Perspectivas 2013 / Cosméticos – Demanda aquecida coloca Brasil em destaque no mercado mundial do setor
O mercado brasileiro continua a reunir bons motivos para ser considerado a “meca” do consumo de produtos de higiene e de beleza. A começar pelo faturamento líquido da indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos em 2012, que deverá corresponder a R$ 29,3 bilhões. A alta em relação a 2011 foi de 15,9%, uma das maiores taxas de crescimento observadas nos últimos quinze anos no desempenho desse setor e uma das mais altas entre todos os setores que participam da indústria química instalada no país.
O ritmo de crescimento brasileiro no setor de higiene e beleza supera em muito o desempenho mundial, tomando-se como referência, por exemplo, o ano de 2011, quando o setor no mundo todo cresceu 9,84%. Em volume de vendas, a alta foi de 4,2%. Foram comercializadas 1.258,3 milhão de toneladas em 2012, contra 1.207,6 milhão de toneladas registradas em 2011.
As importações também cresceram no último ano em mais de 10%, enquanto as exportações apresentaram retração de 1,5%. Contudo, levantamento realizado com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior indicou percentual médio de crescimento de 9% nas exportações no período de 2006 até 2011.
Os investimentos realizados no ano que passou saltaram de US$ 2,3 milhões para US$ 2,4 milhões, registrando alta de 5%. A previsão de US$ 14 bilhões em investimentos até 2017 no setor representa um dos maiores volumes já declarados por todos os setores da indústria química, apenas superado pelos investimentos que deverão ser realizados pelas indústrias de produtos químicos de uso industrial, no valor de US$ 22 bilhões até 2016.
Integrada por mais de 2.200 empresas, a indústria da beleza no Brasil apresenta dados memoráveis há quinze anos, com taxas de crescimento médio de mais de 10%. Considerando o faturamento de R$ 4,9 bilhões alcançado em 1996, o setor foi capaz de sextuplicar sua liquidez no decurso desse período.
A maior contribuição para o faturamento das indústrias advém das vendas de produtos para cabelos, correspondendo, em 2011, a 22,8% de participação sobre o total faturado. Líder mundial em desodorantes, desde 2008, e em fragrâncias, desde 2010, o Brasil é o segundo colocado global em produtos para cabelos – xampus, máscaras capilares e tinturas, embora já tenha conquistado a liderança em colorações, condicionadores e alisantes.
As demais categorias, de acordo com o último levantamento divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), responderam, em 2011, pelas seguintes taxas de participação no faturamento: fragrâncias (16,2%), descartáveis (11,9%), produtos para banho (10,2%), produtos para cuidados da pele (9,1%), desodorantes (9%), itens para higiene oral (8,1%), maquiagens (7,9%), bronzeadores e protetores solares (4,1%) e itens para barbear (0,7%).
Alvos dos maiores rendimentos da indústria cosmética, os produtos para cabelos mobilizam inovações e pesquisas contínuas no setor. Estudos recentes realizados pela Procter & Gamble confirmaram a preocupação dos brasileiros com a saúde e o embelezamento dos cabelos.
Encomendados pelas marcas Pantene e Head&Shoulders, esses estudos evidenciaram consumidores que seguem uma rotina diária de cuidados com os fios, e que estão atentos aos benefícios e riscos dos tratamentos de beleza, buscando a todo momento opções mais saudáveis e funcionais. Em uma dessas pesquisas, foram realizadas entrevistas com mil mulheres na cidade de São Paulo. Em outra, foram pesquisados os hábitos de 800 consumidores (homens e mulheres) nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre.
De acordo com os estudos, os cabelos das brasileiras apresentam características distintas, mas há predominância dos cacheados (36%). Os números também apontaram que 35% dos entrevistados possuíam cabelos secos; 25%, normais; 22%, oleosos; e 17%, mistos.
A percepção do nível de dano observado nos cabelos também foi diversa: 28% consideraram não ter cabelos danificados; 41% responderam que seus cabelos eram levemente danificados; 19%, moderadamente danificados; e 12%, muito danificados.
Entre os maiores agentes causadores dos danos, os entrevistados citaram os tratamentos químicos, o escovar frequente e o uso de acessórios. E entre os benefícios mais desejados foram relatados: hidratação (17%), força (11%), e reparação (8%).
