Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor) reuniu dados (veja tabelas) das empresas a ela associadas e verificou um crescimento de quase 6% nas produções de cloro e soda cáustica no país durante os primeiros seis meses de 2012. Mesmo assim, a taxa de ocupação de capacidades ficou abaixo da média histórica setorial de 87%, embora tenha sido melhor que o registrado para o primeiro semestre do ano anterior, afetado duramente pelo apagão elétrico nordestino no início daquele ano.
“Neste primeiro semestre, apenas recuperamos o nível de produção e vendas de antes do apagão, que provocou uma redução de 4,7% na nossa atividade”, avaliou Aníbal do Valle, presidente da Abiclor. “Estamos andando de lado.” A expectativa do setor para a segunda metade do ano não é muito animadora. Valle salienta que, historicamente, os números do segundo semestre costumam ser melhores que os do início do ano, pois retratam os esforços das cadeias produtivas para formar estoques para o Natal e fim de ano.
Mesmo assim, ele não vê sinais de aumento de atividade industrial em agosto. “Entre os segmentos de mercado que atendemos, como celulose, papel, alumínio e químico, vários projetos de investimento foram colocados em espera, porque o cenário internacional não dá suporte para seu desenvolvimento, sobretudo pela crise europeia, que não se sabe como vai ficar”, argumentou. Ele não vê crescimento sustentável nos Estados Unidos e os sinais vindos da China também são instáveis.
Por sua vez, o setor fez alguns investimentos. A Braskem ampliou sua produção de soda/cloro, mas esta será absorvida pela produção de PVC em Alagoas.
O mercado de soda cáustica registrou uma pequena queda nas importações. Valle explica que essa queda se verificou nos estados do Sul e do Sudeste, que passaram a comprar mais a soda feita no Brasil, voltando as vendas do álcali ao patamar de alguns anos passados, com destaque para os consumos em química, petroquímica, papel e celulose. Os estados do Norte e do Nordeste mantiveram seu ritmo de importações de soda, especialmente para o setor de alumínio.
O presidente da Abiclor lamenta que o governo federal e os estaduais ainda não promoveram reformas estruturantes na economia nacional. “Nós ainda pagamos o dobro pela eletricidade, em relação ao preço internacional, e a maior parte desse sobrepreço é explicada pelo peso dos impostos”, criticou. Para ele, as medidas até agora anunciadas trarão um benefício muito pequeno ao setor. “Para sermos competitivos, seria preciso reduzir em 30% o preço cobrado pela energia”, calculou.
Ele aguarda o anúncio dos planos completos apontados pelo governo federal para investimentos em infraestrutura, especialmente nos transportes. “Esses investimentos são realmente necessários, porém estão atrasados”, comentou.