Os números da indústria brasileira de papel e celulose impressionam: investimento anual de US$ 1 bilhão entre 1989 e 2001 culminou com produção de 8 milhões de toneladas de celulose por ano, e outras 7,7 milhões de toneladas anuais de papel.
E, a julgar pela previsão de investimento de mais US$ 14,4 bilhões, até 2012, e a duplicação, e até a triplicação, da produção de celulose branqueada de eucalipto, a pujança do parque produtivo nacional está garantida, como pode ser observado, também pela movimentação das cadeias que alimentam essa indústria, em congresso do setor realizado em outubro na cidade de São Paulo..
O 36° Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel – ABTCP/TAPPI 2003 – evidenciou a competividade do Brasil como provedor de celulose para o mundo e levou ao conhecimento do público as mais recentes tecnologias.
E também especialidades químicas e recursos de engenharia desenvolvidos por mais de duzentos fornecedores dispostos a fomentar o desenvolvimento das indústrias de papel e celulose em bases mais modernas.
Pela primeira vez realizado no Transamérica Expo Center, em São Paulo, de 13 a 16 de outubro último, sob a organização da ABTCP, a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel, a edição contou com o apoio e prestígio da Tappi, Technical Association of Pulp and Paper Industry, sediada nos Estados Unidos.
Visitantes de todo o mundo participaram do congresso.
A grandiosidade do Brasil sob os aspectos de extensão territorial, clima e fertilidade do solo, aspectos valorizados pelos empreendimentos no setor, tem posicionado o País no centro dos interesses nacionais e internacionais.
Um dos indicadores é observado no aporte de investimentos já alocados e que ainda estão por vir. Um dos melhores exemplos está no projeto de produção de celulose de fibra curta da Veracel, em desenvolvimento na cidade de Eunápolis, no extremo sul da Bahia.
Com início de operações programado para o segundo semestre de 2005, o projeto Veracel promoveu a associação entre a Aracruz Celulose e a Stora Enzo, e deverá absorver US$ 1,25 bilhão em atividades florestais, infra-estrutura e instalação da nova fábrica que terá capacidade para produzir 900 mil toneladas de celulose branqueada de eucalipto ao ano, volume a ser destinado ao mercado externo e que deverá gerar divisas adicionais de US$ 500 milhões para o Brasil.
Outro aspecto importante a considerar no novo empreendimento é a união entre duas grandes lideranças mundiais.
A brasileria Aracruz é considerada a maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto, matéria-prima básica para a fabricação de papéis sanitários, papéis de imprimir e escrever e papéis especiais, exportando quase toda a sua produção de 2 milhões de toneladas ao ano.
Já a sueco-finlandesa Stora Enzo é a maior produtora de papel do mundo. Com capacidade para fabricar 15 milhões de toneladas de papel e papelão ao ano, a empresa contabilizou vendas no valor de 12,8 bilhões de euros em 2002.
Celulose para o mundo – Com produção de celulose no patamar de 8 milhões de toneladas/ano e de papel correspondendo a 7,7 milhões de toneladas anuais, as indústrias de celulose e papel instaladas no mercado brasileiro totalizaram, entre os anos de 1989 a 2001, investimentos no valor de US$ 13 bilhões.
Ou seja, injetaram no setor cerca de US$ 1 bilhão por ano. Até 2012, porém, investimentos já programados deverão alcançar US$ 14,4 bilhões.
Cinque – Suzano aplicará US$ 1,5 bilhões em papel.
Esse e vários outros aspectos foram destacados na solenidade de abertura do ABTCP/TAPPI 2003 que contou com explanações de várias personalidades do setor, como Kathleen Bennet, presidente da Tappi; Rubens Cristiano Garlipp, diretor superintendente da Sociedade Brasileira de Silvicultura; Antonio Dias, diretor comercial para o mercado sul-americano da Norske Skog; Celso Foelkel, na época presidente da ABTCP, e atual vice-presidente; e Umberto Cinque, gerente de projetos especiais da Suzano Bahia Sul, eleito dias depois do evento presidente da ABTCP para o biênio 2004-2006.
Segundo Cinque, o grupo Suzano já tornou público que irá investir nos próximos cinco anos US$ l,5 bilhão em melhorias de processo e aumento da capacidade produtiva de papel de fibra curta em suas três fábricas, duas em Suzano, no interior paulista, e uma em Mucuri, no extremo sul da Bahia.
