A empresa mundial de gases industriais AGA, prestes a comemorar 90 anos de atuação no Brasil, inaugurou no final de setembro uma fábrica situada ao lado da Rio Polímeros.
Futura craqueadora de etano de gás natural para a produção de eteno e resinas de polietileno.
As unidades são vizinhas de cerca, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e ligadas por duto, que conduzirá nitrogênio à petroquímica, onde será usado para movimentar fluxos de processo, inertizar tubulações, equipamentos e reservatórios.
Construída com a tecnologia mais moderna da companhia, pertencente ao grupo alemão Linde (faturamento de 9 bilhões de euros/ano.
A nova unidade apresenta produção de gases muito econômica, principalmente em consumo de eletricidade.
Orrebo – unidade também abastecerá a Reduc.
“Inicialmente, vamos produzir apenas nitrogênio, para atender à demanda da Rio Polímeros e também à da Refinaria Duque de Caxias e unidades contíguas”, explicou o diretor-comercial da AGA S.A., Karl-Ake Orrebo.
A nova fábrica tem capacidade para oferecer 6,5 mil m³/hora do gás, dos quais 4 mil m³ serão absorvidos pela petroquímica contígua quando estiver em operação, em regime de contratação firme (take or pay).
Ele informou que a refinaria já é suprida com nitrogênio produzido pela fábrica da AGA na cidade de Santa Cruz, trazido de caminhão.
O esquema produtivo da nova instalação, erguida com investimento de R$ 21 milhões, é semelhante ao de toda unidade criogênica: o ar é captado, desempoeirado e seco, conduzido depois para o turbocompressor multiestágio e daí para a torre de separação.
Os gases atmosféricos são, então, separados à medida que atingem seu ponto de condensação. Conforme a tecnologia empregada, as fábricas são mais produtivas e econômicas, graças a aperfeiçoamentos tecnológicos.
“Uma unidade moderna de gases do ar consome menos da metade da eletricidade requerida por uma fábrica de mesmo porte construída há quinze anos”, afirmou William Becker, gerente de contas da área de gases industriais da companhia.
De modo a garantir o suprimento de nitrogênio ao principal cliente, a unidade conta com dois tanques-pulmão de 100 mil litros cada.
No caso da planta fluminense, o oxigênio e o argônio serão liberados para a atmosfera, não constituindo, com isso, nenhum problema ambiental.
Para o futuro, no entanto, a AGA pretende investir no aproveitamento do oxigênio, mesmo com a presença de outros gases.
“Dá para se obter um gás com 80% a 90% de oxigênio, que pode ser aplicado no tratamento aeróbico de efluentes na região”, afirmou.
No mesmo local, a empresa fará a purificação da corrente de hidrogênio gerada como subproduto da Rio Polímeros.
Essa atividade deverá estar pronta para receber o gás em prazo de seis meses após a partida da petroquímica, prevista para abril de 2005.
Do ponto de vista estratégico, o diretor-comerical considera que o foco das atenções está voltado para China, mercado com grande potencial de crescimento, capaz de justificar a construção de várias unidades produtoras de gases.
Produtora de nitrogênio é ligada por duto à Rio Polímeros – esq.
Os maiores mercados do mundo se situam na Europa e nos EUA, mas são considerados maduros, com poucas oportunidades de crescimento, a não ser por meio de fusões de aquisições, como que foi feita entre Linde e AGA.
Houve rumores recentes a respeito de uma consolidação de posições entre Linde e a britânica BOC, mas, até o momento, as negociações não evoluíram. “Os acionistas de ambos os lados temem a desvalorização dos papéis a partir da operação”, explicou.
Na América do Sul, a AGA em novas unidades para atender a demanda da indústria de petróleo chilena. “Estamos investindo US$ 60 milhões em uma unidade para produzir 40 mil Nm³/h de hidrogênio, para iniciar operação naquela país em trinta meses”, comentou Orrebo.
O continente apresenta boas margens de lucro no negócio de gases, mas perdem atratividade no longo prazo, por causa das fortes variações no comportamento da economia de todos os países.