Petroquímica: Recuperação de preços anima setor a investir
Mercado internacional dá sinais de aumento de demanda, permitindo à indústria petroquímica obter melhor remuneração pelos produtos e incentiva a ampliar capacidades

A atividade petroquímica identifica os primeiros sinais de recuperação de preços e margens, que devem se tornar mais evidentes a partir de 2003, descrevendo uma curva cujo ápice está previsto para o final de 2005 ou no começo de 2006. Essa percepção é compatível com a lógica de ciclos alternados de alta e baixa rentabilidade setorial, com intervalos de cinco a sete anos.
A lógica dos ciclos é explicada pelos descompassos entre oferta e demanda provocados pelo incremento de capacidades produtivas, feito aos saltos, para uma evolução lenta do consumo de produtos derivados, em especial das resinas plásticas. O problema reside na previsão da sua duração e amplitude.
“O modelo de ciclos tenta prever o comportamento do mercado, mas não abrange todas as influências possíveis”, comentou Vítor Mallmann, vice-presidente e responsável pela área de relações com investidores da União de Indústrias Petroquímicas (Unipar). A respeitar os sete anos de intervalo, o novo ciclo de alta deveria estar em plena ação, atingindo pico de preços e margens em 2004. O executivo menciona a absoluta atipicidade de 2001, que começou com o presidente do Federal Reserve – o Banco Central dos EUA – pilotando o “pouso suave” (soft landing) da economia americana, depois do estouro dos mercados de alta tecnologia.

Quando a situação parecia estar sob controle, o ataque terrorista de 11 setembro lançou o mundo em um período de inquietação e retração econômica. “Isso bloqueou a retomada do consumo de produtos, com reflexos no Brasil ampliados pela crise de energia elétrica”, explicou. “O mundo hoje está investindo muito pouco em novas capacidades produtivas petroquímicas, enquanto consome as erigidas nos últimos anos”, afirmou Sergio Thiesen, vice-presidente de planejamento da Braskem, maior empresa do setor no Hemisfério Sul do planeta, formada pela união dos ativos dos grupos Odebrecht e Mariani no setor, incluindo a posição conquistada no pólo de Camaçari-BA, perfazendo R$ 12 bilhões em ativos, gerando faturamento anual da ordem de R$ 7 bilhões.
“Com isso, 2002 já mostrou alguma recuperação internacional de margens, que deve continuar em 2003, até o pico, previsto para 2005”, disse. Segundo informou, o setor opera com ocupação de capacidades entre 75% e 80%, média muito baixa para garantir a rentabilidade do negócio. Nesse quadro, 2001 foi o pior ano da história da atividade. “Todas as petroquímicas do mundo tiveram resultados ruins, sem exceção”, afirmou. “No Brasil, a situação foi ainda pior, porque a nafta, principal insumo, foi oferecida a preços muito elevados.”
“A nafta tende a ficar cada vez mais cara em todo o mundo, por isso é preciso aproveitar o gás natural, ou os condensados, ou desenvolver tecnologia para usar frações do refino de petróleo para a petroquímica”, analisou Armando Guedes Coelho, principal executivo da área petroquímica do Grupo Suzano. Ele cita como exemplo, a nova unidade de polipropileno da Polibrasil (Suzano e Basell), em Mauá-SP, que usará o propeno da Petroquímica União antes consumido pela unidade antiga, em desativação, somado à olefina obtida a partir de fluxos gasosos residuais da Refinaria do Vale do Paraíba (Revap), alcançando a capacidade de 300 mil t/ano, contra 120 mil t/ano da anterior. A nova unidade inicia a produção no final de dezembro deste ano, com operação comercial prevista para janeiro de 2003.

Outro exemplo é a Rio Polímeros, cracker de etano consolidado com fábrica para 500 mil t/ano de polietilenos, em construção por Suzano, Unipar e Petroquisa em Duque de Caxias-RJ. As obras começaram em janeiro deste ano, com término previsto para julho de 2004, mediante investimento de US$ 1,1 bilhão. A situação da nafta já se torna crítica. “Os óleos que estão sendo encontrados e extraídos agora são mais pesados e seu refino produz pouca nafta”, comentou Coelho. No caso brasileiro, que já importa aproximadamente um terço da nafta consumida, a tendência é de aumento da importação, ainda mais depois da adaptação das refinarias da Petrobrás ao novo perfil de óleos produzidos na Bacia de Campos-RJ, com óleos de 16°API, cujo refino oferece de 1/3 a ¼ da nafta hoje obtida com óleos leves. O consumo mundial de nafta deve continuar em crescimento nos próximos cinco anos, agravando a situação.
Para o futuro, ele recomenda que os projetos de novas refinarias prevejam a obtenção de frações de possível uso petroquímico, como os gasóleos, resíduos de gasolina e outros. “Há 20 ou 30 anos, antes da construção das centrais de matérias-primas, as refinarias contemplavam a separação desses derivados”, mencionou. Nafta na berlinda – O preço da nafta petroquímica no Brasil mantém lugar de destaque na pauta de discussões entre Petrobrás e as centrais petroquímicas, além dos clientes destas, incapazes de repassar o aumento de custo para os clientes. “O polietileno é muito usado nas embalagens de alimentos; se ficar muito caro, perde mercado”, lamentou Roberto Dias Garcia, presidente da Unipar. “Isso sem falar no impacto social do encarecimento da alimentação e dos empregos gerados pelo setor de transformação.”