Outra participação de destaque na abertura dos eventos foi a de Rainer Häggblom. CEO da Jaakko Pöyry Consulting, grupo de negócios de consultoria florestal com atuação global, Häggblom afirmou:
Häggblom – custo de capital é alto no BR.
“O Brasil poderia produzir hoje toda a fibra de eucalipto que o mundo precisa, ser a fonte exclusiva e mais competitiva em qualidade e custo. No futuro, a fibra longa poderia seguir o mesmo caminho, pois há capacidade tecnológica e clima favorável, mas o que compromete a competitividade brasileira é o custo do capital muito alto”.
Para Maris Tamsons, presidente da Jaakko Pöyry Tecnologia, os maiores investimentos de capital externo no setor de celulose no Brasil estão hoje sendo implementados para alimentar as fábricas de papel não- integradas da Europa e Estados Unidos, sendo destinados às empresas que não contam com base florestal própria.
Mas daqui a cinco anos, a celulose produzida no Brasil também deverá ser direcionada às fábricas de papel da China.
Tamsons – próximo mercado a abrir é o da China.
Segundo ele analisa, o Brasil está a caminho de completar mais um ciclo de crescimento no setor da celulose, a considerar as novas capacidades da Veracel e da linha C, da Aracruz, além de outros projetos em estudo, como o da Celulose Nipo-Brasileira, a Cenibra, de Minas Gerais e da Bahia Sul, na Bahia.
“Os investimentos em celulose estão sendo mais atrativos até porque o retorno de capital é muito mais rápido, mas a próxima fase de crescimento setorial brasileiro será marcada por expansões no parque produtivo de papéis e cartões, envolvendo os três segmentos nos quais o Brasil revela maior competitividade tanto interna, como externamente, como é o caso dos papéis de imprimir e escrever, fabricados com celulose de fibra curta, cartões para embalagens, também produzidos com fibra curta e os papéis kraft liner, fabricados com fibra longa.
Visitantes de todo o mundo participaram do congresso
Como empresa de consultoria e engenharia contratada para o projeto Veracel, a Jaakko Pöyry tem promovido a integração entre os vários EPC (Engineering Procurement Construction) que irão atuar no Brasil, gerenciando projetos semelhantes, voltados à produção de celulose de fibra curta branqueada, em várias partes do mundo, como na Indonésia e Finlândia, concluídos em 2002, para a produção de l,1 milhão de toneladas/ano e 600 mil toneladas/ano, respectivamente.
Expansão em peróxido – A expansão no parque industrial da celulose reflete-se sobre os atuais e futuros investimentos das indústrias de especialidades químicas, como se observa na Degussa.
Com fábrica local de peróxido de hidrogênio no município de Aracruz–ES, desde l998, a empresa anunciou na feira aumento de capacidade de 40 mil toneladas/ano para 60 mil toneladas/ano, visando acompanhar o crescimento na produção de celulose.
Empregado pelas indústrias de celulose e de papel reciclado, em substituição ao cloro e clorados, como agente de branqueamento, o peróxido de hidrogênio vem sendo comercializado pela empresa desde 1992 no mercado brasileiro.
Schaalmann – produção de peróxido cresce no ES.
“Estamos nos preparando para atender às demandas da Veracel, Aracruz, Bahia Sul, Cenibra, Votorantim, entre outras que estão delineando projetos de crescimento”, afirmou o diretor adjunto da Degussa, Marcelo Schaalmann.
Além de expandir a capacidade em peróxido, a empresa também promove investimentos em logística. Para facilitar o suprimento na Aracruz, da qual é vizinha, construiu uma tubovia com 1,2 km de extensão para escoar e bombear o produto até a fábrica de celulose.
Ciente de que os investimentos em logística facilitam o acesso aos produtos, tornando as atividades mais rentáveis, o diretor também informou a construção de um ramal ferroviário que fará a interligação da unidade de peróxido com a ferrovia Vitória-Minas, agilizando o escoamento da produção até o Porto de Vitória–ES, pouco mais de l00 km distante da fábrica, e o Estado de Minas Gerais. Para haver maior rapidez no atendimento de clientes em todo o Estado de São Paulo, a empresa ainda deverá instalar um entreposto na cidade de Sumaré, na região de Campinas.
