Segurança – Roupas de proteção química ganham novo regulamento
A regulamentação das roupas de proteção de trabalhadores contra agentes químicos está em fase de revisão. Após vários meses de discussões entre especialistas do Ministério do Trabalho e do Emprego e representantes dos empregadores e dos sindicatos dos profissionais, espera-se para o final deste ano ou, talvez, no decorrer de 2013, a edição de novos regulamentos que orientem a produção e a comercialização de tecidos e vestimentas mais adequados. Depois disso, será concedido um prazo para adaptação do setor.

“A regulamentação das roupas contra ataques químicos está de um a dois anos defasada em relação às vestimentas de proteção antichama ou contra arco elétrico, que já contam com enquadramento adequado”, comentou Guadalupe Franzosi, gerente de marketing para a América Latina da divisão Industrial Personal Protection (IPP) da DuPont. A companhia química fabrica polímeros especiais, como as aramidas Nomex e Kevlar, com os quais são produzidos, na sequência, fibras, fios, tecidos e roupas protetivas contra particulados, produtos químicos, antichama e contra arco elétrico.
Guadalupe explica que o foco da companhia está nos polímeros, mas, dadas as características do mercado latino-americano, foi necessário avançar na cadeia produtiva. “Nos Estados Unidos e na Europa, a venda de polímeros é mais de 50% do negócio, há clientes capazes de fazer tecidos misturando esses e outros materiais”, comentou. No Brasil, a DuPont vende do fio até a roupa pronta, mas ainda são poucas as fiações e tecelagens que atuam com essas resinas. O Kevlar, por exemplo, por possuir alta resistência mecânica ao enlongamento e ao rasgo, pode danificar os equipamentos têxteis se for manuseado de forma incorreta. Essas fibras são importadas dos Estados Unidos e da Espanha.
O Kevlar e o Nomex têm comportamento parecido, porém diferente. Criada em 1947 para proteger os pilotos de aviões militares contra fogo na cabine, até que pudessem ejetar seus assentos, requerendo proteção pelo mínimo de três segundos, a meta-aramida Nomex dá origem a fibras, fios e tecidos macios, com toque parecido com o do algodão. A aramida Kevlar, criada em 1965, confere resistência mecânica, sendo usada até na construção de raquetes de tênis, mas um traje feito apenas com ela ficaria muito duro, desconfortável. A combinação adequada de fibras Nomex e Kevlar, bem como de fios acrílicos e outros, permite fazer tecidos e roupas resistentes ao fogo e também duráveis, sem prejudicar o conforto dos trabalhadores.
A defasagem entre a proteção térmica e a química tem uma razão. “O ministério estudou em 2010 o problema da proteção aos trabalhadores e verificou que a proteção antichama e ao arco elétrico era mais crítica e, portanto, deveria ser tratada como prioridade”, comentou Etore Frederici, gerente de produto da DuPont Protection Technologies. Pelas normas nacionais, desde 2011, todas as roupas protetivas dessa classe precisam ser certificadas pelo ministério, mediante a apresentação de laudos de ensaios normalizados. Mesmo os equipamentos de proteção individual (EPI) importados precisam de certificação, sendo aceitos laudos internacionais emitidos por laboratórios acreditados. Com isso, o mercado de roupas térmicas no país, que alcançou a marca de US$ 250 milhões, em 2010, deve saltar para US$ 750 milhões em 2017.
“A importação de roupas de proteção é grande no Brasil, mas a tendência é a de ampliar a produção local”, afirmou Frederici. A DuPont mantém estoque de tecidos e de roupas prontas, fabricadas por confecções qualificadas pela companhia e mediante sua orientação e design, uma forma de garantir a qualidade do produto final.
“O tecido representa apenas a metade da roupa, o design é a outra”, salientou Guadalupe. As costuras (feitas com fio de Nomex, incombustível), os zíperes, bordados e botões, tudo isso deve ser adequado à aplicação. Há outro fator, ressaltado por Frederici: “Esses uniformes são usados o dia todo, inclusive para serviços na rua, no caso das empresas de eletricidade, portanto, eles também carregam a identidade visual do cliente e precisam ser vistosos, confortáveis e elegantes.”
As aramidas não propagam chamas, sendo essa uma característica inerente ao material. Soluções tecnologicamente mais antigas ainda aplicam tecidos de algodão impregnados de substâncias químicas que produzem uma camada de fumaça em contato com as chamas, com a função de proteger o corpo durante o período de três segundos exigido por norma. É preciso lembrar também que as roupas de Nomex resistem a mais de 200 ciclos de lavagem sem perder suas propriedades, mas isso não se verifica no caso do algodão impregnado. Linha química – As roupas de proteção química são diferentes. Como são usadas apenas nas linhas de produção ou em situações críticas (para entrar e sair de locais em caso de acidente, por exemplo), elas são descartáveis e dispensam a customização, adotando tamanhos padronizados.

