Fabricantes globais buscam concentrar negócios – TiO2

Química e Derivados - Sem investimentos em capacidades produtivas adicionais, fabricantes globais buscam concentrar negócios - TiO2

Sem investimentos em capacidades produtivas adicionais, fabricantes globais buscam concentrar negócios – TiO2

O mercado mundial de dióxido de titânio caminhava para registrar mais um ano de crescimento quando foi abalroado pelo novo coronavírus. As consultorias internacionais estudam os efeitos da pandemia sobre esse mercado, considerando problemas operacionais e logísticos na Ásia, principal centro produtor do pigmento, e sobre o comportamento dos mercados consumidores.

Avalia-se que o mercado mundial de TiO2 tenha consumido 6,4 milhões de toneladas em 2019, das quais 55% foram destinadas para a produção de tintas. A China é o maior produtor mundial, com estimados 45% da capacidade mundial de produção.

Nos últimos 40 anos, a demanda pelo pigmento apresentou crescimento médio anual de 3%, segundo a consultoria inglesa Artikol, embora tenham sido verificadas grandes variações durante o período, intercalando-se anos de alta e baixa demanda. A expectativa inicial da consultoria para 2020 e 2021 era de aumento de 5% ou mais no consumo mundial do TiO2.

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A consultoria Icis apontou redução das exportações de produtos chineses no primeiro trimestre de 2020, em grande parte atribuída às dificuldades logísticas para o suprimento de ilmenita para as fábricas e entre estas e os portos. A grande preocupação se concentra no atraso dos embarques naquele país.

Nos Estados Unidos, segundo a Icis, o mercado se manteve equilibrado no primeiro trimestre deste ano, com estoques suficientes para atender à demanda. Em março, verificou-se um aumento da procura pelo pigmento, pressionando as cotações. Porém, já se começava a sentir uma redução na atividade do setor automotivo e da construção civil, grandes consumidores do pigmento.

Na Europa, o mercado também se manteve equilibrado, porém com variações de comportamento em diferentes países. Também se verificou na região a redução dos negócios nos setores consumidores do pigmento.

O fator determinante para puxar os preços do TiO2 para cima é a oferta apertada de produtos chineses e os atrasos nos embarques programados, segundo os consultores. A situação tende a se reverter com o retorno ao normal das atividades econômicas na China. Falta saber como os consumidores se comportarão quando for superada a crise sanitária.

No Brasil – O mercado local está abastecido, mas a redução de atividade econômica é marcante, deprimindo os negócios. A duração e a intensidade da crise ainda são questões em aberto, exigindo acompanhamento constante. O mercado não parou por completo, porém.

“O mercado industrial de TiO2 em 2019 no Brasil foi próximo a 185 mil t, ou seja, relativamente estável em comparação a 2018. Já em 2019, em razão da boa demanda nos EUA e Europa, desenhava-se uma pressão de custos nos feedstocks e também uma tendência de alta de preço e logística nos produtos asiáticos, que representam 30% do mercado brasileiro”, comentou Luiz Maranho, gerente de negócios na Univar Solutions.

A Univar distribui com exclusividade os grades de dióxido de titânio cloro da Tronox (maior produtora mundial) para os mercados industriais no Brasil. “Temos também uma parceria de representação com a Venator, apenas para a nossa unidade de negócio Beauty & Personal Care no país.”

Maranho avalia o comportamento do mercado nacional em duas fases distintas: Pré-Covid-19 e Pós-Covid-19. “No primeiro trimestre deste ano, antes da pandemia, a expectativa dos mercados era de alguma recuperação frente a 2019, nos diversos subsegmentos: decorativas, revestimento, impressão, OEM, repintura, etc. A partir da imposição das medidas restritivas, na segunda metade de março, o cenário ficou bastante incerto. Neste momento, é difícil fazer um prognóstico com expectativas de PIB variando entre -9% e -5%”, afirmou.

