Abrafati: Inovações contribuem para o avanço sustentável das tintas

Química e Derivados, Abrafati: Inovações contribuem para o avanço sustentável das tintas

Com expectativas animadoras de recuperação, a cadeia produtiva de tintas e vernizes se reuniu de 3 a 5 de outubro, em São Paulo, para conhecer e discutir novos conceitos e insumos capazes de melhor atender às exigências dos consumidores. A Abrafati 2017 alcançou êxito nas duas missões por ela propostas: promover a aproximação de todos os elos da cadeia de valor no setor, e fomentar a disseminação de tecnologia para todos os interessados em tintas e suas aplicações.

As novidades apresentadas agregam vantagens para a formulação das tintas, tanto pela simplificação de fórmulas e processos, quanto pela redução do consumo de energia ou, também, em termos de saúde, segurança e meio ambiente, sem prejuízo de desempenho. Com isso, toda a sociedade tem a ganhar com o avanço tecnológico.

Química e Derivados, Carillo (esq.) e Oliveira: setor deve se preparar para mudanças
Carillo (esq.) e Oliveira: setor deve se preparar para mudanças

O setor realmente precisa se preparar, pois há sinais de retomada vigorosa de mercado adiante. “O primeiro semestre de 2017 registrou a melhor evolução da produção industrial brasileira desde 2013; as vendas no varejo melhoraram, enquanto os juros e a inflação ficaram abaixo dos anos anteriores”, comentou Freddy Carillo, presidente da Sherwin-Williams do Brasil e também do conselho diretor da Associação Brasileira da Indústria de Tintas (Abrafati). Caso se concretize a previsão de crescimento de 0,7% do PIB nacional em 2017, será encerrado um triênio de retração econômica ininterrupta (2014, 2015 e 2016) que resultou no corte estimado em 10% do PIB. Em 2016, o resultado foi dramático: a queda de 3,6% do PIB se refletiu na perda de 3,8% da atividade industrial, englobando o corte de 7,1% da produção de tintas. Naquele ano, a inflação chegou a 6,3%, superando a meta prevista em lei. “Agora, com um aumento ainda tímido do PIB, de 0,7%, a indústria de tintas deverá crescer 1,4% neste ano e esperamos resultados ainda melhores para 2018”, afirmou Carillo.

Química e Derivados, Fabiana: solventes C3 começam a ser produzidos no Brasil
Fabiana: solventes C3 começam a ser produzidos no Brasil

Uma das razões para projetar uma demanda mais robusta por tintas nos próximos anos reside no fato de o setor de construção e infraestrutura ainda não ter voltado à plena carga. “São setores nos quais os investimentos têm maturação mais lenta, e são grandes consumidores de tintas”, salientou.

Além disso, Carillo apontou o baixo consumo per capita de tintas no Brasil, estimado em 6,4 litros por habitante/ano. Embora esse volume seja próximo da média da América Latina (6,0) e superior à do Oriente Médio (4,5), fica muito abaixo da média registrada na América do Norte (15,5) e Europa (11,5). Isso indica um potencial de crescimento robusto.

A Abrafati concluiu um estudo profundo sobre a comercialização de tintas e vernizes no Brasil com o intuito de mapear as oportunidades existentes na etapa final do processo, de modo a colaborar para o aumento de vendas ao consumidor final. Foram pesquisados 4.245 pontos de venda, dos quais 3.168 lojas especializadas nesses produtos, 640 lojas de materiais de construção e 428 home centers. “Verificamos que 77% das lojas de tintas são independentes ou pertencem a redes com até cinco lojas, portanto trata-se de mercado fragmentado”, apontou Carillo.

O estudo também atestou a aderência ao Programa Setorial da Qualidade em Tintas, pois 96% dos pontos de venda contavam com pelo menos uma marca aprovada no PSQ. Os sistemas tintométricos também encontram grande receptividade no varejo, com média de 1,9 máquina por loja. Os home centers lideram a oferta de tintas batidas na hora: 87% desses estabelecimentos possuem sistemas tintométricos. As lojas especializadas ficaram um pouco atrás, com 81%. Porém, somente 47% das lojas de materiais de construção contam com esses sistemas. “Isso representa uma oportunidade de crescimento para os fabricantes de tintas”, disse.O levantamento de dados da Abrafati indicou que o comércio de tintas ainda está engatinhando nas técnicas do e-commerce. “Apenas 7% dos pontos de venda tem e-commerce estabelecido, ou seja, realmente fazem vendas pela internet”, comentou. Segundo Carillo, a apresentação dos resultados do estudo é apenas o começo de um projeto maior. “Em uma etapa posterior, queremos nos aproximar mais dos elos comerciais do varejo para apoiá-los e, assim, estimular o aumento do consumo de tintas”, salientou.

Química e Derivados, Barrios: cinco novos aditivos atuam como umectantes
Barrios: cinco novos aditivos atuam como umectantes

Ele apontou quatro tendências globais no negócio de tintas e vernizes: ambientais (regulações atinentes ao controle do aquecimento global e aumento da consciência ambiental); inovação (evolução rápida de mercado em qualidade e respeito às normas ambientais mais rigorosas); digitalização crescente (diferenciação de processos, avanço da indústria 4.0); versatilidade/praticidade (tintas mais fáceis para serem aplicadas pelo consumidor final, incorporando funcionalidades adicionais).

No Brasil, verifica-se um panorama que contrasta com essas tendências, associando consumo baixo e sazonal de tintas com a persistência de produtos de baixa qualidade e também atrasado nas questões da sustentabilidade. “Precisamos desenvolver estratégias dentro de toda a cadeia produtiva para mudar esse quadro, estimulando e diversificando o consumo de tintas a fim de reduzir sua dependência do comportamento do PIB e das vendas sazonais de fim de ano”, comentou. Para tanto, a Abrafati deve rever seu papel na indústria, atuando mais como fomentadora de networking, facilitadora da transmissão de conteúdos tecnológicos, defensora da indústria em questões normativas (ambientais e tributárias), além de estimular e reforçar a capacitação de recursos humanos. “O novo plano estratégico da associação está direcionado para gerar mais valor em toda a cadeia”, disse Carillo.

Carillo também apontou a importância de toda a cadeia produtiva estar alerta às transformações que devem ser provocadas pelo advento da chamada Indústria 4.0. O uso mais intensivo das ferramentas e conceitos da tecnologia da informação provocarão impactos do porte de uma revolução industrial. “Possivelmente, o volume de empregos hoje existente no setor será muito reduzido, mas surgirão outros, em atividades ainda em desenvolvimento”, comentou.

Da mesma forma, os atuais movimentos de concentração empresarial, tanto na produção de tintas quanto na de seus fornecedores, devem ser observados com cautela e moderação. “Nos últimos vinte anos, a concentração empresarial foi notável, mas esse fenômeno é normal e até considerado cíclico em muitos segmentos”, comentou Antonio Carlos de Oliveira, presidente-executivo da Abrafati.

Oliveira também recomendou a todos observar as oportunidades de redução de custos e aumento de eficiência na cadeia produtiva das tintas. “Há claros desperdícios que devem ser reduzidos, com vantagens para todos”, afirmou. O custo dos insumos usados pelo setor desperta preocupação, mas, como afirmou Oliveira, há influência marcante da taxa cambial e dos impostos sobre esses preços. “Essa é uma briga que compete à Fiesp e à CNI, pois é tema complexo e de alcance nacional”, comentou. “Para nós, é preciso agregar valor ao produto final, favorecendo a todos”, disse.

A exposição de produtos e serviços realizada em paralelo ao Congresso Internacional, reuniu grande quantidade de inovações que foram apresentadas ao público qualificado da Abrafati 2017. Veja a seguir um panorama da exposição.

Atualização dos solventes – O uso de solventes, de qualquer natureza química, é muito importante para a formulação de tintas e também para seu maior fornecedor: a indústria química. Tanto assim que foi o tema de um seminário específico, promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), com o objetivo de reforçar os conceitos do uso responsável desses insumos, de modo a prevenir problemas de segurança, saúde e meio ambiente.

As produtoras de solventes sintéticos e hidrocarbonetos aproveitaram a exposição para divulgar seus avanços tecnológicos e aprofundar o relacionamento com os clientes. A Oxiteno lançou o Manual Descomplicado de Tecnologia de Tintas, elaborado pelo seu time de pesquisa e desenvolvimento, para orientar formuladores, pesquisadores e assistentes técnicos de toda a cadeia de tintas quanto ao processo produtivo e insumos utilizados, de modo a aprimorar o conhecimento especializado no setor.

