Incineração – Responsabilidade ambiental mantêm aquecida demanda

Química e Derivados, Incinerador da Foxx Haztec em Belford Roxo-RJ foi reformado
Incinerador da Foxx Haztec em Belford Roxo-RJ foi reformado

Incineração – Responsabilidade ambiental mantêm aquecida a demanda pelo processamento de resíduos

No ano em que a economia brasileira passa pelo seu pior momento desde 1990, um período de ajustes, recessão e incertezas, o setor químico e petroquímico não escapa do aperto geral. Relatório recente do Banco HSBC aponta piora na situação geral com as dificuldades do setor de petróleo e gás e de construção civil, envolvidos nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras, conhecido como Operação Lava Jato.

Química e Derivados, Freire: incineração completa portfólio de tecnologias ambientais
Freire: incineração completa portfólio de tecnologias ambientais

Operando tradicionalmente a pleno vapor, a incineração de resíduos químicos apresenta, mesmo nesse contexto crítico, um desempenho relativamente estável.

“Vivemos um 2015 de grandes desafios”, afirma Enrico Valente Freire, gerente do incinerador da Essencis Soluções Ambientais.

“Os negócios estão razoavelmente estáveis, sendo afetados, principalmente, pela oscilação da produção nas áreas de químicos, petroquímicos, agroquímicos e da indústria farmacêutica”, completa.

O incinerador da Essencis, localizado em Taboão da Serra-SP, tem capacidade para processar aproximadamente 7 mil toneladas/ano, “produtividade perseguida incansavelmente” pela equipe. Esse é um número que, a rigor, pode variar em razão da qualidade dos resíduos incinerados e das rotinas de manutenção.

Mais otimista é a experiência de Márcio Marinho, gerente da unidade de Belford Roxo-RJ da Foxx Haztec: “Levando em consideração o primeiro trimestre de 2015, podemos dizer que o outlook para a Foxx Haztec é positivo, pois recebemos 52% a mais de resíduos em relação ao primeiro trimestre de 2014.”

Segundo ele, as demandas existem e fator determinante da fidelidade do parceiro é a qualidade do serviço e o preço competitivo no mercado: “Constantemente recebemos consultas de clientes. Isso evidencia que, mesmo com a desaceleração da economia, o mercado de incineração continua ativo. E também demonstra o compromisso ambiental de nossos clientes com a destinação correta de produtos perigosos”, comentou. A unidade de Belford Roxo incinera ao redor de 500 toneladas mensais.

Na contramão do desempenho previsto para a economia brasileira, Marinho aposta que 2015 será um bom ano, “pois a sazonalidade típica deste mercado aponta para uma atividade maior no segundo semestre”.

Freire considera a Essencis uma empresa de referência no mercado de incineração, que se diferencia pela capacidade de trabalhar com resíduos complexos: “Atendemos os principais clientes de incineração do país e trabalhamos próximos ao máximo de nossa capacidade”, diz.

A tecnologia de incineração é, segundo Freire, “a mais eficiente para destruição de resíduos orgânicos perigosos”. Normalmente, explica, “é a última opção dentre as tecnologias disponíveis para o tratamento ou valorização de resíduos”. Mas, “é extremamente competitiva” e viável no tratamento de resíduos gerados pelas indústrias de agroquímicos, farmacêutica, química e petroquímica, geradoras de produtos com elevado grau de toxicidade e mobilidade.

Freire relata que, no incinerador, esses resíduos são desintegrados e convertidos em dióxido de carbono, água e minerais. Essa é uma das tecnologias disponíveis disponibilizadas pela Essencis aos seus clientes: “Consideramos que essa tecnologia é estratégica em nosso portfólio, por causa dos requisitos de gestão de qualidade, segurança e processo exigidos e também pelo compromisso da empresa em fornecer soluções de multitecnologia de tratamento e valorização de resíduos para o mercado ambiental”, observa.

O processo de incineração da Essencis atende todas as exigências da legislação nacional, convenções e protocolos internacionais com relação a emissões atmosféricas e eficiência da destruição dos resíduos. A unidade de Taboão da Serra também oferece o serviço de armazenamento temporário de resíduos. Nesta tecnologia ocorre a decomposição térmica via oxidação à alta temperatura da parcela orgânica dos resíduos (900 a 1200ºC), transformando-a em uma fase gasosa e outra sólida, reduzindo o volume, o peso e as características de periculosidade dos resíduos.

Na opinião de Freire, não há concorrência entre os incineradores e os aterros. “Essas tecnologias se complementam. A escória inorgânica gerada nos processos de incineração tem como destino um aterro classe 1. Resíduos com baixo teor orgânico são pouco afetados por processos de incineração e são normalmente destinados para aterros classe 1”, explicou.

