Mostra carregamento de sal em unidade de cloro-soda no México.
Crescimento dos mercados de PVC e PU, e preço recorde da soda, devem desengavetar projeto de expansão do setor
A indústria nacional de cloro-soda vive um momento decisivo.
Há anos protelando investimentos, sobretudo por causa da falta de motivos conjunturais e de confiança no desempenho do mercado consumidor, agora parece ter chegado a hora dos produtores pensarem seriamente em colocar a “mão no bolso” para ampliar as fábricas.
Uma junção de indicadores positivos, além de deixar poucas desculpas para novos atrasos, tem feito os principais produtores desengavetarem estudos técnicos e financeiros para possíveis ampliações ou, caso contrário, para mudanças de estratégia no país.
O cenário convidativo para os investimentos começa na esfera global.
Em primeiro lugar, o preço internacional da soda nunca esteve tão alto, em uma faixa de US$ 350 a tonelada, depois de ter descido a US$ 50, em maio deste ano e de, na média histórica, pouco ter ultrapassado os US$ 150.
Mas se a oscilação característica de commodity pode não empolgar, o melhor é saber que esse patamar deve perdurar por alguns anos.
Sem nenhum anúncio importante de investimento no mundo, e na atual escassez de oferta desse insumo importante na indústria de alumínio, papel e celulose, ou de sabões e detergentes, o preço alto deve se manter, ajudando os produtores a equilibrar as vendas com o cloro, que sofrem menos oscilações.
Embora essa indústria sempre baseie seus investimentos no mercado do cloro e de sua rica e ascendente cadeia que envolve o PVC e o poliuretano, o aumento do preço da soda, e principalmente da sua demanda em freqüente acréscimo (de 900 mil a 1,2 milhão de t por ano), tem sido encarado como uma das causas da provável volta ao ciclo de reinvestimento do setor.
Esses fatores devem fazer em breve os grandes produtores globais, como Dow Chemical, Solvay, Occidental, além de outros regionais, reverem a atitude de desinvestimento tomada nos últimos anos.
Não custa lembrar que apenas na maior região produtora do mundo, o Golfo do México, no sul dos Estados Unidos, responsável por 30% da capacidade de cloro-soda global (15 milhões de t), cerca de 15% da produção foi desativada.
Outras unidades na Europa seguiram o mesmo rumo, tirando do mercado, a partir de 2001, quase 2 milhões de t do insumo no mundo.
O desinvestimento do Golfo, responsável no longo prazo pela alta da soda neste ano, foi provocado pela elevação do preço do gás natural nos Estados Unidos, que passou, a partir de 1999, de US$ 2,5 para US$ 6 por milhão de BTU.
“Ao longo dos anos, eles apostaram nessa matriz energética mas não se prepararam para futuras expansões do consumo”, explica o gerente de marketing para América Latina da Dow Química, Luiz Pimentel.
O resultado foi a queda do retorno para reinvestimento em unidades eletrolíticas no Golfo do México, a partir desse período, para a média de US$ 100 por tonelada abaixo do valor mínimo necessário.
Somente a Dow, maior produtora mundial com capacidade de 6,5 milhões de t/ano de cloro-soda e com unidade naquela região, reduziu em 345 mil t sua produção em Plaquemine, Louisiana.
“Quando os investidores olhavam os gráficos de valores dos contratos, eles não só declinavam de investir como decretavam o fechamento de unidades”, afirma Pimentel.
Esse cenário perdurou até 2004, aumentando não só o preço da soda como fazendo os produtores do Golfo diminuírem a exportação de derivados (DCE e PVC, principalmente) para se concentrarem no mercado americano.
O melhor de tudo, porém, foram esses longos anos de oferta apertada, aumento de demanda e falta de expansões terem sido responsáveis pela volta do interesse em reinvestimento.
Hoje em termos globais já é viável se pensar em expansões, pois o valor médio para reinvestimento está acima da média histórica em quase US$ 200 por tonelada.
“Tenho certeza que neste momento todos os grandes produtores estão fazendo estudos para construir novas unidades e fazer ampliações”, alerta Luiz Pimentel.