No congresso e na exposição, a Oxiteno ressaltou três novos solventes, cinco aditivos (umectantes de pigmentos, da linha Oxitive) e a linha 9000 dos emulsificantes Oximulsion. Comum a todas as novidades, criadas pelos pesquisadores da companhia, é o foco em sustentabilidade. “Seguimos o conceito de greenformance, que busca oferecer avanços ambientais e de performance, simultaneamente”, comentou Fabiana Marra, gerente de negócios de coatings da Oxiteno.

Os novos emulsificantes Oximulsion da linha 9000 são derivados alcoxilados, nas versões 9800 (aniônico) e 9900 (não iônico), indicados como promotores de emulsificação de esmaltes sintéticos de alto brilho, atuando pela inversão de fases ao final da polimerização, substituindo o aguarrás por água (aplicada com o surfactante). “Com eles, é possível fazer esmaltes de base água com a mesma resina usada na versão com solvente, sem mexer no processo produtivo, usando o mesmo tanque diluidor”, explicou Fabiana.Os novos emulsificantes servem para a produção de esmaltes para fins decorativos, mas a companhia estuda novos produtos para aplicações industriais, entre outras. Segundo a gerente de negócios, os esmaltes base água formulados com resinas acrílicas apresentam limitações de uso, em comparação com os sistemas alquídicos (base solvente, até então). Os emulsificantes permitem aproveitar o desempenho desses sistemas, porém com baixíssima emissão de componentes orgânicos voláteis (VOC).

Os cinco novos integrantes da linha de aditivos Oxitive são indicados para a umectação de pigmentos para tintas de base água, bem como para a preparação de pastas pigmentárias. O umectante é aplicado no início do preparo do pigmento, facilitando a sua dispersão. Ao mesmo tempo, melhora as propriedades finais das tintas e reduz o tempo de moagem, economizando energia. “Também são também tensoativos alcoxilados e constituem alternativas para o uso de alquilfenóis etoxilados (APEO), cada vez mais combatidos”, informou Silmar Barrios, gerente de desenvolvimento da área de coatings da Oxiteno.

Ele indicou os Oxitive 7210 e 7110 como as novidades mais procuradas, embora cada uma das cinco novas opções tenha suas vantagens. “O 7210 não forma espuma durante o processo, ao contrário dos umectantes usuais com APEO, estes exigem incorporar antiespumantes e isso representa um custo adicional; além disso, melhora a aceitação da cor e a resistência ao rub-out”, comentou. Por sua vez, o multifuncional 7110 (pode ser aplicado também na polimerização por emulsão de resina acrílica) apresenta desempenho superior em lavabilidade, característica importante para tintas decorativas. O 7233 tem desempenho parecido com o 7110, porém é o único dos novos produtos a também funcionar bem com pigmentos orgânicos – os demais atuam com pigmentos inorgânicos e cargas. “Os 7245 e 7255 são indicados para tintas econômicas, tendo desempenho melhor que o do nonilfenol, porém são mais parecidos com este”, disse Barrios.

A grande novidade da Oxiteno, porém, foi a sua estreia como produtora de solventes da linha C3, dos derivados do n-propanol. “Os éteres glicólicos desse álcool são muito interessantes por apresentarem excelente desempenho, porém com vantagens na classificação GHS e em saúde, segurança e meio ambiente”, explicou Barrios.

A companhia entrou nesse campo com três produtos da série Ultrasolve H, códigos 2300, 2400 e 2440. São indicados para tintas de impressão (roto e flexográfica), industriais e automotivas, com fácil substituição, bastando ajustar o sistema solvente.

O H2300 é um acetato de propilglicol indicado como solvente ativo para vários sistemas poliméricos (PU, acrílicos, poliésteres, nitrocelulose e outros), com alto poder de solvência e excelente formação de filme e acabamento final, com evaporação bem equilibrada, mais rápida que a do PMA (acetato do éter metílico do propileno glicol). O H2300 tem baixo impacto ambiental e é indicado para tintas automotivas (original e repintura) e industriais que demandem alta durabilidade e proteção.

O H2400, éter de popilglicol, é um solvente lento, usado como retardador em tintas industriais e de impressão, além de compor tíneres, sendo compatível com vários sistemas poliméricos. É solúvel em água e pode ser usado também como acoplante em sistemas hidrossolúeis. Sua curva de evaporação é intermediária entre a DAA (diacetona álcool, mais lenta) e o PM (éter metílico de propilglicol), sendo adequado aos equipamentos modernos de impressão de alta velocidade, com baixa retenção de solvente após o processo.

Por sua vez, o H2440, um éter propílico do dimetilglicol, apresenta propriedades semelhantes às do H2400, porém com evaporação ainda mais lenta do que este. Todos os três novos solventes apresentam baixo odor e toxicidade, sendo considerados inflamáveis (baixo perigo, no sistema GHS).

A linha de solventes C3 será produzida pela Oxiteno em suas instalações de Mauá-SP e Camaçari-BA, contando com suprimento importado de n-propanol. “Investimos na linha de produção de C3 e seremos competitivos em relação aos solventes que pretendemos substituir no mercado”, afirmou Fabiana Marra. O lançamento foi bem recebido na Abrafati, uma vez que se registra uma escassez de solventes derivados de propileno, resultante dos eventos climáticos que afetaram a indústria petroquímica norte-americana neste ano.

“Somos distribuidores exclusivos de solventes da Oxiteno no Brasil e estamos ansiosos para oferecer a linha Ultrasolve H para nossos clientes, especialmente de flexografia, uma vez que há falta de solventes de propilglicol no mercado e seus sucedâneos também estão com preço alto”, comentou Silvio Mosseri, diretor comercial da Agroquímica Maringá.

Ele salientou que a demanda por produtos químicos em geral cresceu significativamente em agosto e setembro, possivelmente pela formação de estoques por parte dos clientes, temerosos de uma redução de oferta mundial nos próximos meses. “Estamos mantendo nossos estoques e atendendo regularmente os nossos clientes”, comentou.

Solventes sustentáveis – Também a Solvay (que usa a marca Rhodia no Brasil) apresentou quatro inovações no campo dos solventes, oferecendo alternativas mais sustentáveis aos seus clientes. “A política da companhia exige que todos os desenvolvimentos de produtos sigam os princípios da sustentabilidade e também sejam competitivos e tenham desempenho superior aos dos itens que se pretende substituir”, comentou Sérgio Martins, gerente de desenvolvimento da unidade Coatis.

Atenta ao setor de impressão gráfica (de embalagens, especificamente), a Solvay/Rhodia lançou os Solsys TI 250 e TI 720. Como explicou Martins, as misturas de solventes puros apresentam características diferentes das apresentadas pelos seus constituintes, com aplicações distintas. O Solsys TI 720 é uma alternativa pra o acetato de n-propila e para o n-propanol, enquanto o TI 250 é obtido com ésteres, gerando um produto de evaporação mais rápida que o acetato de n-butila, muito usado nesse segmento de mercado.Outra novidade é o Solsys SB, substituo para o acetato de sec-butila, porém de evaporação um pouco mais lenta, oferecendo melhores resultados para os clientes que produzem tintas industriais para o setor automotivo e moveleiro.

A quarta inovação apresentada neste ano é indicado para nichos de mercado de tintas alquídicas que ainda usa o xileno como diluente. “O mercado pede alternativas isentas de poluentes do ar perigosos, os chamados HAP”, comentou Martins. Para isso, foi criado o Solsys XF, com as mesmas propriedades do xileno, sendo um substituto perfeito e imediato, dispensando modificações adicionais na formulação (um drop in). “No futuro, poderemos considerar o uso do XF em outros mercados, a exemplo dos agroquímicos, que usam xileno”, informou.

A unidade de negócios Novecare da Solvay também marcou presença no estande da companhia, oferecendo monômeros funcionais (linha Sipomer), dispersantes (Rhodoline) e surfactantes de polimerização (Abex e Rhodapex), descritos na QD-583 (de setembro de 2017).

Hidrocarbonetos reagem – Maior produtora de solventes petroquímicos da América Latina, a Braskem reorganizou sua linha de produtos da linha de químicos de performance – nova divisão da companhia, antes agrupada nas unidades de insumos básicos. “Verificamos que os solventes precisavam de uma nova abordagem, passamos a oferecer um pacote maior de serviços para todos os portes de clientes, montamos equipes de pós-venda, com estoques amplos, entregas mais rápidas e confiáveis”, comentou Claúdia Madrid, diretora comercial de solventes dessa nova unidade da Braskem.

Alinhada com seus pares na Abiquim, a Braskem empreende esforços para ampliar o controle e o acompanhamento do uso de solventes em todas as etapas da cadeia produtiva. Todos os distribuidores da petroquímica estão sendo auditados para verificar se os produtos estão sendo manipulados corretamente, dentro das normas usadas também pela indústria. “Os funcionários dos nossos distribuidores devem usar os mesmos equipamentos de proteção individual que são adotadas pela Braskem”, exemplificou a diretora.

