IYC 2011 – Ensino de Química – Cursos de todos os níveis devem ir além da formação científica

Química e Derivados, IYC 2011, Ensino de Química, Cursos devem ir além da formação científica

Há um consenso sobre a necessidade de reestruturar o ensino de Química no Brasil desde o ensino fundamental até a graduação superior. Os debates entre acadêmicos, profissionais do ramo e indústrias estão sendo conduzidos há quase dez anos, mas a implementação das mudanças é lenta por duas dificuldades básicas: identifica-se uma forte corrente conservadora quanto ao ensino da ciência, e também pela falta de unanimidade sobre como introduzir essas modificações nos cursos.

Química e Derivados, IYC 2011, O diagnóstico do problema está cristalizado: o perfil dos químicos que estão sendo formados não coincide exatamente com as necessidades da sociedade. Isso se traduz na dificuldade de adaptação crescente dos recém-formados aos ambientes de trabalho nas grandes empresas. Como aponta um artigo escrito por Márcio Rebouças, Ângelo Pinto e Jailson Andrade (“Qual é o perfil do profissional de Química que está sendo formado? Esse é o perfil de que a sociedade necessita?”), publicado no suplemento do volume 28 da revista Química Nova, órgão da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), em 2005, as exigências dos contratadores vão muito além dos conteúdos programáticos dos cursos superiores. Hoje são valorizadas características como comunicação interpessoal, redação e apresentação em público, capacidade de trabalhar em equipe, adaptação a novas tecnologias, postura ética, capacidade de liderança e espírito empreendedor, entre outras. Os autores agrupam essas competências em três eixos: técnico, comportamental, e gerencial/administrativo. E o desenvolvimento dessas habilidades está previsto nas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Química, atendendo à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394, de 1996), reforçando a importância das atividades complementares e extraclasse, como estágios, seminários e atuação em empresas juniores.

Até aqui, não há controvérsia. A forma de adaptar a formação superior a essas exigências abre o rol das dissidências. Uma das alternativas que estão sendo adotadas por várias escolas consiste na ramificação do curso de Química em várias diferentes habilitações voltadas diretamente a uma atividade específica, como a área ambiental, têxtil, de petróleo etc. Seria uma forma de aproveitar o bom desempenho econômico desses segmentos. “Essa especialização muito precoce não é interessante, mesmo porque ela vai limitar as opções profissionais futuras dos formados”, criticou Hans Viertler, professor emérito do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), há mais de trinta anos lecionando na instituição da qual foi diretor, além de membro da SBQ.

“A Química conseguiu evitar essa fragmentação durante décadas, ao contrário da Engenharia, que agora estuda a redução de cursos, considerada excessiva”, comentou. Para Viertler, o curso de Química precisa oferecer uma base sólida na ciência durante os primeiros anos. “Depois disso, cada aluno deve ter a liberdade para escolher as matérias que quiser, até mesmo nas áreas de humanidades”, recomendou, além de insistir em um forte lado experimental. Isso permite alguma especialização, porém não limita o acesso ao mercado de trabalho, nem compromete a qualidade da formação química. A especialização para valer está no doutorado. “Existem alguns cursos de mestrados profissionais na área química, reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), mas são voltados para formar pessoal qualificado para empresas”, comentou.

“É um erro imaginar que a universidade deve apenas formar profissionais para as indústrias, quando ela existe para gerar conhecimento”, alertou Viertler. Ele concorda com a avaliação geral de que a divisão tradicional do curso de graduação em orgânica, inorgânica, analítica e físico-química (como previsto nas diretrizes curriculares oficiais) está superada, exigindo ampliar a formação com aberturas para disciplinas ligadas à Biologia e à Física. A interdisciplinaridade entre as ciências é cada vez mais patente, porém é preciso preservar a identidade de cada uma delas. “A Química é a ciência ligada à identificação, à caracterização e à transformação das substâncias, tudo o que depende disso está na sua área de atuação”, ressaltou. Então, biotecnologia é química. Nanotecnologia é química, também.

