Silicones: Produção nacional cresce, mas aquém do nível histórico

Além de representar uma indústria em rota de crescimento já há alguns anos no Brasil, os silicones têm ainda grande potencial de aumento de consumo.

De acordo com o coordenador da comissão setorial de silicones da Abiquim, Lucas Freire, também presidente da Bluestar Silicones, o consumo per capita no Brasil, de US$ 1/habitante/ano, ainda está muito abaixo do europeu e do norte-americano, que chegam a US$ 6.

“O uso do silicone em produtos industriais e de consumo está diretamente associado ao grau de desenvolvimento de um país. Quanto maior o poder aquisitivo da população, mais produtos com silicone há no mercado”, disse Freire.

Sua afirmação não só indica a diferença econômica entre o Brasil e os países europeus e os Estados Unidos como também revela que o país diminuiu esse gap nos últimos anos.

Isso porque a indústria brasileira de silicones cresceu a uma média de 14% a partir de 2005 (com queda em 2009 de 20%), bem acima do PIB no mesmo período.

Em 2012, porém, o percentual de crescimento diminuiu, como efeito direto da crise internacional e também pela invasão de produtos manufaturados importados, muitos deles com silicone na formulação.

Mesmo assim, o faturamento em 2012 cresceu 10%, atingindo US$ 230 milhões.

Química e Derivados, Lucas Freire, Abiquim, consumo per capita do Brasil é até cinco vezes menor do que o europeu
Freire: consumo per capita do Brasil é até cinco vezes menor do que o europeu

“Foi o dobro da expectativa projetada pela comissão setorial. E nosso sentimento é o de que esse número se repita em 2013”, afirmou Freire.

Os mercados de construção civil e de beleza, menos afetados por importações, foram os principais responsáveis pela manutenção do crescimento.

No primeiro mercado, a substância é utilizada como matéria-prima na fabricação de produtos de acabamento das obras, especialmente em tintas, selantes e hidrofugantes (produtos impermeabilizantes).

Em cosméticos, há uma infinidade de produtos como o insumo na formulação, desde xampus, condicionadores, cremes para pele e cabelo.

Contribui para a perda de força de crescimento, em comparação com a média histórica, a falta de regulamentação de produtos acabados, revelou Freire.

“Há muitos produtos com baixas exigências de atendimento a padrões ambientais e de segurança, como cabos e mangueiras automotivas, por exemplo”, disse.

O silicone, além de melhorar aspectos como flexibilidade, durabilidade e resistência, é considerado inerte, inofensivo ao meio ambiente.

Outro problema é a falta de isonomia de competição dos clientes do silicone nacional com os produtos acabados importados, que vêm de várias partes do mundo, em todos os tipos de aplicação, desde adesivos, peças isolantes elétricas ou mangueiras.

“Eles não têm os mesmos encargos que os produtores brasileiros e também não precisam seguir muitas exigências, porque há escassez de normas e de fiscalização de produtos manufaturados no Brasil”, disse.

Isso significa que a probabilidade de entrar produto no país com baixa especificação técnica é muito grande.

A continuar essa crescente importação de produtos manufaturados, visível em todos os setores industriais, reprime-se o potencial do silicone de entrar na formulação industrial de muitos mercados ainda pouco explorados no Brasil.

Muito associado aos setores de construção e cosméticos, há demanda adormecida na área elétrica (como isoladores de linha de alta tensão, por exemplo, e em vários cabos), na automobilística, têxtil e até em tratamento de água, como antiespumante.

A estimativa da comissão setorial da Abiquim é a de que o silicone faça parte da composição de mais de 5 mil produtos.

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