela estabilidade econômica e pelo acesso de novos consumidores ao mercado de tintas. Também tem sido possível observar um aumento da utilização de dispersantes nas linhas premium de tintas”, declara Franco Faldini, diretor de marketing da Dow Coating Materials para a América Latina.
“A demanda está forte e continua crescendo no mercado de tintas”, testemunha Roberto Kirschner, diretor da Huntsman Performance Products. “Os fabricantes estão buscando o melhor rendimento de seus pigmentos por causa do seu alto custo; e os dispersantes os ajudam nessa tarefa. O maior uso de tintas base água também favorece o uso de mais dispersantes.”
Karine Framesqui, coordenadora do laboratório de aplicações técnicas/industrial applications para a América Latina da Clariant, avalia que o mercado para dispersantes apresenta “crescimento orgânico” e afirma que a procura por produtos ambientalmente corretos, mais efetivos, com o poder de reduzir a quantidade de pigmentos nas tintas, e livres de nonilfenol, é crescente.
Aurélio N. Rocha, gerente de vendas da área de tintas e aditivos da BYK, considera que aditivos dispersantes e umectantes são “fundamentais em quaisquer tipos de tintas pigmentadas. Sem eles não se pode dispersar ou formular uma determinada cor”. Por isso, conclui: “A procura por dispersantes é intrínseca na formulação de tintas.”
“Acompanhando o mercado, acreditamos crescer em torno de 3% a 4% este ano”, antecipa José Jordano, gerente de mercado do departamento técnico-comercial da Polystell do Brasil.
Kirschner informa que a indústria continua perseguindo a estratégia de inovar e desenvolver dispersantes cada vez mais eficazes, ainda que os poliméricos não sejam novidade. “Os novos dispersantes geram uma maior intensidade de cor com menos viscosidade e menor dosagem. Eles estão sendo desenvolvidos para permitir uma ainda maior concentração de pigmentos com viscosidade aceitável”, explicou.
Rocha destaca que a BYK está lançando muitos produtos novos, principalmente para a linha de tintas decorativas: “Sempre visando tintas com VOC-free e, como consequência, 100% ecológicas.” De acordo com Jordano, os formuladores de tintas buscam produtos de alta performance com preços competitivos: “Outra importante característica procurada hoje é a utilização de produtos que apresentem mais de uma funcionalidade e impactem menos o meio ambiente.” Karine declara que é constante a busca por produtos mais eficientes e com melhor relação custo/benefício. “Para atender a essa demanda, a Clariant vem desenvolvendo novos produtos”, disse.
Faldini observa que o mercado de tintas tem procurado cada vez mais não apenas um produto, mas pacotes completos de soluções para atender às novas e diferentes necessidades do mercado brasileiro (aplicações com baixo VOC e odor, com maior durabilidade, para usos externos ou internos). “A Dow Coating Materials tem oferecido vários pacotes de soluções aplicando suas tecnologias, com um portfólio de produtos diferenciado que inclui uma linha completa de dispersantes (poliácidos, copolímeros hifrofóbicos e copolímeros hidrofílicos), sob a marca Orotan”, comentou.
Quando se fala em perspectivas para o segmento, Kirschner enfatiza que os dispersantes também são encontrados em áreas de alta tecnologia, tais como a dispersão de nanocarbonos em tintas, revestimentos e outras aplicações. Até no desenvolvimento de placas de circuito impresso, os dispersantes podem ter um papel fundamental na obtenção de um bom desempenho, garante. “Os dispersantes, talvez, também possam ser usados em tintas condutivas e novos mercados de revestimentos”, prevê.
Lembrando que o uso de dispersantes para tintas está, obviamente, atrelado ao crescimento deste mercado, Jordano acredita que as oportunidades tendem a crescer “a partir do momento em que os fabricantes disponibilizarem produtos com base na nanotecnologia – ainda é um desafio –, abrindo novas janelas de aplicação”. Como ele costuma dizer, na área de pesquisa, o desenvolvimento de produtos com características nano é a bola da vez nas mãos dos fabricantes de matérias-primas para tintas.
Karine deixa claro que o objetivo da Clariant é aumentar a participação nesse mercado com crescimento contínuo, em sintonia com o mercado de tintas em geral. Quanto às perspectivas para novas tecnologias, ela levanta uma polêmica: “As principais tendências estão relacionadas a um melhor perfil ambiental, flexibilidade de formulação e alta eficiência. No entanto, o mercado brasileiro ainda não está preparado para os produtos de alta tecnologia em razão da carência de restrição regulatória”, ressaltou.
Para a BYK, “tudo é pautado em inovação”, informa Rocha. “Quando lançamos uma família química de produtos, já estamos pensando nas próximas. Tecnologia, portanto, é nosso slogan.”