Ante a uma inevitável proposta de reforma universitária, Viertler demonstra preocupação. “Não se constrói uma casa pelo telhado, mas pelo alicerce”, afirmou. “A universidade tem seus problemas, mas a prioridade deve ser dada ao ensino de ciências nos cursos médio e fundamental”, recomendou. Segundo ele, a deficiência na formação inicial prejudica o desenvolvimento da graduação, mesmo quando aplicada a peneira do exame vestibular.

“As crianças começam a aprender a Química pela estrutura atômica, ouvindo o professor dizer que o ácido sulfúrico é perigoso e outras coisas assim, isso gera uma aversão contra a ciência, parece que a Química é a culpada de todos os problemas do mundo”, criticou. Para ele, o ensino básico deveria ensinar os fundamentos das ciências naturais, até mesmo da Química, mas também da Matemática, Física e Biologia. Sem isso, a graduação precisa dedicar muito tempo para a equalização de conhecimentos entre os alunos, tarefa que acaba sendo diluída ao longo do curso, chegando até a pós-graduação.

Química e Derivados, Hans Viertler, Instituto de Química da USP (IQ-USP)
Viertler: deficiências no nível médio afetam o curso superior

Viertler se recorda da reforma universitária promovida em 1970, que já previa um ciclo básico de disciplinas de amplo alcance. “Isso foi feito, mas não houve uma adaptação adequada”, lamentou. “As disciplinas que eram anuais passaram a ser semestrais, mas na prática elas só se dividiram em parte 1 e 2.” O ciclo básico persiste, mas espalhado pelas várias escolas, com o pretexto de atender às especificidades de cada curso.

Além da interdisciplinaridade e da organização dos cursos, até mesmo a classificação profissional dos químicos interfere na graduação. “A normativa do Conselho Federal de Química está ultrapassada, mas ainda orienta a grade curricular”, informou. Ainda persistem reflexos das velhas leis regulamentadoras da década de 1950, que instauraram divergências entre bacharéis, licenciados, técnicos e químicos industriais.

Viertler elogia a existência de um núcleo forte dentro do IQ-USP voltado à apresentação didática da ciência. “Eles ensinam a aprender”, comentou. Além disso, outro núcleo desenvolve pesquisas de alto nível, grupo que conta com alguns professores excelentes. “Os docentes universitários precisam ter altíssima qualificação e contar com planos de pesquisa muito bem elaborados”, recomendou. Mesmo assim, ele aponta alguns problemas na formatação dos cursos. “Os alunos de graduação têm 40 horas de aula semanais, quando é que eles vão estudar? Como incluir mais disciplinas nessa grade?”, questionou. Segundo informou, muitas disciplinas são descritas pela simples cópia do índice de um livro-texto, sem a devida seleção dos itens mais importantes.

Viertler compara a situação da graduação em Química no Brasil com a da Inglaterra, país no qual também atuou. “O curso inglês é de três anos, com o terceiro em nível equivalente ao da nossa pós-graduação”, afirmou. “Mas lá eles têm ensino médio de alta qualidade.” Os conteúdos ministrados são bem parecidos entre os cursos dos dois países, mas os graus de dificuldade são diferentes, bem como o formato das aulas. Segundo Vietler, lá cada aula demora uma hora e meia, com o professor abordando cada tópico em seus aspectos mais relevantes. “Daí por diante, o aluno precisa fazer exercícios, ler textos complementares e se preparar para os debates semanais com o professor, nos quais são eliminadas as dúvidas e discutidos detalhes”, comentou. “Aluno brasileiro gosta de apostilas, não dá para fazer um bom curso sem os livros, sem uma boa biblioteca.”

Ele comentou que o ensino universitário europeu está passando por um processo de harmonização em todo o continente, um dos frutos da criação da União Europeia. No escopo do Projeto Bolonha, a graduação em Química em todo o continente será feita em três anos. “Há um curso semelhante na Federal do ABC, com o bacharelado em ciência e tecnologia”, afirmou. Aliás, a Resolução nº 2, de 18 de junho de 2007, do Ministério da Educação, define a carga horária mínima para o bacharelado em Química em 2.400 horas, a serem cumpridas em três ou quatro anos. Cabe lembrar que as universidades têm autonomia para definir os conteúdos de seus cursos.