Durante a Abrafati 2017, a companhia apresentou suas três novas marcas de solventes: Ezolem, Pluract e Sensitis. “Adotamos essas marcas para identificar produtos com cortes mais precisos na faixa de destilação, reforçando nosso interesse em oferecer solventes de alta qualidade aos clientes”, afirmou Cláudia. Ela informou que a linha tradicional da Braskem será mantida, sem alterações.

A marca Ezolem abrange solventes mais leves, contendo duas submarcas. A Ezolem Dehyd (faixa de evaporação entre 70ºC a 90ºC) é indicada para desidratação de etanol. Por sua vez, a Ezolem Extract (de 60ºC a 70ºC) foi elaborada para atender à extração de óleos vegetais em máquinas mais modernas, enquanto o cicloexano puro continuará sendo oferecido para linhas mais antigas de extração.

Os produtos Sensitis apresentam elevada pureza, sendo isentos de cor e odor, contendo baixos teores de aromáticos. “Eles permitem que os formuladores tenham mais opções para criar produtos”, comentou.

A linha Pluract atrai mais a atenção do setor de tintas. Ela oferece elevado poder de solvência, baixa evaporação e confere brilho, aparência e nivelamento elevados para as tintas. “A Pluract atua na faixa dos solventes AB, muito usados em tintas e agroquímicos, e queremos expandir esse produto mediante alterações, como a hidrogenação, caso os clientes demonstrem interesse por isso”, explicou. “Queremos agregar valor aos nossos produtos químicos.”

Cláudia comentou que a produção petroquímica dos Estados Unidos está crescendo rapidamente, apoiada pelos suprimentos de gás natural barato. “Porém, esse tipo de indústria não gera novos volumes de solventes”, observou. Aliás, a Braskem investe para aumentar a flexibilidade de seus fornos para aumentar o uso de etano em seus fornos de pirólise e, assim, reduzir custos. Isso reduzirá, no futuro, a oferta de coprodutos hoje obtidos pelo processamento de cargas líquidas.

Outra linha de atuação consiste em celebrar contratos firmes de suprimento com grandes clientes. Recentemente, a Braskem e a Sherwin-Williams assinaram compromisso nesses termos, reduzindo o trabalho de compra do fabricante de tintas e garantido seu abastecimento. “Já temos outros dois contratos nesse escopo, com outras companhias”, comentou.

O estande da Braskem também divulgou o uso de polipropileno para a fabricação de embalagens para tintas, oferecendo redução de peso e ganhos de ergonomia e em design, em relação às latas. A reciclagem do PP é fácil e terá o apoio da plataforma Wecycle.

Química e Derivados, Ana Carolina quer conhecer as necessidades do consumidor
Ana Carolina quer conhecer as necessidades do consumidor

De olho no consumidor – Embora venda seus produtos químicos apenas para indústrias de tintas, a Dow adotou nova estratégia de atuação que exige acompanhar de perto o comportamento dos consumidores finais. “Com exceção de pigmentos e água, nós temos todos os produtos necessários para produzir tintas, como resinas, solventes e aditivos, mas precisamos conhecer muito bem o desejo de quem compra essas tintas para podermos orientar nossos esforços de pesquisa e desenvolvimento e também oferecer aos clientes inovações mais alinhadas com as tendências de consumo atuais”, salientou Ana Carolina Félix, especialista de marketing para o negócio de tintas da Dow Brasil.

Entre essas tendências com forte potencial de crescimento no país, ela aponta o “faça você mesmo”, ainda prejudicada pela percepção de que pintura é atividade complexa. “Temos alternativas químicas para tornar mais fácil e agradável o trabalho de pintura”, comentou Ana Carolina. É o caso da emulsão elastomérica Primal AC-261LF e dos modificadores reológicos Acrysol RM-400 e RM-3030. “Com eles, é possível formular tintas aplicadas com uma única demão, com melhor cobertura, baixo odor e sem respingos”, disse, salientando que já são vendidas tintas com essas características nos Estados Unidos, Europa, México e América Central.

Há também insumos adequados para outras tendências, a exemplo de “limpeza fácil”, tintas que repelem sujeira e líquidos que podem gerar manchas, obtidas com emulsão acrílica Rhoplex EZ-300 e coalescente de baixo VOC Ucarfilm LV. Quartos de crianças, clínicas e hospitais também contam com produtos mais adequados, como a emulsão acrílica Primal AC-3500 que apresenta baixo odor.

Há resinas que oferecem durabilidade elevada, evitando o aparecimento de microfissuras e pega de sujeira em aplicações decorativas e industriais. Há opções acrílicas e de poliuretano para impermeabilização de telhados e lajes. “Verificamos que o consumidor quer, além de cores, funcionalidades adicionais, como hidrofobicidade e resistência ao desenvolvimento de fungos (bolor), além de admitir lavagens periódicas sem perder a aparência desejada”, salientou a analista.

A Dow também apresentou novidades para tintas de sinalização viária com baixo tempo de cura mesmo sob condições adversas. “Lançamos a emulsão base água Fastrack 5408, acrílica de sexta geração tecnológica, com durabilidade até quatro vezes superior à da concorrência, com excelente ancoragem das microesferas de vidro refletivas”, informou.

Também foi apresentada a tecnologia híbrida epóxi-acrílica bicomponente Maincote AEH, de elevada resistência química e mecânica, indicada para pisos de estacionamentos comerciais e áreas de alta circulação. Esse produto também resiste à radiação UV.

Química e Derivados, Suárez: regulamentação rígida mudará o mercado dos biocidas
Suárez: regulamentação rígida mudará o mercado dos biocidas

No campo dos preservantes para tintas, a atual preocupação está nos limites impostos à conhecida metilisotiazolinona (MIT), exigindo adaptação das formulações na Europa. “A MIT e também a versão clorada CMIT estão na berlinda porque foram relatados problemas com sensibilização de usuários finais e agora é preciso reduzir seu uso”, explicou David Suárez García, gerente de marketing para a América Latina de energia e tecnologias microbianas. “No Brasil, ninguém fala nada sobre isso, embora o país seja sempre o primeiro da América Latina a atualizar seus biocidas.”

Suárez prevê que essas restrições devem chegar ao mercado local em pouco tempo e exigirão esforços dos formuladores para adequar os produtos às novas regras. “É difícil balancear uma solução em termos de custos, sustentabilidade e eficiência”, afirmou. A Dow oferece a metil benzil isotiazolinona (MBIT), molécula desenvolvida pela companhia que é estável, tem baixa toxicidade, zero emissão de VOC e não gera sensibilização nos usuários finais.

A companhia desenvolveu o Bioban 555, lançado na Abrafati 2017, uma combinação de MBIT, CMIT e MIT que atende aos requisitos europeus para proteção de tintas nas latas (in can). “O Bioban 555 consegue atuar bem até em pH 11, cada vez mais comum nas tintas”, afirmou.

Em 2015, a Dow havia laçado o Bioban 551S, que também usava MBIT. Segundo Suárez, apesar do excelente desempenho contra bactérias Gram positivas e negativas, como Pseudomonas, o produto encontrou baixa aceitação por ser muito caro para os padrões latino-americanos. Daí surgiu a ideia de criar o 555, mais adequado ao mercado regional. “Também oferecemos semiacetais (liberadores de formol inibido) de terceira geração, que funcionam bem em aplicações in can”, disse.O gerente de marketing da Dow avalia que o mercado de biocidas para tintas vive uma fase de transição, cada vez mais pressionado pelos custos. “O Brasil está saindo da crise, que piorou as condições de mercado, agora deve melhorar”, afirmou. Segundo ele, a metodologia dos bids (concorrências promovidas pelos fabricantes de tintas para selecionar fornecedores de biocidas) precisa ser revista para incentivar o avanço tecnológico. “A instituição de regulamentos locais mais rígidos tende a mudar o mercado, como acontece na Europa”, disse.

A proteção de filme seco segue atuando com os produtos tradicionais da Dow, da linha Rozone. Esse tipo de insumo é mais procurado para tintas litorâneas e de uso hospitalar, segundo Suárez.

Química e Derivados, Heine: oferta local de acrílico estimulou a cadeia produtiva
Heine: oferta local de acrílico estimulou a cadeia produtiva

Oferta firme de acrílicos – A inauguração do complexo de acrílicos da Basf, em Camaçari-BA, há dois anos, melhorou o suprimento de insumos para a cadeia de produtos a jusante, incluindo monômeros, dispersões, espessantes e outros. Antes disso, enquanto dependia de importações, havia restrições de suprimento e risco cambial ao avanço da tecnologia, hoje superados.