Tríplice escolha – Com o cenário de recuperação, o provável, segundo o gerente da Dow, é o montante deixado de produzir pelo Golfo do México começar a migrar para outras regiões do mundo, capacitadas a receber os investimentos.
Na análise de Pimentel, três regiões vão concorrer nos próximos meses e/ou anos para ser palco do necessário up-grade da atual produção mundial de cloro estacionada em 51 milhões de toneladas, com ocupação média chegando nos 90% e, em muitos casos, a plena capacidade.
São elas: Pacífico (leia-se China), Oriente Médio e, felizmente, América Latina (sobretudo Brasil, principal produtor da região, com capacidade instalada de 1,1 milhão de t de cloro).
Cada uma das regiões tem seus prós e contras, mas também todas podem merecer a atenção dos investidores. A China, cujo interesse mundial já virou lugar-comum, deve continuar a expandir seu parque de cloro-soda a um ritmo até cinco vezes maior dos registrados nos Estados Unidos e na Europa.
Atualmente com capacidade instalada de quase 7 milhões de toneladas/ano, já encostando na produção européia (9 milhões), a previsão é de que o país asiático chegue em 2010 ao nível do mercado americano, hoje na faixa de 14 milhões t/ano.
Com demanda interna alta de soda e de cloro, indústria de plástico em ascensão e PIB crescendo a 9% a.a, o único “contra” da China é a questão energética.
Há quem coloque em risco o crescimento futuro chinês em virtude da disponibilidade limitada de energia, cuja matriz é muito concentrada no sistema hidrelétrico e dependente da entrada em operação da Usina de Três Gargantas, também no longo prazo com risco de ser insuficiente.
A questão energética no mercado de cloro-soda é fundamental, tendo em vista sua condição de atividade eletrointensiva.
Para se ter uma idéia, no Brasil o insumo representa 40% do custo variável e chega a 75% do custo fixo de produção. Não é de se estranhar, portanto, que a energia seja o principal fator para promover o Oriente Médio a segundo candidato natural aos investimentos internacionais de cloro-soda.
Ainda iniciante na atividade, os países árabes contam a seu favor para ingresso na geografia da indústria de álcalis e cloroderivados o fato de possuírem abundante e barata energia.
Da mesma forma, só que pesando contra, a energia também é levada muito em conta nas análises de migração de investimentos para o Brasil. Apesar de já contar com um parque produtivo considerável, um mercado interno interessante e em recuperação, e de não correr no médio prazo mais risco de “apagão”, o País conta com tarifas de energia que podem ser impeditivas para novos investimentos de grupos internacionais.
Penna – tarifa energética ainda é um problema.
“Mais de 50% do preço total da energia são custos tributários, entre encargos, emolumentos e taxas”, lamenta o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), Martim Afonso Penna.
“Dessa forma, cada vez mais vamos exportar impostos e perder competitividade”, diz.
A indignação setorial é pior ao se constatar que nos últimos anos a parcela do custo correspondente à energia tem se mantido estável. Apenas a referente a encargos subiu, e com risco de aumentar mais ainda, caso o projeto de lei que pretende criar subsídio ao gás natural com repasse na tarifa de energia for aprovado no Congresso. “Ou tomamos medidas para deixar de sobrecarregar a indústria ou então perderemos esses investimentos”, acrescenta Penna.
O custo da tarifa também não é o único problema no longo prazo. Mesmo com o empenho das empresas do setor em reduzir ao máximo o custo da energia, e de estarem engajadas em alternativas de consumo livre (cujos leilões de energia são incentivados pelo governo federal), a previsão é que, depois de 2009, o Brasil poderá voltar a ter problemas de abastecimento. “Se não houver investimentos na área, e as demoradas licenças ambientais estão colaborando com isso, poderá ocorrer um colapso”, diz Penna.
Segundo ele, vários investidores, cansados com a burocracia ambientalista do atual governo, já começam a desistir de consturir usinas, principalmente no Norte do País, onde o setor do alumínio terá necessidade de mais energia para ampliações e instalação das novas unidades programadas.
Aliás, o alerta relativo à energia vale também para toda a infra-estrutura brasileira. O caso da logística é o mais importante.
Considerando que 67% da produção de cloro-soda se concentra no Nordeste, enquanto 70% da demanda se encontra no Sul e Sudeste, e ainda que, no caso da soda, 50% do transportado é água, fica fácil entender a preocupação.
