Distribuição – Atividade industrial prevê retomada – Perspectivas 2020
Atividade industrial fraca prejudicou comércio químico em 2019, mas setor prevê retomada – Perspectivas 2020
A distribuição de produtos químicos começa 2020 com a esperança de iniciar um ciclo econômico positivo e duradouro. A frustração com os resultados de 2019, que começou em clima de euforia e com novo governo, recomenda manter uma postura mais cautelosa.
Rubens Medrano, presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Produtos Químicos e Petroquímicos (Associquim), aponta que todos os indicadores permitem esperar um ano com melhores resultados. “Até porque 2019 foi muito ruim, estimamos que a distribuição como um todo tenha perdido 5% em faturamento dolarizado”, comentou. Os dados finais do desempenho setorial ainda estão sendo coletados e estudados, como explicou o dirigente. Ele também recomenda olhar com cuidado esse desempenho, uma vez que cada produto apresenta um comportamento mercado diferente, além de ser necessário expurgar o efeito cambial incidente nos negócios – o dólar ficou mais caro em relação ao real durante 2019.
“Olhando para o cenário econômico, a reforma da previdência social foi aprovada, o governo mostra empenho em combater o déficit fiscal, a taxa de juros despencou, há mais crédito disponível para as atividades produtivas, enfim, o ambiente é propício ao crescimento do país”, comentou. “Mas, é preciso manter a agenda acelerada das reformas tributária e fiscal, reduzir os entraves burocráticos e ampliar as privatizações, por enquanto pouca coisa foi feita neste último caso, contrariando o discurso de campanha do presidente”, lamentou.
Ele considera muito qualificada a equipe econômica deste governo federal, com grande abertura pra dialogar com todos os agentes econômicos. “Eles têm boa disposição para ouvir e discutir soluções, mas é preciso lembrar que muitos temas precisam ser resolvidos também pelo legislativo e pelo judiciário”, afirmou.
A sequência de períodos de stop and go (para e anda) na economia nacional é considerada insuportável para o dirigente setorial, que recomenda enxergar o problema do desenvolvimento em duas vertentes. A conjuntura internacional se reflete diretamente por aqui, mas nada podemos fazer quanto a isso, portanto é necessário aproveitar ao máximo os efeitos positivos e reduzir ao mínimo os negativos. “O Brasil faz o contrário, não aproveita bem as marés favoráveis e os impactos negativos acabam sendo maiores do que em outros países”, criticou.
De outra forma, no campo interno, o país mantém problemas estruturais que só dependem dele mesmo para serem resolvidos. As reformas propostas atualmente são um bom começo, mas ainda há um longo caminho a percorrer. “Veja a questão da tecnologia da informação, ainda estamos muito atrasados em adotá-la, é um fator crucial que se refletirá no desempenho econômico do país”, apontou.
A queda na produção industrial em 2019, de 1,1%, segundo o IBGE, pesou contra o desempenho da distribuição, pois os clientes desta são indústrias que consomem insumos químicos em seus processos. “Há poucos segmentos industriais com desempenho positivo, a queda foi generalizada”, avaliou o dirigente.
A atividade comercial tem uma dinâmica diferente da industrial. Distribuidores podem trazer produtos de outras fontes, ou mudar totalmente seu portfólio e buscar clientes em mercados alternativos. Essa flexibilidade e capacidade de adaptação definem a sobrevivência e o sucesso das companhias. A redução da atividade industrial é crítica para o setor, que fica sem alternativas de negócios. “O fato é que tivemos outra década perdida, de 2010 a 2019, na qual os distribuidores se atualizaram e investiram, mas obtiveram um retorno abaixo das expectativas”, avaliou.
Como se posiciona como parceira das indústrias, tanto a montante (de quem se abastece), quanto a jusante (a quem abastece), a distribuição acaba sendo afetada pela baixa atividade produtiva no país. “Os sites registram ociosidade, pois foram construídos com base em uma previsão de demanda que ainda não se concretizou”, avaliou. Medrano se recorda do efeito positivo para a distribuição gerado pela concentração de negócios na indústria química. “Ganhamos relevância, conseguimos provar a importância da distribuição para fabricantes e clientes, principalmente pela capilaridade de atuação e pela oferta de serviços”, apontou.
Os dados apresentados em dezembro pela Abiquim mostram que a produção química nacional está estagnada ou caindo desde 2007 (veja texto de abertura desta edição). A importação de insumos ganhou relevância para suprir a demanda local. “A importação é operação complexa, exige controle logístico em todas as etapas do processo; nesse ponto a tecnologia da informação é fundamental”, disse Medrano. A aplicação das tecnologias digitais e da internet transformou a atividade comercial em todo o mundo, tanto na agilização de procedimentos, quanto na coleta e interpretação de dados de mercado. “Informação é essencial, ela precisa ser bem interpretada para reduzir custos e melhorar a eficiência global.”
Apesar disso, iniciativas de venda de produtos químicos por meios eletrônicos ainda não se firmou, exceto quando há um relacionamento estreito entre fornecedor e cliente, com contratos previamente ajustados, restando apenas emitir a ordem de compra, o que pode ser feito entre sistemas. “A venda aberta de químicos exige alta dose de responsabilidade por parte do comerciante, há implicações ambientais e até criminais que precisam ser observadas com cautela”, considerou.

Administrando crises – A distribuição química brasileira se especializou em sobreviver a períodos de crise econômica. Houve uma calmaria entre o início do Plano Real, em 1992, e a crise de 2012, esta ainda não superada totalmente. “Os empresários do ramo aprenderam que, durante as crises, é preciso reduzir custos e manter a solidez financeira”, comentou.
Atualmente, verifica-se um deslocamento geográfico da produção industrial para fora da Região Metropolitana de São Paulo, em direção ao interior do estado ou mesmo para outras regiões do país. “A distribuição não precisa necessariamente acompanhar esse deslocamento, mas deve contar com estrutura logística capaz de atender bem seus clientes onde eles estejam”, considerou o dirigente. “O ideal seria ficar em um ponto médio entre o fornecedor e o cliente, além de aproveitar eventuais ofertas de terrenos de baixo custo.” A facilidade de acesso aos portos está se tornando crucial, uma vez que a distribuição tem investido em desenvolver fontes de suprimento alternativas.
Medrano considera que o desempenho dos países vizinhos do Brasil também está sendo igual ou pior, embora já tenham sido vistos como um campo para expansão de negócios das empresas brasileiras. “Talvez consigamos algum crescimento adicional de negócios em bloco, via Mercosul, com a União Europeia”, comentou.
O dirigente setorial comentou que já operam no Brasil quase todas as maiores distribuidoras químicas globais, que ainda têm apetite para promover consolidações – a mais recente por aqui foi a compra da Quimisa pela Brenntag. “Empresários chineses têm vindo ao Brasil prospectar oportunidades, geralmente em áreas ligadas à agropecuária, isso pode ser interessante para quem atue com insumos para nutrição animal, além de fertilizantes e defensivos”, ressaltou. Nesses casos, a posição geográfica é importante.
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