“O ramp up da produção na Bahia foi um pouco mais lento do que se previa inicialmente, mas agora está funcionando perfeitamente, em todas as unidades, alcançado os mesmos indicadores de eficiência obtidos nas fábricas gêmeas instaladas na China”, comentou Alejandro Heine, vice-presidente da divisão de químicos industriais da Basf S.A.. Ele aponta que a disponibilidade de ácido acrílico no país impulsionou a fabricação de diversos produtos, além de abrir caminho para exportações.

Nos monômeros, além do acrilato de butila, principal item para a produção de tintas acrílicas, a Basf iniciou há um ano a fabricação do acrilato de 2-etil hexila (2EH), em Guaratinguetá-SP, mais direcionada para a fabricação de adesivos. “A oferta local de 2EH permitiu que empresas daqui fizessem a polimerização para sustentar a produção de fitas adesivas, antes importadas, ou seja, contribuímos para reforçar a cadeia de valor”, afirmou.

Os fabricantes de resinas brasileiros passaram a contar com suprimento garantido e preços mais competitivos para o acrilato de butila, também exportado para a América do Sul. “Aprimoramos nossa operação logística, usando a cabotagem entre os portos de Salvador-BA e Santos-SP”, salientou. Na sua visão, as atuais alíquotas de importação aplicadas ao ácido e ao monômero não garantem proteção significativa. “Embora estejamos passando por um período de suprimento apertado, por problemas climáticos isolados, o mercado mundial de ácido acrílico e derivados se mostra superofertado”, informou. “É possível que se atinja um novo ponto de equilíbrio mais adiante.”

Química e Derivados, Milani: TBA substitui MMA em tintas látex, com vantagens
Milani: TBA substitui MMA em tintas látex, com vantagens

A Basf trouxe novidades em monômeros para a Abrafati 2017. A começar pelo acrilato de terc-butila (TBA), com desempenho superior em relação ao metacrilato de metila (MMA) nas tintas acrílicas puras do tipo látex. “Com o TBA, as tintas imobiliárias ficam com menor absorção de umidade, com melhor efeito impermeabilizante, além de conferir propriedades de lavabilidade, resistência mecânica e antichama, podendo substituir esmaltes alquídicos, mas também é usado na composição de dispersões XPress para tintas de demarcação viária”, explicou Valter Milani, gerente senior de vendas de petroquímicos da Basf para a América do Sul.

Ele comentou que o TBA já está sendo testado em alguns clientes no Brasil, em substituição ao MMA, apresentando preço semelhante a este. Indicado para tintas premium, o TBA apresenta alta temperatura de transição vítrea (Tg), influenciando a formação de filme, com excelente reticulação. “Esse monômero é produzido na Alemanha, que investiu para ser capaz de suprir a demanda global”, disse Milani.

Também são importados da Alemanha dois monômeros especiais para a fabricação de espessantes acrílicos associativos, ingredientes que melhoram as propriedades reológicas das tintas. “Espessantes celulósicos funcionam bem com PVA, mas as tintas acrílicas precisam dos associativos para melhorar suas características de cisalhamento com melhor custo/benefício para o fabricante”, explicou Milani. Esses monômeros são o BPEGMA (behenil polietilenoglicol metacrilato) 1100 e o SPEGMA (estearil polietilenoglicol metacrilato) 1100, projetados para diferentes segmentos de aplicação, incluindo tintas imobiliárias e de demarcação viária.

Química e Derivados, Barbosa: dispersões e aditivos reforçam posição no mercado
Barbosa: dispersões e aditivos reforçam posição no mercado

A divisão de dispersões e resinas da Basf aponta sinais de recuperação do mercado brasileiro, sendo este o momento ideal para reforçar o portfólio com inovações. “Estamos verificando que 2017 está melhor que 2016 em todos os segmentos de tintas, com destaque para o automotivo, com negócios 25% acima do ano anterior”, avaliou Fernando Barbosa, diretor senior de dispersões e pigmentos da companhia para a América do Sul. “Estamos ganhando participação de mercado com inovações, principalmente em aditivos de formulação e dispersões acrílicas para demarcação viária.”

A principal novidade para a feira deste ano foi o Acronal 1773, dispersão elastomérica de monômeros acrílicos feita em Guaratinguetá-SP que apresenta alta elasticidade e baixo amarelamento, sendo isenta de APEO e formaldeído. “Com isso, pode ser usada em tintas para alvenaria na parte externa de edificações, proporcionando elevada durabilidade, evitando o aparecimento de trincas superficiais”, informou Anderson Bonaldi, diretor de negócios de dispersões, resinas e aditivos para tintas e construção civil da Basf na América do Sul. A indicação é para tintas premium, embora essa dispersão apresente boa relação de custo/benefício. “As tintas elastoméricas são uma pequena parte do segmento premium”, considerou Bonaldi. Como ressaltou, a Acronal 1773 também pode ser aplicada na formulação e tintas para outros tipos de substratos, mas isso exige adaptação de toda a composição do produto.

Química e Derivados, Bonaldi: Acronal 1773 permite formular tintas mais elásticas
Bonaldi: Acronal 1773 permite formular tintas mais elásticas

Outra novidade apresentada ao mercado nacional foi a dispersão acrílica base água Acronal Xpress 1706, indicada para tintas de demarcação viária de secagem rápida. “A vantagem da Xpress 1706 é a possibilidade de formular também com etanol, enquanto as concorrentes só admitem o metanol, mas seu custo é competitivo”, garante Bonaldi.

Segundo Barbosa, essa dispersão já é comercializada nos Estados Unidos, com sucesso. “A Basf orienta o desenvolvimento de produtos pela combinação de vantagens de custo/benefício e de sustentabilidade, isso exige trabalhar ingredientes e processos”, considerou.

Nesse ponto, o uso de dispersantes permite otimizar a moagem de pigmentos, contando com a contribuição de antiespumantes. Agentes reológicos garantem o melhor desempenho das tintas e mais facilidade na aplicação. “Temos linha muito ampla de dispersantes, com quase todas as classes químicas para todos os pigmentos, mas vários produtos não estavam sendo trabalhados neste mercado, estamos mudando essa situação”, disse Barbosa.

A Basf produz dispersões pigmentárias em Guaratinguetá, linha na qual consome grande volume de aditivos. “Os sistemas tintométricos usam concentrados muito precisos para que a tinta final seja entregue com a cor solicitada pelo cliente”, comentou. Isso deveria impulsionar as vendas de dispersantes, porém a crise econômica pela qual o país passou nos últimos anos provocou um deslocamento do mercado premium para as linhas standard, prejudicando o negócio de aditivos especiais. “Há uma grande diferença de qualidade das tintas produzidas no Brasil e em outros países; o Brasil usa estireno-acrílico para quase tudo, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, existem acrílicas puras, ingredientes nanotecnológicos e com núcleo encapsulado (core shell), isso dá resultados superiores, porém a um custo que o mercado brasileiro não aceitaria”, avaliou. Assim, a demanda por tintas especiais estimula a companhia a trazer novidades.

A Basf também aproveitou a ocasião para apresentar novos pigmentos da sua nova marca global Colors & Effects. Entre eles, o inorgânico Sicopal RED EH 2370 (L3050), classificado como Pigment Red 290 no Color Index. Nos orgânicos, destaque para a Irgazin Scarlet EH 2096, para tintas industriais e decorativas, o alumínio Paliocrom Brilliant Red EH 1000, para tintas automotivas, e o Lumina Royal Dragon Gold, gerador de efeito dourado esverdeado, para vários usos. No Brasil, os pigmentos da Basf são comercializados pela distribuidora IMCD.

Novo poliéster automotivo – Atende pelo nome de Tetrashield TMCD a nova linha de resinas de poliéster produzidas pela Eastman na fábrica do Tennessee (EUA). “A linha conta com quatro resinas de alto desempenho, indicadas para seis diferentes mercados, oferecendo excelente proteção aos substratos contra agentes químicos, mecânicos e intempéries”, comentou Fernando De Vincenzo, gerente de vendas da Eastman para a América Latina.

O sistema Tetrashield é indicado especialmente para a pintura de automóveis, veículos comerciais e SUV, além de tratores agrícolas, mas também pode ser usado no revestimento interno de embalagens metálicas, substituindo o verniz epóxi, sendo isenta de bisfenol-A. “No Brasil, estamos fazendo testes com a pintura original de ônibus, que é parecida com a repintura, oferecendo cobertura, cor e brilho superiores aos sistemas usuais”, explicou. Além disso, o sistema Tetrashield atende a todos os requisitos de saúde, segurança e meio ambiente. “É uma área nova para nós, pois a Eastman havia saído das resinas há alguns anos, mas agora voltou com um produto especial, com grande demanda em todo o mundo”, disse Vincenzo.