O material de confecção tem por base não-tecidos em várias camadas, podendo receber películas de cobertura para impedir o contato com os agentes químicos com a pele. A seleção da roupa e do material de confecção varia conforme o tipo de produto químico e o tempo de exposição a ele.
“Temos quatro opções de EPI químicos, em graus crescentes de proteção, do Tyvek ao Tychem TK”, informou Guadalupe. O Tyvek é formado por um não-tecido de polietileno de alta densidade capaz de reter partículas secas ou úmidas maiores que um micrômetro, com potencial alergênico ou tóxico. As roupas confeccionadas com ele apresentam respirabilidade unidirecional, ou seja, deixam sair o ar quente e a umidade, proporcionando conforto ao trabalhador. O material, embora macio, é resistente a rasgos e ao atrito, podendo ser usado por períodos longos, por exemplo, em cabines de pintura automotiva.
O Tychem QC tem base em um não-tecido de PEAD com um laminado superior de polietileno, para um nível maior de proteção, inclusive líquidos e materiais biológicos (até nível C/Tipo 3). Em seguida, o Tychem SL tem a mesma base, porém com uma película de Saranex 23P, podendo atuar contra agentes químicos e biológicos em vários ambientes, com desempenho 150 vezes superior ao das roupas de PVC, mesmo após três horas de exposição. No topo da lista estão as vestimentas de Tychem TK, capazes de impedir a passagem de gases, líquidos e sólidos, tóxicos e corrosivos, inclusive agentes biológicos de alta periculosidade, sendo formado por macacão com capuz totalmente encapsulado, com bocal para suprimento de ar ou espaço para cilindro de respiração autônoma. A nova regulamentação vai impor ensaios normalizados, porém, como são poucos os laboratórios mundiais capazes de conduzi-los, o tempo para se obter a certificação será um pouco longo, como prevê Guadalupe.

A gerente de marketing observou que as roupas protetivas são EPIs, ou seja, pertencem a cada indivíduo. No caso das empresas de transportes especializados, os macacões para uso em caso de acidente químico devem ser atribuídos aos motoristas e não aos caminhões. “E as vestimentas devem ser adequadas ao produto transportado, seleção a ser feita mediante uma análise de risco mais simples do que a requerida pela área térmica”, informou Guadalupe.
Prêmio – A companhia promove a segunda edição do Prêmio DuPont de Segurança e Saúde do Trabalhador em 2012, aceitando inscrições até outubro. Serão analisados casos de práticas em indústrias que resultaram na redução efetiva de acidentes de trabalho, nas categorias de gestão de sistemas de saúde e segurança do trabalho; proteção térmica; corte e abrasão; e química. “Em 2011, foram avaliados 70 cases e o primeiro colocado de cada área ganhou uma viagem para uma feira internacional da área de segurança, como forma de motivar o desenvolvimento profissional”, comentou Frederici.
Neste ano, tal como no anterior, todo o gerenciamento do prêmio está a cargo da Associação Brasileira de Segurança, com patrocínio e incentivo da DuPont. “É preciso difundir a noção de que acidentes geram indenizações, afetam a imagem, elevam os prêmios de seguros, provocam paradas de produção, entre outros custos. E tudo isso pode ser evitado”, disse Guadalupe. Mais informações sobre o prêmio estão disponíveis no site: www.premiodupont.com.br
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