Marcos P. Cassoli, gerente de vendas da Croda do Brasil Ltda., comenta que é grande a busca por produtos diferenciados, sustentáveis e de alta performance para o desenvolvimento de tintas. “Isso se traduz em tecnologias e aplicações que tragam maximização do uso de pigmentos, melhor resultado nas cores e processos mais sustentáveis, garantindo assim redução do consumo de energia e melhores resultados no processo de fabricação e no produto final”, afirmou.
A Huntsman fabrica polieteraminas monofuncionais que são convertidas a dispersantes poliméricos, sob o nome comercial Jeffsperse Dispersants. Kirschner explica que a maioria deles é aplicada nas tintas base água, mas há também alguns para base solvente e a linha de produtos está sendo incrementada. “Temos uma linha de surfactantes que, quando usada em conjunto com nossos dispersantes, melhora ainda mais sua performance”, observa. Segundo o executivo, a Huntsman se destaca na tecnologia das polieteraminas, detendo a maior gama das monofuncionais no mercado de dispersantes.

Segundo Jordano, a Polystell do Brasil está produzindo em torno de 3.200 toneladas/ano de umectantes para sistemas base solvente, aquosos e ultravioleta. Como o Polyadit 4108, solução de ésteres de ácido carboxílico usada como umectante em esmaltes alquídicos. Ou o Polyadit 4190, copolímero de alto peso molecular que atua como umectante na fase de moagem para dispersões aquosas. O Polyumec REBX 5597 é um tensoativo não-iônico aplicado para melhorar a umectação, prevenindo também a flotação em sistemas aquosos. Já o Polyumec 5534 é uma solução de copolímero bloqueado de alto peso molecular, formando um umectante para a moagem de pigmentos em sistema aquoso.
Gerente técnica da Dow Coating Materials, Céldia Bittencourt Guedes Lizardo destaca, na linha dos poliácidos, o Orotan 930, pelo “excelente custo/benefício e por apresentar baixa formação de espuma”. É indicado para a formulação de tintas – econômicas a semibrilho – e para a dispersão de cargas em geral (slurries).
“O Orotan 850 é um dispersante com maior estabilidade em tintas contendo óxido de zinco e outros pigmentos reativos. Na linha dos hidrofílicos, destacamos o Orotan 1124, que apresenta bom desenvolvimento de brilho e excelente aceitação de cor, sendo compatível com espessantes acrílicos e uretânicos. Já na linha dos copolímeros hidrofóbicos, destacamos o Orotan 731A (o mais versátil da linha), que apresenta excelente desenvolvimento de cor e compatibilidade com a maioria dos componentes das formulações, incluindo os pigmentos orgânicos e inorgânicos dispersos em água e glicóis”, explicou.
Céldia cita ainda outros copolímeros hidrofóbicos: o Orotan 165 A, indicado principalmente para formulações com alta resistência à água e tintas para contato direto ao metal (DTM – Direct to Metal), em que a resistência à corrosão é item fundamental. O Orotan 681 contribui para a melhoria do brilho, enquanto o Orotan 2001 oferece propriedades semelhantes ao 681, porém, é mais indicado para formulações low odor – low VOC, pois pode ser neutralizado durante o processo de preparação da tinta, contribuindo para a redução do VOC e do odor.
A Clariant possui diversos dispersantes em seu portfólio, desde produtos tradicionais, como os poliacrilatos, os dispersantes tensoativos e também os poliméricos, relata Karine. “Hoje, os principais produtos para o mercado de pigmentos são o Dispersogen LFS, um excelente dispersante livre de alquilfenóis etoxilados (APE), e o Dispersogen 2774, que ainda apresenta significativa participação, apesar de não ser livre de APE”, comentou.

Segundo informou, a Clariant vem investindo em produtos para aplicação em concentrados universais de pigmentos, ou seja, que possam ser aplicados em tintas base água e base solvente. Dessa forma, esses dispersantes permitem a otimização da cadeia de suprimentos dos formuladores de dispersões pigmentárias e também dos fabricantes de tintas. “Com esse foco estamos lançando o Dispersogen ECS, um produto altamente eficaz para uma grande variedade de pigmentos, que apresenta interessante aplicação para concentrados universais. Além de produtos à base de tensoativos, estamos desenvolvendo também uma linha de dispersantes poliméricos, a nova geração, em que o mecanismo de estabilização das dispersões se dá não só pela repulsão eletrostática entre as partículas, mas também por impedimento estérico”, explicou.
A BYK produz uma série de aditivos dispersantes para todos os tipos de tintas: látex, esmaltes sintéticos, tintas industriais, automotivas etc. Segundo Rocha, a empresa se destaca pela diferenciação de seus produtos: “Tentamos sempre estar na vanguarda tecnológica para podermos acompanhar todos os novos desafios do mercado. Hoje em dia, por exemplo, o que mais se busca são os já famosos ‘aditivos verdes’. Por isso, estamos introduzindo no mercado mundial uma série de produtos dessa natureza”, comentou.
