Cosméticos: Perspectivas 2009 – Vendas dos produtos de beleza e higiene pessoal espantam a ideia de crise
A vaidade e a higiene pessoal estiveram em alta entre os brasileiros em 2008. As receitas advindas das vendas ao consumidor de cosméticos e de produtos de higiene no mercado interno no último ano deverão somar US$ 25,564 bilhões. O montante não só revela a saúde financeira do setor com percentuais de crescimento tanto em dólar (17,1%) quanto em real (10,4%) em 2008 em relação a 2007, mas também traz à tona a benfazeja perspectiva de continuidade do crescimento em 2009, porém, em níveis mais moderados.

“Vivemos um momento delicado na economia mundial, mas confesso estar otimista em relação ao desempenho do nosso setor e acredito na possibilidade de não termos de enfrentar queda no faturamento em dólar em 2009, caso, evidentemente, a moeda permaneça cotada nos níveis atuais (R$ 2,35), e, se isso se confirmar, a nossa indústria poderá crescer 5%”, informou João Carlos Basílio da Silva, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, a Abihpec.
Em ritmo acelerado de crescimento há mais de uma década, o setor cosmético brasileiro é um dos mais vigorosos da economia e vem crescendo a taxas bem elevadas. Nos últimos doze anos, o crescimento real deflacionado foi de 10,2% ao ano, segundo apurou a Abihpec, levando o país ao terceiro lugar no ranking dos maiores consumidores de produtos cosméticos. Os dados de 2008 permitem pensar em ocupar a segunda posição mundial, ultrapassando o Japão. “Comenta-se que o mercado cosmético japonês entrou em recessão, mas eu não acredito que as perdas possam alcançar 15% ou 16% em dólar, o que possibilitaria o empate dos dois países na segunda posição. A nossa certeza, porém, é de que, em 2008, estaremos bem mais próximos dos resultados do Japão”, afirmou Basílio.
Em 2007, enquanto o faturamento das vendas de produtos de higiene e cosméticos no Brasil alcançava US$ 22,23 bilhões, o Japão registrava faturamento de US$ 30,50 bilhões nesse setor, sendo apenas suplantado pela liderança dos Estados Unidos que, naquele mesmo ano, faturou nada menos do que US$ 51,53 bilhões com a venda de produtos de beleza e de higiene pessoal.
As altas taxas de crescimento do setor cosmético no Brasil também são confirmadas por empresas especializadas em monitoramento de mercados. A consultoria global Nielsen registrou, entre 1994 e 2007, 176% de crescimento em volume no consumo de produtos de higiene e beleza no país. Em 2008, algumas indústrias mais atentas às variações de mercado e aos desastres financeiros iniciados nos Estados Unidos começaram a rever planos e estratégias para lidar com a leve queda mundial de 2,5% em volume em relação a 2007, na média total ponderada, conforme apurado pela empresa de consultoria.
Em muitos segmentos cosméticos e de higiene pessoal monitorados em quase todo o planeta, o crescimento de 2008 se revelou acentuado. Esse foi o caso de produtos como repelentes (44%), antissépticos bucais (23,7%), depilatórios (6,8%) e desodorantes para os pés (5,2%). Em outros, o crescimento permaneceu estável, a exemplo dos esmaltes para unhas (3,3%), cremes dentais (1,7%) e bronzeadores (0,3%). Outras categorias de produtos, mais afetadas pela retração no consumo, incluem as loções pós-barba (-9,5%), os cosméticos pós-xampus (-7,1%), os desodorantes (-4,5%) e os cremes para cuidados com a pele (-3,7%).

“Convivemos durante os últimos treze anos com um crescimento constante no setor, mas, a partir de 2008, alguns impactos começaram a ser observados em algumas categorias, com intensidade variável e dependente dos diferentes perfis econômicos encontrados nas regiões”, analisou Olegário Araújo, gerente de contas da Nielsen Brasil. De grande valia para as indústrias, uma das últimas pesquisas realizadas pela empresa levantou, em 36,5 milhões de domicílios urbanos, o comportamento de compra dos consumidores para dez itens de uma cesta básica de higiene e beleza, que inclui sabonetes, cremes dentais, xampus, desodorantes, escovas de dentes, bronzeadores, tinturas, produtos pós-xampus, absorventes higiênicos e papéis higiênicos.
