O mercado brasileiro de lubrificantes cresceu em 2017
Após dramática redução na demanda entre 2013 e 2016, o mercado reagiu e voltou a crescer no ano passado. Apesar da ótima notícia, tanto o mercado local como o global de lubrificantes seguem com grandes transformações em andamento, e os players do mercado nacional devem estar atentos aos novos desafios, riscos e incertezas, além das oportunidades que são esperadas em um cenário de transição ainda mais complexa os próximos anos.
Depois de atingir um pico histórico de 1,37 milhões de toneladas em 2013, a demanda brasileira de lubrificantes caiu mais de 20%, para um total de 1,08 milhão de toneladas em 2016, sendo mais duramente “nocauteada” nos anos de 2015 e 2016, quando sofreu o maior impacto da crise político-econômica que se instalou no país a partir do segundo semestre de 2014.
No ano passado, a demanda voltou a crescer (+6.2% comparado com 2016), chegando perto de 1,15 milhões de toneladas, o que é, sem dúvida, uma excelente notícia para todos os players do mercado de lubrificantes.
Apesar dessa importante e muito aguardada retomada do crescimento do mercado em 2017, nem de longe é hora dos players “baixarem a guarda”, como fez certa vez o lendário lutador brasileiro de MMA Anderson Silva em uma de suas últimas lutas no octógono do UFC, pois o mercado de lubrificantes continua passando por enormes transformações, e sendo fortemente impactado por velhos e por novos fundamentos, tanto do mercado global, bem como do próprio mercado brasileiro.
Consolidação do mercado – Em termos de market share do mercado brasileiro de lubrificantes no ano de 2017 (Figura 1) temos que os players associados à Plural (ex Sindicom) fecharam o ano com 82% do mercado total, os players associados ao Simepetro com 13%, e demais players independentes com 5%.
Essa divisão de mercado não é muito diferente da que foi observada em 2013, mas de lá para cá, o mercado brasileiro de lubrificantes vem sofrendo um processo de consolidação e de redução do número de empresas produtoras de lubrificantes. Segundo a ANP, em 2013 tínhamos um total de 134 produtores de lubrificantes, e em 2017 esse número caiu para 100 produtores, dos quais 30 deles fabricam seus produtos em instalações de terceiros (via toll manufacturing agreements).
Aliás, a consolidação do mercado está entre os principais mega trends do mercado de lubrificantes, e neste ponto vale também lembrar que em 2018 temos uma nova empresa que já nasceu líder no mercado, a Iconic (joint venture aprovada pelo CADE entre Ipiranga e Chevron em fevereiro de 2017), que com cerca de 24% de market share (com base nas vendas somadas da duas empresas em 2017, sendo 15% dos lubrificantes Ipiranga e 9% da linha Texaco, da Chevron) superou a Petrobras/BR (22,5%) hoje em segundo lugar em vendas de lubricantes no mercado brasileiro.
Apesar do processo de consolidação do mercado brasileiro de lubrificantes, o aumento da competitição é outro mega trend do setor, não somente nos lubrificantes acabados, como também no mercado de matérias-primas (em especial nos óleos básicos e aditivos) para a produção de lubrificantes e entre os principais canais de vendas (end users, distribuição, revenda).
O mercado brasileiro de lubrificantes é o sexto maior mercado mundial (Figura 2, dados de 2016, não incluídos óleos de processo e lubrificantes marítimos) e com perspectivas de crescimento de longo prazo muito acima da média global (CAGR 2016/21 <1% aa, dados da Kline & Co. de setembro de 2017), em especial quando comparado com os mercados dos EUA e da Europa, já maduros e com tendência de queda nos próximos anos.
