Perspectivas 2013 / Tintas – PIB fraco contém avanço das vendas, mas setor prevê aceleração em 2013

Química e Derivados, Perspectivas 2013 / Tintas, PIB fraco contém avanço das vendas

O potencial de crescimento anual do setor de tintas e vernizes foi comprometido pela desaceleração da economia brasileira em 2012.

A retração nos níveis de consumo e o baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) ofuscaram as projeções de desempenho feitas exatamente há um ano e só não causaram maiores percalços por se tratar de um setor de atividade industrial consolidado e com grande expressividade.

Com a maré nem tão favorável tal qual se desejaria, as indústrias redobraram a atenção sobre suas planilhas financeiras, observando os impactos da desvalorização do real ante o dólar e as altas de custos das matérias-primas que ultrapassaram os índices normalmente aceitos pelos fabricantes, passando de 10% no decorrer de 2012, ameaçando lucros e a liquidez das empresas.

“O ano de 2012 foi marcado por incertezas na economia e nos mercados que atendemos, baixando as expectativas de resultados para 2% de crescimento do setor de tintas e vernizes como um todo, enquanto esperávamos um avanço de 4%, conforme previsto anteriormente”, avaliou Dílson Ferreira, presidente executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati).

Ao longo do ano, o setor enfrentou aumentos de custos de matérias-primas essenciais para a produção de tintas, abrangendo resinas alquídicas, acrílicas, emulsões vinílicas, pigmentos e corantes, entre outros itens. Somados à inflação de 5,84% no período e também aos custos mais elevados para a contratação de serviços de pintura, os impactos sentidos foram ainda mais fortes, elevando os custos totais de produção e aplicação das tintas.

Química e Derivados, Dilson Ferreira, Abrafati, PIB fraco e custos altos
Ferreira: custos subiram muito em 2012, pressionando margens

“A principal preocupação que o nosso setor tem, neste momento, é com os custos das matérias-primas, que aumentam muito acima da inflação; e não podem ser repassados aos preços dos produtos finais. Para mantermos a nossa competitividade, temos de aprofundar o nosso trabalho em várias frentes, buscando maior eficiência, cortando despesas e agindo com o governo para desonerar produtos e reduzir o custo Brasil”, considerou Ferreira.

Em moeda local, a indústria de tintas, esmaltes e vernizes, representada pela Abrafati, deverá apresentar um crescimento de vendas de 12,8% em 2012, a partir da confirmação das estimativas que apontam um faturamento de R$ 8,5 bilhões em 2012, contra os R$ 7,5 bilhões alcançados em 2011. Em dólar, porém, os percentuais de retração deverão se manter em 3,4%, confirmando-se o faturamento líquido de US$ 4,3 bilhões em 2012, contra os US$ 4,5 bilhões alcançados em 2011.

Em volume de vendas, o crescimento de 2% na comercialização de tintas pode ser considerado bastante moderado, levando-se em conta que foram vendidos 1,426 bilhão de litros no ano passado, enquanto em 2011 as vendas envolveram 1,398 bilhão de litros.

O desempenho setorial poderia, contudo, ter ficado mais chamuscado no ano que passou, caso o setor não tivesse contabilizado as vendas advindas em decorrência de programas habitacionais oficiais, com o objetivo de combater o déficit de moradias, e do aquecimento das construções residenciais privadas, que também mantiveram a demanda de tintas imobiliárias aquecida em 2012.

“Não fossem as construções habitacionais sustentando uma parte significativa do crescimento do nosso setor, a situação poderia ter sido pior em 2012”, afirmou Ferreira, destacando o consumo de 50 milhões de litros de tintas imobiliárias realizado somente pelo Programa Minha Casa Minha Vida, responsável pela entrega da milionésima casa em dezembro de 2012.

Considerado por sua grande abrangência um dos principais vetores de crescimento do setor de tintas no país, o plano de construção de novas moradias, prevendo um total de 23 milhões de novas unidades habitacionais, e que foi delineado pelo governo federal em 2010, para ter sequência até 2022, deverá gerar, segundo Ferreira, uma grande demanda no consumo de tintas, correspondente a 1,4 bilhão de litros.

Na avaliação do executivo, portanto, o balanço nem tão favorável ao setor de tintas em 2012 deverá ser compensado pela retomada de obras em novas frentes ligadas ao setor da construção em 2013. “Crescemos em menor ritmo em 2012, mas temos a expectativa de alcançar melhores resultados em 2013”, afirmou Ferreira.