A comparação dos resultados encontrados no primeiro semestre de 2008 com os do mesmo período de 2007 ajudou a identificar os hábitos e as preferências mais recentes de consumo das várias categorias de produtos. Segundo os resultados divulgados, em 2007, 98,2% dos consumidores escolheram os supermercados como locais de compra de cosméticos. A pesquisa de 2008 confirmou a preferência, com 98% de respostas positivas para o uso desse canal mercantil.
Em relação às compras realizadas em perfumarias, o comportamento dos compradores de um ano para outro também se manteve praticamente inalterado, com 31,2% dos domicílios efetuando compras nesses pontos-de-venda em 2007, contra 30,2% em 2008. Nas farmácias, as compras de produtos de higiene e cosméticos apresentaram leve declínio. Efetivamente 43,8% dos domicílios pesquisados efetuaram compras nesses locais em 2007, caindo para 41,9% em 2008.
No entanto, o que mais chama a atenção na abrangente pesquisa é o crescimento das compras realizadas pelo sistema de vendas diretas no último ano. Chamado de venda porta a porta, esse canal mobiliza alguns milhões de seguidores em todas as regiões brasileiras, alcançou 35% dos domicílios pesquisados em 2007, e conquistou a preferência de 42,4% em 2008. “O crescimento da tradicional venda porta a porta foi sem dúvida o mais significativo e atraiu 2,7 milhões de novos lares compradores só no primeiro semestre de 2008”, salientou Araújo.
Algumas categorias de produtos segmentadas pela pesquisa também revelaram informações muito interessantes. Dos 2,7 milhões de lares que passaram para o sistema porta a porta em 2008, 1,2 milhão compraram desodorantes, desembolsando R$ 2,89 a mais em suas compras com essa categoria de produto.
A inserção de novos lares na compra de itens da cesta básica de higiene e beleza por intermédio do porta a porta também foi observada na compra de itens como pós-xampus, xampus e sabonetes. Exatamente 1,1 milhão de novos lares compraram por venda direta pós-xampus no primeiro semestre de 2008, desembolsando R$ 1,30 a mais nesse tipo de compra; 1,1 milhão de lares compraram xampus, efetuando acréscimos nas despesas de R$ 1,97; enquanto 975 mil lares utilizaram sabonetes adquiridos via porta a porta, acrescendo R$ 7,91 no total de despesas realizadas para a compra desses produtos de higiene pessoal.
“Todos esses lares contribuíram positivamente para o crescimento das vendas por intermédio do canal porta a porta, que alcançava 14,76 milhões de domicílios em 2007, passando a ser utilizado por 17,64 milhões em 2008, com 20% de crescimento”, calculou Araújo. Pelo estudo, as vendas pelo sistema porta a porta se destacaram em todas as regiões brasileiras. No interior paulista, onde as vendas diretas em 2007 alcançavam 27% dos municípios, mas chegaram a conquistar 45% em 2008, o resultado foi excepcional. Altos níveis de crescimento das vendas diretas também foram observados em Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, passando a envolver 64% dos municípios em 2008, percentual que era de 54% em 2007.
Além de abrirem mercado, as vendas diretas são um bom exemplo para que as empresas possam enfrentar períodos difíceis na economia. Como especialista, Araújo aconselha as indústrias cosméticas a ampliar a distribuição pelos vários canais de vendas, além de adotar estratégias específicas para a atuação nas diferentes modalidades comerciais.
Em 2009, será preciso redobrar a atenção ao desempenho dos vários canais, mas a indústria interessada em ampliar sua presença no mercado precisa se convencer de que não é possível direcionar cosméticos só para 21% dos domicílios pesquisados, representando as classes de consumo A e B. “O mercado exigirá cada vez mais produtos de qualidade para pessoas de todos os níveis socioeconômicos”, sentenciou o consultor.
Em 2009, os consumidores deverão ter uma postura mais racional nas compras que exijam maiores desembolsos. Porém Araújo prevê que sejam mantidas as vendas de produtos de menor valor, como constatado em crises financeiras passadas.