Isso faz com que desde há muito tempo haja um grande interesse dos principais players globais no Brasil, em busca de novas oportunidades para aumentar suas vendas no mercado global de lubrificantes.Entre os outros mega trends que estarão impactando o mercado de lubrificantes nos próximos anos, temos velhos e novos fundamentos como: demanda global flat ou com baixo crescimento no longo prazo; aumento da qualidade dos lubrificantes acabados; aumento das capacidades de produção e oversupply de óleos básicos de alta qualidade (principalmente óleos GII e GIII); aumento da pressão de temas da qualidade, meio ambiente e novas regulamentações no mercado de lubrificantes; alta volatilidade dos preços de petróleo e feedstocks no mercado internacional; impactos da IMO/Marpol 2020; aumento da demanda por carros elétricos, etc.
O futuro da demanda nacional – Cerca de 70% da demanda total de lubrificantes acabados no Brasil está em aplicações automotivas (por exemplo, PCMO, HDMO, MCO, ATF, etc.). Após uma queda de 42% na produção de autoveículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) entre 2013 (recorde histórico com mais de 3,7 milhões de unidades produzidas) e 2016 (com taxa de ociosidade acima de 57%), finalmente no ano passado a indústria automotiva voltou a comemorar um crescimento na produção (+25,2% sobre 2016) de autoveículos (Figura 3), e também nas vendas no mercado doméstico (+9,2%) e nas exportações (+46,5%), o que foi bastante positivo também para o mercado de lubrificantes.
Para 2018 as previsões da Anfavea (Fevereiro/2018) seguem bastante positivas, com aumentos previstos tanto na produção (+13,2% sobre 2017), como nas vendas no mercado doméstico (+11,7%) e nas exportações (+5%).
Ainda sobre o setor automotivo em 2017, a produção de motos (Figura 3) registrou uma queda (-5% contra 2016), mas a Abraciclo prevê uma retomada do crescimento a partir de 2018, quando deverá crescer 5%. A produção de máquinas agrícolas e rodoviárias, que cresceu em 2017 (+1,8%), também tem uma previsão de crescimento para 2018 (+11,8%).
Outro fator bastante positivo para a demanda de lubrificantes foi a produção industrial (Figura 4) no Brasil, que após uma queda acumulada de mais de 17% entre 2013 e 2016, finalmente voltou a crescer em 2017, +2,5%.
As projeções de crescimento da produção industrial pelo Banco Central do Brasil (relatório Focus de 16/2/2018), de +3,5% para 2018 e +3,2% para 2019, também contribuem positivamente para um cenário mais otimista de crescimento da demanda de lubrificantes no mercado brasileiro neste período.
No longo prazo, a demanda de lubrificantes é fortemente correlacionada com o crescimento econômico e as últimas previsões do FMI (World Economic Outlook Outubro/2017 e WEO Update Janeiro/2018) apontam para um cenário mais positivo para o Brasil entre 2018 e 2022 com um aumento do PIB previsto de 2% aa (CAGR).
No caso do Brasil, vale citar que no período de 2005-2013, em que ocorreu o maior crescimento da demanda de lubrificantes, o crescimento do nosso mercado foi equivalente ao crescimento do PIB no período acrescido de quase 1,6% aa.
Ainda sobre o tema das previsões de crescimento do PIB no Brasil, e olhando no curto prazo para o período 2018/19, vale citar que as previsões do FMI (1,9% em 2018 e 2,1% em 2019) são bem mais conservadoras, quando comparadas com as previsões mais recentes do Banco Central do Brasil (2,8% e 3%), Itaú BBA (3% e 3,7%) e Santander (3,2% para ambos).
No longo prazo (2018/22), com base nas projeções de crescimento do PIB do FMI e na tendência de aumento da qualidade dos lubrificantes acabados (que também aumenta o intervalo entre as trocas), e no curto prazo (2018/19), com base na previsões de aumento da produção industrial e de autoveículos, nas perspectivas de juros baixos (taxa Selic atual em 6,75% aa) vs. o aumento do crédito e consumo das famílias, a LubeKem estima que a demanda de lubrificantes no Brasil deverá atingir um patamar entre 1,30 e 1,33 milhão de toneladas em 2022 (CAGR equivalente ao crescimento do PIB previsto entre 2018/22 mais 0,5% a 1% aa), conforme a Figura 5.
