Combustíveis – Produtores querem adição maior de biodiesel

O presidente executivo da Uni­ão Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Odacir Klein, disse que o setor só terá crescimento real no Brasil se aumentar a adição de biodiesel dos 5% atuais para 10% no óleo diesel consumido no país. Para tanto, o dirigente revelou que o governo federal precisa alterar o marco regulatório vigente que estabelece em 5% o limite obrigatório da aplicação do produto, dentro do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB).

Klein destacou que atualmente são produzidos 2,5 bilhões de litros de biodiesel no país, embora exista capacidade instalada para 5 bilhões de litros, demonstrando que a indústria pode dobrar sua produção sem grandes investimentos. Ele exemplifica que se ocorresse um acréscimo para 7% na adição, o preço final do óleo diesel teria um acréscimo de apenas R$ 0,02 por litro, valor superado em muito pelas vantagens que a produção do biodiesel representa na geração de emprego, qualidade do meio ambiente e incentivo à agricultura familiar.

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Klein: capacidade de produção pode suportar mistura de 10% no diesel

Segundo o executivo, o entrave para a tomada de posição do governo federal para aumentar a utilização do biodiesel é o medo da volta da inflação, pois grande parte da matéria-prima do produto é derivada da soja. Klein ressaltou que a cadeia do biodiesel está disposta a incentivar o plantio de outras matérias-primas para o insumo, como o plantio de mamona, óleo de palma, óleo de canola e girassol. Dessa forma, conforme Klein, não faltaria farelo para ser usado na produção de proteína animal (80% da oleaginosa), ficando os 18% do grão utilizados como óleo.

Em relação ao mercado de biodiesel, o presidente revelou que grande parte da produção se concentra nos estados do Rio Grande do Sul e Mato Grosso, existindo também operações no Paraná e em Goiás. Já em relação aos consumidores, a maior demanda está na Região Sudeste. O território gaúcho concentra grandes empresas do setor, com um consumo em torno de 6,2% do óleo e 25% do produto comercializado nos leilões.

Klein apontou como um sucesso de aproveitamento do biodiesel a experiência do grupo VIP, de transporte coletivo urbano, que opera nas áreas três, seis e sete das linhas de ônibus de São Paulo. A empresa utiliza 20% de biodiesel na sua frota de 1.200 coletivos, uma experiência que já representou grandes benefícios ambientais para a população da capital paulistana. Entre as vantagens da maior adição de biodiesel estão a redução em 78% das emissões de poluentes como o dióxido de carbono, gás responsável pelo efeito estufa que está alterando o clima em escala mundial, e 98% de enxofre lançado no ar.

O grupo VIP utiliza o biodiesel desde outubro de 2006 em sua frota de ônibus. A mistura D30, composto de biodiesel, diesel e álcool, foi desenvolvida em parceria entre o Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCT), a B100 Participações e a BR Distribuidora. O executivo aponta a existência de preconceito contra as exportações de commodities agrícolas por diversos segmentos da nossa sociedade, que consideram o país envolvido nessa atividade como sendo de segunda linha.

Klein lembrou que, por trás de uma produção eficiente de grãos, existe muito valor agregado, ressaltando que é preciso muita pesquisa da Embrapa, entidades de pesquisas dos governos estaduais, indústrias de máquinas agrícolas e produção de novas variedades de sementes para que a produtividade continue aumentando safra após safra.

A Ubrabio foi fundada em 2007 e representa toda a cadeia de produção e comercialização do biodiesel. Fazem parte da organização 23 empresas, como a B100 Energy, Binatural, Bianchini, Biopar, Camera, CLV, Comanche Clean Energy, Dedini, Evonik, Fiagil, GEA, GPC Química, Granol, Grupal, Intecnial, Linker, Oleoplan, Palmaplan, Sementes Cabral, BDI & Tecnol e TDNew Energy.

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