RohmNova – A joint-venture realizada entre a Rohm and Haas e a Omnova Solutions também foi alvo de muitos comentários nesta feira. Firmada mundialmente em maio de 2002, a negociação repercutiu de forma bastante positiva para o mercado de papel em virtude de se poder contar com uma única fonte para ampla diversidade de produtos e especialidades para o segmento de papéis revestidos.
Dessa forma, nasceu a RohmNova, como passou a ser denominada a empresa que disponibiliza ao mercado as linhas tradicionais da Rohm and Haas, em se tratando de pigmentos esféricos ocos, dispersantes, modificadores de reologia, ligantes estireno-acrílicos, entre outros, acrescentando à oferta as linhas de insolubilizantes, lubrificantes, agentes de tratamento de superfície, ligantes estireno-butadieno, entre outros fabricados pela Omnova Solutions.
Yoshioka – RohmNova une linhas para revestimentos.
“Podemos oferecer hoje a maior diversidade de produtos para o mercado de revestimentos de papel, incluindo desde monômeros até especialidades químicas, fundamentadas em tecnologias acrílicas e em estireno-butadieno”, informou Maximilian Yoshioka, gerente de conta de papel, artes gráficas e revestimentos funcionais para o Cone Sul.
Segundo ele, as tecnologias para revestir papéis e cartões evoluiram muito nos últimos anos até para respaldar as necessidades do próprio mercado, e resultaram em melhorias nas propriedades finais dos produtos, observadas no brilho, alvura, redução de marmorização na impressão, entre outras.
Como novidade na área de coatings, a Clariant destacou a linha de auxiliares para a formulação de revestimentos para papéis para impressões com qualidade fotográfica.
“Formulados à base de sílicas, álcool polivinílico, polímeros e resinas catiônicas e aniônicas, esses produtos propiciarão maior definição nas imagens e brilho às impressões convencionais”, afirmou Alexandre Baron, gerente da divisão TLP, da Clariant Brasil, responsável pelos negócios nas áreas de couro, têxtil e papel.
Em breve, o novo conceito estará disponível ao mercado brasileiro em papéis A4, que estarão sendo produzidos com qualidade de impressão fotográfica.
Com destacados aditivos estireno-acrílicos, empregados no recobrimento da superfície de papéis de imprimir e escrever, e que elevam o padrão de acabamento, tornando os produtos finais mais resistentes e adequados para impressões ink-jet, a Basf destacou nesta feira os produtos fabricados na unidade de Guaratinguetá–SP, e que começam a conquistar também o segmento de papelão do mercado brasileiro.
“Os fabricantes de papelão estão valorizando o tratamento de superfície e já buscam melhorias”, informou Oscar Volpini, engenheiro químico, responsável pela área de papel coating e auxiliares da Basf em Curitiba–PR. “Nosso potencial de crescimento nesse setor é de 85%, pois apenas 15% do papelão fabricado no País é tratado, enquanto na Europa 90% já recebem esse tipo de tratamento”.
Baron – coatings com qualidade fotográfica.
Stickies – A indústria papeleira parece mesmo ter descoberto os benefícios decorrentes do emprego de especialidades e inovações químicas.
Com fábrica em Piracaia–SP, a Quimipel iniciou suas atividades há apenas cinco anos, desenvolvendo uma linha de coatings para papéis, mas há dois anos resolveu incorporar à produção uma nova linha de aditivos auxiliares, que já lhe renderam aumento de mais de 70% no faturamento.
Constituída de dispersantes de aparas, stickies e biocidas isotiasolonas e triazinas em base água, entre outros, a nova linha já é bastante requisitada pelos fabricantes de papel.
Os dispersantes de aparas tornaram-se obrigatórios na reciclagem de papéis couchê porque diminuem o tempo de repulpeamento e propiciam uniformidade às fibras. Freqüentes no circuito de preparação de aparas, os stickies, envolvendo resinas látex, hot-melt, entre outros, também podem ser controlados por uma gama de aditivos.
“Nossa linha de stickies é bastante ampla e diversificada para aplicações em papéis tissue, papéis para embalagem, papelão, papéis de imprimir e escrever, entre outros”, informou o engenheiro Luiz Magno Arneiro, diretor da Quimipel.
Uma das alavancas de vendas está no atendimento personalizado e na disponibilidade para prestar serviços laboratoriais. Para indicar ou desenvolver um agente específico para controle de stickies, a empresa verifica suas dimensões e quantidades em todas as etapas, envolvendo desde a desagregação das aparas e celuloses até a secagem e enrolamento dos papéis.