Ele comentou que a formação de professores para o ensino médio conta com bons cursos, como a licenciatura em Química da própria USP, com duração de cinco anos. Na USP Leste (campus da Zona Leste da cidade) há também um curso de licenciatura em ciências que está voltado para preparar bons professores. “Recentemente, a universidade conseguiu ajustar um curso a distância para licenciatura em ciências, depois de muitas dificuldades”, informou. A ideia desse curso, que requer a presença física dos alunos em algumas aulas, era promover a reciclagem dos professores que estivessem atuando no ensino médio.

Viertler considera essencial a participação pessoal nas aulas práticas, normalmente realizadas em laboratórios. “É possível até conduzir aulas virtuais, mas elas só funcionam se o aluno já tiver alguma experiência prática anterior”, ressaltou. O avanço da tecnologia apoia o ensino. Ele citou estudos em microescala com resultados interessantes e também simulações computadorizadas.

Ensino médio – O ensino da Química para jovens no nível médio (o antigo colegial ou científico) exige reunir sólido conhecimento da ciência com excelentes ferramentas didáticas. E também uma boa dose de habilidade por parte dos professores. “É impossível agradar a todos, ainda mais nessa faixa etária”, comentou Luciana Oliveira de Lellis, integrante das comissões de divulgação e ensino superior do Conselho Regional de Química da 4ª região (CRQ-IV), chefe do departamento de ciências exatas da Unifeo, de Osasco-SP, química e mestre em educação científica pela USP.

“Não é que o ensino da Química seja chato, o problema é se os alunos aprendem ou não, independentemente da forma como os conteúdos são ministrados”, afirmou. Para ela, as melhores propostas apresentadas para o ensino da Química durante as discussões dos Planos Nacionais Curriculares partem de temas ligados ao cotidiano dos alunos para, em seguida, desenvolver os conceitos científicos necessários à sua formação. “Por exemplo, o professor pode ensinar cálculo estequiométrico com base em um boletim de operações de uma siderúrgica, explicando o processo e as reações químicas envolvidas passo a passo, com os respectivos cálculos”, salientou. “Embora seja um método muito interessante, pode ser que metade da turma ache essa abordagem uma chatice só.”

Apesar disso, ela ressalta a importância de partir de objetos e situações palpáveis e observáveis para com elas desenvolver os conceitos mais abstratos. “Ao contrário do que muita gente pensa, isso não prejudica a capacidade de abstração do jovem, muito pelo contrário”, enfatizou. Toda a proposta curricular do ensino médio nacional está voltada para que o aluno melhore a sua leitura e compreensão do mundo. “Nada melhor do que a Química para ajudar a entender a realidade”, afirmou.

Para Luciana, o formato tradicional das aulas de Química no ensino médio ainda prioriza um tipo de conhecimento inútil e mecânico, a chamada “decoreba”. Os alunos precisam decorar aquilo que não conseguem compreender imediatamente, como os nomes e as formas dos orbitais, e as famílias da tabela periódica dos elementos. Mas, como explicou, as propostas curriculares não são obrigatórias.

Química e Derivados, Luciana Oliveira de Lellis, CRQ-IV, UNIFEO
Luciana: temas do cotidiano ajudam a ensinar

“Já existem vários bons livros para essa faixa etária que seguem essa linha de ensino e algumas escolas, até mesmo da rede pública, os adotam”, comentou. Na rede estadual de ensino paulista, em 2008, foi introduzida uma proposta curricular compatível com a linha mestra desses parâmetros curriculares, buscando a integração entre ciência, tecnologia e sociedade (CTS). A implantação dessa diretriz levou à confecção de cadernos específicos para cada disciplina, desde o fundamental até o médio, nas modalidades para alunos e professores (estes com sugestões de abordagem e exemplos práticos).

Luciana participou da comissão que elaborou esses cadernos para o ensino da Química. “Posso garantir que os cadernos foram muito bem-feitos e montados de forma que permitam a cada professor fazer acréscimos, sem se tornar uma camisa de força”, explicou. Além disso, esses cadernos levaram em conta uma séria limitação da escola pública: a baixa carga horária. “A escola pública paulista oferece duas aulas de Química por semana, com duração de 50 minutos durante o dia e 45 minutos no curso noturno”, informou. “Isso é muito pouco, não permite criar vínculos com os alunos.” Para ela, seriam necessárias pelo menos três aulas semanais, embora ela admita que algumas escolas particulares cheguem a dar seis aulas por semana, práticas inclusive, porém com baixos resultados de aprendizagem. Aliás, “aula em laboratório não é a salvação da pátria”, ressaltou. Dessa forma, os cadernos limitaram o conteúdo aos pontos essenciais que pudessem ser efetivamente ministrados a cada ano.