Mais do que prestar atenção na crise, as indústrias cosméticas precisam, de acordo com a opinião de Araújo, ficar mais atentas às tendências irreversíveis. Nesse caso estão o crescente envelhecimento das populações; a maior preocupação detectada em quase todas as partes do mundo com o bem-estar, a aparência e a saúde das pessoas; e a crescente participação da mulher no mercado de trabalho, exigindo maior conveniência e praticidade dos produtos. Outros pontos incluem reconhecer a relevância das vendas porta a porta no país, incluindo a necessidade de se instalar também uma oferta de serviços nos pontos-de-venda de cosméticos.
No pódio – Quarto maior mercado mundial de vendas diretas, segundo a World Federation of Direct Selling Associations (WFDSA), o Brasil movimenta US$ 9,1 bilhões ao ano com essa rentável modalidade de atuação comercial, oferecendo oportunidade de ganho para cerca de 2 milhões de revendedores. Os outros três países que utilizam intensamente esse sistema de vendas são os Estados Unidos, que movimentam US$ 30,8 bilhões ao ano e contam com uma legião de 15 milhões de revendedores; o Japão, com US$ 20,4 bilhões e 2,7 milhões de revendedores e a Coréia, com US$ 9,2 bilhões e 3,2 milhões de revendedores.

De acordo com o consultor Marcelo Pinheiro, diretor da DirectBiz, de São Paulo, 88% das vendas diretas realizadas no Brasil correspondem aos cosméticos e produtos de higiene. “As vendas diretas sempre cresceram a taxas de dois dígitos”, constatou Pinheiro. Em 2001, esse crescimento foi de 11,5%; em 2002, 17%; em 2003, 18%; em 2004, 27,5%; em 2006, 17,9%; em 2007, 11,7%; e, em 2008, só no primeiro semestre, chegou a 15,7%. Isso levou a uma crescente participação no faturamento do setor cosmético. Em 2002, 4,7% das vendas do setor foram feitas por venda direta, percentual que subiu para 6,5% em 2007.
“A economia em alta favorece as vendas, mas, também nos períodos de crise, os negócios continuam com a entrada de maior número de pessoas nessa atividade, com o objetivo de complementar renda ou recuperar o poder de consumo”, explicou Pinheiro.
Uma das grandes vantagens das vendas diretas está na redução dos investimentos a serem feitos para a partida do negócio, uma vez que, ao contrário do varejo, não será necessário investir em estoques. Outra grande vantagem é a possibilidade de aproveitar as redes de relacionamentos pessoais criadas dos revendedores, uma “enorme vantagem competitiva em relação ao varejo”, segundo Pinheiro. Assim, as vendas diretas podem ser feitas nas residências dos revendedores e em seus locais de trabalho.
Para alcançar capacitação e poder ingressar com segurança no negócio da venda direta, o mais importante, segundo Pinheiro, é a montagem correta do negócio. “O produto, apesar de importante, não será exclusivamente o que irá interessar para esse canal de distribuição, pois será preciso oferecer apoio de marketing específico, treinamento para a capacitação das pessoas, remuneração interessante, além de
diferenciais relacionados com os próprios cosméticos, tendo em vista que uma boa parte do setor já utiliza esse sistema de vendas há muito tempo”, considerou.
Como em qualquer ramo de negócios, fatores de risco devem ser previstos. Entre eles, Pinheiro apontou: não exaurir o capital de investimento na concepção das linhas de produtos e no marketing sem reservar recursos suficientes para estruturar o canal de vendas. “Outro engano é considerar a venda direta como um canal de distribuição de retorno rápido e de pouca necessidade de investimento, e passar a adotar esse sistema para recuperar a saúde financeira de uma empresa”, afirmou.
Existem, portanto, na opinião do consultor, muitas dificuldades a serem previstas e evitadas. Entre elas estão o tempo necessário para a construção do canal, a fidelização e a retenção dos revendedores e a logística de distribuição dos produtos totalmente pulverizada e diferenciada.
No passado, a venda direta se caracterizou por alocar poucos investimentos em propaganda para o consumidor final, uma prática hoje impensável. É bom também lembrar, segundo recomendação do consultor, que os investimentos em propaganda poderão ficar comprometidos se a empresa não tiver estruturado bem o canal de vendas diretas para atender à demanda.