Veiga – produto acelera fluxo nas máquinas.
Com fábrica em Sumaré–SP, a Buckman Laboratórios, subsidiária da Buckman Laboratories, detentora da patente de estabilização de enzimas, levou à feira novos desenvolvimentos para controle de stickies.
O produto não gera resíduos para os efluentes, possui aprovação F.D.A. (Food and Drug Administration) e vem sendo empregado como alternativa aos dispersantes convencionais.
“Controlar stickies com químicos à base de enzimas é uma novidade que vem sendo demandada por todas as indústrias de papel que se utilizam de aparas e por todas as plantas de aparas, que abastecem os mercados de papéis tissue, para embalagens e para imprimir e escrever”, informou André Miranda Coelho, assistente técnico da Buckman Laboratórios.
Essa tecnologia inclusive prevê atender aos requisitos já observados na Europa de haver controle microbiológco dos papéis tissue, empregados não só em papéis higiênicos, como também em ampla gama de produtos, como guardanapos, toalhas, lenços, entre outros produtos de higine.
Alta produção – Considerada pioneira no desenvolvimento de especialidades, envolvendo polímeros para retenção, drenagem e formação de papéis, a Ondeo Nalco anunciou na feira o lançamento de uma linha de especialidades que irá aumentar a produtividade nas indústrias papeleiras, possibilitando que as máquinas de papel mais avançadas possam operar realmente de acordo com sua capacidade nominal.
Desenvolvida em centro tecnológico da empresa, instalado nos Estados Unidos, trata-se, segundo explicou Luis Filipe Veiga, gerente regional de marketing da Ondeo Nalco, de uma poliacrilamida estruturada que acelera o fluxo nas máquinas de papel, em geral comprometido pelos elevados níveis de retenção de fibras celulósicas e cargas minerais, como carbonato de cálcio natural e precipitado.
“Essa nova tecnologia já está patenteada e ajudará a indústria papeleira a atingir maiores níveis de produção com o máximo aproveitamento das máquinas de papel mais avançadas”, afirmou Veiga. “No Brasil, já há várias aplicações práticas em empresas líderes”, acrescentou.
Também para elevar o grau de eficiência das máquinas de papel, a empresa antecipou seu próximo lançamento na área de especialidades químicas. Trata-se de uma nova tecnologia para controle de depósitos microbiológicos, inorgânicos e stickies.Também na oferta de látex o Brasil conta com fontes significativas, como a da Dow Química, localizada no complexo industrial de Guarujá–SP.
“Essa fábrica moderna nos permite a versatilidade de criação e oferecimento de produtos atendendo às novas aplicações e requerimentos deste mercado”, afirmou Osvaldo Kalaf, gerente comercial da Dow.
Amidos – A indústria papeleira também deverá se beneficiar da nova oferta de amidos, a considerar as novidades apresentadas pela Cargill, maior empresa de capital fechado do mundo e única fornecedora de fécula de mandioca e amido de milho com operações de industrialização e processamento.
Entre as novas tecnologias lançadas recentemente para aplicações no setor, destaca-se uma formulação de adesivos para a indústria de corrugados (papelão ondulado), com base em mix de amidos de mandioca e milho, reconhecida inclusive com o prêmio outorgado pelo departamento de amidos industriais da Cargill no Brasil, disputado por todas as operações da companhia nos cinco continentes em que atua.
“Estamos consolidando a tendência de emprego de mandioca nas formulações para oferecer ganhos de performance e adesividade às aplicações no setor”, informou Vinícius Teixeira, gerente de vendas da Cargill.
Na área de féculas de mandioca, vários itens estão disponíveis para o preparo de polpas e massas, adesivos para papelão ondulado, conversão para colas size press e adesivos vegetais.
Na oferta incluem-se também féculas de mandioca modificada catiônica e anfoterizada, que incrementam as propriedades físicas do papel; além de féculas de mandioca modificada pregel e catiônica pré-gelatinizada, para emprego em papéis tissue; e dextrina para aplicação na fabricação de sacos multifolhados, colagens laterais de sacos de papel, laminações de cartão-cartão e microondulados, bem como tubos e tubetes de papel.