Por último, mas não menos importante, temas como a necessidade da redução da dívida pública, redução do intervencionismo do Estado, redução das barreiras ao comércio internacional, reformas tributária e da Previdência Social, Eleições 2018, entre outros, devem ficar “no radar” dos players de mercado, bem como seus potenciais impactos na economia como um todo, e na demanda de lubrificantes para os próximos anos no Brasil.
Impactos do mercado de petróleo – Como o mercado global de lubrificantes (e de forma ainda mais acentuado o mercado de óleos básicos) segue já há algum tempo oversupplied, o preço do petróleo, que impacta todos os principais componentes do custo de produção dos lubrificantes (Figura 6), direta ou indiretamente (no caso da competição dentro das refinarias pelo VGO, que é um feedstock tanto para a produção de óleos básicos como para combustíveis) continuará a ser um dos principais fatores de impacto nos preços e margens da cadeia de lubrificantes.
As variações mais acentuadas do preço do petróleo no mercado internacional amplificam de forma ainda mais dramática os riscos e incertezas nas margens dos produtores de lubrificantes, dado que não existem instrumentos de proteção de margens disponíveis, como instrumentos de hedging que podem ser utilizados pelos players do mercado de combustíveis.
As últimas previsões do departamento de energia dos EUA (US DOE, EIA Short Term Energy Outlook, Fevereiro/2018) apontam para um aumento do preço médio do petróleo no período 2018/19 de +US$ 12/bbl, chegando a US$ 62/bbl (Figura 7).
Neste cenário de alta volatilidade do preço do petróleo, o aumento previsto da produção de tight oil nos EUA (+1,9 MBD em 2018/19, Figura 7) deve intensificar ainda mais a briga pelo market share global no mercado de petróleo e outros líquidos, principalmente entre EUA e Opep.
Afora a “briga” particular entre EUA e Opep, também os aumentos da produção de petróleo previstos em 2018/19 no Brasil (Pré-Sal) e no Canadá (tar sands) certamente vão adicionar uma pressão extra sobre a volatilidade dos preços de petróleo e feedstocks no mercado internacional, o que, é claro, impactará o mercado de lubrificantes, aumentando também a pressão sobre os preços e margens de toda a cadeia de suprimentos desse mercado nos próximos anos.
Aumento da qualidade – Outro mega trend para o mercado global de lubrificantes é o aumento da qualidade dos lubrificantes acabados, quem vem sendo fortemente “puxado”, há vários anos, por temas como a fuel economy, redução de emissões, desenvolvimento de lubrificantes para aplicações fill for life, desenvolvimento de lubrificantes para máquinas e equipamentos em condições de operação mais extremas, aumento dos intervalos de troca de lubrificantes e ganhos de eficiência em geral.
Para melhor identificar os óleos lubrificantes quanto ao seu desempenho, algumas instituições e fabricantes de veículos criaram critérios de classificação que se tornaram referências mundiais, e entre essas instituições, duas são as mais importantes: o API (American Petroleum Institute) nos Estados Unidos e a ACEA (Association des Constructeurs Européens de l’Automobile) na Europa. Outra entidade também importante na identificação de óleos lubrificantes automotivos é o ILSAC (International Lubricants Standardization and Approval Committee) que une demandas de qualidade do mercado americano com as do mercado japonês, e que tem maior foco nos óleos de viscosidades mais baixas.
As classificações mais recentes no mercado global para motores a gasolina são a ILSAC GF-5 e API SN, introduzidas no final de 2010, e para os motores a Diesel, a classificação mais recente é a API CJ-4, projetada em 2007.
