Notícias – Tecnologia ambiental: Solução para construir, operar e manter estações
É fácil para um consultor da área de água e efluentes fazer um projeto de tratamento, passar a sua execução para um construtor e, depois de iniciada a operação, caso o resultado não seja o desejado pelo contratante, eximir-se da responsabilidade.
Simples: a culpa foi do cliente, que não operou adequadamente a estação, ou do construtor, que não executou o projeto da forma pedida.
E o construtor também pode se defender: o projeto não levou em consideração todas as características operacionais da unidade e, portanto, não pode ser responsabilizado pelas falhas do tratamento.
O jogo de empurra vai se alongar e no final quem vai precisar conviver com o problema será o cliente, que já pagou pela contratação da obra e precisará fazer a estação funcionar. Esse cenário é mais comum do que se possa imaginar.
Pois foi com a intenção de atacar esse tipo de problema que há um ano o P2 Brasil, fundo de infraestrutura gerido pelo Pátria Investimentos e a Promon Engenharia, criou a Nova Opersan, empresa especializada em ofertar soluções dedicadas e de serviços para tratamento de água e efluentes de indústrias e grandes centros comerciais.
O remédio para evitar essas situações: a Nova Opersan assume o risco da unidade, recebe por tarifa de água tratada e investe do próprio bolso para a estação funcionar.

Fruto de parte de uma captação de US$ 1.150 bilhão feita pelo P2 Brasil em agosto de 2011, a empresa reservou R$ 600 milhões para criar sua estrutura de oferta e bancar suas operações dedicadas até 2018, quando pretende alcançar a casa dos R$ 300 milhões em faturamento. A primeira movimentação do P2 foi se associar com a empresa de engenharia Enasa, de São Paulo, responsável pela concepção, construção e coordenação dos projetos, e com a Opersan, especializada em operação de unidade off-site de tratamento de efluentes (com estação em Jundiaí-SP). O fundo manteve o controle, com 60% da sociedade.
Logo em seguida houve a aquisição da Brasquip, empresa com estação de tratamento físico-químico contínuo e termocompressor a vácuo para separação de água e óleo em Jandira-SP. Em setembro de 2012, foi a vez da GT Ambiental, que conta com dez estações de tratamento em cidades de Minas Gerais: seis para efluentes sanitários e quatro para efluentes oleosos de máquinas pesadas para mineração. A aquisição mais recente, em 2013, foi dos ativos de água da Haztec: a HZT, responsável por mais de vinte contratos de BOT e de operação e manutenção; e a HAZ, a estação de tratamento de efluentes Gaiapan (dentro do site da produtora de cloro-soda Panamericana, em Santa Cruz, na região metropolitana do Rio de Janeiro). A negociação dobrou o tamanho da Nova Opersan (de R$ 50 milhões para R$ 100 milhões) e ampliou sua atuação – até então limitada a São Paulo e Minas Gerais – para todo o país.
“A oferta da empresa tem dois formatos: operação dedicada e a transferência de efluentes do cliente, via caminhão ou duto, como é o caso da unidade de Santa Cruz, para tratamento em nossas estações”, disse o presidente da Nova Opersan, Sergio Werneck Filho, executivo egresso do Pátria Investimentos.
Ao contrário dos serviços prestados pelas estações da empresa, de giro mais rápido, a operação dedicada é a oferta com caráter mais complexo, consultivo, pela qual vai ser desenhada a melhor solução para o cliente. Segundo Werneck, há três situações básicas nesse caso: o cliente, ao montar uma unidade nova ou fazer uma ampliação, permite que a Nova Opersan faça o investimento, a construção e opere uma estação nova de tratamento por prazo determinado, recebendo uma tarifa; o cliente vende sua estação para a empresa, para se capitalizar, e assina também um contrato de longo prazo; e, por fim, opta pela modalidade pura e simples de contratar o serviço de operação e manutenção, sem se desfazer de seu ativo.
De acordo com o diretor comercial da Nova Opersan, Fabricio Drumond, há, no momento, depois de cinco meses de trabalho comercial, por volta de R$ 250 milhões em propostas no mercado, sendo R$ 20 milhões em conversas avançadas. Segundo ele, o trabalho, de início, demanda um esforço extra para superar a característica cultural do país: muitas empresas preferem ser donas e operar suas estações. “Mas os possíveis clientes estão muito receptivos e começam a ver que é melhor delegar o serviço para especialistas. Principalmente porque nos comprometemos a não só investir, mas também a garantir água e tratamento ao menor custo possível”, explicou.
A estratégia da empresa é concorrer em projetos de pequeno e médio porte, apenas no mundo corporativo, que envolvam contratos de R$ 600 mil a R$ 50 milhões. “Acima disso a ideia é buscar um parceiro técnico para dividir o risco operacional”, revelou Werneck. Depois das aquisições, a empresa hoje conta com cerca de 300 funcionários. Embora atualmente 80% da receita se origine das empresas adquiridas, a meta para 2018 é fazer com que os novos contratos respondam por metade do faturado.
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