Análises: Micronal inicia programa de treinamento modular
Difundir os benefícios das técnicas analíticas aplicadas em vários setores industriais é o propósito do programa de atualização profissional iniciado pela empresa Micronal, de São Paulo, em abril e que terá continuidade até 31 de agosto. Trata-se do “Micro-Day”, um treinamento estruturado em módulos para aprimorar o conhecimento de pesquisadores, professores, chefes de laboratório e usuários dos setores alimentício, farmacêutico, químico e petroquímico, dentro do qual cada participante tem a oportunidade de aprender, trocar experiências e esclarecer dúvidas relacionadas às principais técnicas utilizadas em pesquisa e desenvolvimento, processos e controle de qualidade.
Com experiência de mais de 50 anos, a Micronal identificou lacunas de conhecimento que estariam prejudicando o maior desenvolvimento e a qualidade dos produtos e materiais fabricados pelas indústrias. Como fabricante de espectrofotômetros, fotômetros de chama, pHmetros, evaporadores rotativos e equipamentos para banhos-maria, e representante de 25 empresas internacionais do setor de equipamentos para análises de partículas, cromatografia, microscopia, metrologia, pesagem e reatores, a empresa resolveu programar o treinamento para colaborar mais estreitamente com os usuários.

“Nosso programa de treinamento foi estruturado para oferecer parâmetros metodológicos e difundir aplicações em seis setores [alimentos, farmacêutico, mineração e cerâmica, pesquisa, polímeros, químico e petroquímico], nos quais observamos interesse crescente pelo emprego de técnicas de metrologia e pesagem, cromatografia planar, titulação e pHmetria, análises térmicas, caracterização de partículas, espectrofotometria e reatores”, afirmou Henri Berghs, diretor técnico da divisão analítica da Micronal.
Para organizar o programa, a gerente nacional de vendas da empresa, Pilar Castro Sampron, contou com o apoio de dez gerentes de produtos e de especialistas de empresas representadas, convidados para ministrar as aulas na própria sede da empresa.
“Enviamos os comunicados antecipando a realização do Micro-Day para um mailing eletrônico composto por 15 mil profissionais, pesquisadores e professores ligados às instituições de ensino de química de todo o País”, afirmou Pilar. “Nossa intenção é destacar a importância dessas análises e contribuir para a sua aplicação junto às indústrias, tomando por base necessidades apontadas pelas próprias empresas.”
Na programação inaugural, promovida em 1° de abril, a especialista Daniela Soares apresentou o tema “Metrologia Aplicada à Pesagem”, abordando tópicos sobre como deve ser feito o cálculo de peso mínimo em balanças analíticas, de precisão e plataformas industriais, mostrando aos participantes a necessidade identificada nas indústrias de garantir o cumprimento dos critérios de controle de qualidade.
Nem sempre bem exploradas, as técnicas de análise térmica, como DSC (calorimetria de varredura exploratória), TGA (termogravimetria), DTA (análise térmica diferencial), TMA (análise termodinâmica) e TOA (análise termo óptica) contaram com grande destaque na programação. Empregadas para medir propriedades físicas das substâncias, como ponto de fusão, faixa de fusão e cristalização, essas técnicas têm papel fundamental no desenvolvimento de novos processos, caracterização de produtos e melhoria da qualidade.
Hoje, a maior parte das aplicações das técnicas de análise térmica está concentrada em caracterizações de polímeros, envolvendo análises de termoplásticos, termofixos e elastômeros. Seu emprego também tornou-se praticamente obrigatório para se determinar o fenômeno da transição vítrea em polímeros, embora existam vários outros setores se beneficiando do uso dessas técnicas.
Na indústria farmacêutica, as técnicas possibilitam desenvolver métodos, caracterizar e especificar ingredientes ativos e inativos, além de promover análises de segurança ou rotina durante os processos de controle de qualidade e também realizar estudos de estabilidade.
“Com o emprego de técnicas de análise térmica pode-se determinar com clareza e rapidez a presença de polimorfismo ou pseudopolimorfismo em amostras de produtos”, afirmou Rodrigo Maciel de Azevedo, gerente de produto da Micronal e responsável pelo treinamento nesse segmento.
Uma substância é considerada polimórfica quando se cristaliza de diferentes formas e com a mesma composição química. “As propriedades químicas das diferentes formas cristalinas são idênticas, mas o mesmo não ocorre com suas propriedades físicas, como solubilidade ou temperatura de fusão, fatores essenciais para que um princípio ativo produza os efeitos terapêuticos desejados no organismo”, afirmou Rodrigo.
Além de medir o fluxo de calor das substâncias empregadas pelas indústrias farmacêuticas, a DSC permite verificar a pureza química de um produto e tem grande utilidade em análises que objetivam verificar a compatibilidade de produtos.
“O princípio ativo deve se apresentar misturado com quantidades consideráveis de excipiente e, para que a formulação seja estável, o excipiente deverá ser um composto não-reagente com o princípio ativo”, acrescentou o especialista.
As técnicas de análise térmica também monitoram e analisam processos de aquecimento e resfriamento, como pasteurização, esterilização, cozimento, secagem e congelamento, amplamente empregados nas indústrias de alimentos. Com os recursos da DSC, pode-se levantar o grau de desnaturação das proteínas dos produtos.
“A desnaturação das proteínas, processo irreversível produzido em geral em intervalos de temperatura de 40°C a 100°C, não terá grande influência sobre a propriedade nutricional, mas irá interferir no sabor, estabilidade e solubilidade do produto”, explicou Rodrigo.

Por intermédio de análises térmicas, analisam-se a gelatinização de amidos que ocorre entre 50° C e 80° C, com uma entalpia de 7J/g a 11J/g, produzindo excesso de água, e supondo a ruptura da sua estrutura inicial, e também aquecimentos e resfriamentos de azeites e graxas, produtos passíveis de cristalizar-se em diferentes formas, a depender do tratamento térmico e da sua composição.
Segundo os especialistas da Micronal, outro setor que vem despertando interesse dos profissionais é o de química automatizada, prevendo a operação de reatores automáticos e sensores para a realização de análises em tempo real, que permitem controles mais precisos de todas as reações químicas.
“Muitas tecnologias foram desenvolvidas ao longo dos últimos 20 anos, e hoje as grandes empresas utilizam esses reatores para desenvolver produtos em curto espaço de tempo, descobrir todas ou quase todas as rotas de síntese ou formas cristalinas para registrar e garantir patentes ou, ainda, para efetuar reações em escala de laboratório e ganhar aumentos de escala”, informou Rodrigo.