Sustentabilidade – Parte essencial da estratégia da indústria de tintas

Sustentabilidade – Tema assumiu crescente importância nos últimos anos, em todo o mundo e hoje já não é possível planejar ações sem considerá-lo.

Muito antes que o termo sustentabilidade se tornasse usual, os temas ambientais, de segurança e saúde ocupacional já estavam na ordem do dia no setor de tintas. Nos anos 1980 e 1990, assim como passaram a ter mais ressonância na sociedade, tornaram-se pauta frequente nas discussões e ações da Abrafati.

Química e Derivados, Abrafati - Sustentabilidade: parte essencial da estratégia da indústria de tintas

O Seminário de Assuntos Ambientais foi uma das respostas a essa demanda, assim como diversas outras ações e iniciativas voltadas para aspectos como a atuação responsável em tintas – caso do Programa Coatings Care –, a destinação de embalagens pós-consumo ou a capacitação de brigadas de emergência.

O mesmo pode ser dito em relação à evolução da tecnologia no uso das soluções sustentáveis, cujos resultados e avanços se tornaram presença cada vez mais constante no Congresso Internacional de Tintas e na Exposição de Fornecedores.

Com a ascensão da sustentabilidade a um novo patamar, já no século XXI, a atenção dada ao tema cresceu, tornando-o um elemento central na atuação e nas estratégias do setor. Essa trajetória culminou na criação do Comitê de Sustentabilidade do Conselho Diretivo e de uma Gerência dedicada a isso na Abrafati.

A Associação também definiu, em 2015, a Política de Sustentabilidade do Setor de Tintas, que foi o resultado das discussões no âmbito desse comitê e da pesquisa das melhores práticas adotadas em todo o mundo, passando a ser um guia para orientar sua atuação nessa área.

Inovação e sustentabilidade

Ocupando nos últimos tempos espaço privilegiado na agenda do setor de tintas, a sustentabilidade se tornou um dos principais motores da sua busca contínua por inovação tecnológica.

As indústrias de tintas e seus fornecedores vêm trabalhando nessa direção, com o objetivo de oferecer produtos que, cada vez mais, atendam aos requisitos ambientais, contribuindo, ao mesmo tempo, para o desenvolvimento econômico e social.

“As empresas precisam encarar a sustentabilidade como uma forma de gerar valor. Projetos e novos desenvolvimentos devem levar em conta as variadas possibilidades de fazer isso: fortalecer a sua imagem e reputação, ajudar no relacionamento com públicos-chave, engajar funcionários, reduzir riscos, reduzir custos, aumentar a produtividade, proporcionar novas oportunidades de negócios”, afirma Juliana Zellauy Feres, gerente de Sustentabilidade da Abrafati.

“O princípio que deve reger a atuação do setor é o da criação de valor compartilhado. Ou seja, trata-se de criar valor econômico de uma forma que também gere valor para a sociedade. Com isso, o sucesso da empresa se conecta ao progresso social”, explica.

Diversos exemplos do trabalho que vem sendo conduzido pelo setor nessa seara puderam ser vistos na Abrafati 2015, que teve como mote justamente a sustentabilidade.

No evento, estiveram em evidência, tanto nos trabalhos apresentados no congresso quanto nos lançamentos promovidos na exposição, as diversas respostas que estão sendo dadas às demandas da cadeia produtiva relacionadas a esse aspecto. “Abriram-se possibilidades para a disseminação de novos conhecimentos, o debate de ideias, o desenvolvimento de projetos conjuntos e a geração de oportunidades de negócios”, explica Dilson Ferreira, presidente-executivo da Abrafati.

Atuação responsável

A atuação da associação em relação aos aspectos da sustentabilidade independe da existência de legislação ou regras oficiais. Quando elas existem, a sua postura é de atendê-las e colaborar para o seu atendimento. Quando não, o que pauta a sua atuação é a premissa de fazer o correto, da melhor maneira possível, estimulando todo o setor na direção que considera a mais adequada.

Um exemplo nesse sentido está ligado à eliminação do uso de chumbo em tintas. A Abrafati criou uma autorregulamentação, envolvendo as empresas associadas, até que fosse aprovada uma lei que estabelecesse os limites máximos para a sua presença, banindo o uso desse metal em tintas imobiliárias e de uso infantil – lei esta proposta pela associação e aprovada em 2008 pelo Congresso Nacional.

