Lubrificantes – Aditivos ficam mais sustentáveis
Também a indústria de aditivos para lubrificantes deve hoje desenvolver mais produtos calcados em insumos sustentáveis. Atualmente, “aditivos provenientes de fontes renováveis ou biodegradáveis estão em ascensão”, destaca Marcia Rios, gerente de aplicações industriais para a América Latina da Clariant. “Temos aditivos de fontes vegetais”, ela acrescenta, sem revelar, porém, quais são esses aditivos, nem suas respectivas bases.
Luiz Eduardo Santos, gerente do segmento industrial da Lubrizol, cita os ésteres de origem vegetal como um dos produtos mais usados no processo de integração de componentes de origem renovável aos lubrificantes industriais. “Os produtos formulados com bases de fontes renováveis são muito diferentes daqueles projetados para bases minerais, semissintéticas ou sintéticas de base petroquímica”, ressalta.
Na Miracema-Nuodex, conta a coordenadora de vendas Maria Silva Damásio, o portfólio de aditivos para lubrificantes inclui um éster de origem vegetal: o oleato de butila. “Mais recentemente, começamos a colocar no mercado um éster de base petroquímica”, complementa Maria.
Na indústria de lubrificantes, porém, hoje predomina a procura por ésteres contendo insumos de fontes renováveis, ressalta Cláudio Lopes, gerente no Brasil da Afton, fabricante de aditivos industriais e automotivos que, além de diversos produtos próprios, aqui comercializa a linha de ésteres da italiana Italmach. E tal procura, ressalva Lopes, por enquanto se concentra principalmente no setor da produção agrícola, no qual lubrificantes compostos com insumos biodegradáveis minimizam a possibilidade de contaminação do solo em caso de vazamentos.
E, de acordo com Lopes, a tecnologia dos lubrificantes precisa se vincular mais intrinsecamente não apenas às necessidades de desempenho dos equipamentos, mas também às mudanças nas regulamentações ambientais e laborais. Nesse contexto, precisa conviver com restrições a substâncias como fenóis e aromáticos, e com vários elementos – além do boro – listados como indesejáveis para muitas aplicações: cloro, zinco e fósforo, entre outros.
Atenta a esse movimento, a indústria de aditivos trabalha para substituir – sem perda de eficiência – vários componentes funcionais clássicos por novas substâncias. “É o caso dos óleos hidráulicos ashless (sem cinzas), ou seja: isentos de metais e, mais especificamente, sem zinco”, diz Lopes. “Vários fluidos de usinagem precisaram substituir as boroamidas (anticorrosivo/bacteriostático), por componentes isentos de boro”, exemplifica.
Há ainda, prossegue Lopes, outras questões desafiadoras: por exemplo, a eliminação do fósforo nos óleos lubrificantes de motor. “Esse elemento vem combinado com o zinco na molécula de dialquilditiofosfato de zinco, que é o agente antidesgaste. No entanto, ele acaba contribuindo para a redução da vida útil dos catalisadores e, por consequência, impacta negativamente o controle de emissões. Este é um caso no qual a indústria ainda trabalhará por muito tempo em busca de uma solução ideal”, prevê o gerente da Afton.
Diversificação e expansão – No segmento dos óleos hidráulicos, conta Santos, da Lubrizol, cresce a demanda pela chamada “tecnologia limpa”, destinada a combater a formação do verniz normalmente encontrado nos sistemas e nos reservatórios. “Para essa aplicação, temos tecnologia cujas bases são detergentes e dispersantes”, ele detalha.
Com fábrica em Belford Roxo-RJ, a Lubrizol realiza cerca de 80% de seu faturamento mundial de US$ 5 bilhões por ano com o fornecimento de aditivos para combustíveis e lubrificantes industriais e automotivos. “No ano passado, crescemos 5% no segmento dos lubrificantes industriais, em comparação com 2010”, informa Santos.
Maria, da Miracema-Nuodex, fala em crescimento “praticamente vegetativo” da demanda por aditivos para lubrificantes industriais no Brasil em 2011. “O mercado fala muito em maior consumo de lubrificantes pela indústria da energia eólica, mas cresce também o consumo pela indústria de fertilizantes e deve crescer o segmento automobilístico, até mesmo pelas montadoras que estão chegando ao Brasil”, avalia. A Miracema- Nuodex, revela Maria, planeja ampliar seus negócios em um mercado correlato: “Queremos atuar também no segmento dos biocidas para lubrificantes, utilizados pelos fabricantes para conservar suas bases.”

Márcia, da Clariant, vê o mercado “crescendo e se tornando cada vez mais exigente em parâmetros ambientais e de saúde ocupacional”. A empresa fornece tanto aditivos emulsionáveis em bases oleosas quanto solúveis em água (de maneira sucinta: óleos de corte podem ser definidos como lubrificantes solúveis em água). “Nosso principal diferencial é a especialização em produtos capazes de atender a mais de uma finalidade, como o Emulsogen COL 100, indicado para estabilizar emulsões semissintéticas para corte ou conformação de metais: ele atua como surfactante, tem alto poder dispersante, permite estabilizar emulsões em altas concentrações de sais e, adicionalmente, atua como inibidor de corrosão em sistemas óleo/água”, ela destaca.
Já a Afton, lembra Lopes, passou a atuar mais fortemente no segmento dos óleos de corte com a aquisição, há cerca de dois anos, da empresa Polartech. No Brasil, não tem fábricas: importa seus produtos de operações mantidas pela empresa em diversos países, e os armazena em dois terminais localizados no Rio de Janeiro-RJ e Duque de Caxias-RJ.
Na opinião de Lopes, o crescimento da economia brasileira, em especial o da indústria de combustíveis e lubrificantes, permite projetar um cenário “bastante promissor” para a indústria de aditivos: “Podemos destacar importante desempenho em quase todos os setores da economia: agroindústria, automotiva, construção, mecânica pesada, siderurgia, mineração, química, petróleo e petroquímica”, ele finaliza.
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