No segmento de amidos, os itens tradicionais são aplicados no tratamento superficial de papéis, e preparo de adesivos, inclusive para papelão ondulado e para uso em colas size press.
Com linha de produtos também focada em papéis, a CornProducts Brasil também marcou presença nesta exposição, destacando amidos modificados à base de milho e mandioca para aplicações em massas, colagens superficiais e coatings, e que atuam na fabricação de papelão ondulado, tubos e tubetes, incluindo a linha de adesivos vegetais para rotulagem em papéis de embalagens.
Segretto – plástico reforçado domina as torres.
Corantes dão o tom – Nos segmentos de corantes e pigmentos para papéis evidenciaram-se nesta feira os novos produtos lançados pela Enia.
Na categoria corantes diretos, indicados para tingimentos em massa e size press de papéis ácidos e alcalinos, foi apresentada nova tonalidade de violeta, inclusive com amostra sobre composição fibrosa, fabricada a partir de celulose branqueada de eucalipto.
Na área de corantes básicos, direcionados para tingimentos de substratos com teor de fibras não-branqueadas, como por exemplo as confeccionadas com aparas de papelão, foram exibidas novas tonalidades de castanho amarelado. Na área de pigmentos, voltados ao tingimento de papéis com alta solidez à luz, as novidades ficaram por conta de tonalidades de azul, preto e violeta.
Na área de carbonato de cálcio, a Specialty Minerals, instalada no Brasil desde 1995, em São José dos Campos–SP, lançou novo produto para o mercado brasileiro. Trata-se de um carbonato de cálcio precipitado empregado como pigmento para revestimento de papéis e cartões.
Desenvolvido para conferir alto brilho, elevada opacidade, alvura, resolução gráfica e alta qualidade na impressão, o novo carbonato de cálcio está disponível em dois tamanhos médios de partícula, de 0,4 ? e 0,6 ?, podendo ter emprego em pré e top coatings.
Equipamentos e materiais – Várias soluções aumentam o leque de oferta de equipamentos e acessórios para o mercado de papel e celulose, conforme observado no ABTCP/TAPPI 2003. Em comum, todas reúnem as condições básicas exigidas pelo setor, envolvendo alta resistência mecânica e química, além de contribuir para elevar a produtividade nas indústrias.
Massa – cloração adota o PRFV contra corrosão.
Um dos materiais de grande versatilidade para emprego nas instalações do setor é o plástico reforçado com fibras de vidro (PRFV), com o qual estão sendo fabricadas integralmente torres de branqueamento para pastas celulósicas, produzidas por laminações de filamentos em processo contínuo e angular.
“Há doze anos começamos a fornecer torres em PRFV para o grupo Votorantim, mas só agora os fabricantes de celulose em maior número estão descobrindo os ganhos operacionais decorrentes do uso do material”, afirmou Ehrlich Segreto, diretor da Tecniplas. Entre as vantagens, ele destaca os custos mais econômicos dessas instalações e a baixa exigência de manutenção.
Por esses fatores, muitas aplicações em PRFV, segundo o diretor, já se consagraram, como é o caso dos tanques para estocagem de dióxido de cloro, ácido clorídrico, soda, hipoclorito de sódio, entre outros químicos, bem como das torres de cloração, capotas e lavadores de gases, estendendo-se ainda a tanques de grandes dimensões, fabricados em diâmetros de até sete metros, com capacidade para 700 m³, e que podem receber isolamento térmico e acessórios, como escadas e passarelas.
Com inúmeras instalações e equipamentos em fibra de vidro fornecidos aos fabricantes de papel e celulose, como reservatórios para armazenagem de soda cáustica e para recuperação de celulose, a Edra também começa a participar do segmento de torres de cloração, com o fornecimento da primeira instalação desse tipo para a Nobrecel.
Bernardes – tubo costurado também suporta pressão.
Trata-se de reservatório com diâmetro de 3 metros, capacidade de 130 m³ e altura de 29 metros, construído em PRFV pintado externamente na cor branca e que irá atuar no branqueamento das massas celulósicas.
Na opinião de Gilberto Massa Filho, gerente de marketing da Edra, o mercado de celulose e papel não só vem crescendo, como também exige cada vez mais qualidade e bom atendimento dos fornecedores.