Pela Braskem, Thiesen defende a revisão da fórmula atual de fixação do preço da matéria-prima, estabelecido a partir da cotação ARA (Antuérpia, Roterdã e Amsterdã), acrescida de um percentual. “Estamos pagando um preço da nafta mais caro do que os europeus, e vendemos o polietileno mais barato”, criticou. Ele se filia ao grupo de empresários que prefere ver o preço da nafta definido a partir dos seus custos de produção, pois boa parte da oferta tem origem no próprio País. “Propomos remunerar a Petrobrás pela nafta com base no valor alternativo do produto, ou como gasolina, ou como produto de exportação”, explicou.
Como essa negociação deve demorar, a exemplo do ocorrido na definição da regra atual, a Braskem pretende ampliar as operações de importação direta de nafta junto a grandes produtores mundiais e alguns traders. Essas importações começaram neste ano, ainda em volumes pequenos e com preços pouco diferentes dos da estatal. “A médio e longo prazo conseguiremos importar mais e comprar melhor que a Petrobrás, e teremos preços semelhantes aos da Europa”, afirmou o vice-presidente de planejamento. Ele salientou as dificuldades de ingressar nesse mercado, por ser um nome ainda pouco conhecido (a consolidação da Braskem é recente) no exterior e ainda carregar a desconfiança habitual dedicada aos países em desenvolvimento.
A expectativa de Thiesen em relação às matérias-primas para 2003 é de tranqüilidade, possível de ser convertida em apreensão caso o relacionamento EUA-Iraque não chegue a bom termo. Mantida a situação atual, ele acredita na estabilização das cotações do petróleo na faixa de US$ 18 a US$ 22 por barril. Nesse caso, nafta petroquímica seria cotada abaixo de US$ 200/t, incentivando o setor a retomar projetos de investimento em todo o mundo. “No setor de cargas líquidas, devem ser mais usados os condensados leves do que a nafta”, afirmou. “A Argentina, a Bolívia e a Venezuela, por exemplo, têm oferta abundante de condensados.”

De qualquer forma, os projetos em estudos pela Baskem não prevêem o consumo de cargas líquidas. “Não dá para fazer outro cracker de nafta na região, porque agravaria a dependência externa do setor”, avaliou. Atualmente, a empresa estuda erguer uma unidade de polipropileno para aproveitar o propeno gerado na Refinaria do Planalto (Replan), em Paulínia-SP, além de um projeto de produção de polietileno a partir do gás boliviano. “Esses projetos dependem basicamente do comportamento do mercado consumidor de resinas”, explicou o executivo.
Ele rechaçou as críticas quanto à qualidade do gás boliviano como insumo petroquímico. “Esse gás é similar ao de Neuquén, na Argentina, que alimenta as novas unidades de Bahía Blanca”, comentou. A idéia é desenvolver um projeto semelhante ao implantado no país vizinho. Segundo informa Thiesen, atualmente a Bolívia apenas retira do gás natural os líquidos a ele associados, sem aproveitar as frações de dois a quatro carbonos. “Com uma unidade separadora na fronteira com o Brasil, seria possível extrair o GLP e o etano, mandando via Gasbol só o metano, de uso apenas energético”, explicou. Seria justificável a produção de GLP, pois o Paraguai, a Bolívia e o Centro-Oeste brasileiro são carentes do produto, geralmente enviado a partir do Porto de Santos-SP, com fretes muito caros. O etano seria usado para fazer polietilenos, atendendo o consumo regional.
Projetos no Sudeste – Depois das ampliações da central e segunda geração dos pólos de Camaçari-BA e Triunfo-RS, a região Sudeste desengaveta projetos e inicia as obras do maior deles, a Rio Polímeros. “Trabalho há mais de dez anos para ativar esse projeto”, comentou Armando Guedes Coelho, da Suzano. Além das dificuldades normais de engenharia, negociação de matéria-prima e tecnologia, sem falar na viabilização financeira, foi preciso enfrentar obstáculos políticos intensos.
Roberto Garcia, da Unipar, vai mais longe: “Em 1986 a Unipar já pensava em fazer petroquímica a partir de gás, época em que nem estavam comprovadas as reservas da Bacia de Campos”, comentou. Logo depois, o lançamento de um projeto de central petroquímica com carga líquida em Itaguaí-RJ, a PetroRio, tornou-se o preferido do governo (teve a benção da então poderosa Secretaria de Desenvolvimento Industrial) e dos investidores, sepultando a idéia do “polinho de gás” em Duque de Caxias.

O fracasso do projeto de Itaguaí coincidiu com a fase de reestruturação do setor no Brasil, inibindo investimentos. “Só pudemos tirar o projeto da gaveta depois de 1996”, lamentou.
