Reservas em águas ultraprofundas aquecem produção no Sergipe
Sergipe desponta no setor energético brasileiro com previsão de produzir grandes volumes de petróleo e gás

Diante da descoberta de expressivas reservas em águas ultraprofundas em Sergipe, o estado desponta no setor energético brasileiro com previsão de produzir grandes volumes de petróleo e gás em 2028. Com o intuito de preparar gestores sergipanos e entidades correlacionadas ao setor no estado, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) ministrou o workshop Diálogos de Energia no dia 24 de julho, em Aracaju-SE.
O encontro foi promovido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec) de Sergipe, em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomércio) e a Sergipe Gás S/A (Sergas).
Apresentando o tema Upstream Nacional: desinvestimentos, oportunidades, oferta, demanda e preços, Júlio Moreira, diretor executivo de Exploração e Produção do IBP, ressaltou a grande quantidade de oferta energética prevista para o estado, com perspectiva de produção de 240 mil barris de petróleo por dia e 18 milhões de metros cúbicos de gás por dia. “O alinhamento estratégico com Sergipe é fundamental para o país, pois o estado tem e terá uma participação importante no abastecimento dessa matriz energética com gás natural a ser produzido aqui na costa”, completou o executivo.
Diante das novas descobertas de reservas em águas ultraprofundas, Sergipe passa por um momento de desinvestimento da Petrobras em campos de águas rasas. A estatal passou a concentrar seus investimentos em águas profundas e ultraprofundas no estado, que têm demonstrado grande vantagem competitiva ao longo dos anos, com alta produtividade e menores emissões de gases de efeito estufa por tonelada produzida.
Júlio Moreira avaliou a relevância da futura produção sergipana. “As perspectivas para o estado são excelentes, com a descoberta de importantes reservas de gás natural que vão propiciar o desenvolvimento industrial do estado à medida que as reservas forem transportadas e trazidas para o continente”.
Protagonismo do gás natural com a descoberta de reservas em águas ultraprofundas
O gás natural terá um papel importante na transição energética, como destacou a diretora executiva de Gás Natural do IBP, Sylvie D’Apote, que apresentou o painel O mercado de gás natural e a regulação no Brasil e o Programa Gás para Empregar. De acordo com a diretora, Sergipe já está no mapa do óleo e gás há muitos anos, mas com as novas descobertas de reservas em águas profundas, o estado dará um grande salto na produção.
“Esse gás é importante porque tem várias características. A principal é que ele não é substancialmente associado ao petróleo. No pré-sal, por exemplo, o petróleo é associado ao gás; aqui, a situação se inverte e o que se tem é o gás associado ao petróleo. Isso quer dizer que esse gás é mais flexível, pode acompanhar melhor a evolução da demanda, que é variável. Nosso país carece desse gás”, destacou Sylvie.
A diretora ressaltou ainda a perspectiva de preços diante da nova realidade sergipana. “Além de o estado ter várias fontes energéticas, possui também um terminal de regaseificação que está conectado ao mundo e, em breve, estará conectado também à rede de transportes. Ter muitas fontes para escolher é positivo, pois cria competição e repercute no mercado com a modicidade de preço”, completou a diretora executiva de Gás Natural do IBP.
Refino e Biocombustíveis
O Brasil tem avançado no sentido da descarbonização para uma matriz energética mais limpa, como destacou a diretora executiva de Downstream do IBP, Valéria Lima, durante o painel “Processamento e capacidade de refino no Brasil: expansão, importação, preço e biocombustíveis”. A diretora explica que ainda há uma perspectiva de produção de derivados do petróleo, como gasolina e óleo diesel, mas que o Brasil também caminha para o desenvolvimento de biocombustíveis.
“Sergipe está dando um passo muito importante para o desenvolvimento de uma mão-de-obra compatível com os recursos petrolíferos e gasíferos que o estado tem. O petróleo ainda vai continuar sendo a principal matriz energética do mundo por um tempo e o mercado brasileiro de derivados é o oitavo maior mercado do mundo. As estatísticas indicam que, mesmo com a transição energética, ainda vamos aumentar o consumo de derivados até o início da década de 2040. Apesar disso, o percentual de conteúdo renovável no diesel ainda pode crescer com a introdução de novas tecnologias. O Brasil está investindo nisso”.

Reservas em águas ultraprofundas e a Mão de obra no estado de Sergipe
O governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, destacou a importância da preparação para o futuro promissor do estado. “Nós vamos viver um novo momento a partir de 2028, temos de preparar a nossa população, preparar a mão-de-obra e atrair investidores para aproveitar a oportunidade de ter o gás na porta. Sergipe tem ainda uma posição geográfica estratégica, entre Bahia e Pernambuco, dois grandes polos industriais. Temos grandes vantagens relacionadas à nossa matriz energética, somos um destaque no setor de fertilizantes. Enfim, é um potencial gigantesco, que faz de Sergipe a grande estrela do petróleo e do gás”, enfatizou.
Outros executivos do IBP participaram do evento, como Carlos Victal, gerente de Sustentabilidade, com o painel Projetos de descarbonização na indústria de gás; e Melissa Fernandez, gerente de Tecnologia e Inovação do IBP, com o painel Inovação, Tecnologia e P&D. “Sergipe tem uma grande oportunidade de materializar o conceito do desenvolvimento sustentável, aliando o desenvolvimento econômico ao social e ambiental”, reforçou Carlos Victal. Melissa Fernandez completou, “o estado de Sergipe tem diversas ferramentas tecnológicas para viabilizar projetos. Esperamos retornar para conhecer o Parque Tecnológico de Sergipe e suas potencialidades”.
Capacitação profissional
Também presente no workshop, a coordenadora do Núcleo de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Lilia Barreto, reforçou a perspectiva das oportunidades geradas para o mercado de trabalho. “A UFS, além de ter dentro da sua estrutura cursos voltados diretamente para a formação de recursos humanos que são abraçados diretamente pela cadeia de petróleo e gás natural, também conta com um núcleo dedicado ao setor, com 17 unidades laboratoriais que atende a toda a cadeia”.
Por meio da difusão de conhecimento técnico de qualidade, o IBP está envolvido com os principais avanços da indústria brasileira. A UnIBP, Universidade do Setor de Petróleo e Gás, criada pelo instituto, oferece cursos ao setor para capacitar profissionais de forma continuada, sistêmica e inovadora, transformando conhecimento em resultado para os negócios.
A gerente da UnIBP, Karen Cubas, destacou a importância do encontro para a formação de conhecimento local. “O workshop foi bom porque tivemos contato com a UFS para trazer cursos presenciais e fazer intercâmbio de conhecimentos com professores de Sergipe, para atender a necessidade da indústria e ajudar o estado na formação de pessoas qualificadas, conhecendo o que é a indústria de petróleo e gás”, completa Karen.
Também estiveram presentes as empresas associadas Carmo Energy e Halliburton. (Imprensa IBP)
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