Ao estruturar o canal de vendas diretas, é preciso considerar outros fatores como a divisão dos produtos entre conceituais e lucrativos. Os conceituais revelam que a empresa detém tecnologia, usa ingredientes ativos interessantes e se preocupa com o bem-estar dos consumidores finais. “Porém também devem estar previstos produtos que irão proporcionar, sem abrir mão da qualidade, maiores margens de lucro”, comentou. Manter uma política constante de lançamentos apoia o sucesso do canal de venda direta.
Outro canal de vendas muito interessante e ainda pouco difundido no setor cosmético brasileiro é representado pela internet. “As vendas via internet podem estar aliadas ao sistema de distribuição de vendas diretas”, sugeriu Pinheiro.
Qualidade e preço – O terceiro maior mercado consumidor de produtos de higiene, perfumaria e cosméticos do mundo, representado pelo Brasil, foi bastante prejudicado pela voracidade tributária em 2008, segundo apontam as lideranças do setor.
“Desde o início de 2008, a indústria do setor está sendo responsável pelo recolhimento integral de todos os impostos estaduais, o que traz à tona de forma ainda mais gritante a carga tributária extremamente alta suportada pelos produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos”, informou João Carlos Basílio da Silva, presidente da Abihpec. O regime da substituição tributária incide sobre as vendas diretas há mais de quarenta anos no país, mas só a partir de 2008 começou também a incidir sobre os produtos comercializados no varejo.
“Enquanto a indústria reduziu seu crescimento, oferecendo menos empregos e menor desenvolvimento, a Secretaria da Fazenda aumentou sua arrecadação no setor em 274,4% de janeiro a setembro de 2008. Foi um aumento de 387% só em setembro passado em relação a setembro de 2007”, protestou Basílio da Silva.
Um dos exemplos mais contundentes da alta carga tributária incidente sobre o setor é encontrado nas tinturas para cabelos, taxadas em 90%, quase duplicando os preços dessa categoria de produtos para o consumidor final.
Em 2009, contudo, a expectativa do setor é a de ser beneficiado com a redução da carga tributária, que poderá se concretizar a partir de 1º de março, caso se confirme a mudança nos regulamentos oficiais, conforme pleiteado pela Abihpec. “Solicitamos que as alíquotas de ICMS de 25%, excessivamente altas, caiam para 18%, tornando os produtos mais acessíveis para a população”, considerou Basílio da Silva. Uma vez atendidas as expectativas da Abihpec, o alívio incidiria sobre perfumes, águas de colônia, maquiagem (batons, sombras, delineadores, rímel, lápis, pós compactos etc.), cremes de beleza, cremes para barbear, condicionadores para cabelos, tinturas, alisantes, entre outros itens vendidos no estado de São Paulo.
A atual política tributária promoveu a desaceleração do crescimento no setor. “Crescemos em menor escala, mas, ainda assim, acima da média de outras indústrias e uma das principais razões para esse crescimento menos acentuado em 2008 – desde 1986, os níveis de crescimento do setor alcançam 11% ao ano – foi a implantação da substituição tributária, em especial no estado de São Paulo”, considerou o presidente da Abihpec.
Nas exportações, o Brasil também tem se destacado e deverá fechar o ano de 2008 com balança comercial positiva de US$ 200 milhões. “No ano 2000, exportávamos US$ 110 milhões, para chegar em 2008 com US$ 650 milhões em exportações para 130 países”, afirmou Basílio da Silva. Cerca de 65% das exportações brasileiras do setor têm como destino os países da América Latina, sendo os principais mercados a Argentina, o Chile, a Colômbia, a Venezuela e o México. “Estamos crescendo fortemente nas exportações para a Colômbia, um mercado dez vezes menor, mas que exporta mais do que o Brasil”, informou o presidente.
Atualmente, Brasil e Argentina estão harmonizando procedimentos para facilitar as negociações previstas no acordo bilateral de reconhecimento mútuo já existente entre os dois países.
Em 2009, a expectativa é de também colher melhores resultados com as exportações. “As exportações ainda podem avançar muito porque os consumidores do Primeiro Mundo vão precisar de produtos de alta qualidade a preços acessíveis”, concluiu o presidente da Abihpec.
Vaidade em alta – A preocupação com a aparência pessoal posiciona o Brasil entre os três primeiros colocados no rol de países que mais valorizam a beleza. Estudo global realizado pela Nielsen comprovou que as maiores pressões pela conquista da beleza estão no Brasil, Grécia e Portugal, enquanto Hong Kong, Noruega, Nova Zelândia e Estados Unidos apresentam as menores pressões.