Como explicou Sandeep Bangaru, diretor global de desenvolvimento de mercado para o negócio de tintas da companhia, o Tetrashield TMCD nasceu de uma demanda proposta pela fabricante de automóveis Mahindra, na Índia, que desejava adotar tintas mais duráveis para poder disputar novos mercados. Essa solução não deveria exigir alterações na linha de pintura existente. Em 15 meses, a Eastman desenvolveu o poliéster Tetrashield TMCD (tetrametil ciclobutanodiol), poliéster com estrutura cicloalifática, com alta Tg e grande dureza, altamente resistente à hidrólise. Aliado a um poliol poliéster, pode produzir uma tinta capaz de fazer em uma camada o que é feito hoje com duas (top e finishing coatings), geralmente com sistemas acrílico-uretânico, sem prejuízo de cor, brilho e aumento de resistência.

Química e Derivados, Basso e Vincenzo (dir.) mostraram novidades em poliéster e aminas
Basso e Vincenzo (dir.) mostraram novidades em poliéster e aminas

Em outro tipo de produtos, a companhia divulgou as vantagens das aminas neutralizadoras de pH Advantex e Vantex-T. “São alternativas de baixo odor e, no caso da Vantex-T, também de baixa emissão de VOC para tintas decorativas imobiliárias e industriais”, explicou Marcos Basso, gerente de desenvolvimento de mercado para a América Latina. As resinas estireno-acrílicas são ácidas, mas as tintas devem ficar com pH entre 8 e 9, pelo menos, para manter a sua estabilidade. Segundo Basso, a amônia é usada para essa função neutralizante, porém deixa odor forte e ruim.

Produtos mais conhecidos da Eastman no mercado de tintas, o Texanol e Optifilm seguem sendo cada vez mais demandados por fabricantes de tintas que desejam melhor desempenho com baixo teor de VOC. Ambos são coalescentes modernos que registram crescimento anual de vendas na faixa de dois dígitos há cinco anos. “Não vendemos mais solventes no Brasil porque não são interessantes economicamente, mas os coalescentes são top de mercado e têm muita procura por aqui”, disse Basso.

Membro da comissão de solventes da Abiquim, ele explicou que a questão de VOC no Brasil já está regulada pelas normas ISO 11890-2 e NBR 16388, publicadas em 2015, seguindo diretrizes europeias. “Basicamente, as normas adotaram o critério de ponto de ebulição; abaixo ou igual a 250ºC é considerado VOC”, informou. “Faltou definir os limites permitidos de emissão de VOC, que devem ser publicados ainda em 2017, ou no começo de 2018.”

Vincenzo comentou que o mercado brasileiro de tintas já dá sinais de recuperação, permitindo enxergar melhor desempenho em 2018. “Não registramos queda de vendas de nossos produtos nos últimos anos porque nos concentramos nas especialidades”, afirmou. Ele salienta que o portfólio de produtos da Eastman permite crescer ainda mais, aproveitando oportunidades que advenham da maior demanda por tintas especiais, tanto nas linhas automotivas, quanto nas decorativas e industriais.

Química e Derivados, Oba: nitrocelulose revigorada incorpora resinas secundárias
Oba: nitrocelulose revigorada incorpora resinas secundárias

Nitrocelulose revigorada – Tradicional resina para a fabricação de tintas, a nitrocelulose passa por um processo de revitalização, comandado por sua produtora brasileira, a Nitro Química. “Somos o principal fornecedor mundial de nitrocelulose, com fábrica em São Miguel Paulista-SP”, comentou Anderson Oba, do departamento de marketing da empresa. Em outubro de 2016, a Nitro Química comprou uma instalação em Atlanta (Georgia, EUA) para produzir soluções de nitrocelulose e atender à demanda naquele país.

Os planos atuais da companhia incluem oferecer mais alternativas para os clientes, assumindo etapas produtivas. Oba explicou que a resina é oferecida em formatos diferentes, a começar pelos tipos Cotton, nos quais a nitrocelulose é apresentada umectada em etanol ou isopropanol (por medida de segurança), em diferentes especificações. “As novidades são o NQ Cotton 15, de alto teor de nitrogênio, e o 17, com baixo nitrogênio, ambos de baixa viscosidade, além do NQ Cotton 2000, de alta viscosidade”, afirmou. Os tipos 15 e 17 são indicados para a formulação de tintas de impressão de rotogravura e flexografia, respectivamente. O tipo 2000 é usado nas seladoras e vernizes para madeira.A série NQ Solve apresenta os mesmo tipos Cotton, porém dissolvidos em vários solventes (aromáticos, álcoois, cetonas e ésteres), e também pode dar origem a soluções customizadas. Ao receber a nitrocelulose já dissolvida, os clientes podem formular imediatamente suas tintas e vernizes.

Os tipos de nitrocelulose Cotton, além de dissolvidos em solventes, podem ser associados a plastificantes (DOP, DOA, DBP, ESO e ATBC), constituindo a linha NQ System. “Os plastificantes melhoram as características da resina e seu desempenho na aplicação final”, explicou.

Esse era o portfólio da Nitro Química até 2016. “Em 2017, introduzimos o conceito plus, com a incorporação de resinas secundárias que podem ser poliuretâncias, alquídicas, poliamidas, acrílicas, poliésteres ou de arilsulfonamida”, salientou Oba. Com isso, a companhia passou a oferecer um sistema completo de resinas de alto desempenho.

“A nitrocelulose é um produto tradicional de mercado, mas percebemos que a combinação nitro com PU domina o mercado de impressão para flexografia e rotogravura, então passamos a oferecer essa resina pronta, em várias opções, dentro da série NQ System+”, comentou. Ele apontou que a nitrocelulose também dá origem a adesivos usados na laminação (NQ Purpack).

A produção de massas e tintas para o setor automotivo, em especial para reparação, representa grande consumo de nitrocelulose nas linhas Cotton, Solve, System e System+. A resina permite obter produtos com alto teor de sólidos, boa durabilidade, fácil aplicação e secagem rápida.

Há aplicações interessantes também nos esmaltes para unhas, com produtos específicos nas séries NQ Prisma (Cotton, Solve, System e System+). “São produtos de alta pureza e hipoalergênicos, aprovados pelo FDA e aceitos em vários mercados mundiais”, salientou. A companhia mantém laboratórios no Brasil e nos Estados Unidos, além de contar com estrutura comercial na Europa (Áustria).

Avanços nas resinas – A Lubrizol apresentou novas emulsões híbridas acrílico-PU para revestimento de coberturas e fachadas de prédios. São resinas elastoméricas que mantêm essa característica ao longo dos anos, evitando trincas durante mais tempo que outros sistemas poliméricos. “Um impermeabilizante feito com a Carboset CA 1008 B, lançada agora no Brasil, pode oferecer garantia de dez anos”, comentou Luis Carthery, diretor de negócios para a América Latina do grupo de performance coatings da Lubrizol.

Em âmbito mundial, a companhia está lançando a emulsão híbrida acrílico-PU Carboset CA-1009, para a mesma aplicação, porém com índice de absorção de água ainda mais baixo que a 1008 B, com adesão aprimorada para substratos de PVC, aço galvanizado e pisos cerâmicos. A emulsão CA 1009 é livre de APEO, NMP, NEP e formaldeído, atendendo aos regulamentos ambientais mais conhecidos.

Quem visitou o estande da Lubrizol também conheceu a dispersão poliuretânica Aptalon W8060, com estrutura de poliamida. “É uma resina monocomponente para cura ao ar, livre de APEO, NMP e NEP, apresentando elevada dureza e resistência química”, comentou Carthery. É indicada para revestimento de pisos de madeira, conferindo alta durabilidade mesmo em situações de tráfego elevado.

A Lubrizol também destacou o hiperdispersante Solsperse W100, para sistemas aquosos, tintas de impressão e concentrados de cor. Apresenta baixa emissão de VOC e é eficiente com ampla gama de pigmentos orgânicos e inorgânicos. Ele oferece excelentes resultados mesmo quando aplicado em dosagem 20% inferior à de produtos concorrentes, segundo a companhia, sem interferir na expressão de cor e brilho dos pigmentos. Foi lançado no European Coatings Show, em abril último.

Química e Derivados, Hassessian: só PU oferece alta resistência a baixa temperatura
Hassessian: só PU oferece alta resistência a baixa temperatura

Poliuretanos – A líder local Covestro (nascida na antiga divisão de Material Science da Bayer) ganhou companhia de concorrentes na exposição da Abrafati. Além da Vencourex (joint venture entre a tailandesa PTT e a sueca Perstorp, que comprara o negócio de PU da Rhône-Poulenc), também a chinesa Wanhua BorsodChem estrou este ano no encontro setorial.

