Fitocosméticos: Empresa desenvolve novas moléculas do óleo de babaçu
A química natural está fazendo progressos no Brasil. De olho na demanda internacional crescente por ativos naturais, a Polytechno desenvolveu sete novas moléculas derivadas do óleo de babaçu “in natura”, extraído de amêndoas de palmeiras nativas e abundantes em toda a região amazônica.

Não bastassem as propriedades diferenciadas das novas matérias-primas para emprego nas indústrias cosmética e farmacêutica, uma delas em particular, a de babaçu amido propil trimetil cloreto de amônio, é considerada totalmente inovadora e exclusiva no mundo.
Trata-se de um quaternário de amônio, tensoativo catiônico com propriedades antiestáticas, emulsionantes e detergentes, desenvolvido para uso em formulações de condicionadores, máscaras capilares e cremes para pentear.
“Nós encontramos um novo caminho para chegar ao quaternário de amônio, partindo do óleo de babaçu em estado bruto, sem refino, e mantendo as características catiônicas da molécula”, afirmou Joãosinho A. Di Domenico, diretor técnico e industrial da Polytechno.
Em comparação com os convencionais, o “quaternário de amônio do óleo de babaçu trará maiores benefícios ao mercado, pois é mais biodegradável, menos irritante e conserva as propriedades antiestáticas intrínsecas ao óleo de babaçu porque os insaponificáveis permancem íntegros”, explicou Domenico.
Devidamente registradas junto ao CTFA – Cosmetic Toiletries Fragrance Association, dos Estados Unidos, os novos ingredientes já começam a despertar interesse no mercado italiano, onde a Polytechno possui uma plataforma de comercialização para toda a Europa e Ásia, graças a acordo firmado com a Vama Fitocosmética, sediada em Milão.
Para conservar as frações insaponificáveis do óleo de babaçu, que constituem a parte bioativa, responsável pela eficácia, a Polytechno tem cuidado ao comprar o óleo em estado bruto de empresas com operação e estrutura já consolidadas na Amazônia, firmando, por exemplo, contrato de fornecimento com a Oleama, companhia do Pará, fabricante de óleos e sabões.

De posse do óleo in natura, a Polytechno irá modificá-lo quimicamente, de acordo com seu uso, por intermédio de vários processos, como esterificação, amidação, quaternização, refino, anfoterização e sulfossucinatação.
“As indústrias químicas que trabalham com óleos vegetais fracionados destróem as frações insaponificáveis que constituem a parte bioativa, mas nós transformamos o óleo in natura sob vários processos, permitindo que seus derivados tenham diferentes formas de uso, inclusive hidrossolúveis, visando oferecer maior avanço tecnológico aos derivados oleoquímicos, nas formas de ésteres e surfactantes”, informou Alaor Pereira Lino, diretor de desenvolvimento de negócios da Polytechno.
“Em junho último, durante a realização do 6º Congresso Mundial de Surfactantes, a grande discussão foi como desenvolver novas formas para produzir surfactantes em função do aumento da demanda mundial e, ao expormos nosso trabalho às comunidades científicas da Alemanha, Itália e Japão, todas manifestaram interesse em estabelecer intercâmbio tecnológico conosco”, acrescentou Lino.
Florestas de babaçu – Considerada a segunda maior do mundo pela produção de 7 milhões de toneladas de óleo ao ano, a floresta brasileira de palmeiras de babaçu é formada por 25 bilhões de árvores e ocupa grandes extensões de terra nos estados do Maranhão, Piauí, Pará, Tocantins, totalizando área de cerca de 200 mil km2.
Uma palmeira de babaçu, que se mantém viva por até por 200 anos, começa a produzir castanhas aos 8 anos de idade. Cada árvore produz em média quatro cachos por ano, cada qual possuindo entre 200 até 600 frutos, cada qual contendo entre três a cinco amêndoas, com até 70% de óleo em sua composição.
Além de abundante, o óleo de babaçu possui ampla diversidade de ácidos graxos, como caprílico (4%), cáprico (5%), esteárico (7%), oléico (17%), linoléico (5%). Mas são as altas concentrações dos ácidos láurico (45%), miristico (18%) e palmítico (10%), utilizados em todo o mundo para a produção de tensoativos, os maiores atrativos para o aproveitamento dessas substâncias pelas indústrias químicas.
Considerado um lipídeo polifuncional para uso em formulações cosméticas, o óleo de babaçu atua como emoliente, reequilibrante do manto hidrolipídico, umectante, hidratante, reengordurante, lubrificante, dispersante de pigmentos e solubilizante de componentes lipofílicos.
Entre as novas moléculas derivadas do óleo desenvolvidas pela Polytechno incluem-se também os babaçuatos de cetila, isopropila, butila e de polietilenoglicol.
O babaçuato de cetila reúne propriedades emoliente, umectante, espessante e doadora de sedosidade, podendo ser empregado em emulsões, maquiagens, óleos corporais, máscaras capilares e condicionadores.
O babaçuato de isopropila promove maior espalhabilidade aos cremes, loções, maquiagens, condicionadores, máscaras capilares e faciais e óleos para banho. O babaçuato de butila oferece propriedades de emoliência, proporciona toque seco (não graxo) e atua como solubilizante de componentes lipofílicos e umectante de pigmentos, em formulações de cremes, loções, maquiagens, condicionadores, máscaras e óleos essenciais.
Com propriedades emulsionantes, emolientes e hidratantes, o babaçuato de polietilenoglicol é um tensoativo não-iônico que se aplica em cremes, loções, máscaras capilares e condicionadores. No rol dos desenvolvimentos também se destacam as novas moléculas de babaçu amido propril betaína e de babaçu monoetanolamida. A primeira caracteriza-se por ser um tensoativo anfótero, para emprego em meios ácido e alcalino, e que possui propriedades antiestática, tenso-ativa, detergente, doadora de viscosidade e redutor de irritabilidade, com recomendação de uso para xampús, condicionadores, sabonetes líquidos, banhos de espuma e sabonetes para higiene íntima. A segunda molécula refere-se a um tensoativo não-iônico, livre de dietanolamina, com grande aceitação na Europa, para uso como espessante em xampus, sabonetes líquidos, máscaras capilares e banhos de espuma. Joãosinho encontrou nova rota para quaternário de amônio.
Caríssimos.
Não há nenhuma novidade nisso.
Já faço estes tensoativos derivados não só do babaçu como também do óleo pko e do óleo de Coco da Bahia há anos. Tanto anionico, cationico, não ionico e anfotero. Todos usando a cadeia graxa dos referidos óleos inclusive as possibilidades dos produtos que podem ser fabricados a partir da amidoamina dos referidos óleos.