Marinho comenta que, para resíduos classe 1, avaliando técnica e ambientalmente, a incineração é a melhor opção, pois “além de eliminar a toxicidade e a patogenia dos resíduos, em alguns casos se consegue reduzir o volume em até 99%. Além da significativa redução do volume, a tecnologia de incineração proporciona, em certos casos, a possibilidade de aproveitar o conteúdo energético dos resíduos incinerados. O incinerador da Foxx Haztec gera em média 18% de cinzas de tudo que é processado. Esse número é atingido levando em consideração a elaboração do cardápio de queima para otimização da planta de incineração”.

Química e Derivados, Estimativa de geração de resíduos industriais em 2010 em São Paulo
• Não foram incluídas 172.215 toneladas de solo contaminado – Classe I – Perigoso. Os grupos das indústrias Metalúrgicas e Químicas respondem por praticamente 60% da geração de resíduos perigosos. As indústrias de açúcar e álcool respondem por cerca de 86% da geração dos resíduos não perigosos. Fonte: CETESB (2010), elaborado por CETESB (2013)

Perspectivas – Freire avalia que, depois de um difícil ano de 2015, a situação deve melhorar em 2016, com os principais negócios continuando a ser gerados pelos segmentos de químicos, agroquímicos e indústria farmacêutica. A longo prazo, a Essencis arquiteta investir em novas tecnologias para reduzir custos operacionais e, a partir daí, “tornar a incineração atrativa para outros segmentos da economia que identificam valor em processos de destruição/descaracterização de resíduos”.

Tomando como base o ano de 2014 e a projeção atual para 2015, Marinho acredita em “ótimas perspectivas para os próximos anos, pois cada vez temos mais leis, mais fiscalização e mais compromisso ambiental de nossos clientes.” E a empresa se prepara para, cada vez mais, “investir para prestar um serviço de excelência”.

Freire declara que a Essencis “investe muito e sistematicamente na melhoria de todas as suas tecnologias”, e a unidade de incineração não é uma exceção: “Existe uma busca incansável pela excelência operacional e sustentabilidade do negócio, que exigem planejamento e investimento constante”, ressalta.

A unidade de Belford Roxo está inserida no condomínio industrial da Bayer, mas se trata de um ativo 100% da Foxx Haztec. O incinerador passou por uma reforma completa, em 2014. A empresa divulga que investiu mais de R$ 3 milhões para atualização tecnológica. Agora, como observa Marinho, “todos os investimentos estão voltados para a manutenção periódica e as melhorias do processo”.

Química e Derivados, Sato: destino final de resíduos incumbe ao gerador
Sato: destino final de resíduos incumbe ao gerador

Cetesb – A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informa que há quatro incineradores licenciados para o tratamento de resíduos industriais perigosos no estado. Eles estão localizados nos municípios de Cosmópolis, Guaratinguetá, Suzano e Taboão da Serra. “A Cetesb exige dos geradores de resíduos perigosos uma adequada destinação”, mas, esclareceu Mauro Kazuo Sato, gerente do Departamento de Apoio Técnico da Diretoria de Controle e Licenciamento Ambiental, “as opções tecnológica e comercial são de responsabilidade do gerador”.

Por isso, há casos de envio de resíduos a outros Estados, como, por exemplo, para coprocessamento em fornos de cimento e para incineração no Rio de Janeiro e na Bahia. “Dessa forma, o número de instalações, seja no Estado de São Paulo ou em outro Estado, deve-se a um ajuste natural de mercado, sobre o qual a Cetesb não tem influência direta”, ressalvou.

Sato comentou que, em termos de tecnologia no Brasil e no exterior, grande parte dos incineradores de resíduos perigosos prestadores de serviço são do tipo “fornos rotativos” acoplados a uma câmara de combustão secundária. Os prestadores de serviço optam por esse modelo, pois ele permite, com ajuste da rotação do forno, controlar o tempo de permanência do resíduo na câmara primária de combustão.

A tecnologia de controle de poluição do ar existente permite que se atenda os mais restritivos limites de emissão internacionais. Atualmente, há uma tendência de se optar por controle de poluição do ar por via seca.

Como os prestadores de serviço têm que trabalhar com diferentes tipos de resíduos, eles devem enfrentar, segundo Sato, maior quantidade de problemas na operação destes incineradores de resíduos industriais. Uma boa eficiência no desempenho (e também nas magnitudes/características das emissões atmosféricas) do incinerador está relacionado à operação; por isso, atualmente tem se exigido monitores contínuos (de processo e de emissões), para alcançar uma condução efetiva, sem geração de produtos indesejados.

De acordo com o técnico da Cetesb, as licenças necessárias para o tratamento térmico de resíduos são aquelas comuns a todas as fontes de poluição listadas no artigo 57 do regulamento da Lei 997/76, aprovado pelo Decreto 8.468/76 e suas alterações, ou seja, Licenças Prévia, de Instalação e de Operação.

As informações hoje disponíveis no âmbito Estadual, quanto à geração de resíduos industriais, encontram-se no “Plano de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo”, item 10, pg. 118 a 128, disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/cpla/2014/10/29/plano-de-residuos-solidos-do-estado-de-sao-paulo-e-lancado/

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