Estabilizadores de UV: Cresce a concorrência

Cresce a concorrência na proteção das tintas

A Ciba Especialidades Química e a Clariant ganharão companhia no mercado brasileiro de estabilizadores ultravioleta (UV) para tintas.

Até o final deste ano, a Quiminutri Especialidades Químicas inicia a comercialização dos aditivos, representando no Brasil os produtos do grupo holandês IGM Resins.

Também esta prevista para o final do ano uma decisão estratégica do grupo norte-americano Cytec em relação ao seu posicionamento no mercado de estabilizadores UV.

Como informa o gerente de vendas Cássio Martins, a Cytec, que tem forte presença no segmento de estabilizadores UV para aplicações em plásticos, mas apresenta uma presença tímida nas aplicações em tintas, deverá reformular sua estratégia, tornando-a mais agressiva no segmento de tintas ou abdicando do negócio. Ciba, Clariant e Quiminutri possuem estratégia e perspectivas distintas de mercado.

Nenhuma dos quatro players revela seus números ou divulga projeções sobre a demanda brasileira de estabilizadores UV.

Estima-se que o segmento de tintas represente 1/3 dos negócios em estabilizadores de UV, sendo o segmento de plásticos o principal consumidor, e cosméticos, têxteis e fibras de vidro os demais mercados relevantes.

Entre as aplicações em tintas, os segmentos de tintas automotivas – originais e repinturas – são os principais consumidores, demandando praticamente 50% das encomendas.

Os vernizes para madeiras representam por volta de 25% dos negócios; as tintas industriais outros 20% e o restante é usado em tintas decorativas, nas linhas de esmaltes.

A radiação ultravioleta quebra a estrutura das resinas que compõem as tintas, gerando o desgaste de cor e brilho.

Os estabilizadores de UV têm a função de mitigar esses efeitos.

São dois os grupos de estabilizadores utilizados em tintas, os absorvedores de radicais livres, conhecidos como HALS, sigla para Hindered Amiene Amorim, gerente de vendas da Ciba, os absorvedores de UV atuam na faixa de radiação ultravioleta de 315 a 380 nanometros e tem como principal característica a absorção da luz UV e sua dissipação, funcionando como um filtro, evitando a degradação do polímero.

Os absorvedores agem principalmente contra mudanças de cor, blistering e perda de adesão. Como a eficácia de absorção não é total, é preciso sequestar os radicais livres formados na superfície da tinta, fazendo com que eles retornem à sua estrutura inicial.

As linhas de estabilizantes HALS agem principalmente contra a redução de brilho craqueamento e chalking.

Uma formulação de tinta adequada combina o uso de aborvedores e bloqueadores de ultravioleta. Uma simulação elaborada pela Ciba, por meio de testes realizados na Flórida, Estados Unidos, com uma base coat metálica, apontou que após dez meses de exposição, uma tinta sem proteção de estabilizadores de UV já perde sua característica de brilho, passando para semibrilho e, em trinta meses, já está totalmente fosca.

A mesma tinta, apenas enriquecida com absorvedores de UV, apresentou uma perda de brilho muito mais gradual, chegando aos trinta meses ainda com características de semibrilho e levando cinqüenta meses para degradar até a condição de fosca.

Uma terceira versão da mesma tinta, agora aditivada com absorvedores e HALS, foi capaz de chegar a sessenta meses de exposição ainda com características de semibrilho.

Evolução tecnológica – Os primeiros absorvedores de UV chegaram ao mercado em meados dos anos 70 do século passado, primeiro, por meio das tecnologias das benzofenonas e oxalanilidas e depois com a tecnologia dos benzotriazois (BTZ).

Nos anos 90 foi desenvolvida a tecnologia das triazinas (HPT de hydroxyphenyltriazines), considerada mais efi ciente. Já a tecnologia HALS é de 1985.

Eider Amorim relata que a Ciba 2008 – outubro – Química e Derivados vem apresentando ao mercado uma nova geração de absorvedores com base em triazinas, batizada de Advanced HPT’s, lançada mundialmente em 2007.

Química e Derivados, Amorim, gerente de vendas da Ciba, Estabilizadores de UV - Cresce a concorrência na proteção das tintas
Amorim: exista tecnologia para-estabilizar sistemas aquosos

“São absorvedores de alta performance, que apresentam uma proteção superior tanto em foto como em termo permanência, o que significa menos influência tanto de temperatura quanto da luz UV, conseguida com uma menor concentração do produto, apresentando assim uma boa relação de custo/benefício”, diz o executivo.

Segundo Amorim, nos últimos anos a maioria dos fabricantes de tintas automotivas originais realizaram uma migração dos aditivos à base de benzotriazois para os aditivos em triazinas.

A expectativa agora é que esses fabricantes adotem os absorvedores HPT’s de nova geração.

“Testes nesse sentido já estão sendo realizados”, informa o executivo. Entre os fabricantes de vernizes para madeira, a tendência, avalia o executivo da Ciba, é que eles migrem diretamente dos aditivos BTZ para os Advanced HPT’s.

Outra inovação em curso na Ciba é a adequação dos estabilizadores para a aplicação em sistemas de tintas à base d’água, cujos primeiros produtos já chegaram ao mercado.

“Estamos usando a tecnologia de microencapsulamento com base em nanotecnologia para isso. Hoje podemos dizer que não existem mais limitadores tecnológicos para usar estabilizadores de UV em tintas base d’água”, diz Amorim.

O nome comercial das linhas de estabilizadores de ultravioleta da Ciba é Tinuvin; a empresa mantém versões dos aditivos em benzotriazois, triazinas e triazinas avançadas.