No Brasil a ANP, a resolução ANP 22/2014 proíbe desde 1º de janeiro de 2017 a produção e a importação de óleos lubrificantes com níveis de desempenho inferiores ao API SL, CH-4 e ACEA 2012, e a sua comercialização está proibida desde 30 de junho de 2017.
O aumento da qualidade dos lubrificantes no Brasil também resulta em um aumento das importações de óleos básicos, em especial dos óleos GII (que são produzidos apenas pela Lwart no Brasil) e GIII (não há produção no Brasil), conforme a Figura 8.
O mercado de aditivos também é impactado, uma vez que o aumento da qualidade dos lubrificantes acabados resulta no aumento da complexidade das formulações, e no uso de aditivos de mais alta tecnologia para garantir o desempenho do produto final nas aplicações.
Novas revisões e novos aumentos dos níveis mínimos de qualidade dos lubrificantes acabados já estão “no forno” no mercado global (API SN Plus previsto para março de 2018 e ILSAC GF-6 previsto para início de 2020), e é de se esperar também novos incrementos nos níveis mínimos de qualidade no mercado brasileiro, possivelmente a partir de 2020.
Estratégias da Petrobras em E&P – Novas estratégias e mudanças drásticas no mercado global de petróleo e gás, seja nas atividades de E&P, refino ou combustíveis, em geral sempre apresentam um “efeito colateral” no mercado global de lubrificantes, como de fato tem ocorrido ao longo dos últimos anos.
Assim como o desenvolvimento e aumento da produção do shale gas e do tight oil nos EUA foi um game changer que “virou de ponta cabeça” o mercado mundial de petróleo e energia, o aumento da produção global de clean fuels, mais especificamente o aumento da produção do diesel com baixos teores de enxofre (USLD, ultra low sulfur diesel, Figura 9) em várias regiões do planeta, tem sido (e continuará sendo até 2021, pelo menos) um verdadeiro game changer para o mercado global de lubrificantes e um dos grandes responsáveis pelo tsunami de novas capacidades de óleos básicos GII e GIII que temos presenciado desde 2011 nesse mercado (Figura 10).
Um outro game changer está surgindo a partir de 1º de janeiro de 2020, com a implementação do Anexo VI da Convenção Marpol da IMO (International Maritime Organization), que reduz o teores máximo de enxofre no mercado de bunker fuels de 3,5% para 0,5% (em peso), o que também deverá impactar o mercado global de lubrificantes.Embora ainda haja muitas incertezas sobre o cenário pós-2020 com o novo cap no teor de enxofre e seus impactos em um novo mix de produtos (MGO, MDO, LNG, HFO) a ser utilizado nos bunker fuels, esta mudança também vai impactar o mercado de lubrificantes com a necessidade de desenvolvimento de novas formulações de lubrificantes acabados e novos aditivos que atendam as necessidades operacionais dos motores marítimos vs. o consumo de novos tipos de combustíveis, e é claro que estes novos desenvolvimentos também impactarão o mercado de óleos básicos.
Em termos de custos para o mercado de lubrificantes com a Marpol 2020, deveremos ver um aumento significativo da demanda de destilados médios no mercado global de bunker fuels (em substituição ao consumo de HFO), e que deve resultar em um aumento dos prêmios de preço no Diesel e no VGO (principalmente no LS VGO), e nos fretes marítimos, todos esses itens importantes na cadeia de suprimentos do mercado de lubrificantes.
No Brasil o Plano Estratégico/Plano de Gestão de Negócios (PE/PGN) da Petrobras é a “coluna de sustentação” de toda a estratégia de petróleo e gás nas atividades de E&P, refino e combustíveis do mercado brasileiro, e as mudanças que têm ocorrido ao longo dos últimos anos têm impactado toda a cadeira downstream dos derivados, incluído é claro o mercado brasileiro de lubrificantes.