“O Brasil precisa aumentar a participação do transporte ferroviário, ter fretes competitivos e interligar os modais, caso contrário pode perder esses investimentos”, lembra Luiz Pimentel, da Dow.
Unidade de DCE da Carbocloro pode dobrar ocupação.
Carbocloro deve investir – Mesmo que na competição entre as três regiões mais atraentes para investimentos o Brasil fique em desvantagem, dificilmente não haverá novas inversões em cloro-soda no país.
Com ocupação da capacidade instalada nos primeiros dez meses do ano alçada a 87,4%, sendo que em junho e julho tenha ultrapassado os 90%, o setor dá todos os sinais de que precisa e pode começar a promover expansões.
Praticamente todos os principais produtores locais, muitos deles operando a plena carga (entre 98% e 99%), reconhecem estudar a possibilidade.
Embora ainda mantendo segredo, alguns deles chegam a dar um pouco mais de detalhes do que pretendem fazer.
O caso mais famoso é o da Carbocloro, terceiro maior fabricante do Brasil, joint venture entre a nacional Unipar e a americana Occidental, com unidade em Cubatão-SP.
Projeto cogitado há alguns anos, segundo informa o diretor comercial Aníbal do Vale, encontra-se na etapa de engenharia básica, onde serão definidos os detalhes do investimento: localização (dentro do site em Cubatão), infra-estrutura, quantidade e tipos de células (com tecnologia de membranas poliméricas, mas com fornecedor em escolha).
Segundo o diretor, até maio ou junho de 2005 a engenharia básica, feita por técnicos da Occidental e da Carbocloro, estará pronta.
A fase mercadológica do projeto, um pré-estudo para avaliar as necessidades da unidade, já está definida. Serão investidos por volta de US$ 100 milhões, com 40% dos recursos captados no BNDES e o restante como contrapartida da empresa.
Isso significará mais um trunch de células eletrolíticas para produzir 112 mil t/ano de soda cáustica e 100 mil t de cloro, cuja entrada em operação se dará no início de 2008, caso realmente ao final do estudo se opte pela construção (o que Aníbal do Vale considera muito provável).
Como todo investimento da área, o da Carbocloro é guiado pelo mercado de cloro. Produtor em Cubatão também de dicloroetano (DCE), principal intermediário do PVC, o grupo confia no crescimento de 5% do mercado dessa resina, em 2004, a se repetir nos próximos anos, para dar o ok para as obras.
“Ficamos quase 20 anos crescendo a uma média de 2,4% ao ano, o que não dava para fazer desembolsos no País com muita facilidade”, lembra Vale.
Dar uma olhada nos números produtivos da Carbocloro ajuda a compreender o interesse em investir. Com produção atual de 284 mil t/ano de soda cáustica e de 253 mil t de cloro, desde o início do ano a fábrica opera com 99% de nível de utilização.
Além de ser complicado técnica e comercialmente trabalhar a plena capacidade, as células de diafragma (60% do total) e de mercúrio rayon (40%) já não têm como passar por desgargalamento (o último feito em 1999 conseguiu aumentar em 18 mil t a produção).
“Nenhum outro período justificou tanto a ampliação como agora”, diz o diretor.
Com a expansão, a Carbocloro também conseguirá aumentar consideravelmente a produção da unidade de dicloroetano. Com capacidade total de 140 mil t/ano, o nível de utilização dobrará dos atuais 45% para 90%.
A meta aí será aumentar a exportação do DCE, das atuais 30 mil t/ano para 70 mil t/ano, continuando a vender o restante no mercado interno.
Com o cloro garantido no mercado de PVC brasileiro (a Solvay, por exemplo, vai aumentar sua capacidade em 2005 para 280 mil t), a possibilidade da nova fábrica também se garante na equação com a soda cáustica, cujo bom desempenho do mercado mundial também tem sido aproveitado pela Carbocloro.
Prova disso é que, além de vender toda sua produção local, a empresa tem importado soda para atender a demanda crescente de seus clientes brasileiros.