Com produção anual superando 10 mil toneladas, a Inox Tubos, de Ribeirão Pires–SP, maior fabricante de tubos de aço inoxidável da América Latina, empresa do grupo Acesita, integrante do grupo Arcelor, criado há dois anos, e que se posiciona como o maior grupo siderúrgico do mundo, também teve participação de destaque no ABTCP/TAPPI 2003, ao divulgar a linha de tubos de aço inoxidável com costura.
Em conformidade com as especificações de normas e tolerâncias mais estreitas, tanto em diâmetro externo como espessura, os tubos com costura são fabricados em diâmetros a partir de 6,35 mm, até 2032 mm, e em espessura de parede a partir de 0,40 mm.
“Estamos promovendo várias ações e palestras voltadas aos clientes do setor de papel e celulose para orientá-los na escolha de soluções técnicas adequadas, envolvendo tubos de aço inoxidável. Esclarecendo, por exemplo, vários aspectos relacionados com os tubos com costura, que podem perfeitamente substituir os tubos sem costura, em linhas de troca térmica, linhas de alta pressão, entre outras, com vantagens de custos 50% mais econômicos”, afirmou José Marcos Bernardes, gerente comercial da Inox Tubos.
Porchia – Voith participa do projeto Veracel.
Como vencedora da primeira etapa de fornecimento para o projeto Veracel, que deverá consumir cerca de 2.200 toneladas de tubos de aço inoxidável, a Inox Tubos irá fornecer as tubulações para o sistema de evaporação, interligando as linhas de fibras e as máquinas extratoras.
Mas, para atender aos vários projetos em desenvolvimento no setor de papel e celulose, seus investimentos atuais se concentram na modernização de todas as formadoras de tubos, para que saiam de fábrica completamente recozidos e testados.
Atuando no segmento de ventiladores, filtros, lavadores de ar, resfriadores de gases, controladores de fluxo, entre outros, a Bernauer, em parceria com JHK Systems, licenciada norte-americana da Andritz-Graz, da Áustria, também tem ampliado seu fornecimento para as indústrias de papel e celulose no mercado brasileiro, com a oferta mais recente de capotas, casas de ar, tetos falsos, sistemas de exaustão e recuperação de calor, entre outras instalações e equipamentos.
Um dos últimos fornecimentos feitos pela empresa atendeu às necessidades da Bahia Sul . Trata-se de ventilador dotado de rotor com diâmetro de 2,65 m, que irá operar à vazão de 480 mil m³/hora e pressão de 3.700 PA junto ao sistema de controle da poluição do ar na caldeira de recuperação.
“Com esse sistema, todo o material particulado que seria lançado na atmosfera pela chaminé da caldeira, será captado, conduzido através de filtro eletrostático e retido, para o lançamento apenas do ar limpo na atmosfera”, explicou o diretor-presidente da Bernauer, Rodolfo Kurt Bernauer.
Equipamentos para preparação de massas, linhas completas para tratamento de aparas, sitemas de vácuo, máquinas para fabricar papéis de escrever e imprimir, embalagens, cartões, papéis sanitários, desaguadoras de celulose, entre muitos outros, integraram os destaques no estande da Voith Paper, onde estava exposta maquete de máquina para a produção de papel jornal (Hürth PM1), que atingiu neste ano velocidade recorde de 1.912m/minuto por período de produção de 30 horas.
Estimando que 80% do papel gráfico produzido no Brasil esteja sendo processado em máquinas fabricadas pela empresa, percentual que se eleva para 90% quando se trata de máquinas desaguadoras, Luis Fernando Porchia, gerente de aplicações e vendas da Voith Paper, revelou a participação da empresa no projeto Veracel, envolvendo o fornecimento de equipamentos para secagem de celulose, incluindo desde a torre de alta consistência até a embaladora de celulose.
“Estamos participando do projeto Veracel em consórcio com a Andritz e a construtora Moura Schwark voltado ao fornecimento de equipamentos de depuração para processar 3 mil toneladas/dia, bem como de prensas que estarão integradas a caixas de entrada, formador, secador, cortadeira e linha completa de enfardamento”, afirmou Porchia.
Já no segmento de papel, a participação mais recente da empresa envolve a reforma da máquina B8, da Suzano, que resultará no aumento de velocidade de produção de 800 metros/minuto para 1.050 metros/minuto.Um dos destaques da SKF pela primeira vez apresentado nesta exposição foi o software @ptitude.
