Gases Industriais: Fusão aponta reorganização do mercado


Duas dentre as grandes estrelas da constelação responsável pela produção mundial de gases atmosféricos industriais, buscam redefinir as coordenadas de acesso à geografia do consumo de seus produtos nas Américas, Ásia e na Europa. A estratégia vem sendo colocada em prática por meio da anunciada fusão da Praxair com a Linde, criando um gigante especializado na transformação de gases do ar, contemplando produtos como nitrogênio, oxigênio e argônio, além de outros, como o hidrogênio, voltados para vários segmentos econômicos.
A empresa denominada Linde plc (Public Limited Company), resultante dessa união, está em fase de constituição, inclusive legal, mas estimativas divulgadas, virtualmente, pela própria Linde e White Martins, subsidiária do grupo Praxair, já podem dar uma ideia sobre seu capital social e econômico. Além de empregar 80 mil pessoas e atender aos clientes de mais de cem países, a nova companhia deverá faturar anualmente US$ 29 bilhões e terá valor de mercado da ordem de US$ 70 bilhões.
Em nota, o CEO Steve Angel disse “ter o privilégio de gerir pessoas talentosas de duas organizações de classe mundial para que elas formem um player de irrefutável liderança no setor”. Acrescentou que a equipe sob sua liderança estará fortemente empenhada em gerar valor de longo prazo aos stakeholders da Linde plc.
Ao ser interpelada por mais informações sobre o negócio, a White Martins que, supre mais de 60% do mercado de gases industriais no Brasil, preferiu o silêncio. Justificou, por meio da sua assessoria de imprensa que não tem autorização para falar sobre impactos da fusão no Brasil, além dos conteúdos disponibilizados virtualmente pela Praxair. Um deles, por exemplo, aborda desafios, riscos e oportunidades advindos da união estratégica entre as duas companhias (veja box).

É certo que, graças à reconfiguração do mercado, entra na órbita da constelação de gases do ar uma espécie de meteoro disposto a repactuar o brilho das estrelas com mercado quase cativo para seus produtos no universo global. Trata-se da alemã Messer, cuja chama foi reacesa fora da Europa, por meio da aquisição da maior parte dos ativos remanescentes da Linde AG na América do Norte, assim como os de determinadas atividades da Linde e da Praxair, na América do Sul. O rearranjo do mercado avalizado pelos órgãos reguladores, por precaução concorrencial, foi celebrado pelo CEO da empresa, Stefan Messer, ao detalhar a reestruturação de seus negócios, que foram beneficiados com a mudança.
“Estamos aproveitando uma oportunidade singular de voltar aos mercados da América do Norte e do Sul. Isto transformará a Messer em um player global no setor, consolidando sua posição como a maior empresa familiar especializada em gases industriais em todo o mundo. Representa também um momento único na vida da empresa”, afirmou por meio de comunicado disponibilizado pela assessoria de imprensa no Brasil.
A joint venture denominada Messer Industries GmbH, que retrata o novo perfil da Messer, está sendo integralizada com a maioria das afiliadas do grupo na Europa Ocidental (Benelux, Dinamarca, Alemanha, França, Espanha, Suíça e Portugal), agregando também uma planta da Argélia, o que corresponde a um investimento total de US$ 3,6 bilhões (3,2 bilhões de euros). Com cerca de 830 empregados, essas unidades faturaram o equivalente a 339 milhões de euros e alcançaram um Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 54 milhões de euros, em 2018.
Também em 2018, segundo ele, as unidades adquiridas da Linde nos Estados Unidos, Canadá, Brasil e Colômbia, além da operação da Praxair no Chile, tiveram receita de US$ 1,8 bilhão (1,6 bilhão de euros), e um Ebitda de aproximadamente US$ 408 milhões (359 milhões de euros). Fortalecida por esses acréscimos patrimoniais, a empresa voltará a operar no Brasil, disputando com a Air Products, Air Liquide, Indústria Brasileira de Gases (IBG) e com a própria White Martins por meio da Linde plc, parte do volume de negócios movimentado pelo setor de gases industriais no País, estimado em R$ 5 bilhões/ano. A IBG, única representante brasileira na produção de gases industriais, com 18 plantas distribuídas em regiões estratégicas do país, bem que tentou ampliar seu market share de 3%, buscando arrematar os ativos da Linde no Brasil. A expansão lhe garantiria não apenas a melhoria de seu posicionamento frente aos concorrentes de maior peso no ranking setorial mas, sobretudo, mantê-la viva e “financeiramente saudável” conforme seu diretor-presidente a classifica.
Player veterano no mercado doméstico, Newton Oliveira contou que a empresa chegou a formular uma proposta aos acionistas da concorrente mas sua oferta foi preterida em favor da Messer, empresa cujo histórico anterior de atuação no Brasil, nos anos de 1990, ele conhece bem. Atuando há 28 anos no setor, Oliveira afirma ter acumulado experiência como empresário, até “passando por momentos difíceis, mas sempre operando com capital próprio, sem recorrer a empréstimos bancários”.
IBG e Air Liquide preparam reação à chegada de novo player
Ênfase no atendimento às necessidades de clientes, otimização da prestação de serviços e reforço nos diferenciais competitivos. É com esse tripé que a Air Liquide e a Indústria Brasileira de Gases (IBG) buscam preservar suas respectivas participações no mercado brasileiro de gases industriais, face aos impactos da fusão da Linde com a Praxair. Um dos efeitos é o provável aumento da concorrência interna provocada pela chegada de um novo player no Brasil, fruto da reengenharia econômica que resultou na redistribuição dos ativos da Linde e da Praxair, nas Américas, Ásia e na Europa, adquiridos pela Messer.