A preocupação em seguir uma rotina de cuidados com os cabelos está presente no dia a dia de 75% das mulheres entrevistadas. Esses cuidados demandam, em média, entre seis e 30 minutos para serem realizados. Uma parcela de 40% dos entrevistados afirmou lavar os cabelos entre duas a três vezes por semana, enquanto 34% lavam os cabelos todos os dias – parcela constituída majoritariamente por homens.
No tocante aos tratamentos químicos, 58% afirmaram que já realizaram algum procedimento de alisamento pelo menos uma vez na vida. Com relação às colorações, 80% das mulheres que delas fazem uso relataram utilizar tinturas permanentes, com uma frequência de uso entre quatro semanas e três meses. Ao opinar sobre tratamentos químicos, a maioria relatou ressecamento do couro cabeludo e dos fios, além de surgimento de coceiras e caspas.
[adrotate banner=”278″]Atividades em destaque – Em 2012, várias ações marcaram o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no país, contribuindo para o seu maior desenvolvimento. O Programa de Qualificação de Fornecedores, por exemplo, uma iniciativa da Abihpec, propiciou homenagens a fornecedores, com a outorga de selo de qualificação, tendo por base a qualidade das matérias-primas e a avaliação de seus serviços.
Na edição 2012, 30 empresas foram selecionadas de um total de 38 inscritas, nas áreas de ingredientes, fragrâncias, embalagens e serviços. Nesse rol, foram contempladas com o selo as empresas Aerogás, Antilhas, Belmay, Box Print, Brenntag, Congraf, Corn Products, Cosmotec, Croda, D’Altomare, Fav 105, Firmenich, Givaudan, Grossplast, Igaratiba, Ionquímica, ISP, Kingraf, Mappel, Medcin, Mega Plast, MWV Calmar, Primera Design, Robertet, SGD Brasil, Sigmaplast, Solabia, Symrise, VM7 e Wheaton.
Embora as exportações brasileiras do setor tenham apresentado retração em 2012 em relação a 2011, o projeto de internacionalização das indústrias de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, denominado Beautycare Brazil, criado pela Abihpec, em parceria com a Apex-Brasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, e instituído em 2001, aponta resultados positivos, por exemplo, no último período pesquisado (2007 até 2011), evidenciando que as exportações do setor via Beautycare Brazil alcançaram crescimento de 252%, e elegendo seis mercados prioritários: Angola, Colômbia, Emirados Árabes, Estados Unidos, Peru e Portugal.
No ano que passou, o Brasil, por intermédio da Abihpec, participou da reunião do International Cooperation on Cosmetics Regulation (ICCR), órgão que reúne Estados Unidos, Comunidade Europeia, Canadá e Japão, e também tem trabalhado em conjunto com a Personal Care Products Council (PCPC), associação que representa a indústria norte-americana de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, com o objetivo de inserir o país nas discussões internacionais, e contribuir para harmonizar as legislações a fim de derrubar possíveis barreiras técnicas.
Ainda no campo regulatório, a Abihpec elaborou manuais de exportação para os associados, abrangendo informações para a expansão das empresas em mercados da África do Sul, Arábia Saudita, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Peru e União Europeia.
Em 2012, também foram divulgadas pela Anvisa as novas regras para a produção e comercialização de protetores solares, alterando o valor mínimo do FPS – Fator de Proteção Solar, há anos em discussão pela comunidade científica do setor, bem como a rotulagem, entre outros aspectos. Elaborado com a participação da Abihpec, desde 2008, esse conjunto de novas regras terá prazo de dois anos para entrar em vigor, considerando a necessidade de adequação das empresas.
Na área de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, as indústrias do setor se posicionam à frente de outros setores e chegam a investir até 5% do seu faturamento em P&D e inovações. Uma das últimas pesquisas divulgadas nessa direção pela Abihpec revela que o setor investe, em média, 2% de seu faturamento em P&D, percentual superior ao 0,7% investido, em média, por outros setores industriais.
Criado em 2006 pela Abihpec para auxiliar as indústrias no acesso aos mecanismos de fomento à pesquisa, o Instituto de Tecnologia e Estudos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Itehpec) promove atividades de qualificação profissional, encontros internacionais e rodadas tecnológicas, para a maior integração entre o setor acadêmico das universidades e as empresas. Entre as atividades mais recentes se destaca um projeto desenvolvido em parceria com o Inmetro para a produção de nanomateriais de referência e a nomeação de um conselho científico e tecnológico para atuar nas áreas de P&D, inovação, nanotecnologia e embalagens, atuando para respaldar o desenvolvimento de novas tecnologias nas empresas do setor.
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