Equipamentos: KSB faz 50 anos de Brasil e se diversifica
A KSB Brasil, subsidiária do grupo empresarial de origem alemão completou em novembro 50 anos de atividades no País, onde detém participação estimada em 20% no mercado de bombas centrífugas. Os festejos foram estendidos à ampliação da unidade de fabricação de bombas submersíveis na sede de Várzea PaulistaSP. Na década de 90, essa unidade foi inaugurada em Manaus, tendo em vista a possibilidade de exportação de 50% da produção. A transferência para o município paulista foi efetuada em 2003.
“Antes de 1954, a KSB já vendia produtos no Brasil por meio de representações comerciais”, informou Carmelo Fernandez Moldes, presidente da KSB Brasil. Ele comentou que a matriz alemã iniciou atividades em 1871, sob a denominação de Klein, Schanzlin e Becker, cujas iniciais formaram o nome atual. “O grupo empresarial é controlado por uma fundação, por sua vez comandada pelos sucessores dos pioneiros”, explicou. Até a década de 50, a KSB atuava com foco na Europa. A vinda ao Brasil, acompanhada de iniciativas semelhantes na Argentina e na Índia, representou o primeiro passo para a globalização de atividades, hoje desenvolvidas em mais de cem países, nos quais obtém faturamento total de 1,3 bilhão de euros.
Analisando a trajetória da KSB no País, Moldes salienta o trabalho de nacionalização das linhas de equipamentos promovida desde 1957, quando foi inaugurada a fábrica local, que permitiu à companhia acompanhar o crescimento da economia brasileira nos anos 70. A partir da década de 80, a empresa entrou no campo das bombas mais sofisticadas, engenheiradas, para aplicações mais complexas que o usual bombeamento de água.
“Nessa época passamos a fornecer para os setores de petróleo, petroquímica, química, saneamento e outras indústrias de grande porte”, informou.
Já no decênio seguinte, a empresa esforçouse para ampliar participação de mercado, em especial nas linhas mais nobres de aplicação. No ano 2000, fiel ao plano de qualidade total, foi promovida a modernização industrial, buscando o reconhecimento como empresa de classe mundial. “Compramos maquinário top de linha e ampliamos nosso banco de provas”, afirmou. “Nos tornamos comparáveis aos melhores fabricantes do mundo”. Na América Latina, segundo Moldes, a fábrica da KSB é a mais moderna.
A operação brasileira representa 5% do faturamento mundial da KSB. Nos últimos anos, a empresa local superou a média histórica de exportação, por volta de 10% do faturamento anual, aproximandose dos 15% que devem ser obtidos neste ano. “Temos o objetivo de ampliar a exportação para 20% a 25% das vendas”, afirmou Moldes. Isso será possível pelo fato de a unidade local trabalhar com produtos de tecnologia consolidada e apresentar custos competitivos internacionalmente. “Podem ser encontrados similares com preços melhores na Ásia, mas com qualidade duvidosa”, disse.
A estrutura produtiva da companhia engloba também a fundição própria, instalada no município paulista de Americana, com capacidade para transformar 500 t/mês de metais. “Estamos operando com a média de 300 a 350 t/mês, incluindo os serviços para terceiros”, afirmou.
Outro fator de competitividade é a experiência no comércio exterior. Há décadas vendendo seus produtos para vários países, a empresa já desenvolveu rotinas para conviver com as dificuldades logísticas, burocráticas e tributárias locais. “O pior é a parte de transportes, pois os clientes querem receber a mercadoria no prazo combinado e os atrasos prejudicam a imagem do País”, considerou.
A exportação da KSB Brasil receberá impulso por participar da Rede Global de Manufatura (GMN), na qual pode fornecer componentes para outras unidades do grupo. “Nós nos habilitamos nas linhas Mega (padronizadas), nas engenheiradas e nas bipartidas”, explicou. Os destinos mais freqüentes das exportações da unidade local são os EUA, a Alemanha e a América Latina. A maior parte dos negócios é feita com filiais do grupo, mas já há negócios diretos com clientes no Japão, Turquia e outros.
O desempenho do mercado interno para este e para os próximos anos é animador. “Vamos crescer, em faturamento, entre 5% e 10% em 2004, em euros”, confirmou o presidente da KSB Brasil. Os mercados de petróleo e gás, petroquímica e saneamento básico estão em fase de investimentos efetivos ou anunciados. Também o setor de mineração, no qual a KSB introduziuse recentemente, apresenta chances reais de crescimento.
Tamanha evolução é suportada pela estrutura de produção, que hoje opera em dois turnos, com exceção de alguns equipamentos automáticos, estes em três turnos. A demanda atual ocupa 85% da capacidade. “Apenas com a contratação de pessoal podemos implantar o terceiro turno e ampliar a produção em pelo menos um terço”, afirmou. Com algum investimento adicional, a KSB pode ampliar a capacidade em 50%. De 2000 a 2004, a unidade brasileira investiu US$ 10 milhões, especialmente na atualização fabril, expansão de capacidade, melhorias na fundição e montagem da bancada de provas.

Há poucos anos passou a importar e, depois, nacionalizar a produção de válvulas do tipo borboleta com revestimentos internos em borracha e teflon (PTFE). “Na Europa, a KSB, com a marca Amri, é a principal fabricante de válvulas borboleta revestidas”, afirmou Moldes. A idéia é ampliar pouco a pouco o portfólio de produtos nacionalizados, a exemplo do que foi feito com as bombas hidráulicas. A linha Amri oferece modelos com diâmetros de uma polegada até mais de um metro, para várias aplicações. O grupo conta com outros tipos de válvulas, como diafragmas, ainda não divulgadas no País. O segmento de válvulas de controle está nos planos da KSB Brasil, mas apenas para longo prazo. As válvulas representam 20% do faturamento da KSB mundial e incentivam investimentos. “É possível que compremos alguma empresa local ou mundial de válvulas, ampliando nossa posição de mercado”, mencionou.
A partir de abril de 2005, a KSB Brasil passará a produzir bombas de processo para a indústria de papel e celulose, mediante acordo de transferência de tecnologia firmado com a austríaca Andritz. Atenta à possibilidade de ampliar negócios no setor de celulose, pujante no País, a KSB investiu US$ 3 milhões em equipamentos e ferramental para a nova linha. “As primeiras bombas já serão feitas com índice de nacionalização de 90%”, comentou.