Para ele, a atividade petroquímica não pode se desviar dos seus fundamentos naturais. “É preciso estar perto da matéria-prima e do mercado consumidor”, afirmou. Dessa forma, a Rio Polímeros nasce junto à fonte de gás natural e no eixo Rio-São Paulo, o maior centro consumidor de resinas do País.
Constituída por Suzano e Unipar, cada qual com 33% do capital, além de Petroquisa e BNDES, com 17% cada, a Rio Polímeros contratou a ABB Lummus para a construção e início de operação da fábrica, que deve acontecer em julho de 2004. Trata-se de projeto de US$ 1,1 bilhão de orçamento total, incluindo o separador de etano do gás natural, instalado junto à Refinaria de Duque de Caxias. O projeto obteve financiamentos internacionais para a metade da obra, com mais 30% vindos do BNDES, além de desembolsos de capital por parte dos sócios. “Colocamos cerca de US$ 150 milhões nesse projeto”, confirmou Garcia.
Parte desse montante foi obtido pela venda da participação na Deten, produtora de alquilbenzeno linear, base para a fabricação de detergentes. “A Unipar decidiu concentrar seus investimentos na região Sudeste do Brasil”, explicou Vitor Mallmann. “Isso implicou vender participações em empresas rentáveis e interessantes como a Deten, porque fora da área geográfica de atuação.”
Coelho, da Suzano, elogia a arquitetura financeira desenhada para viabilizar o projeto e oferecer garantias aos investidores internacionais. “Já temos contratos para exportar 30% da produção dos primeiros seis anos de operação, e mais 100 mil t/ano durante os quatro anos subseqüentes”, explicou. A existência desses contratos constitui um hedge contra as bruscas e freqüentes variações cambiais da moeda brasileira.
O executivo da Suzano acompanha de perto a evolução dos trabalhos na Baixada Fluminense. “A obra está rigorosamente dentro do cronograma inicial”, garante. No final de novembro, 6 mil das 17 mil estacas das fundações já haviam sido concluídas, e as primeiras paredes de um dos fornos estavam sendo erguidas. Ele explicou que o terreno onde será implantado o projeto é incapaz de agüentar o peso dos equipamentos, exigindo a colocação de 400 km de estacas que suportarão uma espécie de plataforma para embasar a fábrica. “Fizemos a terraplanagem e o aterro, com todas as licenças ambientais necessárias, que consumiram tempo, mas agora já se pode ver a planta tomar forma”, afirmou.
Quando pronta, a fábrica contará com dois reatores para 250 mil t/ano de polietilenos, construídos na tecnologia Unipol de fase gasosa, da antiga Union Carbide (hoje Dow). “Essa tecnologia foi escolhida pela grande flexibilidade de produtos que podem ser obtidos”, comentou Coelho. A previsão inicial é produzir de 15 a 20 diferentes grades da resina termoplástica, nas versões linear de média e alta densidade. “Poderemos até usar catalisadores metalocênicos, sem precisar de modificações nos equipamentos”, disse, revelando interesse em oferecer produtos mais nobres ao mercado.
Em fevereiro, a Rio Polímeros inicia a fase de pré-marketing, oferecendo de 70 mil a 80 mil t/ano de resinas de qualidade igual à das que serão fabricadas em Duque de Caxias. “Poderemos importá-las, ou mesmo comprar de produtores locais”, comentou.
Mais PP no País – Enquanto a Rio Polímeros não inicia a produção, o mais recente projeto petroquímico no País é a nova fábrica de polipropileno da Polibrasil em Santo André-SP. A capacidade adicionada de mais de 150 mil t/ano da resina exigirá exportação da ordem de 20% do volume incrementado, quantidade a ser absorvida pela evolução da demanda nacional. “A Polibrasil exporta há 20 anos, mas nossa prioridade é atender o mercado interno”, afirmou o diretor comercial José Ricardo Roriz Coelho.
Construída pelo consórcio Technimont/Setal, a unidade industrial será alimentada por um splitter de propeno instalado pela Promon na Refinaria de Capuava (Recap), construído pela Promon. A fábrica nova contará com tecnologia Spheripol (da sócia Basell), dotada de catalisadores de quinta geração. “Isso nos permite elaborar mais de 250 produtos diferentes, dos quais iniciaremos com 90 a partir de janeiro de 2003”, explicou Roriz.
Segundo ele, além da capacidade maior, a nova unidade tem importância estratégica por garantir à Polibrasil o domínio de todas as tecnologias de produção da resina. “Temos também uma unidade Lipp-Shack, no Rio de Janeiro, e uma de slurry, na Bahia”, disse.
Os resultados recentes da Polibrasil foram fracos, embora positivos, nos últimos anos. “Com a nova fábrica certamente teremos tempos muitos melhores”, afirmou Armando Guedes Coelho, da Suzano. O custo unitário de produção da unidade nova será a metade do obtido na antiga. Em dois anos, quando o mercado interno já estiver absorvendo a capacidade total da unidade, será a hora de ampliar a fábrica fluminense. “Já a planta baiana precisa aguardar mais definições sobre o pólo”, informou.