Trata-se de um sistema automático de aquisição de dados, desenvolvido na Holanda em 2002, para monitorar a performance dos rolamentos, possibilitando prevenir quebras e desvios de rota. Além dessa novidade, a empresa destacou durante o evento rolamentos, vedações, graxas, ferramentas para manutenção e equipamentos para alinhamento e monitoramento de máquinas.
“A participação da SKF do Brasil nesse evento é muito importante para mostrarmos ao mercado soluções integradas, desenvolvidas para as áreas industriais”, afirmou Claudinei Reche, gerente de vendas industriais da companhia.
Várias tecnologias concebidas para o emprego de oxigênio pela Air Products foram destacadas na feira. Uma delas, o sistema de oxidação de licor branco, que consiste em reator provido de agitador interno onde irá ocorrer a reação do oxigênio puro com o licor branco, além de favorecer o fechamento do circuito de efluentes, melhora o controle do nível de metais no sistema, e facilita a manutenção do balanço químico da fábrica.
Outro sistema, como o de oxidação de licor preto, projetado para controle de emissões e aumento de capacidade, segundo comprovou a empresa com base em instalações industriais, pode propiciar ganhos de mais de uma tonelada adicional de celulose em produção por tonelada de oxigênio utilizado no processo e aumentar a capacidade de evaporação.
A atuação da Setal Construções no setor de papel e celulose é bem antiga, mas tomou novo impulso a partir da joint-operation firmada em 2001 com a Tessag, companhia de engenharia canadense, adquirida em 1979 pela Klöckner Industrie Anlagen, da Alemanha, e hoje integrada ao grupo alemão Rwe AG.
A primeira instalação realizada pelo consórcio Setal/Tessag envolveu a construção de forno de cal para a Ripasa, instalado na unidade de Limeira–SP, em parceria com a Andritz, e que já vem operando desde o início de 2003.
Depois de firmado o consórcio, várias ações foram intensificadas, envolvendo a participação da Setal/Tessag em projetos para a Votorantim Celulose e Papel, como na nova linha de fibras do projeto P-2000, e para a fábrica de Luís Antonio–SP, visando adequações às normas de legislação ambiental e a obtenção da certificação ISO 14000.
A mais recente, porém, é a participação da Setal/Tessag no projeto Veracel, para o qual desenvolverá todo o projeto de captação de água bruta a ser implementado em Belmonte, município vizinho a Eunápolis, sede do empreendimento, bem como de tratamento de água e efluentes, em parceria com a Centroprojekt/Econet, na área de tecnologia de tratamento, e com a Paranasa, na área de construção civil, envolvendo engenharia conceitual, básica e detalhada, gerenciamento, fornecimento de equipamentos e montagem das obras.
Berardi – Setal tem a Tessag como parceira.
“Hoje o setor vive uma fase de expansão que irá permitir ao Brasil duplicar ou até triplicar sua produção de celulose branqueada de eucalipto nos próximos dez anos”, destacou o engenheiro Carlos Roberto Berardi, diretor comercial da Setal Construções.
O mais recente contrato da Siemens também foi firmado com a AkerKvaerner para atender ao projeto Veracel Celulose, que terá início com o fornecimento de caldeiras de força e recuperação, compreendendo um vasto leque de serviços, produtos e sistemas, incluindo a utilização de transformadores de força, centros de distribuição de carga, inversores de freqüência, dutos de barras, motores de baixa e média tensão, PLC de interface, sistema de ar condicionado e tratamento químico de ar para as salas elétricas, entre outros.
Na exposição, porém, além da participação no projeto Veracel, a empresa apresentou nova linha de painéis de baixa tensão (Siplux), constituindo a base das soluções para a distribuição de energia, acionamento de cargas e painéis de controle nos fornecimentos para as indústrias de papel e celulose.
Certificados por laboratórios nacionais para tensões nominais até 800 V e resistência aos esforços de curto-circuito de até 85 kA, esses painéis foram desenvolvidos de acordo com a norma NBR IEC 60439-1, possuindo estrutura flexível que permite a montagem de soluções de distribuição, centro de controle de motores e painéis de controle, com graus de proteção até IP54.
Outro aspecto importante destacado na exposição da Siemens foi a aquisição da divisão de turbinas industriais da Alstom, ocorrida em abril de 2003, e a incorporação à estrutura da Siemens Power Generation Group do grupo Demag Delaval, um dos principais fornecedores de turbocompressores para fracionamento de ar para a recuperação de gases industriais.
