Cosméticos: Setor demanda mais insumos e tecnologia
De um lado está um mercado cujo crescimento anual é da ordem de 10%. Do outro, uma companhia interessada em dobrar sua receita até 2006. A combinação parece perfeita. Pelo menos tem sido para a Ipiranga Química e a indústria do cosmético. A empresa passou a atuar nesse setor no primeiro semestre do ano passado, mas já vislumbra expectativas promissoras. Hoje, a unidade de negócios cosméticos representa 2,5% do faturamento total da companhia, o equivalente a cerca de R$ 8 milhões. Porém, os executivos da Ipiranga Química apostam na duplicação desse percentual em no máximo três anos.

Essa confiança não é por acaso. Segundo dados da Euromonitor, apresentados pelo gestor de marketing de Cosméticos da Ipiranga Química, Carlos Alberto Pacheco dos Santos, o mercado global de cosmético, higiene pessoal e perfumaria movimentou, em 2001, US$ 173 bilhões. Desse total, só o mercado latino-americano respondeu por 10,6%, representando US$ 18,2 bilhões. A taxa de crescimento mundial do setor, acumulada entre 1997 e 2001, também empolga, pois chegou a 11,6%. No Brasil, o índice foi ainda mais significativo; atingiu a marca de 74,6%, tendo o mesmo período como referência.
No entanto, o setor tem muito para avançar. Conforme Pacheco apontou, em 2001, o consumo per capita do brasileiro foi de R$ 91,50 (US$ 41,50). A projeção para 2006 é registrar R$ 98,57, o que ainda seria pouco, se comparado ao percentual considerado pelo gestor como ideal, de US$ 100,00.
Estratégia – Essa potencialidade vai ao encontro da estratégia da companhia de conquistar novos mercados e dobrar de tamanho até 2006. Mas o interesse não se restringe ao aspecto mercadológico. De acordo com o gerente de Unidade de Negócios, Almir Ribeiro, além das altas taxas de crescimento, algumas particularidades dessa indústria são atraentes para a Ipiranga Química. Uma delas refere-se à possibilidade de empregar alto valor agregado na fabricação dos produtos. “O setor demanda tecnologia, inovação e profissionalismo, quesitos de interesse para nós”, comentou.
Para se estabelecer neste mercado, a companhia fez parcerias com grupos internacionais, como Eastman, Angus-Dow, Vanderbilt, Wacker e Procter&Gamble Chemicals, entre outros. “Queremos acompanhar a evolução do setor, trazendo novas tecnologias, criando tendências e atuando como formador de opinião”, afirmou Ribeiro.
O ritmo acelerado dos negócios também se reflete nos novos empreendimentos da Ipiranga Química. Com investimento de R$ 30 milhões, a companhia pretende inaugurar ainda neste ano novo centro de distribuição, em Guarulhos – SP. A unidade terá área total de 104 m². Para se ter uma idéia, a atual planta, em Osasco-SP, dispõe de área de 45 m². O centro trará como incrementos 55 tanques para armazenamento de cargas líquidas; três laboratórios, dos quais um será de uso exclusivo para o segmento cosmético; armazéns de 10 mil m², e contará também com depósito dedicado e área de fracionamento de produtos.
“A Ipiranga Química está se preparando com matérias-primas de alta tecnologia e performance para atender a todos os sub-setores da cosmética”, afirmou Pacheco. Nesse sentido, a companhia aposta, por exemplo, nos filtros físicos pré-disperso da Oy Granula, GAI 45 TS, e no silicone de alto peso molecular e brilho, Besil PDM 1000, da Wacker.
O portfólio da empresa inclui matérias-primas para fabricação de produtos dos segmentos de perfumes e colônias, desodorantes, toaletes do homem e higiene bucal; maquiagem, produto para banho, cuidados do bebê; e produtos para cabelo, cuidados da pele e protetores solares. Alguns destaques ficam por conta dos álcoois graxos, da Procter & Gamble; dos esfoliantes físicos, da marca Cirebelle; dos óleos vegetais, da EVO e da Eco Oil; dos ativos biotecnológicos, da CPN, e dos filtros solares químicos, da Frutarom, além dos silicones fenil modificados, da Wacker, e dos filtros solares físicos, da Granula.
Tendências – O mercado de protetor solar é o que apresentou, entre 1997 e 2001, a maior taxa de crescimento, com aumento de 23,8% em faturamento líquido ao mercado e 16,3% em volume. Apesar de pouco expressivo (responde por 1% do volume total de vendas do setor), o segmento tem se mostrado o mais promissor da área cosmética. Segundo levantamento da Ipiranga Química, no período de 2001 a 2006, o faturamento deve crescer 10,2%.
O sub-setor de cuidado dos cabelos também deve alavancar as vendas. Conforme apontam os indicadores da companhia, irá crescer de 2001 a 2006, cerca de 4,5%. Hoje, é o segmento mais representativo, pois 26% dos gastos em cosméticos são dirigidos a essa área. Em faturamento, higiene bucal fica com a segunda colocação, com 13% do total consumido, enquanto cuidados da pele e perfume/colônias, com 12%, cada. Maquiagem e produtos para banho vêm em seguida, com 10%, por segmento.
“O mercado brasileiro é ascendente”, constatou Pacheco. Na sua opinião, a própria cultura local justifica esse potencial. A crescente participação das mulheres no mercado de trabalho seria uma das causas dessa evolução. Outra justificativa fica por conta da aposta na conscientização do brasileiro quanto à importância do uso de protetores solares. Para Pacheco, nos próximos anos, o apelo à proteção aos raios UV deve ser acentuado, se refletindo no aumento do consumo do produto. Também em ascensão, segundo previsão de Pacheco, estão os produtos premium, na linha de antiidade e nutritivos.