José Carlos Menezes, gerente comercial da área de titânio da Bandeirante Brazmo, distribuidora dos pigmentos fabricados pela Chemours, acompanha com atenção os movimentos do mercado. “Estamos passando um momento de tremenda instabilidade na questão de demanda, com a maior parte dos clientes de tintas trabalhando com ocupação abaixo de 50%, e com um fator adicional que é a oscilação cambial, levando os compradores a postergar o máximo possível as aquisições”, afirmou.

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Menezes aponta o risco de o mercado voltar a substituir o pigmento de titânio pela máxima quantidade possível de cargas, com o objetivo de reduzir custos. “Quanto à concorrência, apesar da entrada de produto importado ter sido reduzida – principalmente o de procedência asiática –, os preços destes continuam bem abaixo do produto da Chemours, porém é importante comentar que a maior parte destes produtos é feita pela tecnologia de base sulfato, que insere na produção de tintas uma coloração final mais amarelada, enquanto o processo da Chemours, de base cloreto, elimina essa interferência na cor da tinta”, explicou.

“O setor de TiO2 foi impactado pelo Covid-19, como quase todos os setores da economia. No entanto, o dióxido de titânio pertence à cadeia de diversos mercados e produtos, muitos dos quais considerados essenciais ou críticos em meio à pandemia. Por esta razão, o impacto parece ter sido menor do que o verificado em outros setores”, avaliou Luiz Friedman, diretor de vendas da Ineos Pigments para a América Latina. “A forma como se dará a recuperação econômica é ainda um ponto de interrogação e a comunicação estreita com clientes e o mercado em geral será crucial para esta retomada.”

Friedman comentou que 2019 marcou o primeiro ano de operação da Ineos Pigments após a aquisição das plantas de dióxido de titânio da Cristal nos Estados Unidos. “O ano foi bastante positivo no sentido de consolidar a imagem e participação da Ineos no mercado, o qual se manteve relativamente estável com projeção de crescimento em 2020”, salientou.

Ele também ponderou que há vários anos o panorama da indústria de TiO2 apresenta poucos investimentos em aumentos de capacidade produtiva e permanece uma tendência de consolidação de empresas. “A expectativa é que esse panorama seja mantido, como reflexo das instabilidades cíclicas e constantes deste mercado”, afirmou.

Tintas imobiliárias – A pintura decorativa imobiliária representa o maior volume de tintas produzido em todo o mundo. No entanto, o segmento é o que apresenta maior flexibilidade nas formulações, buscando adequar os custos às demandas do mercado. O titânio garante a opacidade dos filmes secos, além de conferir cor e tonalidade, mas é apontado como ingrediente caro, sendo alvo de substituições, com o cuidado de não perder a qualidade do produto final, estabelecidas pelas normas ABNT.

“No segmento de tintas decorativas imobiliárias, há sempre uma preferência para produtos que possam não só otimizar as formulações dos clientes, mas também para aqueles que possam ser utilizados na maior quantidade possível de formulações, de forma a otimizar também inventários e logística”, considerou Friedman. “Neste sentido, a Ineos oferece um grade de excelentes propriedades e qualidades reconhecidas mundialmente, o RCL595. Para aplicações de altíssima durabilidade, a Ineos Pigments oferece o RCL696”.

A Bandeirante Brazmo distribui os pigmentos da Chemours, sendo que os grades R 902+, R 706 e R 900 são mais usados pela indústria de tintas decorativas, alterando suas propriedades. Menezes exemplificou:

– R 706 – indicado para interiores e exteriores, de fácil dispersão, ótima secagem e cobertura, oferecendo facilidade na retenção do brilho;

– R 900 – é ideal para interiores e tintas semibrilho, com alta resistência à corrosão e alta resistividade. Este grade também pode ser indicado para primers da linha automotiva;

– R 902+ – mais usual nas tintas para interiores e exteriores, traz excelente cobertura, mas também é aplicado no segmento de manutenção e de tintas em pó;

– TS 6300 – é utilizado principalmente nas tintas decorativas, tanto para exteriores como interiores, oferecendo excelente poder de cobertura para tintas que exigem pouco brilho. O TS 6300 foi desenvolvido com um tratamento de superfície inorgânico projetado que impede a aglomeração do pigmento, permitindo a máxima dispersão de luz. Este aumento da dispersão da luz resulta num poder de cobertura superior em revestimentos formulados acima dos níveis críticos de PVC.