Com a compra das turbinas da Alstom amplia-se o portfólio de turbinas a gás de pequeno e médio porte, ou seja até 50 MW, e das turbinas a vapor com até 100 MW.
Brasil pode recuperar a produção do papel de imprensa
A Norske Skog, da Noruega, classificada entre os maiores produtores de papel de imprensa do mundo, com faturamento de US$ 3,4 bilhões e 23 fábricas em 15 países, poderá reverter o rumo tomado pela produção brasileira no segmento de papel de imprensa, hoje deficitária em mais de 300 mil toneladas/ano.
Dias – ICMS alto tira estímulo.
Mas depende de mudanças tributárias, em especial relativas ao ICMS, Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, que possam onerar menos o setor, segundo revelou o diretor comercial da Norske Skog do Brasil, Antonio Dias, convidado especial do ABTCP/TAPPI 2003.
Enquanto a produção de papéis no País cresce ao ritmo de 4% a 6% ao ano, em grande parte impulsionada pelos papéis sanitários (6,2%/ano), papéis para impressão e escrita (4,1%/ano), papéis para embalagens (3,0%/ano) e papéis-cartão (3,3%/ano), com destaque especial para os papéis offset, e as linhas kraftliner, empregadas para revestir externamente as caixas de papelão ondulado, bem como os fluting, utilizados na fabricação de papelão ondulado e os revestidos (coated paper), o papel de imprensa brasileiro teve produção desestimulada e só nos últimos dois anos acumula déficit na balança comercial de US$ 2 bilhões.
Apesar das iniciativas adotadas para suprir a demanda do mercado brasileiro, estimada em 500 mil toneladas/ano, a Norske Skog considera que a legislação brasileira desfavorece o setor, permitindo que o papel de imprensa importado entre no País sem pagar imposto algum, fato agravado pelos incentivos às exportações recebidos nos países de origem.
Como única produtora nacional de papéis desse tipo, a Norske Skog opera no País com a produção de 185 mil toneladas/ano da fábrica da Norske Skog Pisa, instalada em Jaguariaíva–PR, e adquirida em 2000, pois a joint-venture com a Klabin, da Fazenda Monte Alegre, em Telêmaco Borba–PR, encerrou-se em março de 2003.
De acordo com o novo projeto delineado pela empresa, a capacidade poderá sofrer acréscimo de mais 350 mil toneladas, caso ocorram as alterações no ICMS. Se confirmadas as expectativas, a nova fábrica estaria finalizada em 2006, com o início efetivo das operações.
Com os volumes totais fabricados, a empresa abasteceria o mercado nacional, mas também prevê destinar parte da produção às exportações para toda a América do Sul, cuja demanda regional atual, de 900 mil toneladas, já é atendida em mais de um terço pela empresa.
Congresso premia os melhores estudos
A 36ª edição do congresso da ABTCP contemplou com prêmios os melhores trabalhos técnico-científicos apresentados a mais de 1.800 congressistas.
Na categoria melhor estudo sobre processos de obtenção de celulose, o trabalho vencedor “Adição de peróxido de hidrogênio no estágio de ozônio para melhorar a bran queabilidade da polpa” foi desenvolvido por especialistas da Degussa e da Votorantim Celulose e Papel.
A adição de peróxido de hidrogênio, no caso, trouxe resultados bastante positivos na extração de lignina e incremento da alvura, quando combinada com o ozônio, e sendo acompanhada de extração alcalina sem lavagem intermediária.
O melhor estudo na área de recuperação de produtos químicos, apresentado por especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, focalizou metodologia para a descrição da formação de material particulado na fornalha de uma caldeira.
Na área de automação, o melhor trabalho “Monitoramento de desempenho e controle avançado de processos na indústria de papel e celulose”, desenvolvido por especialistas da Paprican e Pointe-Claire, versou sobre a utilização de ferrramentas que possibilitam aos engenheiros de fábrica obter produtos com especificações de alta qualidade por meio da redução de variáveis, trazendo como conseqüência aumentos da produção e reduções no consumo de energia.
Entre outras categorias, a organização do congresso também contemplou o melhor trabalho na área de meio ambiente, intitulado “Medição da bioacumulação de organoclorados em mexilhões como ferramenta de controle de risco ambiental na Aracruz Celulose”.