Petroquímica: Programa usará melhor a água e energia em Camaçari
Eliminar R$ 53 milhões por ano em custos a partir de 2008 mediante racionalizações no uso de água e geração de energia é o alvo do Ecobraskem, programa que consiste no acordo de cooperação científica e tecnológica da Braskem com cinco parceiros, incluindo três universidades. “As estimativas dos resultados são baseadas no conhecimento geral que nós temos, mas é possível, com o detalhamento do projeto, concluirmos que resultados maiores podem ser alcançados”, revela o executivo da Braskem na Bahia, Hélcio Colodete. “A implantação dos projetos do Ecobraskem posicionará a Braskem na vanguarda da racionalização e conservação dos recursos naturais e energéticos”, enfatiza.

Uma das grandezas que expressam a dimensão da Braskem em Camaçari é o consumo de água, a altura de uma cidade de um milhão de habitantes – um consumo de 4 mil m3/h que até 2008 deve ser reduzido em pelo menos 15%, poupando assim o maior rio da Região Metropolitana de Salvador, o Joanes, de 600 m3/h dos 2.600 m3/h hoje lá captados em função da atividade petroquímica.
Esta pretendida redução na pegada ecológica passa por uma redução interna, a de 26% na geração de efluentes orgânicos e inorgânicos, hoje uma vazão de 860 m3/h, tratada externamente pelo processo dos lodos ativados ao custo de R$ 4,8 milhões/ano antes de ser descartada.
No âmbito energético, é apontada a necessidade de fazer-se “um grande balanço de massa e energia” com o propósito de indicar quais as correntes em condições de serem reutilizadas no pré-aquecimento de processos, reduzindo em decorrência a carga térmica nas torres de resfriamento. Só das torres de resfriamento da unidade de insumos básicos da Braskem (ex-Copene), são lançados cerca de 800 m3/h de água em estado de vapor. “A redução pretendida no consumo de energia corresponde a 6% do consumo total ou 500 mil barris de petróleo/ano”, diz Colodete.
Dos custos que serão previsivelmente eliminados, R$ 26 milhões corresponderão à redução no uso da água do Joanes, juntamente com a redução de 26% na geração de efluentes orgânicos e inorgânicos; e os restantes R$ 31 milhões à redução de consumos específicos de energia.
Os parceiros que participam do Ecobraskem são UFBA, UFRJ e Unicamp; a empresa que faz a proteção ambiental na área do Pólo Petroquímico, a Cetrel; e o Centro de Recursos Ambientais (CRA), executor das determinações do Conselho Estadual de Proteção Ambiental (Cepram). Caberá às universidades “buscar melhores práticas”, por meio de levantamentos de campo, estudos bibliográficos e pesquisas sobre tecnologias limpas. “Queremos a aplicação do conhecimento acadêmico na cadeia produtiva, potencializando resultados”, ressalta Colodete. “Adicionalmente, estaremos contribuindo para o aperfeiçoamento da formação acadêmica voltada para a prática empresarial”.
O orçamento para custear os estudos e a elaboração dos projetos é de R$ 1,2 milhão, divididos entre a Braskem, a Finep e o CNPQ com recursos vinculados ao CT – Petro. Na fase de implantação serão necessários R$ 20 milhões.
Água – Projeto já aprovado e incorporado ao Ecobraskem prevê a segregação das estações de tratamento das águas potável e industrial, propiciando condição para o tratamento e conseqüente reuso industrial das correntes clarificadas, requeridas nas torres de resfriamento, e desmineralizadas, usadas no processo petroquímico e na geração de vapor. A segregação ocorrerá via mudanças nos alinhamento e nas interligações.
Em cogitação está avaliar a viabilidade técnica e econômica de aproveitar parcela da água extraída do aqüífero São Sebastião em função da remediação que lá está sendo procedida em algumas plumas contaminadas pela própria equipe técnica da Braskem.
Se o uso desta água for considerado viável, em vez de ser conduzida para o emissário submarino e descartada, irá para tratamento na estação da Braskem, e daí será aproveitada no processo industrial. A circunstância de a estação de tratamento, com capacidade de 7 mil m3/h, operar atualmente com folga de 40%, contribui para a viabilização deste possível projeto. A Braskem poderá então parar de captar através dos seus próprios poços artesianos os 1.400 m3/h de água pura que extrai do mesmo aqüífero. Ou opcionalmente eliminar totalmente a captação de água no Joanes com finalidade industrial.
Nos últimos dois anos, a geração de efluentes da produção foi reduzida em 50 m3/h, com base no reaproveitamento do filtro dos descloradores da unidade de tratamento de água (UTA), um progresso alcançado no âmbito do Braskem Água, o programa que antecedeu o Ecobraskem, revela Colodete. “O Ecobraskem é a evolução do Braskem Água que começou em 2002 e resultou na identificação de projetos agora aprofundados, a exemplo do projeto de segregação das águas potável e industrial.”
Energia – No âmbito da energia, dois projetos já estão em andamento, com previsões de aumentar as eficácias nos usos do vapor de baixa pressão e racionalizar o uso do combustível nas caldeiras e fornos de craqueamento. E em cogitação está o reaproveitamento do blow-down (purga) das caldeiras e dos fornos no processo de alimentação dos geradores de vapor.
Nos recentes 12 meses, anuncia Colodete, a eficiência das caldeiras foi elevada em dois pontos percentuais, mediante melhor controle da combustão, de mudança nos procedimentos operacionais e na purga, gerando economia anual da ordem de R$ 5 milhões. “Todas estas ações relacionadas com melhorias de processo e inovação tecnológica estão em linha com o propósito da empresa de ser benchmarking mundial no setor”, ousa afirmar o executivo.
Volume de água em circulação é enorme
Na unidade de insumos básicos da Braskem o consumo de água é de 2 mil m3/hora, dos quais 1,9 mil m3/hora correspondem ao consumo industrial requerido no processo petroquímico, nas caldeiras (água desmineralizada) e nas torres de resfriamento (água clarificada). Os restantes 100 m3/h correspondem ao consumo humano e de limpeza geral.
Adicionalmente, circulam outros 2 mil m3/hora de água clarificada suprindo as torres de resfriamento das outras unidades de produção que compõem a Braskem e também as torres de outras empresas petroquímicas.