“No curto prazo, a intenção é continuar solidificando nossa presença geográfica no Brasil e, no médio e longo prazos, iremos trabalhar com clientes-âncoras. São esses parceiros que normalmente necessitam de grandes volumes de gases do ar, como hidrogênio e CO2”, justificou Alexandre Bassaneze, diretor geral da Air Liquide Brasil. A expectativa da empresa é poder expandir seus negócios no país, futuramente, ancorada na demanda específica desses clientes.
Algumas iniciativas visando à elevação de oferta de produção em determinadas regiões nacionais foram contempladas nos investimentos realizados entre 2012 e 2016, seguindo o planejamento estratégico da empresa. Bassaneze citou como exemplo a abertura de novas filiais, com foco no atendimento domiciliar, em Fortaleza-CE, Niterói-RJ e São José dos Campos-SP. “Agora, estamos abrindo clínicas em Salvador-BA e iniciando a operação de atendimento domiciliar também em Campo Grande-MS e Cuiabá-MT”, complementou. Disse também que a empresa está levantando aspectos que podem ser melhorados no atendimento, relativo a processos, produtos e serviços. “Temos uma série de aplicações tecnológicas que, quando aliadas aos nossos gases, tornam as atividades dos clientes mais sustentáveis, reduzindo o consumo ou o impacto ambiental. Queremos que eles fiquem satisfeitos e percebam a agregação de valor resultante de nossa parceria”, afirmou.

Para Newton Oliveira, diretor-presidente da IBG, o impacto da fusão “ainda representa uma incógnita”. Mas disse que, se necessário, a empresa tem margem para crescer, sem demandar investimentos novos em infraestrutura, até porque sua política é não depender de capital de terceiros. Contudo, por hora, o principal impedimento de expansões é a desaceleração econômica, que vem gerando forte desequilíbrio entre oferta e demanda. “Hoje, vendemos 40% da produção, ou seja, há uma grande ociosidade que pretendemos superar com o tão esperado reaquecimento”, justificou.
De acordo com a expectativa da companhia, não deverá ocorrer uma alteração muito grande no número de empresas que operam globalmente em gases industriais. O que aconteceu na prática, segundo o executivo, foi uma substituição de nomes, pois os bancos encarregados pelo negócio dividiram o mercado em três blocos: Ásia, Europa e Américas. “A partir daí, prospectaram potenciais compradores no mercado e venderam as operações não autorizadas pelos ‘Cades’ de cada país”, afirmou.
De qualquer forma, ele admite que após observar atentamente esses primeiros desdobramentos da fusão, notadamente em poder de quem ficou o espólio da Linde, tornou-se mais fácil planejar a reação da IBG, com base em dois fundamentos: conhecimento do histórico da passagem anterior da Messer pelo Brasil; e convicção de que tanto a Linde quanto a Messer dispõem de tecnologia e modus operandi semelhantes ao que existe no mercado.Com base nesse raciocínio, parece mais sensato trabalhar no fortalecimento e fidelização dos clientes via interação e atendimento, além de enfatizar a venda do que ele chama de produtos bem controlados, ou seja, em conformidade com as normas e certificações de qualidade e segurança vigentes.
Quanto à interação com os clientes, explicou que a empresa pratica um tipo de atendimento individualizado. “Por exemplo, muitas vezes eu mesmo vou visitá-los a fim de analisar de perto suas necessidades. Com isso, nossas respostas são processadas rapidamente e alinhadas aos seus objetivos. Dessa forma, contribuímos para agilizar suas decisões”, explicou.
Já os diferenciais da Air Liquide residem na confiabilidade, inovação e disponibilidade conforme sintetizou o diretor geral. “Ao comprar nossos produtos, os clientes podem ter a certeza de que serão bem atendidos, contando também com qualidade e uma cadeia de supply chain para suprir integralmente suas necessidades. E mesmo que optem por produtos em temperatura criogênica, alta pressão, inflamáveis ou oxidantes, os clientes serão atendidos também de forma segura”, afirmou Bassaneze.
Para o diretor geral da companhia, o impacto mais aguardado pelos fabricantes de gases industriais, em suas operações, é o da estabilidade e do crescimento econômico. Espera-se principalmente, segundo ele, novos investimentos em setores como petroquímica, química, siderurgia, óleo e gás, papel e celulose e outros, na forma de projetos inovadores, capazes de permitir a instalação de novas usinas, ampliando a capacidade produtiva.

Oliveira, diretor-presidente da IBG, concorda com isso, ao afirmar que, nos últimos anos, alguns segmentos da indústria brasileira, incluindo gases industriais, investiram em expansão de capacidades, mas ainda não obtiveram a devida contrapartida em termos de resultados econômicos. Com isso, o valor de mercado das empresas sofreu retração, inclusive motivada pela expectativa de baixa realização de Ebitda. O cenário tornou-se favorável, portanto, aos que têm dinheiro para comprar empresas e desfavorável aos que pretendem produzir e vender, segundo ele.
Oliveira nunca poderia comprar ativos, pois o Cade impediu as empresas de gases atuantes no Brasil, acusadas de Cartel, de comprar ativos da Linde ou da Praxair (WM). Conversa fiada dizer que fez proposta, etc. Reportagem ruim, realizada por alguém despreparado e sem conhecimento do mercado de gases.
Prezados, boa tarde!!!
Sou Químico e trabalhei em Indústrias, tais como:
– Nalco Produtos Químico Ltda;
– Companhia Nitroquímica Brasileira;
– GM General Motors do Brasil.
Tenho vasto conhecimento e experiências nas áreas de Produção, Operação e Laboratório.
Admiro muito as postagens dessa conceituada Empresa, vocês aceitariam um Curriculum meu???
Atte, Manoel Contato: (11) 98774-2395