Gestão – DuPont amplia foco no gerenciamento de produto
O aumento no rigor das regulações de substâncias químicas pelo mundo, movimento liderado principalmente pelo Reach europeu, tem feito a norte-americana DuPont aperfeiçoar globalmente o seu sistema de gerenciamento de produto, processo integrado que identifica, gerencia e reduz riscos de segurança, saúde e meio ambiente em todos os estágios do ciclo de vida do produto.
Prova da renovada importância do em inglês denominado product stewardship na companhia com faturamento global de US$ 30 bilhões foi a recente visita ao Brasil para uma série de treinamentos entre seus colaboradores do vice-presidente para assuntos regulatórios da DuPont, James Romine. “Apesar de já adotarmos essas ferramentas de gestão há muitos anos, ultimamente o tema ganhou importância capital para o grupo, sobretudo depois do Reach”, disse o executivo em entrevista exclusiva para Química e Derivados. “O Reach mudou o mundo”, reiterou Romine, PhD em química orgânica pela Universidade de Michigan, Estados Unidos.
Na sua opinião, com as discussões em torno do novo regulamento europeu, que passaram a receber os primeiros registros de substâncias em dezembro de 2010, mas cuja elaboração e envolvimento da indústria química mundial já remonta há dez anos, a regulação química passou a ser mais visível para todos. “O nosso trabalho de gerenciamento de produto, que inclui em sua base a adequação às legislações, passou a ser fundamental para manter os negócios da empresa por todo o mundo”, disse Romine.
Isso significa, em resumo, que antes de qualquer manipulação, uso de produto, desenvolvimento, as 13 unidades de negócios da DuPont precisam rastrear e documentar a adequação às várias legislações a que estão sujeitas, tarefa orientada sempre por um profissional especializado na área de gerenciamento de produto. E no caso do Reach, a mais rigorosa e que está provocando um efeito cascata em vários países que passam a criar sistemas semelhantes (caso dos Estados Unidos, por exemplo, que revisam atualmente sua regulação química Tsca), faz parte do trabalho operar apenas com fornecedores e clientes que também sigam as diretrizes da lei.

Para se adequar ao Reach, a DuPont prevê gastos totais de US$ 200 milhões em todas as etapas e tipos de registros até 2018. Segundo Romine, são 1.600 substâncias a serem registradas. Na primeira etapa, realizada no final do ano passado e voltada para substâncias produzidas ou importadas em volumes acima de 1.000 t por ano e as tóxicas ou carcinogênicas, a DuPont solicitou o registro de 99 insumos. “É um trabalho árduo e o pior é ter que fazer junto com várias outras empresas, já que o registro é feito por tipo de substância em regime de fóruns e consórcios de registrantes”, disse. “Mas vale a pena, aperfeiçoou nossas ferramentas de controle, e com o Reach também passamos a conhecer melhor o uso dos nossos produtos ao longo da cadeia”, afirmou Romine.
O executivo acredita que todos os países devem seguir o rigor de controle adotado pelo Reach, daí sua peregrinação global para envolver toda a empresa nos princípios do gerenciamento de produto. No Brasil, apesar de o governo ainda se mostrar apático a essa tendência, o caminho pode ser o mesmo. A despeito disso, porém, a empresa não poupa esforços para colocar a filial brasileira no mesmo nível de gestão de saúde, segurança e meio ambiente das demais unidades pelo mundo. “Não há gap entre o Brasil e as unidades europeias e americanas“, disse. Na atualidade, aliás, a DuPont contrata profissionais especializados em gerenciamento de produto e assuntos regulatórios para as unidades brasileiras. “A única necessidade que temos é melhorar a interconectividade entre todas as unidades nessa área.”