Para Sérgio Thiesen, da Braskem, o PP foi a resina termoplástica com maior crescimento de mercado em 2002. “Ela ganhou do PEAD em injeção e tirou uma parte das vendas de PS para copos descartáveis e caixas de CD”, analisou. Dessa forma, ele acredita que a nova capacidade da Polibrasil será insuficiente daqui a dois anos, justificando a entrada em operação da planta projetada para Paulínia, com 250 mil t/ano. “Já temos contrato com a Petrobrás para fornecimento de gás de refinaria, com preços estabelecidos pela média do mercado internacional de propeno grau químico e grau polímero”, informou.
Polietileno na prancheta – No bojo da reestruturação de negócios, a Unipar aproveitou o leilão de privatização da PqU, em 1994, para reforçar sua posição acionária na central petroquímica paulista. No entanto, foi preciso renegociar o cruzamento de interesses com o grupo Odebrecht, seu antigo sócio na PqU e também na Poliolefinas (OPP). Ao final de uma longa negociação, a Unipar manteve a posição acionária na central e assumiu o controle da produtora vizinha de polietileno de baixa densidade, sob a denominação de Polietilenos União. Em contrapartida, a Unipar transferiu ao antigo parceiro sua ações em empresas do grupo Odebecht.
A ampliação de capacidade da PqU para 500 mil t de eteno/ano, em 1996, pouco beneficiou sua principal acionista, em termos de suprimento da olefina. Agora, a Unipar defende a ampliação da produção de eteno pela PqU, usando gases residuais do refino de petróleo da Petrobrás, de modo a obter mais 100 mil t/ano de eteno para permitir a instalação de uma unidade para 120 mil a 130 mil t/ano de polietileno, possivelmente PELBD/PEAD para filmes, da Polietilenos União. “Esse projeto tem por meta manter o pólo competitivo em face do gigantismo da Braskem”, explicou Mallmann.
Além da ampliação de capacidade, ele defende a mudança de relacionamento entre os atores do pólo paulista. “Precisamos seguir o modelo Rio Polímeros, de primeira e segunda geração unidas, para, em um passo seguinte, propiciar a integração entre a petroquímica de São Paulo e a Rio Polímeros”, afirmou. Para ele, ainda há resquícios do modelo tripartite, da década de 70, não mais adequados. “O modelo tripartite, com empresas monoprodutoras, foi a solução possível na época; hoje não se justifica, é preciso buscar integração, escala e competitividade”, comentou.
Há alguns obstáculos para remover. Ao que se comenta, alguns acionistas não se mostram sensibilizados pela proposta da Unipar, e teriam meios para dificultar, senão impedir a sua efetivação. Além disso, a companhia enfrenta uma dura negociação com a Petrobrás para obter os gases a um preço razoável. “A Petrobrás alega queimar esses gases na área de utilidades e, para substituí-los, precisaria consumir gás boliviano, muito caro”, explicou Mallmann. “Eles insistem em vender os gases residuais ao preço do gás da Bolívia, mas isso praticamente inviabiliza o projeto.” A ampliação da PqU está orçada em US$ 100 milhões, e a da Polietilenos em US$ 120 milhões.
Armando Guedes Coelho, da Suzano, adota postura neutra quanto à ampliação da capacidade de eteno da PqU, principalmente por não consumir a olefina nesse pólo. “Se o projeto de ampliação se provar viável, ele deverá ser feito”, comentou. No entanto, ressalta que a escala adicional de eteno é pequena, caraterística prejudicial ao desempenho do projeto. Quanto ao interesse dos demais acionistas, Coelho avalia a existência de pleitos por quantidades pequenas da olefina, de possível atendimento com ajustes no projeto, embora admita a prioridade da Unipar, por ter sido a menos beneficiada no passado. “É preciso ter em mente que a alternativa para o crescimento do pólo paulista seria implantar outro forno de nafta, com os custos e problemas inerentes.”
Garcia, da Unipar, acredita que dividir o eteno adicional impede a construção de unidades competitivas no pólo, apenas permitindo pequenos incrementos que inviabilizam todo o projeto. “A Unipar se dispõe a absorver todo o eteno adicional produzido pela PqU”, afirmou.
A central de matérias-primas do pólo paulista auferiu resultado líquido positivo de R$ 4 milhões ao final dos primeiros nove meses do ano. O baixo resultado é explicado pela parada geral de manutenção, com duração de 29 dias, realizada entre julho e agosto, e também pela desvalorização cambial ocorrida durante o terceiro trimestre do ano. Até setembro, o faturamento bruto da central chegou a R$ 1,3 bilhão, com a venda de 991,9 mil t de produtos.
Na Braskem, a expectativa quanto ao desempenho do mercado de polietilenos no Brasil vai muito além do projeto da União. “Admitindo que o crescimento do PIB de 3% ao ano é razoável, e que a demanda por polietilenos cresce duas vezes o PIB, a cada dez anos a demanda nacional pela resina duplica”, afirmou Sérgio Thiesen. Considerando o consumo atual dessas resinas da ordem de 1,7 milhão de t/ano, a capacidade instalada, acrescida da Rio Polímeros, suporta a demanda interna por apenas mais cinco anos. “O Brasil precisará de uma nova planta com escala internacional até o final da década”, defendeu.
