A cereja do bolo de aniversário de dez anos da criação da Braskem – formada em 16 de agosto de 1992 pela reunião dos ativos petroquímicos da Odebrecht, Copene e Petrobras (parcial) – é a inauguração da capacidade adicional de produção de MVC/PVCem Alagoas. Acrescentando200 mil t/ ano do polímero ao portfólio, a instalação finalizada em julho é o primeiro investimento grass roots (a partir do zero) concluído pela companhia. Além disso, finalizou no final de junho a unidade de butadieno de Triunfo-RS (100 mil t/ano), valorizando a corrente C4 disponível no site.
O pique-pique seria mais animado não fossem tão severos os impactos da crise econômica global na economia brasileira, corroendo os resultados da Braskem no primeiro semestre de 2012. Para desarrumar de vez a mesa do bolo, a expectativa de evolução do PIB brasileiro para o ano inteiro é de 1,8%, como divulgado pelo governo federal. “Não temos um número preciso, mas não vemos espaço para o crescimento do PIB ir além de 2% em2012”, lamentou Carlos Fadigas, presidente da companhia.
O mercado nacional de resinas termoplásticas encolheu 9% no segundo trimestre de 2012, em relação ao trimestre anterior, perfazendo o total de 1.127 mil t vendidas. No entanto, a Braskem registrou queda de 6% nas suas vendas desses itens, ou seja, recuperou 3% do mercado, antes atendido por importações, em parte beneficiadas pelo regime especial aduaneiro, que vigorou até o começo deste anoem Santa Catarina.“Nossa fatia de mercado cresceu para 71% no segundo trimestre”, informou Fadigas.
Isso permitiu à companhia melhorar seu Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) em 7% sobre o resultado do trimestre anterior, este fortemente beneficiado pela desvalorização cambial, chegando a R$ 845 milhões entre abril e junho de 2012. Porém, o resultado dos seis primeiros meses do ano (R$ 1.629 milhões) registrou uma redução de Ebitda de 22% na comparação com o mesmo período de 2011.
A dívida líquida da Braskem aumentou para US$ 6,5 bilhões no final do segundo trimestre de 2012, 7% maior do que no período anterior, com alavancagem (dívida líquida sobre Ebitda) subindo de 2,87 vezes para 3,55 vezes entre os dois trimestres. A depreciação do real, estimada em 11%, incidiu na exposição líquida da companhia ao dólar, abatendo o resultado financeiro em R$ 1.597 milhões. Embora não afete imediatamente o caixa, esse valor explica o prejuízo de R$ 1.033 milhões no segundo trimestre, com R$ 881 milhões acumulados durante a primeira metade do ano.
A receita líquida da companhia no segundo trimestre chegou a US$ 4,7 bilhões, próxima da registrada no trimestre anterior. Em reais, foi a R$ 9,1 bilhões, com aumento de 11% sobre o período anterior. Fadigas atribuiu esse resultado ao aumento do preço médio em moeda nacional das resinas e petroquímicos básicos, respectivamente de 10% e 12%, compensando a queda no volume de vendas.
Computando todo o primeiro semestre, porém, a receita líquida consolidada caiu 4% em comparação com os seis primeiros meses de 2011, alcançando US$ 9,3 bilhões. Entre os dois períodos, cabe ressaltar que o começo de 2011 foi marcado pela parada não programada sofrida pelas unidades do Nordeste, resultado de um apagão elétrico. Em 2012, mesmo rodando sem problemas operacionais e com maior volume total vendido, a receita caiu, pois os preços em dólares acompanharam as tendências internacionais. Em reais, a receita líquida do semestre teve alta de 10%, somando R$ 17,4 bilhões, refletindo a desvalorização da moeda local.
As exportações da Braskem no primeiro semestre somaram US$ 4,1 bilhões, 5% acima do registrado no mesmo período de 2011. “Isso decorre da aquisição dos ativos da Dow nos EUA e na Europa, consolidados no resultado da companhia desde o quarto trimestre do ano passado”, explicou Fadigas.
As correntes de aromáticos (benzeno, tolueno e xileno) também apresentaram bom resultado econômico, aproveitando a situação de mercado apertado, com oferta global muito próxima aos volumes demandados. Com bons preços de exportação dessas frações, os valores praticados para as vendas no mercado interno também foram majorados.
Resinas em baixa – A fraca atividade econômica no Brasil levou ao encolhimento da demanda pelas resinas poliolefínicas (polietilenos e polipropileno) no segundo trimestre de 2012 em relação ao trimestre anterior (-9%) e ao período idêntico de 2011 (-5%), somando 870 mil t. Comparando os primeiros semestres de 2011 e 2012, o volume demandado foi praticamente igual: 1.824 mil t.
Segundo Fadigas, com demanda fraca, a taxa de ocupação das petroquímicas também foi reduzida, em torno de 7% abaixo do primeiro trimestre. Paradas programadas na segunda geração também afetaram a operação das unidades de polipropileno neste ano.
Nos vinílicos, a demanda por PVC no segundo trimestre ficou em 260 mil t, 7% abaixo do trimestre anterior e 5% menos que no mesmo período de 2011. “Isso se reflete no fraco desempenho da construção civil nos últimos meses”, comentou Fadigas. O primeiro semestre do ano, no entanto, registrou aumento de vendas de PVC da ordem de 2%, com total de 542 mil t. A Braskem aumentou para 51% sua participação no mercado de PVC brasileiro, tendo vendido 133 mil t no segundo trimestre deste ano, com alta de 11% sobre os mesmos meses de 2011. Considerando o primeiro semestre, a alta nas vendas da Braskem em vinílicos foi mais expressiva: 17% no PVC e 21% na soda, sobre os primeiros seis meses do ano anterior.
A produção de vinílicos apresentou queda de 4% em relação ao período anterior, justificada pela parada de manutenção das unidades produtivas. O mesmo se deu em relação à soda cáustica, com produção 15% inferior. Porém, em relação ao segundo trimestre de 2011, os volumes produzidos foram superiores.
Segundo Fadigas, a taxa de ocupação média dos crackers da companhia ficou em 88% no segundo trimestre de 2012, abaixo do trimestre anterior. Ele avaliou que o preço das matérias-primas do setor petroquímico (nafta, gás natural e gás de refinaria) esteve em ligeira alta até abril, recuando depois disso em torno de 13%, acompanhando as cotações do petróleo cru.