Os produtos são importados das unidades da empresa nos Estados Unidos e na Suíça. Uma tendência de mercado, relata Amorim, é a comercialização de blendas prontas de absorvedores e HALS.

“É uma comodidade para o cliente e também uma fórmula de reduzir riscos de erros no balanceamento entre absorvedores e HALS na formulação da tinta”, diz o executivo.

Segundo Amorim, a Ciba é líder no mercado de estabilizadores de UV, posição alcançada em decorrência de três fatores: um amplo portfólio de produtos, inovação constante e serviços ao cliente.

Entre os serviços prestados, relata Amorim, está o de testes laboratoriais, ajudando cada cliente a chegar a uma solução adequada de especifi cação e quantidade de estabilizadores para seus produtos.

“Nesse mercado não existe uma solução-padrão. Para cada necessidade, há uma solução diferente e é preciso chegar à relação custo/benefício mais adequada para a aplicação”, diz o executivo.

Além dos testes realizados em laboratórios próprios, a Ciba mantém um acordo com a Atlas, empresa especializada em testes avançados de intemperismo.

Aditivos solúveis– No Brasil, o ainda pequeno, mas crescente negócio de tintas aquosas é o principal foco da atuação da Clariant no mercado de estabilizadores de ultravioleta.

Química e Derivados, Milton Yoshio Uehara, coordenador técnico, Estabilizadores UV
Milton Yoshio Uehara: linha adptada para atender base d’agua

“Hoje a evolução das tintas é no sentido dos sistemas base d’água e a estratégia da Clariant está voltada para adequar seus produtos para atender à demanda por soluções aquosas”, diz o coordenador técnico Milton Yoshio Uehara.

No caso dos absorvedores de UV, tradicionalmente comercializados em fórmula de pó, o desenvolvimento tecnológico da Clariant seguiu na direção dos aditivos solúveis em sistemas aquosos, como a fórmula líquida Hostavin Dispersion, produto voltado principalmente para aplicações em vernizes automotivos.

“No Brasil, o produto já está em testes entre fabricantes de tintas automotivas que trabalham com sistemas aquosos”, informa o vendedor técnico Antonio Carlos Ferracioli.

A estratégia da Clariant também é baseada na importação de estabilizadores UV, que, no caso da companhia, são fabricados na França e na Suíça.

A tecnologia dos estabilizadores Clariant é baseada em benzotriazois, benzofenonas e oxalanilidas. Como informa Ferracioli, os absorvedores e HALS são comercializados separados ou em blendas.

Química e Derivados, Antonio Carlos Ferracioli, vendedor técnico, Estabilizadores de UV
Antonio Carlos Ferracioli: mercado tende a preferir as blendas prontas

“A tendência é de crescimento do formato blend, uma vez que o custo para o cliente é similar, mas ele recebe um produto já dosado e balanceado, facilitando seu processo de produção. Hoje, só os formuladores mais conservadores ainda optam por realizar a formulação na própria empresa”, afirma o executivo.

Na Clariant, as blendas já são importadas prontas, mas, como informa Ferracioli, há disponível uma grande variedade de opções de blendas, permitindo aos clientes alcançar, com o apoio técnico da Clariant, a formulação mais adequada à sua necessidade.

Patentes caducas– A entrante Quiminutri importará a linha de estabilizadores ultravioleta Omnistab, à base de benzotriazois, produzidos pela holandesa IGM Resins na China.

A estratégia prevê ainda complementar a linha de produtos com outros fornecedores chineses. A empresa também passará a importar bloqueadores ópticos e antioxidantes. Segundo o diretor da Quiminutri, Maurício Locatelli,

como as moléculas para a produção de estabilizadores à base de benzotriazois já são de domínio público, uma vez que já se esgotou o tempo de proteção da patente, a qualidade dos absorvedores UV é muito semelhante entre os diversos fornecedores.

“Nossa vantagem mercadológica é a agilidade e o menor preço, uma vez que somos uma empresa de menor porte, com menores custos corporativos”, diz o executivo.

Segundo Locatelli, a Quiminutri entrou no mercado de estabilizadores de UV atendendo a uma demanda de seus clientes.

Química e Derivados, Maurício Locatelli, diretor da Quiminutri, Estabilizadores de UV
Maurício Locatelli quer 10% do mercado com benzotriazois da China

“O mercado sempre quer novas alternativas de fornecedores. Como já trabalhamos com uma série de aditivos, complementar nosso portfólio com os estabilizadores UV é um passo natural”, diz o executivo.

Locatelli informa que, em uma primeira fase, a atuação da Quiminutri no mercado de estabilizadores UV será no segmento de tintas, mas o objetivo é expandir, acrescentando também os mercados de plásticos e compósitos.

No momento, a empresa está em fase de pré-marketing, trazendo amostras e homologando o produto entre os clientes. Os mercados de tintas de manutenção industrial, repintura automotiva e vernizes para madeiras são os principais focos de atuação da empresa com os estabilizadores UV.

“Nosso objetivo é chegar a 10% do mercado de estabilizadores UV para tintas em um ano e batalhar para chegar a 20% em médio prazo”, diz o executivo.

Já a Cytec importa seus estabilizadores da Europa e dos Estados Unidos.

O gerente de vendas Cássio Martins informa que a empresa não conta hoje com um portfólio de produtos desenvolvidos especificamente para o mercado de tintas, mesmo assim atende alguns clientes nesse segmento, mas com uma participação muito pequena.

No momento, a empresa tem trabalhado apresentando e testando seus produtos entre os fabricantes de tintas em pó no Brasil.

“Nossa expectativa é de que a empresa opte por uma estratégia mais agressiva no mercado de tintas a partir do próximo ano”, diz Martins.

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