Apesar dessa pujança, o desempenho dos polietilenos não chega a ser animador. Thiesen admite que o PELBD teve o pior resultado do grupo das termoplásticas. “Ele é o mais caro para produzir e o mais ofertado no mercado internacional”, informou.
O polietileno de baixa densidade convencional (alta pressão) alcança bons preços atualmente, por causa da baixa oferta mundial. “Ninguém investe mais nessa resina, ainda muito usada em países como China e Brasil em mistura com o linear”, explicou. A explicação para essa mistura reside na existência de equipamentos de transformação de plásticos de concepção muito antiga e baixo desempenho, incapazes de suportar a operação com o linear puro. “Já temos grades com alta fluidez, e o parque transformador está em renovação; com o tempo e demanda pelo PEBD deve despencar de vez”, afirmou.
Já o polietileno de alta densidade, apesar de sofrer ataque do polipropileno em algumas aplicações, mantém ritmo de crescimento de negócios, segundo Thiesen. Há poucos anos, a capacidade produtiva de PEAD no pólo de Triunfo-RS foi ampliada. No Nordeste, a Politeno espera receber mais eteno para ocupar totalmente suas linhas. A empresa reúne capitais da Braskem e do Grupo Suzano, além de empresas japonesas. Essa situação está sendo administrada com muita cautela, segundo Coelho. “Não estamos em céu de brigadeiro, mas também não há guerra”, disse. Apesar de elogiar o relacionamento cordial com a sócia e também fornecedora Braskem (ex-Copene), ele informou que o preço do eteno praticado na Bahia já supera o do pólo paulista, fato inédito na história petroquímica nacional. “O eteno de São Paulo sempre foi o mais caro do País”, comentou.
Oportunidades – O vice-presidente de planejamento da Braskem lamenta o papel tímido do Brasil como exportador de produtos petroquímicos e artigos transformados. “Precisamos ganhar músculos, por meio de clusters [união de esforços de cadeia de produção], unindo a petroquímica à transformação, como começou a ser feito agora, por meio da Abiquim, Abimaq e Abiplast”, afirmou. Há mais de vinte anos no setor, tendo visitado todos os centros de produção relevantes do mundo, Thiesen ficou impressionado com a estrutura oferecida em Taiwan para impulsionar as exportações.
“Com custos bancados por uma pequena fração do valor exportado, o governo de lá criou um centro de informações único, com literatura e especialistas em qualquer mercado e em qualquer país do mundo”, disse. “Lá há especialistas que até falam português, e acompanham o desempenho do Brasil.” Isso permite aos taiwaneses facilidade para colocar seus excedentes.
Tendo em vista o comércio exterior, o especialista apontou uma oportunidade interessante de negócios na cadeia do PVC. No Brasil a resina encontra demanda estável, variando ao sabor da evolução do poder de compra da população. No entanto, a China apresenta crescimento explosivo de consumo da resina, sem contar com suprimento local. “Como tem problema crônico de energia, a China não pode investir muito em soda/cloro, então importa muito dicloroetano (DCE), para depois fazer o monômero e polimerizar”, explicou Thiesen. O resultado é que os preços internacionais do PVC estão baixos, mas os do DCE garantem margens expressivas.
Notícias boas também vêm da área de aromáticos. Ante a reformulação da gasolina norte-americana, eliminando o uso de benzeno, houve o temor de uma forte baixa nas cotações da corrente aromática, prejudicando o desempenho dos crackers de nafta. “Como a produção etileno com base em gás natural cresceu muito, já começa a faltar propeno e aromáticos, pressionando as refinarias para a obtenção de suprimentos e mantendo estáveis os preços”, afirmou.
O p-xileno da Braskem, produzido em Camaçari-BA, alimenta a produção de ácido tereftálico purificado da Rhodiaco, em Paulínia-SP, que, por sua vez, alimenta a RhodiaSter, em Poços de Caldas-MG, onde se faz o PET para garrafas, atividade recentemente vendida pela Rhodia para a italiana M&G. A Braskem possui participação na Proppet, fábrica de PET garrafa, pela rota do dimetil tereftalato (DMT). “É uma unidade de baixa escala (60 mil t/ano), que poderá ser vendida ou entrar em acordo para parceria com outros grupos”, disse Thiesen. O mesmo deve ser feito com a produção de caprolactama.
A venda da participação na produtora de borracha sintética Petroflex é muito provável. Esses negócios contribuiriam para a geração de caixa da Braskem, e são coerentes com a estratégia de negócios. Sócio da Braskem na Petroflex, o grupo Suzano comemora o bom resultado da empresa, após vários anos consecutivos de prejuízos. “Fizemos um trabalho forte de revisão de métodos administrativos, práticas operacionais e comerciais, nos tornamos benchmarking mundial na área de produção”, justificou Armando Guedes Coelho.
Crescimento árabe – Os países do Oriente Médio constróem 3 milhões de toneladas/ano de capacidade produtiva de eteno, segundo a empresa de consultoria internacional Chem Systems Nexant Ltd. Outras 13 milhões de t/ano de eteno, que representam mais de 35% do total de projetos anunciados para esta década em todo o mundo, estão em fase de estudos na região.
