Spray-dryer feito de aço inox está disponível na Expomaq
Usados surfam a onda da retomada dos investimentos
Impulsionada pelo conhecimento transmitido de pai para filho, uma bem-sucedida geração de fornecedores de equipamentos usados em processos químicos vem surfando em uma bolha de crescimento da demanda de alguns produtos, cujo suprimento estimula a ampliação da capacidade instalada da indústria de transformação.
O aumento da procura por equipamentos foi registrado em diversos segmentos, nos últimos meses, conforme constatou José Cavalcanti, sócio-fundador do Grupo Jemp, com forte atuação no setor, incluindo a fabricação, adequação, montagem e desmontagem de plantas industriais.
Quem tinha muito material no pátio, ganhou de um lado, mas acabou perdendo um pouco de outro, calcula Felipe Antonicci Exposito, diretor comercial da Expomaq.
Ele explica que, ao desovar o estoque aproveitando o aquecimento do mercado, o comerciante nessa situação aumentou seu capital de giro, fazendo caixa. Mas ao realizar novas compras, não conseguiu repor o estoque no mesmo volume. Isso aconteceu com ele mesmo, uma vez que a moeda brasileira perdeu valor durante a pandemia, concluiu.
Mas, por outro lado, registraram-se outras oportunidades de ganhos com material estocado, como demonstra a elevação do preço da sucata.
Felipe Antonicci Exposito, diretor comercial da Expomaq
“Antes da pandemia, o máximo que eu consegui foi R$ 0,70 pelo quilo do material vendido; atualmente, estou faturando sucata por R$ 1,70 o quilo”, confirma Exposito.
Ele acrescenta ter sido procurado por um cliente, fabricante de fragrâncias, que já tinha um reator de 4 mil litros, mas precisava expandir sua produção.
Com isso, adquiriu um equipamento completo, de 15 mil litros, estocado na Expomaq, por R$ 300 mil, pagos em seis parcelas, sem correção monetária.
Esse movimento pode ter provocado uma elevação de cerca de 30% no volume de compra e venda de peças usadas ou seminovas, motivada principalmente pelos fabricantes de produtos farmacêuticos e alimentícios, avalia Roberta Bosignoli, gerente de operações e de desenvolvimento de negócios da EquipNet, empresa norte-americana gestora de ativos e de usados, com mais de 20 anos de atuação no ramo, em escala global.
Na pandemia, segundo ela, os dois segmentos, em particular, foram surpreendidos pelo crescimento repentino do consumo e tiveram que reagir frente à expansão dessa demanda.
Com o intuito de embarcar nessa onda de reaquecimento, tanto representantes da indústria química já estabelecidos no mercado, como alguns novos empreendedores vêm recorrendo à aquisição de ativos usados, como tanques, reatores, trocadores de calor, bombas, válvulas, misturadores, filtros e centrífugas etc., sem a necessidade de imobilizar grande volume de capital.
O investimento visa, de um lado, expandir a capacidade instalada de algumas empresas em funcionamento, pressionadas pela necessidade de elevar a oferta, e de outro, viabilizar a montagem de novas plantas, por iniciativa de pessoas que buscam transformar em realidade o sonho do negócio próprio, como avalia Cavalcanti.
Ambas as categorias de empreendedores recorrem ao portfólio, às condições de pagamento e ao know-how de comerciantes que, há anos, se dedicam ao ramo de compra, venda e intermediação desses equipamentos.
O fluxo de estoques desses fornecedores é alimentado e mantido por várias modalidades de negócio, incluindo arremate de peças em leilões de massa falida, por desativação de unidades de produção ou aquisições esporádicas, fruto da prospecção de oportunidades de compras, inclusive via networking e internet.
“Em momentos de retração, o setor se depara com alta na área de desmontagens industriais, devido à redução das atividades e operações da indústria. Com a paralização de várias plantas, o mercado de equipamentos seminovos e usados abastece seu estoque”, explica Cavalcanti
O mercado é impactado por uma série de variáveis econômicas, internas e externas, que acabam interferindo de forma positiva ou negativa na conjuntura setorial, explica Raul Santucci, administrador de empresas e gerente comercial da Fórmula Equipamentos.
“Às vezes, a cotação da matéria-prima é o fiel da balança, barateando ou encarecendo o equipamento novo e tornando o preço do seminovo mais ou menos atrativo. No momento, o equipamento usado tem ido bem, pois foge dos ajustes internacionais do preço do aço inoxidável, por exemplo. A influência do câmbio também o favorece, pois com o dólar em alta, é mais vantajoso comprar um equipamento usado do que importar o novo”, afirma Santucci, egresso da Will Máquinas, na qual trabalhou por três anos com um dos sócios, João Carlos Santucci, que também é seu pai e está há 38 anos no setor.
Para o diretor comercial da Expomaq, movimentos de perfil mais macro, como retração sistêmica ou expansão sustentada da economia, com impacto sobre a indústria, também mexem com a compra e venda de equipamentos usados.
Raul Santucci, gerente comercial da Fórmula Equipamentos
“Há quatro ou cinco anos, a indústria química já esteve melhor; hoje a dianteira está mais com fertilizantes que, puxados pelo agronegócio, investem muito em modernização, desativando plantas antigas, até pela necessidade de se manterem atualizados sob a perspectiva ambiental. Tudo depende do que o mercado está precisando num dado momento da evolução econômica”, afirma
Ainda por conta de sua experiência de mercado, inclusive como representante da terceira geração de sócios da sua empresa, Exposito acrescenta um segundo fator macroeconômico favorável aos usados.
Considerando-se o estágio da evolução tecnológica de determinados segmentos da indústria brasileira, segundo ele, alguns equipamentos vendidos por multinacionais, como reatores, por exemplo, mesmo sendo usados, têm aplicação garantida aqui. Isso porque foram depreciados contabilmente nas empresas de origem, via gestão de ativos, e por isso substituídos, mas não são obsoletos.
Consequentemente, para os nossos padrões de uso, eles continuam atualizados”, explica.
Por tudo isso e, considerando o potencial de compra e venda em geral do mercado doméstico brasileiro, os comerciantes se dizem otimistas com o futuro de seus negócios.
Espera-se uma expansão do setor em torno de 4,4%, em 2021, prevê Santucci, da Fórmula Equipamentos, mesmo índice estimado pela CNI para o crescimento da indústria brasileira neste ano.
A expectativa dos comerciantes é baseada na experiência de cada um, reforçada por contatos boca a boca com experts do mercado.
O otimismo se fundamenta também em dados informais obtidos por meio da análise do desempenho atual dos negócios das empresas, em comparação com o desempenho alcançado em anos anteriores.