O mesmo vale para os compostos orgânicos voláteis (VOCs). Em 2008, a Abrafati também desenvolveu um programa de autorregulamentação, estabelecendo os teores máximos de emissões em tintas imobiliárias e produtos correlatos, uma vez que inexistia legislação no Brasil sobre o tema. Depois de estudos e debates realizados por seu Comitê Científico, os limites e a metodologia utilizada para os cálculos foram baseados nas regulamentações estabelecidas pela Comunidade Europeia. Posteriormente, as discussões sobre o tema passaram a ocorrer no âmbito do CB-164 (Comitê Brasileiro de Tintas, da ABNT), tendo como foco a elaboração de uma norma para definir os limites para o Brasil e os tipos de análise que devem ser feitos para a sua determinação.

A contribuição das tintas para a sustentabilidade

Um dos aspectos em que é preciso avançar é a valorização do papel que as tintas podem desempenhar para a sustentabilidade. Ainda é pouco explorada como diferencial a proteção que as tintas conferem às superfícies onde são aplicadas, contribuindo para evitar a sua deterioração. Em peças de madeira, por exemplo, a durabilidade proporcionada pela pintura evita o corte de novas árvores e todo o gasto de energia e outros materiais necessários para a sua reposição. O mesmo vale para produtos feitos de aço, como automóveis ou navios. Além desse benefício, em diversas aplicações, a tinta proporciona segurança contra danos ambientais originados por vazamentos e infiltrações em plataformas de petróleo, tanques, dutos e outras instalações.

Há, ainda, a economia de energia que o uso de tintas pode proporcionar, como no caso da utilização bem planejada de tintas imobiliárias, que leve a melhorias na luminosidade do ambiente e à redução do seu aquecimento. O mesmo pode ser dito em relação aos projetos para pintar de branco telhados ou de grandes áreas de estacionamento descoberto, de forma a minimizar as ilhas de calor nas cidades.

Destinação das embalagens

A destinação das embalagens de tintas pós-uso é um tema que vem merecendo atenção especial do setor há muitos anos. A partir de estudos técnicos realizados desde o final da década passada, do acompanhamento das regulamentações e da participação ativa em fóruns do governo e do setor privado, a indústria de tintas já desenvolvia ações e programas voltados para a reciclagem das embalagens de tintas, assim como atividades de conscientização envolvendo tanto essa questão quanto a da minimização da geração dos resíduos.

A publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, intensificou esse trabalho realizado pela Abrafati, em conjunto com a sua cadeia produtiva, com o governo e com outros agentes, para encontrar as melhores soluções relacionadas aos resíduos sólidos. Assim, a associação integrou-se a iniciativas lançadas pelo Poder Público, como o Grupo de Trabalho Temático – Embalagens, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente. Simultaneamente, integrou-se à proposta de acordo setorial do grupo Coalizão Empresarial, que envolve fabricantes de diversos tipos de embalagens e segmentos que as utilizam; e à do Prolata, com a Abeaço (Associação Brasileira da Embalagem de Aço), tendo como foco exclusivo as embalagens metálicas.

Nessa área, os avanços obtidos nos últimos anos foram muito significativos, a começar pelo início do processo de implantação de uma estrutura robusta para receber e encaminhar as embalagens pós-consumo, com a criação do primeiro Centro Prolata Reciclagem, em São Paulo, a constituição de uma rede ampla e capacitada de cooperativas de catadores, a formação de um conjunto de pontos de entrega voluntária (PEVs), o primeiro dos quais inaugurado em 2015.

Uma grande conquista nesse sentido foi alcançada em 2015, com a aprovação, pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), do pleito apresentado pela Abrafati para a reclassificação das embalagens de tintas imobiliárias na Resolução no 307/2002 – passando a considerá-las como produtos não perigosos, classificados como resíduos recicláveis Classe B. Isso possibilita que essas embalagens sejam aceitas sem restrições em Ecopontos, Áreas de Transbordo e Triagem (ATTs), cooperativas e PEVs.

Poucos meses depois da aprovação dessa medida, o setor teve mais uma boa nova, com a assinatura do Acordo Setorial de Embalagens, resultado de discussões e negociações com o Ministério do Meio Ambiente ao longo dos quatro anos anteriores. O documento estabelece metas e prazos para que as embalagens pós-consumo de diversos produtos – como as tintas – recebam destinação adequada, formalizando o compromisso de um conjunto de 21 entidades que representam fabricantes e segmentos usuários de embalagens, reunidas no grupo Coalizão Empresarial, e do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.

“O trabalho consistente feito nestes anos, amparado por estudos técnicos, colocou o setor de tintas em um novo patamar em relação aos resíduos sólidos. Continuaremos a evoluir, com o compromisso de buscar sempre as melhores práticas, indo além do cumprimento da legislação”, afirma Gisele Bonfim, gerente técnica e de Assuntos Ambientais da Abrafati.

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