Manutenção: Contratos de serviços em selos remuneram pelo desempenho
A EagleBurgmann do Brasil firmou em 2016 contratos de prestação de serviços remunerado por desempenho (performance) com Braskem, Deten e Solvay, mediante os quais realiza a gestão de ativos com foco em mais de 2 mil selos mecânicos e equipamentos rotativos aos quais estão acoplados. Esse tipo de contrato passou a ser oferecido pela empresa em 2015, refletindo a mudança de estratégia operacional implementada naquele ano.

A ideia é aumentar sua participação no setor de serviços especializados, garantindo a satisfação do cliente mas também buscando oportunidades de negócios em manutenção, reparos técnicos e venda de produtos substitutos. “Essa forma de atuação nos coloca mais próximos dos clientes, facilitando a oferta de novas tecnologias, e isso ajuda também o nosso departamento comercial”, comentou Benito de Domenico Jr., diretor geral da companhia. A EagleBurgmann é uma joint venture formada entre a japonesa Eagle (EKK) e a alemã Burgmann (do Grupo Freudenberg) logo depois da segunda guerra mundial, com atuação global em selos e vedações industriais.
Domenico explica que a cultura de contratos de performance é mais comum em empresas transnacionais, mas é interessante também para as nacionais. “Diferente do simples reparo, a gestão de ativos visa aumentar e garantir a disponibilidade do equipamento, evitando a descontinuidade da produção”, explicou. Pelo contrato, a companhia acompanha em tempo integral os indicadores mecânicos dos selos para orientar as estratégias de manutenção (preditiva ou corretiva).
Cada contrato tem algumas variações. Em alguns casos, a EagleBurgmann assume a responsabilidade por todos os selos instalados em toda a planta ou por alguma unidade de produção, caso no qual deve ser apontada a criticidade de cada equipamento para o processo produtivo.
Segundo o diretor, cada selo é classificado em uma escala de criticidade, com três níveis. O mais crítico prevê a resposta ao problema em menos de 24 horas. Uma segunda categoria exige resolver o problema existente em menos de 72 h, enquanto a terceira e menos crítica concede prazo máximo de uma semana. Exceder o prazo estabelecido provoca a imposição de multa contratual.
Em compensação, o prestador de serviço faz jus a um bônus quando melhora o índice de falhas dos equipamentos sob seus cuidados. “Temos uma remuneração fixa mensal, fixada no contrato, quando há um número grande de falhas, nosso custo fica acima da remuneração e perdemos dinheiro, porém quando conseguimos baixar o número de falhas, temos lucro, lembrando que o cliente possui o histórico de manutenção dos equipamentos”, salientou.
Essa modalidade de contrato é elogiada por Domenico, por estimular a melhoria contínua e a redução de falhas nos equipamentos. “Fazemos um monitoramento total das causas das falhas, com envolvimento total com o cliente”, afirmou.
Há casos em que é preciso substituir o selo, ou mesmo o equipamento rotativo (bombas, principalmente), seja pelo fim da vida útil ou pela adaptação a novas normas. “Em alguns casos, o contrato já prevê a substituição de alguns selos, mas há casos nos quais se requer modificações na caixa de selagem, por exemplo, nesses casos, a negociação é feita especificamente, cabendo ao cliente decidir o que será feito”, disse. Essas grandes empresas contratadas possuem departamentos internos de engenharia e manutenção que podem conduzir algumas intervenções.
No caso dos selos de outros fornecedores, a EagleBurgmann informa manter postura ética: desmonta os selos, mas não faz engenharia reversa para produzir peças sobressalentes. “Indicamos o que precisa ser comprado do fabricante original e, depois, só fazemos a montagem”, comentou.
Cada contrato exige um estudo aprofundado do seu objeto. Afinal, algumas unidades de produção já estão próximas de 40 anos de atividade. Embora bem cuidadas, essas instalações têm equipamentos construídas em outras épocas, sob normas diferentes das atuais. “O relacionamento precisa ser bem transparente desde o início”, recomendou.
Aliás, depois de um ano de vigência dos contratos, a EagleBurgmann já registrou algumas multas e bônus. Atualmente, essa modalidade está sendo aplicada em 11 plantas dos clientes citados, seis delas na Bahia e cinco em São Paulo. Outros clientes recorrem à companhia para reparos de selos instalados. Para cumprir os prazos acordados, a companhia mantém centros de serviços bem equipados em Lauro de Freitas-BA (o maior da empresa no país), Macaé-RJ (voltado para demandas da Petrobras), Rio Grande do Sul e em Campinas-SP, local onde opera a sua fábrica brasileira.
Os bons resultados dos primeiros contratos animam a companhia a buscar novos clientes para essa modalidade. “Enxergamos boas oportunidades no setor de papel e celulose, mas também há possibilidades interessantes na indústria química”, comentou. Também está prevista a oferta dessa modalidade para outros países da região.
Domenico vê uma concorrência forte por parte dos fabricantes de equipamentos rotativos e empresas de manutenção geral para disputar contratos de gestão de ativos. “Temos a vantagem de conhecer profundamente os selos mecânicos, uma tecnologia muito avançada e complexa”, disse.
No futuro, o contrato poderá ser ampliado, contando com o reforço de outras empresas do grupo alemão. A Klüber, por exemplo, especializada em lubrificantes, oferece um serviço de análise de desempenho de lubrificação que redunda em economia de energia. “Poderíamos pensar em um serviço integrado com eles, mas também há possibilidades em aplicar novas ferramentas de tecnologia da informação aos selos mecânicos, por exemplo”, finalizou.