O crescimento da oferta da olefina se deve à ampla disponibilidade de gás natural para alimentar os novos crakers. No entanto, a consultoria identificou o escasseamento de gás associado a petróleo, consumido também por usinas termelétricas. Até o final da década, 7 milhões de barris por dia devem ser incrementados à capacidade regional de petróleo, oferecendo gás associado suficiente para suportar a produção anual de 4 milhões de toneladas de eteno.
O restante dos projetos deverá se socorrer de gás não-associado, cujo custo de produção é superior, exigindo operações de separação de escala muito maior que a atual. Isso provocará, segundo a consultoria, aumento de preço entre US$ 0,50 e US$ 0,75 por milhão de BTUs na Arábia Saudita. Além da oferta da matéria-prima, a região também precisa encontrar locais para instalar adequadamente os sítios de produção, motivando a abertura de complexos industriais.
Entre 1984 e 2001, o Oriente Médio e o Sudeste Asiático apresentaram grande desenvolvimento petroquímico. “Um terço da nova capacidade produtiva mundial de eteno e mais de 80% da de metanol foram instaladas nessas regiões”, afirmou o vice-presidente executivo de planejamento e investimento da Saudi Arabian Basic Industries (Sabic), Abdullah S. Nojaidi. Socorrendo-se de estudos elaborados por empresas de consultoria, ele afirmou que, por volta de 2010, mais de 50% da capacidade adicional de eteno será localizada no Golfo Árabe, justificada pela abundância de hidrocarbonetos processáveis. O Oriente Médio detém dois terços das reservas mundiais de petróleo e aproximadamente um quarto das de gás natural. Na região, a Arábia Saudita se destaca, possuindo, sozinha, um quarto das reservas mundiais provadas de petróleo.
Em 2001, a Sabic, empresa governamental saudita, produziu 35 milhões de toneladas de produtos petroquímicos, quantidade que deverá ser ampliada até 48 milhões de t até 2010. Nojaidi citou o investimento de US$ 1,8 bilhão na construção do complexo de eteno da Jubail United Petrochemical Company (JUPC), previsto para 2004, ao lado da qual está sendo erguida a Petrokemya, produtora de escala mundial de polietileno.
Consciente da necessidade de aproveitar o mais rápido possível o gás associado e as reservas de gás isolado, a Arábia Saudita convida indústrias internacionais para investir em três megaprojetos, com orçamento total de US$ 25 bilhões. As áreas de Ghawar Sul, Shaybah-Kidan e o Norte do Mar Vermelho, somando 440 mil km², formarão a maior área de produção de derivados petroquímicos do mundo.
A estimativa da Sabic é de acompanhar a evolução mundial do consumo de eteno, estimado em 5,4% nos próximos cinco anos. A produção árabe deve atender aos mercados da África, Ásia e do próprio Oriente Médio, cujos desempenhos devem superar à do restante do mundo, incluindo os países mais desenvolvidos. A China puxará a fila até 2005, com crescimento econômico de 7,6%, seguida pela Índia (6,7%), Taiwan (6,3%) e Coréia do Sul (6%).
Atenta aos movimentos de consolidação empresarial no setor, a Sabic expande sua área de atuação. A compra dos negócios petroquímicos da holandesa DSM, completada no segundo semestre deste ano, permitirá ocupar importante posição no mercado europeu, além de ampliar a capacitação em pesquisa e desenvolvimento da Sabic.
Os reflexos do desenvolvimento petroquímico do Oriente Médio devem ser pequenos para o Brasil. “Eles estão certos em usar o gás para produzir polietileno, mas a logística para entregar as resinas ainda é cara”, afirmou Armando Guedes Coelho, da Suzano. “A produção do Oriente Médio deve atacar prioritariamente a China, a Coréia e o Japão, que dependem de suprimentos externos de petróleo e derivados”, comentou Sérgio Thiesen, da Braskem. “A Sabic também está entrando com força na Europa, mas esses movimentos não atingem diretamente o mercado brasileiro.”
Pólo gaúcho consegue reverter os prejuízos do início do ano
A “A RRR deriva das duas reavaliações dos ativos da Copesul, ocorridas nos anos de 1983 e 1989, cujo valor desde então é computado no resultado da empresa”, explica o diretor de relações com o mercado Bruno Piovesan. “Acrescente-se que o resultado de R$ 10 milhões está negativamente influenciado por uma despesa de R$ 31,7 milhões, decorrentes do diferimento por três exercícios da variação cambial de 2001.”

As operações de hedge” conduzidas até setembro evitaram perdas de R$ 427,8 milhões. Nos nove meses, a dívida líquida da empresa foi reduzida de R$ 258 milhões, caindo de R$ 1,1 bilhão, ao final de 2001, para os atuais R$ 842 milhões. Até junho, a Copesul havia registrado resultado negativo de R$ 11 milhões. O resultado se refere ao prejuízo societário de R$ 23,5 milhões, acrescido da RRR, livre de impostos, de R$ 12,5 milhões. Embora negativo, o resultado do primeiro semestre foi superior ao do mesmo período do ano passado, quando a Copesul apresentou prejuízo de R$ 77,3 milhões (também após a RRR e antes das destinações).