Entre as principais mudanças no mercado de petróleo e gás no Brasil nos últimos anos faz-se necessário citar:
• O novo marco regulatório de petróleo e gás, que inclui o polêmico aumento do conteúdo local em máquinas, equipamentos e serviços vs. o aumento da produção de petróleo, e cifras realmente bilionárias em novos leilões em E&P e royalties, mas também em disputas judiciais.
• Avenda de ativos e participações da Petrobras prevista em mais de US$ 34 bilhões entre 2015 e 2018, e que inclui negócios nas áreas de distribuição de gás, gasodutos, biocombustíveis, fertilizantes, química e petroquímica, campos de petróleo, etc.
• As três últimas revisões do PE/PGN da Petrobras (janeiro/2016, setembro/2016 e dezembro/2017) resultaram em uma forte concentração dos investimentos da empresa na área de E&P (Figura 11) em detrimento de outras áreas de negócios.
• A nova política de preços de combustíveis (gasolina, diesel) baseada na paridade de importação com os preços do mercado internacional e que considera também as variações na taxa de câmbio entre o R$ e o US$, resultou em um aumento bastante significativo dos prêmios de preço (Figura 12) no mercado local quando comparados os preços internacionais, e nas margens de lucro da Petrobras no refino de combustíveis.
Sobre a política de preços de combustíveis da Petrobras, a mídia e imprensa fazem muito alarde sobre este tema, mas de fato ele é muito importante, pois tem sido um dos chamados “4 pilares” do plano “capitaneado” por Pedro Parente (presidente da Petrobras) para a recuperação da empresa, juntamente com o aumento da eficiência no Capex e no Opex, e na busca de novas parcerias e desinvestimentos.
Como em quase tudo na vida sempre há efeitos colaterais em grandes mudanças, e não seria diferente com esta nova política de preços de combustíveis da Petrobras, que impactou negativamente as taxas de operação nas refinarias (Figura 13), incluído é claro a produção de óleos básicos, principalmente na Reduc e na Rlam.
Aliás, esses novos direcionamentos estratégicos da Petrobras têm impactado negativamente toda a cadeia produtiva downstream de derivados de petróleo, incluindo combustíveis, química, petroquímica e lubrificantes. De fato, é um fato digno de registro o espetacular trabalho da Petrobras no aumento da produção de petróleo e gás no Brasil, entre 2013 e 2017, e mais ainda quando consideramos as perspectivas de novos aumentos de produção previstos até 2022, conforme vemos na Figura 14.
Por outro lado, vemos que no período entre 2013 e 2017, foram registradas quedas significativas na produção de gasolina/diesel (-15%), de óleos básicos (-15%) e de nafta (-42%), o que aumentou ainda mais os déficits nas respectivas balanças comerciais dos mercados a jusante no Brasil.
Infelizmente com o atual “andar da carruagem” dos novos direcionamentos estratégicos da Petrobras, deveremos ver nos próximos anos um distanciamento ainda maior entre as curvas de produção de petróleo e gás vs. derivados.
De fato, é uma pena que não existam projetos downstream no Brasil para se aproveitar o enorme potencial de matérias-primas derivada do aumento da produção de petróleo e gás no Pré-Sal, que poderiam resultar em projetos de aumento da capacidade de produção no refino, óleos básicos de alta qualidade ou em química e petroquímica.
Vale comentar que nos EUA o boom da produção de shale gas e tight oil proporcionou também o desenvolvimento de muitos novos projetos downstream que vão agregar significativas margens adicionais na cadeia de suprimentos de petróleo e gás, o que deveria ser também analisado com maior atenção como alternativa factível para o mercado brasileiro.
Estratégias no mercado brasileiro – Ao longo de todo artigo falamos de fundamentos (novos e velhos), tanto do mercado global como do brasileiro, que estão impactando a cadeia de suprimentos do mercado de lubrificantes, a qual está inserida em um contexto ainda maior como parte da cadeia de suprimentos do petróleo no Brasil (Figura 15).