“As principais exigências em termos de evolução de produtos de TiO2 se referem a garantir excelente dispersão e cobertura, facilitar com as resinas a retenção de brilho e não causar amarelamento”, comentou Menezes.

Por sua vez, a Univar indica os grades da Tronox para o mercado de tintas e plásticos, com destaque para as linhas TiONA 828, 826, 696, 595 e 288. “São produtos oriundos de processo cloro, com alto poder de cobertura, alvura e excelentes características de dispersão”, afirmou Maranho.

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Linha automotiva – Somando pintura original e repintura, é o segundo maior mercado da área de tintas. Por exigir desempenho técnico superior, auditado pelas montadoras e também pelas companhias de seguros (na repintura), as formulações tendem a ser mais estáveis ao longo do tempo, admitindo mudanças, porém mediante ensaios e negociações complexas. No ano passado, a produção automobilística brasileira foi impactada pela redução das vendas para a Argentina, que já estava em dificuldades econômicas. Em 2020, com a Covid-19, a produção de veículos novos de passeio foi muito prejudicada a partir de março.

“A Ineos Pigments participa ativamente do segmento de pinturas automotivas, fornecendo três grades principais: RCL595, RCL596 e o RCL9, utilizados em âmbito global, tanto em OEM como em car refinish”, apontou Friedman.

Menezes aponta o uso do R 103, da Chemours, para plásticos aplicados ao setor automotivo que precisam apresentar cor branca bem definida, com alta durabilidade. Esse setor industrial também consome o grade R 900 nos primers.

Avanços nos plásticos – A transformação de plásticos atende a uma pletora de aplicações, muitas delas até impulsionadas pela pandemia, caso dos artigos de uso hospitalar e de alguns descartáveis, usados para entrega de comida pronta em domicílio, além de materiais de embalagem para alimentos. Outros segmentos, como autopeças, foram deprimidos, porém.

Friedman, da Ineos Pigments, indica o grade RCL188, de excelente dispersão, além do RCL4, ambos para aplicações no setor de plásticos. “Também oferecemos o RCL696 para aplicações que requeiram alta durabilidade, além do RCL4” ressaltou.

Ao setor de plásticos, Menezes apresenta opções de desenvolver e comercializar os grades R 103, R 104 e R 105, com os seguintes detalhes:

– R 103 – aplicação na linha automotiva que exige branco bem definido, e para embalagens exceto de alimentos, como saneantes, moveleiros e calçadistas. Apresenta elevada resistência à descoloração, alta proteção contra UV, forte aderência a substratos de PVC e carrega sub tom azulado na avaliação colorimétrica.

– R 104 – aplicação em embalagens de alimentos e filmes refletivos, principalmente termoplásticos com alta concentração de pigmentos. Também tem características de sub tom azulado, excelente compatibilidade com polímeros e alta dispersão.

– R 105 – aplicação em plásticos para exteriores, principalmente polímeros vinílicos, filmes com base em PP e PE para exteriores e uso agrícola. Tem características de alta durabilidade para aplicações externas, refletibilidade e retenção de brilho

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Como novidade, a distribuidora Bandeirante Brazmo apresenta o TS 4657 para a produção de tintas de impressão. “Este produto, de base cloreto, tem baixa abrasão, com isso, consegue reduzir o desgaste em máquina na transferência das tintas para o substrato em questão”, explicou Menezes. O TS 4657 intensifica a brancura, além de proporcionar maior opacidade e formar um filme mais fino. “Assim, é possível utilizar menos titânio nas formulações”, salientou.

Como explicou, os grades de TiO2 da Chemours citados também podem ser aplicados em situações específicas de outros segmentos de mercado, como têxtil, saneantes, produção de móveis, mineração e construção civil.

“O dióxido de titânio é fundamental para da Bandeirante Brazmo, com longa e destacada atuação no setor de tintas, tanto por contribuir fortemente para a venda de outros itens do portfólio, quanto pelo seu alto valor, que influi no resultado da empresa”, comentou Menezes, salientando que a distribuidora atua com abrangência nacional.

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