“Queremos fixar nossa posição no mercado brasileiro que é estratégico para a companhia”, explicou Alberto Hassessian, diretor de negócios para a América Latina. Ele explicou que a Wanhua é a maior produtora mundial de MDI (isocianato de difenilmetano) e forte player em TDI (diisocionato de toluileno), além de ter entrado na produção de isocianatos alifáticos há três anos. “Também produzimos nossos próprios polióis e fornecemos monômeros e pré-polímeros para os fabricantes de tintas”, informou.

Hassessian comentou que o maior volume de produtos para PU vendidos pela Wanhua se direciona à fabricação de espumas. O mercado de tintas representa perto de 5% das vendas da companhia. “Porém, esse é um mercado de alta tecnologia que nos interessa disputar”, salientou. A Wanhua reforçou seu portfólio com a aquisição da húngara BorsodChem.Hassessian explicou que a Wanhua é a única fornecedora de PU capaz de alcançar resistência elevada em temperatura ambiente, dispensando aquecimento. “Na pintura original, são usados poliésteres que precisam passar 30 minutos em estufa a 180°C, porém as oficinas de repintura não possuem esse tipo de equipamento e só o PU consegue oferecer a mesma qualidade, tanto na forma pura ou combinado a resinas acrílicas ou alquídicas”, explicou. Outro uso crescente de tintas poliuretânicas está na manutenção de torres de transmissão de eletricidade. “O mercado brasileiro não está ruim para nós, como começamos do zero, já alcançamos um tamanho considerável em pouco tempo”, avaliou.

Crescimento regional – De olho nos negócios regionais, a Allnex comprou a fábrica da Águia Química, em Ponta Grossa-PR, e investiu para atualizá-la e diversificar sua produção. “Produzimos lá nossa melamina reativa com baixo teor de formol livre e também resina poliéster hidroxilada de alta qualidade, da marca Setal, usada em tintas automotivas”, comentou Gerardo Victal, diretor de vendas para a América Latina.

A partir de Ponta Grossa, os produtos são enviados para os clientes do Brasil e também da Argentina, Chile e Paraguai. “A tecnologia do nosso portfólio é adequada para a região e temos uma operação logística bem estruturada”, disse.

A Allnex também atua como fornecedora de resinas curáveis por UV, sendo sucessora da UCB, uma das pioneiras dessa técnica. Mas também produz resinas (poliéster, epóxi e híbridas), aditivos de fluxo e nivelantes para tintas em pó. Segundo Victal, a companhia possui boa participação em dispersantes, umectantes e secantes base óleo ou água (com ou sem cobalto). “E temos linha ampla de resinas para tintas base água”, salientou.

A Galstaff Multiresin do Brasil também encontra bom mercado por suas resinas na América Latina, região que atende a partir de seu escritório em Guarulhos-SP. “Investimos mais neste ano para ter uma presença forte na Abrafati não só para encontrar clientes brasileiros, mas também os de toda a América Latina”, comentou Mário Fernando de Souza, diretor da subsidiária brasileira da companhia italiana. Ele tem realizado bons negócios em países como Equador, Peru e Paraguai.

A Glastaff oferece aos clientes regionais um portfólio amplo de resinas para tintas, com destaque para os poliésteres insaturados e saturados, isocianatos e também aminas, auxiliares e aditivos, como o neopentil glicol (NPG). “O custo de produção na Itália ainda é bem mais baixo do que o do Brasil”, comentou. “E mantemos estoques locais para não deixar os clientes desabastecidos.”

Química e Derivados, Moraes Barros: novo aditivo atua como AMP-95, mas sem VOC
Moraes Barros: novo aditivo atua como AMP-95, mas sem VOC

Aditivos evoluem – A Angus Chemical Company participou da Abrafati 2017 para reforçar seu compromisso de oferecer aditivos atualizados para o mercado brasileiro e regional. “Os produtos da Angus ficaram dentro do portfólio da Dow até 2015, quando voltamos a atuar de forma independente com os aditivos, porém a divisão de biocidas ficou com eles”, disse Marcelo de Moraes Barros, gerente de negócios para a América Latina da companhia. Como informou, a Angus montou estrutura local, com escritório e pessoal próprio para vendas e assistência técnica, mantendo estoques próprios para suprir a demanda. “A região toda tem suas dificuldades, mas é um mercado promissor”, avaliou.

O principal produto da Angus para o mercado de tintas na América Latina é o AMP-95 (amino metilpropanol), aditivo multifuncional, usado como neutralizante de pH, dispersante de pigmentos e otimizador de formulações. “Esse aditivo é considerado isento de VOC pelo regulamento dos Estados Unidos”, comentou.

Como as normas brasileiras tendem a seguir os padrões europeus em relação a VOC, a Angus lançou neste ano o AEPD VOX 1000, com elevado ponto de ebulição, satisfazendo os requisitos locais. “Ele tem as mesmas funções do AMP-95, com baixo odor e alto desempenho, mas é livre de VOC mesmo no critério europeu”, explicou.

Esses aditivos especiais podem ser usados em conjunto com outros dispersantes, reduzindo a sua dosagem. Isso reduz custos e interferências no odor e na cor, garantindo melhores características às tintas formuladas. “Temos outros produtos, como surfactantes de oxazolidina Alkaterge, ou os nitroalcanos Flexitane e Nikane, que estamos divulgando também”, disse. No campo das tintas – a Angus fornece vários itens para outros segmentos de mercado, a exemplo de cosméticos, fluidos de corte e limpeza de eletrônicos –, nomeou a Univar como distribuidora exclusiva.

Química e Derivados, Magda e Moreira: surfactante reativo gera tintas sem VOC
Magda e Moreira: surfactante reativo gera tintas sem VOC

Moraes Barros considera que o uso de aditivos nas tintas brasileiras foi prejudicado pela crise, que estimulou o uso de itens alternativos mais econômicos. “Entendemos que há espaço para crescer”, disse. O AMP-95 também tem encontrado outras aplicações, como na produção de slurries, como neutralizante.

A brasileira Polystell exibiu sua linha de aditivos de processo (umectantes, dispersantes, antiespumantes e desaerantes), modificadores funcionais (agentes reológicos, alcalinizantes, antiblocking, antifloculantes e outros) e modificadores de superfície (anticrateras, agentes de slip, niveladores e tensativos) com fabricação própria. Também apresentou itens de distribuição: antioxidantes, estabilizantes UV, fibras de celulose, nano aditivos de prata, zinco e sílica, silanos e sílica pirogênica.

Surfactantes reativos – Com longa tradição no fornecimento de derivados oleoquímicos, a Croda destacou produtos da linha de surfactantes reativos Maxemul. “É linha bem conhecida de produtos, o que há de novo são as variações introduzidas no portfólio”, afirmou Magda Machado, gerente de marketing e desenvolvimento de vendas da Croda do Brasil.

Surfactantes reativos operam como comonômeros durante a polimerização. “Eles formam ligações covalentes com o polímero e se distribuem de modo uniforme no filme seco, sem migrar para a superfície; a ausência de surfactantes livres no filme seco resulta em desempenho igual ao de uma resina base solvente”, explicou o cientista de aplicações Diego Moreira. O uso de Maxemul permite obter tintas com maior resistência contra água e a lavagens, com emissão zero de VOC, entre outros benefícios.

Biocidas sob pressão – As empresas fornecedoras de biocidas para o setor de tintas e vernizes apontam a commoditização das principais moléculas e a pressão exercida pelos clientes para baixar preços como responsáveis pelo aviltamento do setor, redundando em baixa oferta de inovações.

“A Europa já exige biocidas livres de MIT, mas ninguém liga para isso por aqui, talvez seja uma tendência para o futuro, que será liderada pelos clientes globais”, criticou Fabio Forastieri, gerente de negócios da Lonza no Brasil. A empresa oferece piritionato de zinco e sódio, bem como butil isotiazolinona (BIT), todos eles livres das restrições impostas à MIT, com uso possível em todos os tipos de tintas.

A Lonza formula seus biocidas em Salto-SP, usando insumos fabricados nos Estados Unidos, Suíça e Ásia. “Sempre temos inovações, agora esperamos o mercado recuperar o ritmo de crescimento”, afirmou.

Karina Zanetti, especialista de assistência técnica da Miracema-Nuodex, concorda que o mercado brasileiro de biocidas para tintas se commoditizou. “Apesar disso, 2017 foi um ano melhor em vendas do que 2016”, salientou. Ele vê o panorama de mercado com alguma apreensão, pois estão aumentando as restrições sobre vários ativos biocidas, além da MIT e CMIT. “O carbendazim está limitado a mil ppm e essa dosagem está caindo, a octil isotiazolinona (OIT) também tem limites cada vez mais estreitos de uso”, comentou. “Estamos redefinindo nosso portfólio de ativos e queremos tê-los aprovados e homologados nos clientes para podermos oferecer mais opções de proteção para as tintas.”

