Cosméticos – Investimento reforça posição brasileira nos óleos cítricos

Criada em 2002 com a fusão entre duas grandes empresas concorrentes em fragrâncias, aromas e químicos, a Dragoco e a Haarmann & Reimer, a Symrise oficialmente começou a participar do mercado mundial em 2003, respondendo hoje por uma fatia de 16% de participação no mercado brasileiro.

Presente em 33 países, e com filiais e fábricas no Brasil, Colômbia, Argentina, México, África do Sul, Cingapura e Austrália, além da sede, na Alemanha, a unidade da Symrise brasileira desenvolve fragrâncias com matérias-primas provenientes da Alemanha.

O Brasil já tem grande importância no desenvolvimento e na criação de novas fragrâncias e possui acervo de mais de 3 mil matérias-primas em estoque para atender às necessidades locais.

A unidade brasileira da Symrise deverá contribuir ainda mais para a efetivação de negócios de maior amplitude para a Symrise International com a exportação, para a planta central, na Alemanha, dos óleos cítricos, e essa área deverá contar com significativas ampliações nos próximos anos.

Os negócios no setor de cítricos da Symrise deverão tomar dimensões de maior proporção, pois em março de2007, aempresa ingressou no setor de biotecnologia, investindo num empreendimento de cítricos no Brasil, na cidade de Sorocaba-SP, firmando uma aliança com a Brain and Analyticon Discovery, que irá possibilitar à Symrise desenvolver ingredientes ativos naturais para produtos cosméticos e outros mercados. O projeto deverá ser finalizado até 2012.

A importância de ativos naturais cítricos em perfumaria é muito grande. “Algumas das mais famosas colônias do mundo sempre usaram óleos cítricos em suas formulações. A Imperial, em 1850, e a Eau Imperiale, em 1861, da Guerlain, empregaram óleos de bergamota, limão, lima, mandarina, laranja, além de óleo de flores de laranjeira”, comentou Marcos Baraldi, analista de marketing da área de Flavor & Nutrition South America da unidade brasileira da Symrise, um dos executivos que acompanham de perto o desenvolvimento do projeto de cítricos no Brasil.

“Entre as fragrâncias citrus blends mais vendidas, podemos citar CK One, contendo óleos de bergamota, limão e mandarina, Eternity Men, Polo Sport, Tommy, Polo Sport Women, Cool Water, Hugo, Drakkar Noir e Escape Men”, explicou.

A unidade de Sorocaba da Symrise, segundo Baraldi, conta com área de 30 mil m2 e está localizada estrategicamente a cerca de300 quilômetrosdo maior centro de produção mundial de laranja e tangerina, mas para facilitar ainda mais o aspecto logístico, o centro de cítricos de Sorocaba poderá ser abastecido também com limão e grapefruit, provenientes da Argentina. “Atualmente, o Citrus Center, como é denominado, vem produzindo seis toneladas por ano de citrus MC oils e 320 toneladas por ano de terpenos, tendo também capacidade para produzir mil toneladas de SBD (Spray Bed Dryer) por ano.

O Brasil possui a maior competitividade mundial e o maior potencial de crescimento no campo da citricultura. Detém 30% da produção mundial de laranja e 59% da produção de suco de laranja.

“São Paulo e Flórida dominam a oferta mundial e os óleos essenciais cítricos constituem matérias-primas muito importantes na cadeia produtiva das indústrias de perfumaria, farmacêutica, de alimentos, e de polímeros etc”, afirmou Baraldi. Para ele, o crescimento da indústria de óleos essenciais cítricos começou na década de 60, como conseqüência direta do avanço da indústria citrícola brasileira.

Questionado sobre as funcionalidades dos óleos cítricos, Baraldi afirmou: “Os óleos essenciais são compostos por centenas de moléculas. Considerando-se o componente majoritário (limoneno) na composição da maioria dos óleos cítricos comercialmente disponíveis, tem-se, a princípio, a falsa impressão de que as percepções sensoriais e o sabor deveriam ser semelhantes. Esse, porém, não é o caso. Nos óleos cítricos, o componente de maior concentração não é o responsável pelo diferencial do óleo. Como exemplo, podemos citar os óleos de laranja, tangerina e grapefruit, cujas concentrações usuais são, respectivamente, 95%, 93% e 91%, e apresentam características sensoriais diferentes.”

De acordo com ele, por outro lado, o óleo de bergamota apresenta características diferentes no que concerne aos constituintes majoritários em sua composição. O limoneno e o acetato de linalila somados são responsáveis por aproximadamente 60% do grupo das mais de cem moléculas já identificadas nesse óleo essencial.

O linalol também merece atenção como diferencial do óleo de bergamota. “Enquanto os óleos de laranja, tangerina e grapefruit apresentam faixas de concentração entre 0,1% e 0,5%, na bergamota essa concentração é de aproximadamente 10%.”

Baraldi também observa que o grupo de moléculas nitrogenadas e sulfuradas é o menos explorado, e talvez seja o mais importante, porque contribui de forma significativa para a qualidade do óleo de bergamota e demais óleos cítricos. “As nuances técnicas são várias. Químicos analíticos têm trabalhado com universidades e empresas na identificação da composição de óleos das mais diversas variedades de frutos cítricos e esse é um desafio multidisciplinar, pois, ao se conhecer a composição, engenheiros e químicos, associados aos aromistas e perfumistas, poderão propor diferentes processos para o fracionamento dos óleos em busca de compostos-chave naturais requeridos para as formulações de novos aromas e fragrâncias”, concluiu Baraldi.

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