A importância dada à aparência é revelada pela expansão nas vendas de produtos de cuidados pessoais. Na Grécia, o crescimento nas vendas de autobronzeadores alcançou o impressionante percentual de 375%, de acordo com o estudo realizado no primeiro trimestre de 2007, sinalizando comportamentos e grandes tendências de consumo de cosméticos no mundo. Em Portugal, os maiores percentuais de crescimento ficaram por conta de protetores labiais (60%), depilatórios (22%), cosméticos faciais como blushes, pós e bases (17%) e cremes para o rosto e olhos (15%), enquanto no Brasil os maiores crescimentos foram constatados no mesmo período em depilatórios (22%), lenços umedecidos (19%), protetores solares (14%), cremes para assaduras de bebês (14%), antissépticos bucais (13%), fraldas descartáveis (12%), tinturas (11%), absorventes higiênicos (10%), cremes e loções de limpeza e tonificantes para a pele (10%) e loções pós-barba (10%).
De acordo com esse estudo, que pesquisou o consumo de produtos de beleza e de cuidados pessoais em 69 mercados de várias regiões, incluindo Ásia, Europa Oriental, Oriente Médio, África, Europa, América Latina e América do Norte, os países em desenvolvimento apresentaram as maiores taxas de crescimento – Venezuela (34%), Romênia (26%), Argentina (26%), Emirados Árabes (22%), Índia (19%) –, enquanto os países desenvolvidos responderam pelas menores taxas – Estados Unidos (3%), França (1%) e Suíça (-1%).
Entre as grandes tendências apontadas, a conveniência continua influenciando o comportamento de compra dos consumidores, sendo confirmada pelo crescimento no consumo de fraldas descartáveis, lenços umedecidos e sabonetes líquidos. Em âmbito global, a crescente preocupação com a saúde e com a juventude é comprovada pelo aumento no consumo de hidratantes, cremes para o rosto, protetores solares e clareadores de pele. As vendas de algumas categorias de produtos conseguiram crescer duas vezes mais do que a média global e incluíram cremes e óleos para massagem (26%), clareadores de pele (21%), antissépticos bucais (12%), protetores solares (11%), fraldas para incontinência (10%) e hidratantes para rosto e olhos (10%).
Depois de papéis higiênicos e fraldas descartáveis, os produtos de maior crescimento em faturamento no mundo foram os xampus, absorventes higiênicos, cremes dentais e sabonetes.
Depois de produtos de higiene pessoal (absorventes, papéis higiênicos, fraldas para incontinência e lenços umedecidos para adultos), que detêm 20% de participação entre os produtos de maior consumo no mundo, os cosméticos direcionados aos cuidados com o corpo (desodorantes, cremes, óleos, sais de banho, sabonetes etc.) e com os cabelos (xampus, pós-xampus, tinturas e colorações etc.) aparecem empatados com 18% de participação cada.
No grupo de produtos direcionados aos cuidados com os cabelos, a categoria pós-xampus foi responsável pelo maior percentual de crescimento no mundo todo (9%). Em produtos voltados aos cuidados com a pele, a pesquisa apurou que 30% dos gastos dos consumidores se direcionam a essa categoria.
Ainda de acordo com a pesquisa, alguns produtos como clareadores para a pele encontraram rápida difusão nos Emirados Árabes, Tailândia e Marrocos, com percentuais de crescimento de 37%, 20% e 19%, respectivamente, nos períodos estudados.
Apesar do crescimento acentuado de produtos de cuidados pessoais em mercados emergentes como Leste Europeu, Oriente Médio e África (11%), América Latina (9%) e Ásia e região do Pacífico (7%), revelados pelos percentuais de participação sobre as vendas globais, todas as análises devem levar em conta o fato de que 70% do consumo de produtos de cuidados pessoais estão alocados na Europa e na América do Norte, que participam com 38% e 27%, respectivamente, do total alcançado no mundo com as vendas desses produtos.
Na América Latina, no período analisado pela pesquisa, os produtos que apresentaram as maiores taxas de crescimento foram: autobronzeadores (59%), produtos antiacne (32%), lenços umedecidos para adultos (28%), géis higienizadores (26%), sabonetes em creme, em gel e líquidos (25%), lenços umedecidos para bebês (24%), antissépticos bucais (22%), perfumes/colônias (22%), fraldas para incontinência (18%) e depilatórios (18%), indicando comportamentos e tendências de consumo.
