Tintas: Basf constrói nova fábrica da Suvinil
A Basf, detentora da marca de tintas imobiliárias Suvinil, anunciou em 19 de dezembro, investimento de R$ 10 milhões para a construção de uma nova fábrica de tintas no Complexo Industrial de Tintas e Vernizes de São Bernardo do Campo-SP. O investimento encerra a última etapa do processo de reestruturação que a empresa deflagrou no início de 2002.

Será a maior e mais moderna fábrica de tintas à base d’água do País, responsável por incrementar em 30% a produção da marca Suvinil, atualmente ao redor de 260 milhões de litros anuais (produção conjunta das três fábricas brasileiras da Basf). Os custos de fabricação também devem experimentar sensível redução, ao redor de 10%, em virtude da utilização de equipamentos e métodos de produção mais modernos.
Segundo o gerente da unidade, Vitor Seravalli, uma das mudanças introduzidas é o uso de alguns insumos, como pigmentos e cargas, em estado pastoso. Anteriormente os materiais eram entregues em estado sólido (particulado) a granel, e exigiam o manuseio durante a formulação das tintas. Os novos materiais pastosos, denominados slurries, são dosados por máquinas automáticas, evitando o manuseio e incrementando a produtividade. Os primeiros materiais a serem utilizados de acordo com a nova tecnologia serão o carbonato de cálcio precipitado (PCC) e o dióxido de titânio (TiO2), mas outros poderão ser inclusos no novo padrão. Novos equipamentos para o enlatamento das tintas também foram adquiridos e contribuem para a elevação da produtividade do processo.
Em decorrência da entrada em operação da nova unidade, possivelmente no final de outubro de 2003, a antiga fábrica de tintas do complexo do ABC paulista será temporariamente desativada e deve receber cerca de um milhão de euros para modernização.
O clima de incertezas que dominou o cenário econômico brasileiro em 2002, motivado principalmente pela sucessão no Palácio do Planalto, elevou a níveis indesejados o risco derivado da sobrecarga de ativos circulantes da empresa, explicou Rui Goerck, vice-presidente da Basf na América do Sul.

“Os estoques em posse dos clientes estavam muito altos, cobrindo cerca de 100 dias”. Com a situação da economia brasileira não muito clara, o risco de calotes nos pagamentos motivou, nas palavras de Goerck, “uma redução crucial na política comercial da empresa e nos estoques em poder dos clientes”. A ousada decisão foi tomada em fevereiro, e já em junho a nova política comercial reduzia os estoques em circulação a apenas 50 dias; atualmente, estão em 40 dias. “A redução dos estoques implicou na redução das vendas da empresa, mas foram vendas mais saudáveis”, disse Goerck. Pelas estimativas do executivo, a redução nas vendas foi equivalente a um mês ou um mês e meio. Também foram reduzidos os prazos médios de pagamento, de 120 dias para 60 dias.
O processo de reestruturação também envolveu igualmente mudanças nas áreas de marketing e processos. A Basf decidiu investir R$ 30 milhões em propaganda e promoção, o maior investimento da Suvinil na história. A empresa veiculou, desde junho, a campanha “Suvinil, a tinta do Brasil”, com o tema “Acerte na Lata”. Além disso, promoveu a reengenharia das unidades fabris (site process optimization) do complexo de tintas, em que foram investidos outros R$ 9 milhões. Em 2003 o montante investido em marketing será, no mínimo, o mesmo alocado em 2002.
O desenvolvimento do processo de otimização das fábricas revelou a necessidade de uma nova unidade de tintas: a antiga fábrica de São Bernardo, com 36 anos, havia sido desenvolvida com base em conceitos já ultrapassados. O retorno do investimento de R$ 10 milhões na nova fábrica se concretizará, segundo Goerck, em 2 anos – um dos mais rápidos da Basf.
A Basf faturou, em 2001, R$ 800 milhões no segmento de tintas, mas não espera crescimento em 2002. As tintas imobiliárias correspondem a 85% desse valor e a 94% do volume produzido. A empresa também produz tintas para repintura automotiva da marca Glasurit, tintas industriais e automobilísticas da marca Basf e matérias-primas para tintas (resinas alquídicas e acrílicas). As exportações, ao redor de 5% das vendas, seguem para América Latina e Caribe. A empresa pretende aumentar em 20% esse percentual em 2003, chegando a 6% das vendas.