O cenário de grandes mudanças em ebulição no mercado global e brasileiro de lubrificantes, em última análise, resulta em aumento da pressão, riscos e incertezas sobre os preços e margens dos players de mercado. Isso torna necessária a busca “sem tréguas” de soluções para o aumento da competitividade da cadeia de valor e da rentabilidade futura, que em alguns casos é de vital importância até para a sobrevivência da empresa nos próximos anos.
Essa busca de soluções tem se concentrado principalmente em três grupos distintos:
• Soluções de aumento da produtividade do capital (uma outra maneira de dizer “vamos cortar custos e despesas”), que inclui downsizing, outsourcing, redução do budget de despesas/investimentos, etc.
• Soluções com o uso de ferramentas de gestão para aumento do valor não-monetário para o cliente, e que inclui a busca das “melhores práticas” p.ex. em sistemas de gestão/informação, logística, controle de estoques/qualidade, SAC, etc.
• Novos modelos de negócios e estratégias com foco no aumenta da competitividade da cadeia de valor da empresa
Os dois primeiros grupos de soluções têm, em geral, impactos de curto/médio prazo nos resultados das empresas e contribuem para o aumento da performance da empresa, porém o foco apenas nestes grupos de soluções resulta no final da contas em uma “transferência futura” dos ganhos obtidos com estas práticas para o cliente na forma de preços mais baixos.
Isso ocorre porque esse conjunto de soluções é mais fácil de copiar e de uma maneira ou de outra, especialmente em momentos de crise ou de baixa no mercado, todas empresas acabam trilhando o mesmo caminho.
Esse cenário em transição, embora complexo e desafiador para os players, cria também oportunidades de se buscar novos posicionamentos estratégicos mais favoráveis para a empresa no médio/longo prazo.
Para isso, e em conjunto com os demais grupos de soluções, é fundamental um foco maior em novos modelos de negócios e estratégias para se alcançar uma melhor rentabilidade no futuro, e a empresa só consegue isso aumentando a competitividade da sua cadeia de valor.
Para atingir esse objetivo, é necessária uma revisão e “ajuste fino” de toda a cadeia de valor da empresa (Figura 16, produção de lubrificantes acabados, com destaque na cadeia de suprimentos dos óleos básicos), a saber:
• Revisão de todas as atividades de valor da empresa, bem como do portfólio de produtos e mercados.
• Revisão da competitividade do seu conjunto de fornecedores (óleos básicos, aditivos, etc) vis-a-vis novas oportunidades no mercado local e no mercado internacional.
• Revisão dos clientes finais atendidos vs. os mercados que a empresa atua (ou pretende atuar), bem como a revisão dos canais de venda da empresa na distribuição e revenda, que devem ser os mais adequados para aumentar a competitividade da cadeia de valor no longo prazo.
Com o mercado local e global de lubrificantes em um grande processo de transição, a adoção de novos modelos de negócios e estratégias se torna imperativa para os players (em conjunto com soluções para o aumento da produtividade do capital e novas ferramentas de gestão) e é fundamental para o aumento da competitividade da cadeia de valor e da rentabilidade futura, ou até mesmo para a sobrevivência da empresa no mercado de lubrificantes nos próximos anos.
Texto: Claudio Pereira da Silva
O AUTOR
Claudio Pereira da Silva é sócio-diretor da LubeKem desde 2012, empresa de consultoria de negócios especializada nos mercados de lubrificantes, óleos básicos, Arla 32, química/petroquímica e petróleo/derivados. Desenvolveu uma carreira durante mais de 20 anos em empresas como ABB, Ultraquímica, Oxiteno, Arinos Química, Chimex Brasil, Grupo Mundial, assumindo cargos de responsabilidade e liderança em compras, vendas, distribuição, desenvolvimento de novos negócios, estratégias e comércio exterior.