Química e Derivados - Tabela - IYC 2011 - Ensino de Química - Números da Graduação
Tabela: Os números da graduação superior nas áreas ligadas à química no brasil - 2009 - Clique para ampliar

Embora a proposta seja admirável, houve falhas na implementação. “Os cadernos foram introduzidos também nos dois últimos anos do ensino, quebrando a sequência de aprendizagem e os professores não foram todos preparados para usá-los”, lamentou. Ela comentou que apenas os professores que estavam entrando na rede receberam naquele ano um treinamento a distância sobre o conteúdo e o método usado nos cadernos, com bons resultados. “Todos os professores da rede deveriam participar de um programa de formação continuada, há uma boa receptividade deles nesse sentido”, recomendou.

Luciana avalia como deficiente a formação de grande parte dos professores de Química na rede pública. “Há professores malformados até nos conteúdos da ciência, enquanto outros têm boa formação científica, mas são ruins em didática, ao lado de professores excelentes nos dois aspectos”, considerou. “Quando a deficiência é meramente metodológica, um pequeno apoio resolve.” Ela admite que essa formação precisa quebrar conceitos arraigados e também que a remuneração dos professores é ruim, a ponto de não atrair os melhores profissionais para a carreira.

Ela também aponta deficiências nas condições de ensino nas escolas públicas, a começar pelo grande número de alunos por sala. “Há uma luz no fim desse túnel”, ressaltou Luciana. “Os cadernos são um bom começo, mas o sistema não pode mudar quando muda o governo; é preciso pelo menos uns dez anos de trabalho para mostrar resultados, contando com as crianças que começaram a usar os cadernos desde o fundamental.” Mesmo assim, ela recomenda atenção com todas as disciplinas: “Aluno que não sabe Português e Matemática não aprende Química, pois não desenvolveu a estrutura de pensamento e linguagem.”

Cursos profissionalizantes – A formação dos técnicos químicos era feita durante e paralelamente ao ensino médio, com bons resultados. Desde 1998, os cursos foram separados por força da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, regulamentada pelo Decreto 2.308, de 1997. Com isso, a formação técnica mudou de nome para ensino profissionalizante, deixando de ter três anos e meio de duração para ficar restrita a quatro semestres.

“Essa mudança foi muito ruim, afastou os alunos da escola”, criticou Édina Marta Uzelin, professora e representante da qualidade na Escola Senai Mario Amato, em São Bernardo do Campo-SP, e também integrante da comissão de ensino técnico do CRQ-IV. Para ela, o formato antigo, combinando o ensino médio regular com o técnico, era mais efetivo. “O aluno ficava mais tempo na escola, as disciplinas de ambos os cursos eram integradas e complementares, além da possibilidade de oferecer disciplinas adicionais, como inglês técnico”, explicou.

A mudança normativa levou o Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Mario Amato a extinguir seu curso médio, que continuou sendo oferecido pelo Sesi – Serviço Social da Indústria. Mesmo assim, a escola permanece como referência na formação de técnicos químicos, cuja habilitação prevê a atuação em laboratórios e plantas químicas, controlando a qualidade de produtos e processos, desenvolvendo e aperfeiçoando produtos químicos, fundamentando suas ações em requisitos de sistemas de qualidade e na preservação ambiental.

Química e Derivados, Édina Marta Uzelin, SENAI Mario Amato São Bernardo do Campo-SP
Édina: curso técnico integrado era melhor

Na nova regulamentação, os ingressantes no curso profissionalizante precisam estar frequentando o ensino médio regular ou já tê-lo cumprido. “Sofremos, portanto, com as deficiências do ensino médio, exigindo retomar os conceitos básicos quando necessários, tomando parte do tempo das disciplinas”, criticou Édina. A cada ano, cerca de 90 técnicos completam sua formação na escola, com três semestres letivos e um de estágio obrigatório.

