Desmineralização de Água – Tecnologia de resinas de troca iônica reconquista clientes importantes, como Petrobras

Quando a operação for normalizada, de acordo com o gerente Porto, as cinco caldeiras da RPBC serão desativadas e serão mantidas as três novas caldeiras da usina termelétrica, muito mais modernas e capazes. Nesse momento, complementou o engenheiro Rodrigo Paiva, da Petrobras, também o leito misto da Fluid poderá ser desativado. Para atender às exigências da Petrobras, além de garantir os 70 m3/h de tratamento, o leito precisou contar com um silicômetro, medidor de sílica que precisa atestar o limite de 3 ppb do contaminante. Bom acrescentar que só esse equipamento custa US$ 40 mil. Depois do tratamento, a condutividade de sais tem o limite de 0.20 mS/cm.
Osmose no Nordeste – A despeito da competitividade da troca iônica em se falando de condições de operação no Brasil, há situações em que a osmose reversa tem muitas chances de ser a escolhida ou, indo mais longe, de ser praticamente a melhor opção. Seria o caso da dessalinização de água do mar, campo em que a troca iônica tem limitações de salinidade na água de entrada que tornam o processo inviável. Mundialmente, a osmose reversa vem crescendo seu uso nessa aplicação, começando a fazer frente à tecnologia térmica de destilação, ainda a mais empregada.

No Brasil, embora ainda não exista grande demanda na área de dessalinização (a não ser de poços de água salobra no Nordeste, que já utilizam bastante as membranas de 4 polegadas de osmose reversa), uma primeira grande obra para a área industrial está em curso. Trata-se de fornecimento da Fluid Brasil para a Usina Termoelétrica Itaqui, em São Luís, no Maranhão, do grupo MPX. Uma estação para 200 m3/h, a ser entregue até outubro, está em fase de elaboração. Segundo o gerente-comercial da Fluid, Francisco Faus, a estação contempla um primeiro passo com membranas de osmose reversa de dessalinização da Dow Chemical, que reduzirá a água clarificada do mar de uma taxa de salinidade de 30 mil ppm de sais para 400 ppm. Depois disso, uma unidade de osmose reversa convencional reduzirá para os sais a 20 ppm. Por fim, um leito misto de resinas garantirá condutividade de 0,1 mS/cm e 10 ppb de sílica.
Essa unidade pegará apenas parte do total de 2.500 m3/h de água do mar captada que será tratada por unidade de clarificação construída pela Enfil (ver QD-492), cujos 2.300 m3/h serão utilizados no sistema de resfriamento da usina a carvão. Muito rica em matéria orgânica, no ponto de captação a água sofrerá uma supercloração de 20 mg/l de cloro gerado in-situ por um gerador eletrolítico que utiliza a própria água do mar como insumo da eletrólise do cloreto de sódio.
Mas uma prova de que a osmose reversa precisa mesmo encontrar nichos desse tipo para crescer no Brasil é o fato de a mesma Fluid fornecer para a mesma MPX uma estação de desmineralização de troca iônica para outra usina térmica do grupo em Pecem, no Ceará. Isso porque, nesse projeto, o tratamento será de água de rio, com salinidade relativamente baixa. São duas unidades de 75 m3/h, que contam com clarificação anterior e unidade com vasos catiônico, aniônico, torre de descarbonatação e leito misto. A água de entrada tem condutividade de 520 mS/cm, TDS de 370 mg/l. Depois do tratamento, a condutividade cai para 0,1 mS/cm, o teor de sílica para 10 ppb. Projetada na tecnologia de leito compacto da Dow UpCore, segundo Francisco Faus a previsão de entrega da obra é ainda no primeiro semestre.

Controle – Além de procurar mercados em água de alta salinidade ou em setores com restrições ao uso de regenerantes, como o mercado farmacêutico ou de microeletrônica, outra alternativa para a osmose reversa é investir em controle de parâmetros para evitar problemas operacionais ou então radicalizar e assumir as unidades, recebendo pela água tratada e se encarregando pelo gerenciamento operacional. É com esse propósito que a norte-americana Nalco tenta vender no mercado brasileiro seus contratos de BOT de unidades de desmineralização para a indústria, pelos quais a empresa financia a construção ou reforma de estações, responsabilizando-se pela operação por um período contratado.
“Como somos nós que vamos operar a unidade é nosso interesse manter todos os parâmetros sob controle para aumentar a vida útil das membranas e fornecer a água dentro do acordado com o cliente”, disse o diretor da divisão de soluções integradas da Nalco, Jorge Augello. Para isso, segundo ele, a empresa conta, além da sua linha Permacare de produtos para pré-tratamento da osmose (anti-incrustantes, biocidas), com sistemas automatizados de controle que se baseiam na tecnologia de traçantes por fluorescências Trasar.
Segundo Augello, o controle se inicia com o PT Trasar, voltado para o pré-tratamento. Nesse caso, o polímero EPDM tem a molécula do traçante que, por meio dela, é possível identificar on-line, de forma contínua e por meio da diferença de fluorescência, se está havendo deposição na água. “Enquanto uma empresa normalmente baseia a dosagem dos anti-incrustantes por um jar-test, o que determinará um tratamento estanque, o Trasar altera continuamente a dosagem dos produtos conforme as alterações da água de entrada”, completou o gerente técnico Eduardo Pacheco.