Mesmo assim, Piovesan adverte que o setor petroquímico brasileiro enfrenta dificuldades. No caso da Copesul, em que 70% dos ganhos provêm dos negócios com propeno e eteno, existem agravantes. Com a paralisação da atividade industrial na Argentina, a empresa gaúcha praticamente suspendeu os negócios com o país vizinho, onde colocava quatro cargas semanais de eteno e propeno, transportadas por seus navios. Para piorar, ganhou a concorrência da unidade da Dow Química em Bahía Blanca, que redirecionou sua produção para o Brasil.
Como a Copesul mantém acordo de compartilhamento de margem de lucros com seus clientes da segunda geração do Pólo Petroquímico de Triunfo, a concorrência agressiva oferecida pela Dow argentina, certamente prejudicou os resultados da empresa e do conjunto de sua cadeia produtiva. Piovesan diz ainda que a queda sucessiva da renda no Brasil é outro fator que impede um crescimento expressivo do setor petroquímico. “O carro-chefe da indústria de transformação são as embalagens de alimentos, e o brasileiro vem comprando menos comida nos últimos anos”, reclama. Numa situação dessas, torna-se impossível repassar as majorações de custos, advindas da desvalorização cambial, para o preço final dos produtos. “Nós comprávamos a nafta a um dólar por um real. Agora, o produto sai por quase quatro reais por dólar”, informou Piovesan.
Outro problema consiste na amortização dos investimentos realizados no Rio Grande do Sul para a duplicação da cadeia produtiva do pólo petroquímico. A própria Copesul foi ampliada. O endividamento foi todo feito em dólares, por meio de financiamentos internacionais, em um período no qual a moeda brasileira estava até valendo mais do que a norte-americana. Com a desvalorização do real frente ao dólar, essa dívida de longo prazo quadruplicou. “As empresas investiram em dólar porque não havia recursos no Brasil”, explicou.
De acordo com Piovesan, a Copesul compensou a queda dos negócios de eteno e propeno com as vendas do butadieno, que está faltando no mercado e por isso valorizado. Outros produtos que estão gerando bons ganhos são os aromáticos como o benzeno, o tolueno e os xilenos mistos, empregados na indústria de tintas e solventes.
Com tudo isso, os sinais de recuperação ocorrem também na produção. No começo do segundo semestre a Copesul voltou a ocupar melhor suas duas unidades. A ocupação média da capacidade instalada de produção no primeiro semestre de 79,5%, contra os 88% verificados no mesmo período de 2001. A queda da média decorreu do baixo nível operacional observado no primeiro trimestre de 2002, ligado à conjuntura de mercado desfavorável. Mas também deveu-se à parada inesperada da Planta 1 durante 15 dias, em abril, causada por problemas técnicos, derrubando o nível operacional da Copesul para modestos 60%. A despeito disso, as primeiras semanas de outubro indicavam crescimento da demanda de eteno e propeno.
O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, enxerga um cenário de recuperação do setor petroquímico, com ligeiro crescimento no volume de vendas nos últimos três meses. Há o impacto significativo gerado na desvalorização do real com relação ao dólar. “O aspecto positivo é que a cadeia produtiva do plástico voltou a crescer em 10% no terceiro trimestre de 2002”, comemora. No seu entender, há um ciclo de retomada do crescimento no conjunto da cadeia petroquímica e recuperação de preços.
A previsão de Grubisich é de que em 2005 o setor alcance um pico de demanda histórico. O presidente da Braskem confirmou a decisão de desmobilizar alguns ativos de Camaçari, na Bahia, “que não estiverem alinhados com a estrutura de crescimento da empresa”.
Innova verde-amarela – Instalada há dois anos no Pólo Petroquímico de Triunfo, a fabricante de poliestireno Innova atravessa um período atípico. Chegou como empresa argentina, mas agora fala português como qualquer corporação verde- amarela, já que seu grupo controlador (Perez Companc) foi adquirido pela Petrobrás. Os números da Innova são animadores. Segundo Luciano Nunes Rolla, gerente de marketing da empresa, as vendas de PS da empresa no mercado local no primeiro semestre de 2002 cresceram 12% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Esse expressivo crescimento não foi acompanhado por todo o mercado, mas justifica-se, pois em 2001 estávamos apenas iniciando nossas vendas no mercado local. O volume alcançado em 2002 representa algo próximo a 28% de participação no mercado”, explica o diretor.
“Os preços oscilaram bastante no mercado interno durante o ano, sofrendo forte influência dos preços da resina no mercado internacional e da desvalorização do Real”. De maneira geral, assinala, o setor petroquímico atravessa um ano de baixas margens já que está muito pressionado tanto pelo lado da demanda, que se mostra resistente ao repasse de preços, quanto pelo lado da oferta, já que as principais matérias-primas são cotadas em dólar. De qualquer forma, para o executivo da Innova o setor petroquímico tem importante participação no PIB da Região Sul. Piovesan elogia a estrutura do Pólo Petroquímico e das empresas de 3ª geração da região que “têm crescido historicamente acima do PIB”. Para Rolla, a existência de uma refinaria, do pólo e das indústrias de 2a e 3ª gerações, garantem uma facilidade logística e permitem que o setor tenha resultados satisfatórios, inclusive com boas perspectivas para o futuro.
