Negro de Fumo – Fabricantes ampliam oferta global de negro de fumo
O mercado de negro de fumo está em fase de reorganização de negócios em âmbito mundial. Nos últimos anos, dois dos três principais grupos atuantes nesse mercado apresentaram mudanças de controle acionário, com reflexos aguardados por todos os segmentos de aplicação. Embora a produção de tintas não seja o maior consumidor desse pigmento, sendo largamente superada pelos artefatos de borracha, que usam perto de 80% desse insumo, e pelos plásticos (outros 10% a 15%), sua aplicação é fundamental para o acerto de cores em todas as famílias de produtos.

“Dizemos que o negro de fumo é sutilmente presente, mas essencialmente notável”, explicou Lea Sgai, gerente de marketing e serviços técnicos da divisão sul-americana da Cabot Corporation. Mesmo dosado em pequeníssima quantidade nas formulações de tintas, os negros de fumo não podem ser dela retirados, sob pena de não se obter a cor desejada, mesmo que não seja o preto.
A Cabot, aliás, foi a única das três majors a não apresentar mudanças de controle acionário nas últimas décadas. “Somos muito estáveis, pertencemos ao mesmo grupo há 130 anos”, comentou. Na região, a companhia mantém a produção em três países: Brasil (em Mauá-SP, com três linhas de fabricação), Argentina (com duas linhas) e Colômbia (duas linhas), perfazendo um total aproximado de 300 mil t/ano de capacidade instalada. Como explicou, as fábricas do Brasil e da Argentina estão sendo desengargaladas (DBN), para proporcionar o aumento de 20% na capacidade regional (ou 60 mil t/ ano). “Até o fim de 2013, a Cabot aumentará em 15% sua capacidade de produção mundial, ou seja, 300 mil t/ ano”, informou Lea. Com isso, a oferta de negros de fumo especiais deve se elevar entre 20% e 25%.

A disputa no ranking das capacidades se tornou mais relevante com a aquisição, em junho de 2011, da Columbian Chemicals pela Aditya Birla, um grupo empresarial sediado na Índia, com faturamento anual de US$ 35 bilhões, obtido em atividades diversas, desde emissoras de televisão até produtos químicos. “Nós éramos o terceiro maior produtor mundial e a Birla, o quarto”, comentou Ronaldo Silva Duarte, presidente da Columbian Chemicals para a América do Sul. “Juntos, passamos a deter a maior capacidade produtiva mundial de negro de fumo, com mais de 2 milhões de t/ano.” Além da capacidade, a compradora, até então exclusivamente dedicada a commodities, passou a contar com o portfólio de itens especiais desenvolvidos pela Columbian Chemicals.
Com isso, a Orion Engineered Carbons, companhia internacional pertencente a um grupo de investidores que comprou o negócio de negro de fumo da Evonik em agosto de 2011, ficou na terceira posição mundial. “Somos uma empresa recém-criada, mas com uma experiência de mais de cem anos no mercado de negro de fumo, no qual fomos pioneiros mundialmente, e temos fábrica moderna em Paulínia-SP, recebendo complementos de linha de nossas fábricas nos Estados Unidos e na Alemanha”, comentou Alvaro Lopes, diretor da Orion no Brasil. Ele informou que a empresa vai manter, por enquanto, a estratégia de negócios adotada pela antecessora, especialmente no setor de tintas, para o qual possui linha ampla de pigmentos.
Duarte, da Aditya Birla Columbian, considera a mudança de controle como um fator muito favorável à companhia, após ter sido comandada por um grupo financeiro. “Os investimentos voltaram, o grupo tem uma visão de crescimento no longo prazo e valoriza a experiência e o conhecimento que desenvolvemos aqui no Brasil e em outras unidades”, afirmou. “Além disso, o pessoal está muito motivado e conta com possibilidades reais de estudar no exterior e até fazer carreira internacional.”
A companhia investirá US$ 80 milhões no Brasil durante cinco anos, a começar em 2012, no qual já estão sendo aplicados US$ 16 milhões na melhoria da competitividade e sustentabilidade. “Mediante a aplicação de tecnologias criadas pela Columbian, reduziremos as emissões de CO2 e o consumo de água no processo”, salientou.
Ele também informou que o foco da companhia agora está mais direcionado às necessidades dos clientes e a expectativa é a de trazer ao Brasil novos negros de fumo especiais para tintas, com melhor relação de custo/benefício. “Eles dispersam melhor, têm elevada performance e preço mais baixo, vamos nos reposicionar no mercado, agora de forma mais agressiva”, salientou.
As fábricas de Cubatão-SP e Camaçari-BA, com capacidade conjunta de 267 mil t/ano (segundo dados da Abiquim de 2011), ambas do tipo furnace, são direcionadas para a produção de commodities, mais usadas em borracha, com alguns tipos especiais indicados para plásticos e tintas, nas linhas Raven e Copeblack. Duarte informa que é grande a possibilidade de as duas serem unificadas no futuro, permanecendo apenas a Raven. Com isso, o suprimento ao setor de tintas é feito mediante importação de especialidades das fábricas dos Estados Unidos e da Alemanha. “Estamos aperfeiçoando nossa logística de distribuição, acabamos de nomear a Residrox como distribuidora e vamos indicar outra em breve, substituindo a anterior”, explicou.