A Croda possui uma linha de dispersantes multifuncionais, chamada Zephrym, baseada em tensoativos poliméricos, com um range de atuação bastante expressivo e abrangente, com alto desempenho na dispersão de pigmentos orgânicos e inorgânicos, atuando em sistemas base solvente e base água. Magda Machado, coordenadora de marketing para a América Latina, descreve que esta linha é composta por dispersantes diferenciados por conta de sua ampla variedade de cadeias poliméricas selecionadas por sua compatibilidade com os meios orgânicos, e que apresentam uma ampla faixa de polaridade e atuação.
Os dispersantes e os pigmentos – “Os dispersantes são usados com frequência em tintas que usam pigmentos caros e é importante obter o desempenho máximo deles”, define Roberto Kirschner, diretor da Huntsman. Dispersantes também atuam em sistemas de pintura arquitetônica nos quais os concentrados de cores e as bases brancas são misturados no ponto de venda. O concentrado de pigmento deve ser estável e ter longa vida útil nos misturadores e, para isso, os dispersantes são fundamentais.
Aurélio N. Rocha, gerente da BYK, acrescenta que esses produtos servem para desenvolver e estabilizar a dispersão dos pigmentos. “Sem eles, as cores nunca seriam estáveis.” Ele cita um exemplo clássico: “Hoje pintaríamos um vermelho e, talvez em uma semana, usando a mesma tinta, estaríamos pintando um rosa.” Como explicou, quanto maior a qualidade requerida pela aplicação final da tinta, mais importante se torna o uso de aditivos umectantes e dispersantes de pigmentos. Ele considera que a indústria automobilística é a que mais exige o uso de umectantes e dispersantes de pigmentos de alta qualidade e performance desejadas.
Céldia Lizardo, da Dow, vê a escolha de um dispersante como um processo complexo, já que a reatividade dessas substâncias pode afetar a estabilidade da tinta e as propriedades das formulações como, por exemplo, desenvolvimento de brilho, resistência à corrosão, resistência à água, formação de espuma e reprodução de cor. “A Dow Coatings Materials possui dispersantes aplicados para tintas base água utilizados em diversos mercados, tais como tintas para manutenção industrial, madeira, automóveis, paredes, metal etc.”, afirma.
Os dispersantes atuam tanto na dispersão de pigmentos inorgânicos quanto orgânicos, além de terem importante papel na dispersão de cargas e da própria resina em tintas base água. Como destaca Karine Framesqui, da Clariant, eles contribuem com o poder de cobertura das tintas e no desenvolvimento da cor e poder tintorial dos pigmentos, além da estabilização da dispersão dos pigmentos nas tintas, ou seja, evitam o rub out, e a aglomeração dos pigmentos.
Para José Jordano, gerente de mercado da Polystell do Brasil, os umectantes apresentam funções de grande importância: “Eles umectam as partículas de pigmentos favorecendo o aumento de seu percentual na formulação, conferindo, ao mesmo tempo, viscosidades mais baixas com uma força de cor melhorada.” E acrescenta: “Atuam como eliminadores de ar, incluso nas partículas de aglomerados de pigmentos, e conferem propriedades de estabilização das cargas elétricas inerentes às partículas, evitando reaglomeração das mesmas e a consequente sedimentação.” Como explicou, os dispersantes são largamente utilizados em tintas base solvente, alto sólidos, aquosas e por cura por ultravioleta, ou seja, em todos os sistemas nos quais haja necessidade de utilização de partículas de pigmentos ou cargas.
Enquanto Karine considera que o principal mercado para dispersantes está nas tintas imobiliárias, Kirschner aponta para os mercados automotivo e de revestimentos industriais como usuários importantes desses insumos, mas esses mercados são mais especializados e fragmentados.
Os dispersantes estabilizam a dispersão do pigmento, prevenindo a sua precipitação durante o armazenamento. Caso a precipitação ocorra, os dispersantes evitam que eles formem uma torta no fundo do frasco, de maneira que o pigmento possa ser facilmente redisperso com uma simples agitação. Dispersantes também melhoram a intensidade da cor, evitando reaglomeração das partículas de pigmento, sendo fundamentais em sistemas base água, nos quais a formulação não pode se beneficiar do uso de solventes. “Quanto mais o mundo se move para baixo VOC e tintas não-VOC, a necessidade de dispersantes vai continuar crescendo”, observa Kirschner.
Magda Machado, coordenadora de marketing para América Latina da Croda, afirma que as cadeias poliméricas da linha Zephrym são mais longas que os dispersantes convencionais, o que proporciona uma barreira estérica mais eficaz em torno das partículas dispersas do que os dispersantes convencionais. “Além disso, a linha Zephrym oferece: melhora no desenvolvimento da cor, na estabilidade das emulsões e dispersões; carregamentos mais elevados nas dispersões com maiores concentrações de pigmentos; e controle da reologia de emulsões e dispersões, de acordo com as aplicações de uso final”, finalizou.