Conjunto de reatores montado em skid pela De Dietrich
A demanda por reatores químicos dá sinais de aquecimento, no Brasil, motivada pela retomada econômica. Fornecedores avaliam que o aumento da procura resulta de novas fábricas, da expansão de produção ou de modernização da infraestrutura existente, a fim de que as empresas acompanhem as inovações, tirando de linha ativos em final de vida útil.
No primeiro caso, os importados acabam inibindo os chamados projetos greenfield, devido à maior competitividade dos preços dos produtos asiáticos desembarcados no Brasil, mas às vezes eles perdem espaço para a concorrência local por causa da demora na entrega.
As aquisições em geral variam de acordo com o perfil tecnológico do equipamento desejado pelo cliente e da aplicação a que se destina, em processos específicos de cada companhia, podendo ser totalmente novo, seminovo ou recondicionado.
Há casos em que a reposição recai sobre reatores novos e mais avançados, os quais são disponibilizados por fornecedores com portfólio diversificado.
A aquisição de um reator novo
Cada reator novo exige investimentos que variam entre R$ 50 mil e R$ 3 milhões, dependendo do tamanho, material de construção e aplicações, informa José Cavalcanti, diretor presidente do Grupo Jemp, com base no portfólio de sua empresa.
Depois de concluído o projeto, o grupo fabrica o equipamento num prazo de quatro a seis meses, segundo ele, lembrando que o processo é impactado por muitas variáveis, o que dificulta estimativas de custo mais precisas.
Vitti: previsões de vendas ainda seguem incertas
De fato, a categoria “reatores químicos é muito abrangente”, concorda Francisco Carlos Vitti, gerente comercial da NG Metalúrgica, especializada no uso de materiais especiais, como aço inoxidável.
A matéria-prima é adquirida de uma grande siderúrgica multinacional e aplicada nos produtos que disponibiliza ao mercado, principalmente reatores de processo. O fornecimento é também feito sob encomenda e vem sendo impulsionado pelo aumento da demanda por produtos químicos, segundo Vitti, mas não no ritmo operacional que a empresa gostaria.
“Quanto mais elevado for o nível industrial do país, maior será a solicitação desse tipo de equipamento”, afirma Rafael Vietri, vendedor técnico do departamento comercial da Incase.
A empresa, que também opera sob encomenda, focaliza sua estratégia de negócio em segmentos industriais demandantes de reatores químicos com serpentina interna/externa.
Recuperação e reforma de reatores
Rafael Carvalho, supervisor de engenharia e vendas da Pfaudler, fornecedora de reatores e vasos de pressão, entende que, numa conjuntura de inflação alta e menos recursos disponíveis para os setores produtivos, a demanda por novos bens de capital tende a diminuir. Nesse caso, segundo ele, a busca por recuperação e reforma de equipamentos antigos ganha preferência entre as opções de investimentos dos clientes.
Reator com várias conexões, fabricado pela NG Metalúrgica
Vários fatores influenciam a demanda por reatores
Além da concorrência dos produtos importados, as empresas compradoras de equipamentos para processos químicos levam em consideração o impacto dos juros sobre o financiamento, observa Marcus Vinicius Peluso, diretor da De Dietrich do Brasil. Essa avaliação ocorre principalmente no momento de aprovar projetos para implantação de novas unidades ou expansão das existentes que não podem ser bancadas apenas com capital próprio, acrescenta.
Sua empresa, em particular, vem sendo beneficiada por meio de exportações, para Europa e Estados Unidos, de parte do que é produzido em suas afiliadas da América do Sul. Assim, em algumas regiões desse continente, já se percebe uma tendência de aumento nos investimentos por conta do cenário melhor lá fora, como explicou.
Cavalcanti: produção nacional reduz custo logístico e prazo
Na verdade, diversos fatores influenciam o comportamento da demanda desse mercado no Brasil, incluindo políticas regulatórias, avanços tecnológicos recentes, disponibilidade de matéria-prima e aspectos econômicos, relata Cavalcanti. “Além disso, a sustentabilidade e a economia circular têm se tornado cada vez mais relevantes, direcionando nossas práticas comerciais para a oferta de reatores recondicionados e a busca por soluções que promovam a redução do impacto ambiental”, acrescenta.
Cavalcanti acredita que, mesmo num cenário incerto, é possível quantificar e avaliar o potencial de negócios do setor de reatores químicos, lembrando que avaliações econômicas são essenciais para prever riscos, orientar o planejamento de produção e o desenvolvimento de produtos mais sofisticados e novos empreendimentos. Sua receita se baseia em análises de mercado e na realização de projeções estratégicas, visando identificar as oportunidades de crescimento esperado em diferentes setores industriais, bem como a possível expansão de determinadas regiões geográficas do país.
Demanda por reatores e preocupação no mercado
Mas o mercado doméstico vem sendo impactado por movimentos externos da economia global, resultando em mais uma preocupação para os fornecedores por conta especificamente do sobe e desce da balança comercial de reatores químicos. “Temos notado que produtos fabricados na Ásia tendem a se tornar mais competitivos quando postos aqui, devido ao baixo custo de produção por lá e aos fretes marítimos”, prevê Carvalho, da Pfaudler.
Quando isso ocorre, algumas indústrias buscam suprir suas necessidades adquirindo reatores de fornecedores internacionais, especialmente quando se trata de equipamentos especializados ou de grande porte, observa Cavalcanti, da Jemp. Mas, em contrapartida, segundo ele, há uma demanda crescente por reatores fabricados localmente vinda de outras indústrias, preocupadas em reduzir custos de transporte e garantir o suporte técnico necessário para os seus negócios, sem o risco de terem que reduzir o ritmo da produção por atraso na chegada dos equipamentos adquiridos.
Equipamento com serpentina externa, produzido pela Jemp
Contudo, parte dos fornecedores ainda não sentiu totalmente os benefícios da recuperação econômica que fomenta a oferta de produtos químicos, nem do avanço tecnológico na infraestrutura de produção. Por exemplo, apesar de a digitalização via indústria 4.0 representar um fator disruptivo, impulsionando a modernização das cadeias produtivas em geral, seu efeito cascata não se materializa positivamente e de forma linear no chão de fábrica de todos os elos, como é o caso dos fabricantes de reatores químicos, segundo alguns entrevistados.
Vietri, da Incase, considera que as previsões de expansão das vendas ainda são incertas e Vitti, da NC Metalúrgica, também é cauteloso em relação a expectativas futuras. Em sua opinião, por hora não há como apostar em negócios que não dependem diretamente dos fornecedores de equipamentos. Sua empresa produz, em média, dois reatores por ano e atualmente, segundo ele, os negócios estão praticamente parados, até porque a movimentação “depende de investimentos, cujo controle, não está em nossa mão”.