10 Principais produtores Mundiais de BOPP – Polipropileno Biorientado

BOPP – Polipropileno Biorientado – Consolidação, Integração Lateral, Elos Verticais

A compra pela indiana Jindal das atividades BOPP (polipropileno biorientado) do grupo Exxon Mobil cria o maior produtor mundial (não chinês) desse filme, e representa novo passo no processo de consolidação dessa indústria.

A capacidade mundial de BOPP é de 9.0 milhões t/ano, das quais 4.0 milhões t/ano na China. Os dez maiores grupos produtores (não chineses) agora representam um pouco mais de 20% do total mundial, ou 35 do total não chinês. E tudo indica que, empurrado pela inexorável comoditização e a consequente compressão das margens, o processo de concentração ainda não tenha chegado a termo.

Química e Derivados, Posto de Escuta - BOPP: Consolidação, Integração Lateral, Elos Verticais
10 principais produtores mundiais de BOPP

Até há coisa de dez anos, a diferenciação por meio de tecnologia e da qualidade ainda representava alguma coisa em termos de margens e rentabilidade. Os dois principais expoentes dessa filosofia eram justamente a Exxon Mobil e a Treofan (herdeira de três produtores europeus de ponta — Hoechst/Kalle, Courtaulds, Montedison). A saída da Exxon Mobil sinaliza o ocaso de uma era: hoje em dia um produtor iniciante pode cobrir mais de 95% das aplicações do BOPP com base em tecnologia adquirida livremente de um fabricante de equipamento (a exemplo da alemã Brueckner, que entregou 55% das unidades de BOPP instaladas no mundo até agora).

 

Diante desse quadro, os produtores de BOPP tiveram três opções:

– Consolidação, o caminho óbvio, mediante ampliação, aquisições e diversificação geográfica de suas capacidades. Outra forma de consolidação é o investimento em linhas cada vez mais produtivas: de 2000 para cá, o estado da arte passou de máquinas com largura de 8.3 m para 8.7 m, e mais recentemente para 10.4 m, velocidades de 500 m/min e capacidade nominal de 45 mil t/ano.

– Lateralização, por meio da ampliação do leque de substratos oferecidos ao seu principal grupo de clientes: os convertedores.

– Verticalização, para cima ou para baixo ao longo da cadeia petroquímicaà filmesà embalagens.

 

Os vetores dessa integração lateral têm sido:

– BOPET (poliéster biorientado). De início, tratava-se, sobretudo, de um filme “técnico” para aplicações exigentes como substratos fotográficos e fitas magnéticas, hoje de pouca expressão, ou filmes espessos usados como isolantes elétricos. Em 1970, embalagens flexíveis representavam apenas 10% da demanda; agora, são 40%. Não havia tecnologia “flutuante”. Hoje, como no caso do BOPP, um iniciante pode entrar no mercado por intermédio das empresas de equipamento. Dos dez maiores grupos produtores de BOPP (não chineses), cinco ou seis são igualmente, ou serão brevemente, produtores de BOPET – alguns inclusive, como os indianos Jindal e Flex, começaram com poliéster para usos técnicos e só mais tarde investiram em BOPP.

BOPP: Consolidação, Integração Lateral, Elos Verticais
Consumo mundial de filmes para embalagens flexíveis

Essa forma de diversificação já deixou de ser privilégio dos grandes produtores; há exemplos (como o indonésio Argha Karya ou o chileno Sigdopack) de produtores de menos de 100 mil t/ano de BOPP que também já teriam suas linhas de BOPET.

 BOPA (poliamida biorientada)

Há cerca de dez anos, podia-se adquirir tecnologia (cara) para a produção de BOPA tubular e fora isso havia apenas um grande produtor, na Coreia. Hoje, mais uma vez, compra-se tecnologia livremente, há umas 20 novas linhas no pipeline e a demanda mundial deverá dobrar até o final da década.

O BOPA concorre com o BOPET em embalagens para aplicações exigentes em matéria de barreira ao ar, ou de resistência à perfuração (para ferramentas, eletrodos de solda etc.). Mas o principal vetor de crescimento tem sido em estruturas laminadas para substituição de vidros e latas.

Em virtude do caráter higroscópico do náilon 6, o BOPA é um filme que não viaja bem, o que explica a proliferação de linhas menores (cerca de 5.000 t/ano).

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BOOP para Embalagem – Segmentação Mundial por Aplicação

– CPP (polipropileno cast), ou MOP, são filmes produzidos em linhas de pequeno porte, cujas propriedades (mecânicas, óticas, planeidade) vêm melhorando, abrindo certos espaços – por exemplo, em laminados com BOPP, para embalagens de massas secas. Como o capex para sua produção é modesto, tem sido produzido sobretudo por grandes convertedores (para uso cativo) e por independentes. Mas hoje já se contam três ou quatro produtores entre os top dez do BOPP. Os grandes vetores (no resto do mundo) de crescimento têm sido as embalagens tipo Doy Pak, que empregam estruturas CPP/BOPET.

– BOPLA (filme de ácido polilático, portanto biodegradável). Começou como uma pequena linha de BOPP reformada na Itália, mas hoje já faz parte das opções de diversificação dos grandes – a exemplo de Taghleef.

A verticalização, outra opção, pode ser de diversos tipos:

 

– Investimento em transformação de filmes: a aquisição por parte de um produtor de filmes, de um dos grandes convertedores globais (a exemplo dos grupos Bemis ou Amcor, para citar apenas dois que já operam no Brasil) continua sendo tabu, mas a recente compra pela Treofan da indiana Max Speciality Films demonstra a existência de outros nichos de transformação (e provavelmente mais rentáveis do que a clássica cadeia laminação-impressão).

– Fusão com um produtor de resinas. O produtor russo de BOPP (Biaxplen), por exemplo, é controlado pelo grupo petroquímico Sibur. Por outro lado, o desinvestimento pela Exxon Mobil aponta na direção oposta. O futuro dirá. A produção dos três-quatro maiores do BOPP já é comensurável com a capacidade de uma planta de PP estado da arte.

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BOPP – Segmentação da Demanda Mundial

– Apropriação “parcial” do valor agregado da atividade do convertedor, por meio da produção de filmes biorientados coextrudados de cinco, sete ou mesmo nove camadas. Já existem alguns exemplos. O primeiro exemplo dessa estratégia foi a metalização; BOPP metalizado ainda não completou sua campanha de substituição das estruturas à base de folha de Al. Hoje o filme metalizado representa ~15% da produção de BOPP; e projeta-se que esse índice alcance 20%-21%.

No Brasil, existem dois produtores de BOPP: Vitopel (125 mil t/ano) e Polo Films (80 mil t/ano). A demanda interna (2012) é de 130-140 mil t/ano e nos últimos anos tem crescido apenas moderadamente, pois o índice de penetração pelo BOPP das utilizações clássicas se avizinha de 100%. Até agora, nenhum dos dois se integrou lateralmente. Um terceiro produtor, Videolar, acaba de dar partida – na Zona Franca de Manaus – em sua primeira linha de BOPP, e irá se juntar aos exportadores – chineses, andinos e outros –, que hoje representam quase 30% da demanda nacional. Mas a produção de matéria-prima, os grandes convertedores e o grosso da indústria alimentícia continuam concentrados bem mais perto do Chuí do que do Oiapoque.

Quer saber mais sobre BOPP – Leia a Revista Plástico Moderno.

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