O cenário da Innova para 2003 é otimista. “No âmbito político, a consolidação da democracia é muito importante para estabilidade e para a imagem do País no exterior; já na esfera econômica o acordo com o FMI e o elevado superávit primário contribuirão para formar uma sólida âncora”, afirma Rolla. Com base nesta situação mais estável, ele espera um ano positivo, com crescimento ainda modesto (1,5%), porém suportado por bases sólidas.
O segmento de PS no Brasil atravessará um ano no qual a oferta será muito superior à demanda. Com isso, e persistindo a pressão de custos das matérias-primas, mais a resistência do mercado em absorver reajustes, a expectativa é de que ainda seja um ano de margens apertadas. A mudança de controle não alterará o posicionamento da empresa. “Seguimos com o mesmo foco de negócio agora apoiado pela maior empresa brasileira de energia”, elogia Rolla, ao referir-se à Petrobrás. Fernando Castro.
Braskem consolida P&D em Triunfo

Maior conglomerado petroquímico da América Latina, com R$ 7 bilhões de faturamento, a Braskem integrou seus principais recursos e competências voltados à pesquisa de polímeros em espaço físico comum, mediante investimento de R$ 300 milhões. Somente na etapa de integração dos ativos, agora concentrados no Pólo Petroquímico de Triunfo-RS, foram consumidos recursos da ordem de R$ 8 milhões, alocados em 11 laboratórios diferentes, nos quais é possível determinar resistência, durabilidade, elasticidade, composição e outros atributos das resinas plásticas. Um laboratório foi capacitado para transformar 800 toneladas/mês, de modo a reproduzir o funcionamento de uma indústria de terceira geração de médio porte. Isso permite aos especialistas da Braskem conhecer a fundo as dificuldades industriais dos clientes e propor-lhes as soluções mais indicadas.
Na inauguração oficial do complexo, no dia 3 de dezembro, o presidente do Grupo Braskem, José Carlos Grubisich, adiantou que a empresa tem como objetivo consolidar a liderança regional. Ele destacou a contratação de uma equipe de cientistas altamente qualificados, composta por PhDs, doutores, mestres e profissionais de nível técnico, capazes de desenvolver bem os projetos. O grupo de profissionais formou-se a partir do forte relacionamento da Braskem com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, universidades européias e norte-americanas, USP, Unicamp, Universidade de São Carlos, Universidade Federal de Alagoas, Universidade Luterana do Brasil, de Canoas-RS, e da Universidade de Campina Grande, na Paraíba. Esses cientistas pilotam os laboratórios de reações, ensaios físicos, laboratórios químicos, de catálise, transformação, caracterização e polimerização para polipropileno, polietileno e PVC. Para se ter uma idéia do nível de desenvolvimento na área de resinas, a Braskem detém hoje 140 variações de polietileno.
Atualmente, a área de tecnologia da Brakem desenvolve 30 produtos por ano, mas recebe 300 solicitações por mês. “Prestamos também apoio financeiro e logístico, porque um supermercado nos Estados Unidos, para importar um lote de produtos brasileiros, exige a entrega da encomenda em seu depósito no interior daquele país”, explicou Grubisich. Informou que a empresa conta com uma carteira de 800 clientes ativos. Eles não são tarifados, porém há uma triagem a partir de projetos considerados economicamente viáveis. “O interesse é vender as resinas”, disse Grubisich. Ele explicou que entre os diversos objetivos, tornar a Braskem auto-suficiente na fabricação de catalisadores é um dos principais. “Nós importamos o produto que, com a alta do dólar, ficou mito caro”, explicou.
O ministro da Ciência e Tecnologia Ronaldo Mota Sardenberg, presente à inauguração, elogiou a iniciativa da Braskem. “Esse Centro Tecnológico de Inovação é a maior instalação tecnológica brasileira controlada pela iniciativa privada, mas foi criada dentro da política do governo Fernando Henrique Cardoso de substituir as importações, tendo como ponto de partida justamente o desenvolvimento tecnológico e a inovação”. Para Sardenberg, essa é a maneira importante de agregar valor à economia. Ele adiantou que existem incentivos fiscais previstos na minirreforma tributária para facilitar os investimentos privados em pesquisa, com descontos no imposto de renda e na contribuição cobrada sobre o lucro líquido das empresas. Esses incentivos serão dirigidos às companhias que realizarem investimentos efetivos, em desenvolvimento tecnológico e pesquisa científica. “Esse é o segredo dos países desenvolvidos, a coalizão de esforços entre governo e iniciativa privada mais o terceiro setor”, assinalou Sardenberg. “O importante é que a Braskem pratica política de substituição de importações, o que se comprova pelo pedido de 70 patentes em apenas 100 dias de operação da empresa”, finalizou o ministro.