As projeções de dias melhores em 2013 levam em conta o aquecimento das atividades em várias áreas atendidas pelo setor de tintas, colocando em destaque a construção civil, e as obras planejadas e em andamento no setor de infraestrutura.

Assim, o maior consumo de tintas pelo setor da construção civil, que sempre atua como o grande impulsionador da demanda em toda a cadeia, tem por base informações e dados captados por estudos mais recentes realizados nesse âmbito e que revelam que a produção física da indústria de materiais de construção reúne grandes chances de crescer além do PIB (Produto Interno Bruto) em 2013, considerando, principalmente, maiores demandas na área da infraestrutura.

A continuidade do plano de construção de novas moradias e a maior destinação de recursos orçamentários para essas obras básicas aumentariam as chances de elevar o consumo per capita brasileiro de tintas, atualmente em torno de 7,2 litros, aproximando-o mais dos índices dos países desenvolvidos, atualmente em torno de 15 litros a 20 litros.

O grau de comprometimento governamental com a realização de obras de infraestrutura foi comprovado no fim do ano passado, pela liberação de investimentos por medida provisória emitida pela Presidência da República, com o propósito de oferecer ao país a perspectiva de não interromper as previsões de gastos orçamentários destinados à construção e à manutenção de portos, aeroportos, estradas, plataformas marítimas, gasodutos, oleodutos, entre outros empreendimentos e obras essenciais planejados para execução em 2013.

Por isso, apesar das frustrações ligadas ao “pibinho” de 2012, a indústria de tintas está otimista e acredita na retomada do crescimento da economia em ritmo mais forte em 2013. “Esperamos contar com o aquecimento das atividades econômicas nas áreas atendidas pelo setor de tintas e que o crescimento do PIB em 2013 possa chegar a 3% ou 4%, nos permitindo estimar um crescimento para o nosso setor também em torno desses percentuais”, considerou o presidente executivo da Abrafati.

Para superar obstáculos ao maior desenvolvimento do setor de tintas nos últimos anos, principalmente em 2012, várias iniciativas têm partido da Abrafati, em defesa da menor tributação do setor e de sua maior rentabilidade.

A retomada dos negócios é esperada em virtude das perspectivas existentes para 2013, que se estendem também para os próximos anos. Algumas medidas já tomadas pelo governo, como a desoneração da folha de pagamentos e a extensão até 2013 da redução do IPI para tintas, seguirão produzindo efeitos positivos, assim como as taxas de juros que estão sendo reduzidas. O grande impulsionador, no entanto, é o consumo no mercado interno, que deverá seguir em expansão, tendo em vista a melhor renda de parcela significativa de brasileiros e o crescimento do nível de emprego formal.

A Abrafati também conta com uma recuperação do setor industrial, depois de um período difícil. Isso deverá contribuir para a maior comercialização de tintas voltadas para esse segmento.

“Entre as razões concretas para acreditarmos no crescimento durante os próximos anos está o amplo mercado interno brasileiro e o fato de o país estar passando por um processo de desenvolvimento, que exigirá investimentos significativos em habitação e infraestrutura, sem contar as demandas relacionadas aos grandes eventos, como a Copa do Mundo, a Olimpíada e as comemorações do bicentenário da independência, além da possível realização da Expo Mundial 2020, em São Paulo, produzindo efeitos diretos e consistentes sobre a economia e as vendas de tintas”, afirmou Ferreira.

De acordo com o presidente executivo da entidade, a realização da Abrafati 2013, envolvendo a Exposição de Fornecedores e o Congresso Internacional de Tintas, também deverá atuar como mais um importante estímulo para essa retomada dos negócios.

Em consequência dessa iniciativa, o desenvolvimento tecnológico do setor é impulsionado a cada evento, com a participação de grandes especialistas internacionais, que, ao compartilhar com os profissionais brasileiros os resultados de seus estudos e pesquisas, permitem aprofundar conhecimentos que levarão ao maior desenvolvimento das tintas no futuro.

“Em 2013, deveremos contar com a participação na Abrafati de mais de 200 empresas do Brasil e do exterior, o que tornará o evento ainda mais internacional, em virtude da repercussão e da proximidade da Copa do Mundo e da Olimpíada”, considerou Ferreira.

Balanço – Ao longo de 2012, a Abrafati obteve importantes avanços em seus programas e iniciativas voltados para várias áreas, como a sustentabilidade, a capacitação de mão de obra, a inovação tecnológica e a competitividade, entre outras, essenciais para o desenvolvimento setorial.