Crescendo com a crise – A recessão econômica mundial deflagrada pela crise financeira norte-americana ainda não se refletiu sobre o consumo de cosméticos no Brasil, pelo menos por enquanto. A receita da gigante Avon no mercado brasileiro, segunda maior operação da companhia no mundo, cresceu mais de 30% no terceiro trimestre de 2008 em comparação com o mesmo período de 2007, revelando o vigor das vendas diretas. A receita global da companhia aumentou 13% no terceiro trimestre de 2008 em relação ao mesmo período de 2007.
Assim, a Avon busca transformar crises em oportunidades. Isso ocorreu em 1929, com a quebra da bolsa nos Estados Unidos e, anos depois, em 1945, durante a 2ª. Guerra Mundial. Em todos os períodos de desvalorização cambial, as operações da empresa não registraram descontinuidade de crescimento, principalmente por causa do modelo de vendas adotado no mundo.

“Somos uma empresa que democratiza a beleza, pois oferecemos cosméticos de altíssima tecnologia a preços competitivos, mas também temos um papel social muito grande, pois oferecemos oportunidades de ganho às pessoas”, afirmou Luiz Soares, gerente de projetos e inovação da Avon Brasil. Em 2009, de acordo com o executivo, a expectativa é de manter em alta os níveis de crescimento de 2008 e levar a cabo os planos de construção do novo centro de distribuição, maior e mais moderno, em Cabreúva-SP, cujas obras começarão em 2009 e devem terminar em 2010. O novo centro foi projetado para atender à crescente demanda do mercado brasileiro. Com investimentos de US$ 150 milhões, deverá ocupar 70 mil m² da área total de 267 mil m², que permitirá futuras expansões.
Embora o centro de pesquisa e desenvolvimento da Avon fique próximo da sede da empresa em Nova York, nos Estados Unidos, o Brasil desenvolve as fragrâncias comercializadas na região e as diferentes tonalidades de batons e sombras mais ao gosto da mulher brasileira, além de aperfeiçoar fórmulas de xampus e desodorantes mais adequados ao perfil de consumo nacional.
Fundada há 122 anos e há 50 atuando no Brasil, a Avon se destaca pelo pioneirismo em várias áreas cosméticas. Foi a primeira empresa a fazer uso de alfa-hidroxiácidos em cosméticos e também pioneira no desenvolvimento de linhas anti-idade com o lançamento de Renew, além de ter estabilizado pela primeira vez no mundo a vitamina A, utilizada em fórmulas de tratamento para rejuvenescer.
O Boticário também divulgou, antes mesmo de totalizar as vendas do último trimestre de 2008, balanço que aponta crescimento de 18% no faturamento em relação a 2007. Em 2008, os investimentos no valor de R$ 104 milhões foram 35% maiores do que os totais investidos no ano anterior. Foram inauguradas, em 2008, 175 novas lojas no Brasil dentro do modelo de franquia, totalizando 2.640 lojas, que formam a maior rede de franquias de perfumes e cosméticos do mundo.

“Mesmo com a crise mundial, a empresa se mantém sólida e temos muitos motivos para celebrar 2008 e seguir confiantes para 2009”, comentou Artur Grynbaum, presidente do Boticário há apenas um ano. A confiança nos bons resultados de 2009 é, porém, acompanhada de constantes avaliações do mercado. “Estamos atentos, monitorando de perto as movimentações e nos preparando para o próximo ano, prevendo algumas variações”, considerou. Presente em quinze países, que reúnem 73 lojas e mais de mil pontos-de-venda no exterior, a empresa também projeta novas oportunidades no mercado externo.
Os resultados colhidos pela Natura no terceiro trimestre de 2008 refletiram os primeiros efeitos de plano de ação adotado pela companhia, o qual contempla investimentos de R$ 400 milhões em marketing e no modelo comercial a ser aplicado entre 2008 e 2010 para acelerar as vendas. A receita líquida alcançada no mercado brasileiro no terceiro trimestre de 2008 foi de R$ 868,4 milhões, 21,4% maior que a do mesmo período de 2007.