A estruturação do curso técnico em Química da Escola Senai Mario Amato foi feita com base na regulamentação profissional e também pelas necessidades das indústrias, levantadas mediante pesquisas. “Procuramos saber quais habilidades as indústrias estão buscando e incluir o máximo de conhecimento possível na formação, incluindo microbiologia e operações unitárias”, explicou. “Mas as demandas específicas não entram no curso de Química, mas podem levar à criação de cursos complementares.”

A Escola Mario Amato possui instalações dotadas de equipamentos e instrumentos atualizados, desde cromatógrafos e espectrômetros até instalações semi-industriais para operações unitárias e para processos de galvanoplastia. Todos os efluentes dos laboratórios são encaminhados para estação de tratamento da própria escola. Além das instalações didáticas, o complexo de São Bernardo do Campo conta com laboratórios para a prestação de serviços para interessados. Ao todo, são sete os laboratórios da escola acreditados pelo Inmetro, um deles voltado especificamente para a área de tintas e vernizes, no qual foram desenvolvidas as normas mínimas de qualidade patrocinadas pela Abrafati e convertidas em normas ABNT.

Édina observa que há poucos cursos técnicos de Química à disposição dos interessados. “É um curso caro, exige bons professores, laboratórios e equipamentos sofisticados, sem mencionar que vários reagentes usados têm uso controlado e exigem licenças, tudo isso é custo”, considerou. A chegada de cursos superiores de curta duração (de três anos) em áreas tecnológicas não chegou a afetar a procura pelo curso técnico da Escola Senai Mario Amato, segundo Édina. As vagas continuam sendo muito disputadas a cada ano. Além do curso técnico em Química, a escola mantém outros cursos profissionalizantes, em plásticos e cerâmica, e também cursos superiores e de pós-graduação.

Atrair os jovens – O futuro da Química depende da capacidade de atrair jovens interessados na ciência e de oferecer respostas às demandas mais urgentes da sociedade, entre elas o controle da poluição ambiental. Como observou o professor Hans Viertler, “a Química só avança quando há um problema para resolver, daí a importância de manter uma ligação com o mundo real, as indústrias e a comunidade”.

O interesse pela Química muitas vezes é despertado por fatos singelos, ainda na infância. Viertler nasceu na Áustria, onde viveu e estudou até o que seriam hoje as séries altas do ensino fundamental. “No primeiro ano ginasial, o professor misturou limalha de ferro com ácido clorídrico, liberando hidrogênio que ele fez explodir com uma chama”, comentou. Em seguida o professor misturou ferro e enxofre, sem nenhum resultado. Mas a mistura foi aquecida, até emanar o cheiro forte e característico dos gases sulfurosos. “Foi uma experiência bobinha, mas capaz de convencer os alunos de que ali houve transformações químicas; criou essa consciência nas nossas cabeças”, enfatizou. Esse primeiro contato foi reforçado com a leitura de um livro sobre polímeros, despertando em Viertler a paixão pela Química que o acompanhou pela vida toda.

De forma semelhante, até o segundo ano do ensino médio Luciana Oliveira de Lellis pretendia se tornar uma engenheira civil, seguindo o exemplo paterno. “Meu colégio oferecia aulas opcionais de laboratório químico no período da tarde e lá acabei me interessando por um projeto de pesquisa sobre reciclagem de materiais, com enfoque ambiental”, comentou. “Depois disso, decidi estudar Química.”

Um dos motivos para a criação do Ano Internacional da Química é exatamente recuperar entre os jovens a imagem da ciência como forma de transformar para melhor o mundo. Cabe a todos os profissionais e aos professores da área proporcionar experiências como as mencionadas acima.

 

[box_light]Leia também: IYC 2011 – Ensino de Química – Indústria precisa de quem sabe Química[/box_light]

[box_light]Leia também: IYC 2011 – Ensino de Química – Cientista recomenda aprofundar conceitos[/box_light]

[box_light]Saiba mais: IYC 2011 – Ensino de Química – Nanotecnologia ganha centro de P&D[/box_light]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.