A Miracema-Nuodex aproveitou a exposição para apresentar o Liocide 197 e o Corina 2211. Karina explica que o Liocide 197 é um semiacetal que funciona como liberador de formol inibido, combinado a uma mistura de CMIT e MIT, para proteção in can. Por sua vez, o Corina 2211, indicado para filme seco, é totalmente inovador. “Ele usa partículas de prata em nanoescala como ingrediente ativo, sendo muito resistente à lixiviação, um desenvolvimento da companhia, feito no Brasil”, ressaltou.

A Ipel enfatizou durante a Abrafati 2017 os seus aditivos biocidas multifuncionais, que protegem contra bactérias, algas, fungos e ácaros. “Além de proteger a tinta na lata e no filme, o aditivo também controla a população de ácaros no ambiente, reduzindo a ocorrência de problemas com as alergias causadas por esse artrópodo”, explicou Giovani Caritá Junior, diretor de pesquisa e desenvolvimento.

Ele informou que esse aditivo é formulado com a técnica de encapsulamento, para a liberação controlada dos ativos. “É uma formulação, inclui outros itens além dos biocidas, como fragrâncias, por exemplo”, detalhou.

O encapsulamento pode ser usado também para reduzir a presença de MIT e CMIT livres nas tintas, item atualmente atacado no exterior. De qualquer forma, o sistema de informação global GHS já exige a colocação de advertências nos rótulos de produtos contendo MIT. “No Brasil, as formulações só mudarão quando houver norma para isso”, criticou.

Caritá acompanha a evolução do mercado de tintas e percebe a elevação do pH dos produtos finais. “Temos biocidas que funcionam bem em pH acima de dez, como BIT com semiacetais, aliás a MIT aceita pH mais alto”, informou. A combinação mais usual de mercado, CMIT/MIT com semiacetais, opera bem até pH 9,5 a 10, segundo o diretor. Acima disso, há queda de desempenho.No entendimento do especialista, toda a cadeia produtiva deve agir em conjunto para definir parâmetros mais elevados de qualidade, envolvendo consumidores, fabricantes de tintas e de insumos químicos, entre outros interessados. “Lá fora, as tintas são melhores, duram mais do que as daqui, nós exportamos muito os nossos produtos para vários países, conhecemos esses mercados”, afirmou. Além das normas, o mercado precisa exigir avanços.

Ao mesmo tempo, a Ipel investe em pesquisa e desenvolvimento para otimizar o desempenho dos produtos existentes, melhorar as sínteses e criar novos produtos e serviços. “Vamos além dos testes para validação de formulações e acompanhamento do desempenho no cliente, nós queremos interagir com eles para customizar produtos”, disse. Há serviços mais específicos de controle de contaminações biológicas até apoio para atendimentos às normas mais recentes, com a participação do departamento regulatório da Ipel, que acompanha essas mudanças.

A Lanxess, por meio da divisão Material Protection Products (MPP), apresentou alternativas próprias para enfrentar as restrições à MIT. São combinações de BIT, CMIT e OIT com ou sem bronopol, para proteção in can. Nos filmes secos, apresentou a nova geração da linha Preventol, com os produtos Preventol Next A 29-D e A 31-D, combinações de fungicidas e algicidas de longa duração, mesmo em clima úmido, apresentando liberação lenta dos ativos.

Branco e preto – A Chemours participou pela segunda vez da Abrafati – foi criada a partir de uma unidade de negócios da DuPont pouco antes da edição de 2015 desse encontro setorial – para reforçar as vantagens de seu mais novo dióxido de titânio, o TS 6300, e garantir o abastecimento de seus clientes mediante a operação da fábrica de Altamira (México) e da reorganização de suas unidades produtivas. “Desde a formação da Chemours, algumas unidades mais antigas e menos eficientes foram fechadas, mas Altamira está sendo ampliada”, informou Claudia de Almeida Antunes, gerente de negócios de tecnologias de titânio no Brasil. Ela considera o mercado mundial abastecido, mesmo com a decisão chinesa de eliminar algumas fábricas ineficientes e poluidoras daquele país.

A maior novidade apresentada neste ano pela Chemours consiste em um amplo estudo do mercado de tintas decorativas com a participação de pintores profissionais. Como explicou Cláudia, o estudo foi realizado em três passos. O primeiro abrangeu a avaliação técnicas das tintas disponíveis no mercado para o segmento premium, segundo os critérios do Programa Setorial da Qualidade (PSQ) e os da própria companhia. Em seguida, foram efetuados testes com pintores com essas tintas, levantando as críticas e sugestões. Com bases nos dados apontados nas etapas anteriores, a companhia desenvolveu um protótipo de tinta contendo o TS 6300 para cada mercado regional específico, realizando nova análise crítica pelos pintores para confirmar resultados.

“Mais de vinte países replicaram esse roteiro de desenvolvimento de mercado, gerando mais de 5 mil protótipos de tintas em todo o mundo até agora”, disse Cláudia. Ela ressaltou que o pigmento é apenas um dos componentes da formulação, que precisa ser bem ajustada para proporcionar os resultados desejados, uma vez que os ingredientes interagem entre si. “Quando o cliente recebe a amostra da tinta pronta, ele enxerga melhor o benefício que podemos oferecer.”

Com base no estudo e nos protótipos, a Chemours se propõe a colaborar com o desenvolvimento de novas tintas, mediante contrato. Isso já está sendo feito em alguns países da América Latina, com sucesso. “O Brasil representa grandes oportunidades, já elaboramos um protótipo nas condições locais e estamos conversando com clientes”, comentou. Durante a Abrafati, a empresa reservou uma parede do estande para que os visitantes pudessem pintar uma pequena área com o protótipo com apenas uma demão, e compará-la com outra, pintada com tintas do mesmo segmento de mercado.

No negro de fumo, a Cabot manteve a tendência de apresentar desenvolvimentos que permitem facilitar a dispersão do pigmento e, assim, reduzir o consumo de energia na sua preparação. “Percebemos sinais de recuperação de negócios em 2017, mas ainda esperamos um consumo maior de produtos que usam o negro de fumo”, comentou Lea Sgai, gerente de marketing para a América Latina.

O mercado brasileiro apontou aumento na produção de veículos automotores, com bons resultados para os pigmentos ligados à produção de borracha. “Para os negros de fumo especiais, usados em tintas, as vendas continuam em marcha lenta”, avaliou. No mercado nacional, a cor preta caiu para a terceira posição entre as cores mais vendidas de carros novos.

A Orion Engineered Carbons também investe em negros de fumo de alta dispersão, apresentando o XPB 430 em pó, de alta profundidade de cor para tintas base água do setor automotivo de alta qualidade, dispensando moagem e aditivação. Aproveitou a ocasião para lançar o Colour Black FW 255 pó para aplicações automobilísticas, e o Special Black 40 pó, para as linhas industriais. Ambos apresentam alta profundidade de cor, tanto em base água quanto em solvente.

Química e Derivados, Abreu: com Toyo, portfólio de pigmentos ficou mais completo
Abreu: com Toyo, portfólio de pigmentos ficou mais completo

Paleta completa – A distribuidora Colormix anunciou durante a exposição o contrato de distribuição exclusivo firmado com a japonesa Toyo Color. “Vamos trabalhar com os pigmentos orgânicos da Toyo que são muito usados nas tintas de impressão de qualidade, embora tenha preços competitivos”, comemorou o diretor Carlos Fernando de Abreu. A Colormix também assumiu recentemente a distribuição dos pigmentos azuis fabricados pela indiana Narayan, com baixa absorção de óleo.

A distribuidora já conta com a ampla linha da Ferro (incluindo Nubiola e Capelle), e com os pigmentos considerados econômicos da chinesa DCC, além da conhecida linha de pigmentos de efeito da Ekart (grupo Altana), bem como os corantes Macrolex da RheinChemie e dos pérolas naturais da Ruicheng. “Conseguimos fechar uma paleta de distribuídas e de cores capaz de suprir todas as demandas do setor de tintas, mas também temos muitas opções para plásticos e cosméticos”, salientou Abreu.

A distribuidora oferece aos seus clientes as terras de Neuberg fabricadas pela Hoffman, com características lamelares e de aglutinação, simultaneamente, nas formas natural, calcinado e calcinado-revestido. “Esse produto pode ser usado como extensor de dióxido e titânio, substituindo 10% de seu uso, e também promove efeito anticorrosivo em tintas industriais quando usado como carga”, explicou.

A Colormix, com apoio da Byk e Ekart, lançou a linha de pastas de alumínio Shinedecor, que confere efeitos especiais para paredes decorativas, mas também pode revestir papéis especiais para decoração de ambientes. A Colormix produz no Brasil a pasta de alumínio Aquashine, sob licença.