Química e Derivados, Gráfico: vendas de tintas registram crescimento
O Programa Setorial da Qualidade –
Tintas Imobiliárias comemorou uma década de realizações, fortalecendo toda a cadeia e trazendo benefícios para o mercado e para os usuários de tintas. Consolidado e com amplo reconhecimento governamental, bem como de usuários e especificadores de produtos, o programa de qualidade abrange quase 90% do volume de tintas imobiliárias vendidas no Brasil e que estão em conformidade com os requisitos mínimos de qualidade estabelecidos pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Em 2012, novas empresas foram incorporadas à iniciativa da Abrafati, que passou a contar com a participação de 29 fabricantes de tintas, ampliando as possibilidades de escolha e de compra de tintas de qualidade. Esse trabalho, desenvolvido nos âmbitos técnico e do governo, também promoveu a conscientização da população em relação à importância da qualidade das tintas, trazendo resultados importantes, como instituir nos órgãos de governo, agências de financiamento e varejistas exigências para que os produtos atendam aos requisitos constantes das normas técnicas.

A qualidade das tintas também foi o foco de preocupação, em 2012, do Comitê Brasileiro de Tintas (CB-164), da ABNT, que iniciou oficialmente suas atividades com a instalação da comissão de estudo de tintas para a construção civil de edificações não industriais. Também é possível destacar a aprovação das novas versões dos regimentos do Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (Simac) e do Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras (Siac), dois importantes projetos ligados ao Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H).

“O comitê e os novos regimentos vêm resultando em melhorias para o PSQ – Programa Setorial da Qualidade, representando importantes passos para que se continue avançando no processo de ordenamento do mercado e de comprometimento com o desenvolvimento sustentável”, destacou Ferreira.

A realização da Feitintas 2012, em conjunto com o Sitivesp, também foi lembrada como outro grande acontecimento, até pelo reposicionamento e pela evolução do evento para um novo patamar, segundo a entidade, prevendo proporcionar maiores oportunidades de negócios, facilitar o networking e disseminar conhecimento e informação.

“Entre as novidades, o Simpósio Internacional de Tintas agregou muito valor à Feitintas, com 21 apresentações de alto nível, divididas entre temas relacionados às tintas imobiliárias e à repintura automotiva, que atraíram público especializado, formado por mais de 2.500 profissionais”, destacou Ferreira. O simpósio e as diversas palestras realizadas durante a Feitintas foram considerados como promoções que têm por foco desenvolver atividades voltadas para a capacitação profissional dos diversos públicos da cadeia de tintas.

“Os pintores recebem atenção especial, tanto na Feitintas – quando mais de 700 deles participaram de atividades – quanto no Programa Pintor Profissional.” Em 2012, esse programa chegou a novos estados – Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal –, superando a marca de 13 mil inscritos, dos quais 4 mil já aprovados e incluídos no cadastro nacional de pintores de imóveis, organizado pela entidade e disponível ao público para consulta.

A associação também manteve e aprimorou, em 2012, as iniciativas de capacitação e de atualização para gestores, especialistas e técnicos das empresas da cadeia de tintas, com a realização de mais duas edições do tradicional curso sobre tecnologia em tintas.

Além dessas iniciativas, também foi realizado o Prêmio Abrafati-Petrobras de Ciência em Tintas 2012, que, em sua 14ª edição, contou com a inscrição de doze trabalhos de pesquisadores do setor acadêmico e também pertencentes às áreas de Pesquisa e Desenvolvimento das indústrias.

No ano passado, a Abrafati participou da reunião anual do International Paint and Printing Ink Council (IPPIC) e do encontro do Comitê de Gerenciamento do Programa Coatings Care, acompanhou também as discussões da Rio+20, e esteve presente em diferentes eventos em várias partes do mundo para promover o intercâmbio de experiências, incluindo a apresentação de práticas inovadoras e cases de sucesso desenvolvidos pela entidade no país.

“Todas essas realizações, implementadas e incrementadas ao longo de 2012, refletem-se positivamente na competitividade das indústrias de tintas”, enfatizou Ferreira. Ele ainda destacou os pleitos para a desoneração tributária de matérias-primas e de equipamentos essenciais para a produção das tintas, assim como a redução dos tributos cobrados na venda dos produtos e a desoneração das folhas de pagamento.

Essas e outras iniciativas voltadas para a cadeia de tintas, orientadas para o desenvolvimento setorial sustentável, de acordo com o presidente executivo da Abrafati, proporcionaram importantes avanços e resultados em 2012, contando com a boa notícia de terem continuidade em 2013.

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