“O mercado latino-americano tem problemas históricos com populismo e corrupção, mas sentimos que a região está conseguindo avançar, o que se verifica pelo aumento na venda de automóveis”, considerou Claudio Friedrich, gerente de vendas da Eckart. A produtora de pigmentos registra crescimento de dois dígitos na região, atuando nas linhas automotivas, industriais e de plásticos, oferecendo insumos capazes de gerar diferenciação para os produtos dos clientes.

Friedrich apontou como iniciativas interessantes a pigmentação de massa usada em plásticos no setor automotivo e nas embalagens, usando a linha Silver Dollar. “Pode sair mais barato que pintar peça por peça”, afirmou. O ramo de embalagens plásticas recebeu muitas novidades em pigmentos.

“Os pigmentos de efeito despertam emoções e atraem o público, por isso temos linha ampla que é usada pura ou em misturas, gerando novos efeitos”, salientou. A Ekart opera com pigmentos de alumínio, aço, zinco, ferro, perolados de vidro e outros. “A parceira com a Colormix nos permite atender o mercado local com custos mais adequados”, avaliou.

Química e Derivados, Werthajm: Denver quer voltar às resinas, mas só especiais
Werthajm: Denver quer voltar às resinas, mas só especiais

Espessantes e resinas – A Denver Especialidades Químicas se apresentou com destaque na Abrafati 2017 com seu carro-chefe, a carboxi metilcelulose (CMC), espessante celulósico de larga emprego em tintas imobiliárias. “A Denver, integrante do grupo Formitex, está em reestruturação”, comentou Ronaldo Werthajm, diretor superintendente da Denver Especialidades Químicas. A Denver Resinas, outro negócio do grupo, foi incorporado pela Denver Especialidades e praticamente saiu do mercado no qual detinha participação relevante. “Estamos voltando ao PVA e a alguns acrílicos, mas pretendemos ter atuação marcante nas resinas especiais de alta qualidade, não queremos atuar em commodities”, comentou.

O grupo adquiriu há dez anos duas fábricas então operadas pela Dow em Camçari-BA. Uma delas produzia o espessante hidroxietil celulose (HEC), mas está sendo convertida para fazer HPMC (hidroxipropil metil celulose), usado na produção de argamassa, com partida prevista para 2018. “A outra é a unidade de TDI, que está sendo totalmente reformulada para aproveitar a boa localização e o momento favorável a esse isocianato”, disse Werthajm.

Distribuição – Os distribuidores químicos marcaram presença na exposição, apresentando seus produtos inovadores e, principalmente, sua capacidade de atender aos clientes. “Participamos da Abrafati para mostrar aos clientes que contamos com uma estrutura de armazenamento e de procurement internacional capaz de manter constante a entrega dos produtos desejados”, comentou Andressa Wehmuth, gerente comercial de commodities da Quimisa.

A gigante Brenntag diversifica o portfólio de insumos para a fabricação de tintas, com a intenção de oferecer atendimento na forma de one-stop shop. “O mercado de tintas é um dos maiores que atendemos, contamos com mais de 20 distribuídas para isso e somos capazes de fornecer cerca de 85% de uma formulação convencional”, comentou Ricardo Almeida de Matos, coordenador técnico para o Brasil área de adesivos, tintas, elastômeros e construção.Além de contar com portfólio amplo, a distribuidora oferece serviços técnicos, com laboratório equipado para realizar todos os ensaios usados pelo setor de tintas. Também conta com o apoio da parceira Dow, no campo dos biocidas. “Levamos os clientes ao nosso laboratório, solucionamos problemas com eles”, disse.

Química e Derivados, Albuquerque: investimento visa apoiar projetos de clientes
Albuquerque: investimento visa apoiar projetos de clientes

A linha da Brenntag conta com catalisadores peróxidos da Arkema, dispersões de PU base água da Brenncor, solventes de todos os tipos (hidrocarbonetos e sintéticos) da Exxon, Dow e Oxea, contando com bases em Jundiaí-SP, Guarulhos-SP e Esteio-RS.

Como inovação, apresentou o redutor de monômeros livres para polimerização em emulsão Bruggoliter 1651, fabricado pela Brueggmann, da Alemanha. “É um lançamento mundial, ele permite que o resineiro use pH e temperatura mais elevada sem o amarelamento causado pelos monômeros livres, isso dá mais opções para o produtor”, explicou.

A Aromat divulgou a conhecida linha de produtos da sua distribuída Persptorp, fornecedora de itens importantes para tintas, a exemplo do pentaeritritol, neo pentilglicol (NPG), trimetilolpropano (TMP) e formiato de cálcio. “O mundo está passando por uma fase de suprimento apertado, depois do furacão Harvey, nos EUA, e dos fechamentos de fábricas na China que estão afetando a cadeia produtiva”, comentou o diretor Eduardo Albuquerque.

A Aromat também oferece aos clientes produtos das distribuídas Cristal (dióxido de titânio), solventes da Braskem (distribuidor oficial), e ceras da Micro Powders, entre outros. “O mercado de tintas representa quase 60% do nosso faturamento, essa dependência já foi maior no passado, estamos diversificando em outros segmentos, como adesivos, plásticos, petróleo, lubrificantes e cosméticos”, comentou Albuquerque. A distribuidora está investindo R$ 2 milhões na construção de laboratórios de desenvolvimento de aplicações para melhor atender aos clientes, enquanto verifica um cenário melhor para negócios em 2017 do que no ano passado.

Química e Derivados, Marin: biodegradáveis da Total reforçam portfólio de solventes
Marin: biodegradáveis da Total reforçam portfólio de solventes

A Bandeirante Brazmo usou sem bem localizado estande para divulgar a consolidação das mudanças internas, iniciadas em 2015. “Ajustamos mais o nosso foco no setor de tintas, em construção e cosméticos”, ressaltou Carlos Eduardo Marin, diretor superintendente da distribuidora.

Com forte presença nos solventes industriais, a Bandeirante Brazmo oferece portfólio amplo, acompanhado de serviços de envase de tíneres e solventes para terceiros. Conta com parceira com a Solvay/Rhodia para a formulação de sistemas solventes sintéticos de alta qualidade.

“Nem sempre é possível substituir o tolueno”, disse Marin, considerando as características desse aromático. Como explicou, a distribuidora possui controle rígido das vendas de solventes, para evitar problemas de saúde e ambientais.

Na linha dos solventes verdes, a Bandeirante Brazmo passou a distribuir os produtos da Total, complementando o portfólio de oxigenados. “São solventes biodegradáveis produzidos em uma nova e grande fábrica da Total, instalada nos Estados Unidos no ano passado”, afirmou.

Química e Derivados, Ana Amélia: linha cresceu com silicones, epóxis e biocidas
Ana Amélia: linha cresceu com silicones, epóxis e biocidas

Marin comentou que o segundo semestre de 2017 está apontando recuperação de negócios, porém os preços estão subindo em âmbito internacional.

A tradicional MCassab reformulou sua equipe comercial e pretende acirrar a disputa no fornecimento de especialidades químicas para o setor de tintas. “A feira nos permite apresentar nossa estrutura de atendimento e os produtos incorporados recentemente ao portfólio”, afirmou Ana Amélia Peduto Horta, coordenadora de desenvolvimento de produtos da divisão de química industrial da MCassab.

Os novos insumos oferecidos incluem os aditivos de formulação, fluidos e resinas para alta temperatura fabricados pela Elkem (a antiga National BlueStar, que no passado comprou a área de silicones da Rhône-Poulenc). Passou a contar também com as resinas epóxi da Olin (comprou onegócio da Dow), isocianatos alifáticos da Vencourex e a representação dos biocidas da Thor. “É preciso estudar a formulação dos biocidas para cada caso, mas é um produto que ajuda a vender outros itens”, comentou Ana Amélia.Como ressaltou, a MCassab mantém vários laboratórios para dar suporte aos clientes, com instrumentação adequada até para gerar laudos de qualidade. O atendimento aos clientes conta com estrutura logística robusta, com bases em Recife-PE, Cachoeirinha-Rs, Itajaí-SC e Osasco-SP.

A Química Anastácio teve seu estande muito movimentado durante os três dias da exposição. A distribuidora atribui a frequência de visitantes ao amplo portfólio com garantia de suprimento, suportada por uma rede global de desenvolvimento de fornecedores e estrutura logística competente.

A quantiQ, companhia da GTM (do fundo Advent), divulgou a linha completa de insumos para o setor de tintas, contando com estrutura logística para atender todo o território nacional. Destacou a distribuição dos silicones e EVA da Wacker, agente de cura para epóxi da Evonik, além de amplo portfólio de solventes e coalescentes.

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