Há quatro anos nesse ramo, a empresa aumenta o lote importado: de 30 mil t em 2003, passou para 40 mil t em 2004 e, para o próximo ano, a previsão é chegar nas 50 mil t.
Com déficit nacional representado pelas 600 mil t de soda cáustica importada em 2004, e cuja curva é de crescimento para os próximos anos em virtude da falta de investimentos internacionais já anunciados, a Carbocloro ganha em competitividade com a expansão também por causa do tipo de soda que produzirá.
A tecnologia de membranas, obrigada por lei federal para novas unidades (por ser isenta de mercúrio e amianto), além de utilizar menos energia no processo também gera a chamada soda rayon (ver QD-391, pág. 12).
Obtida também pelo processo de mercúrio, esta soda com baixa salinidade, considerada mais nobre e consumida pelas indústrias têxtil, química e de alimentos, é até US$ 20 por tonelada mais cara que a soda comum.
Vale – investimento de US$ 100 milhões é quase certo.
“Temos foco de vender a rayon e de crescer junto com os clientes que já a utilizam”, afirma Aníbal do Vale.
Por falar em crescer, a Carbocloro deve faturar R$ 680 milhões em 2004, 23% a mais do que o ano anterior.
PVC puxa mercado – O descompasso no crescimento entre o consumo de soda e cloro no Brasil é também um dos fatores na protelação de investimentos.
Tanto foi assim que, nem com o consumo aparente da soda crescendo 4,3% nos últimos anos, houve motivo para ampliações.
Da mesma forma, se daqui para a frente projetos começarem a sair do papel, também não será pelo excesso da demanda de soda previsto pelos investimentos programados para o setor de alumínio no Brasil, seu maior cliente.
Entre eles, os destaques são os projetos da Alcoa Alumínio de US$ 680 milhões, em 2007, para ampliar sua unidade no Maranhão; o da Alunorte, em Barcarena-PA, para dobrar a capacidade até 2007; a Vale do Rio Doce, que investirá US 1 bi na mesma cidade; e a CBA, que pretende construir nova fábrica em Cataguases-MG com US$ 750 milhões.
Nada mal para o setor, ao se saber que 1 tonelada de alumina, matéria-prima do alumínio, consome 85 kg de soda cáustica na metalurgia.
A importância do cloro está no valor agregado à síntese das resinas plásticas PVC e o poliuretano. No primeiro caso, reage com o eteno dando origem ao dicloroetano (DCE), composto intermediário do monômero cloreto de vinila (MVC) para posterior polimerização. No poliuretano, o cloro tem função dupla: pelo processo cloridrina, gera o óxido de propeno, base dos polióis que, em reação com o TDI, também obtido com o halogênio, produz a resina largamente utilizada.
No Brasil, cerca de 40% da demanda de cloro se destina à cadeia do PVC, 35%, para a do poliuretano, e o restante para usos como tratamento de água, cloroderivados, metalurgia, entre outros.
Com esse perfil de importância das duas resinas no mercado, empregadas em larga escala na indústria automobilística e de construção civil, os maiores consumidores, é fácil entender porque todos os investimentos em cloro-soda são para garantir esses fornecimentos.
Apesar de o uso do cloro no Brasil ser considerado até baixo em comparação com países desenvolvidos, a verdade é que para sustentar o aumento de consumo de PVC e PU os produtores locais precisarão pensar em saídas que passam ou pela expansão ou pelo aumento de importação de intermediários e das próprias resinas. Só para se ter uma idéia, com a recente recuperação da indústria automobilística, o consumo de DCE no Brasil cresceu 8,4%, de 2003 a 2004, segundo dados da Abiclor.
Até o momento a maneira de atender o crescimento do mercado interno de intermediários plásticos tem sido com a redução de exportações. Mas essa estratégia, segundo os competidores do setor, não tem vida muito longa.
Serve para atender as projeções de curto prazo e pode sugerir a necessidade de expansões para médio prazo. É o que deve ocorrer com a maior produtora local de cloro-soda, a Braskem, com unidade em Maceió-AL integrada à cadeia de MVC-PVC, onde produz 460 mil t/ano de soda (410 mil t de cloro), 600 mil t de DCE e 204 mil t de PVC.
Com uma ampliação em curso de 50 mil t/ano de PVC em Maceió, a Braskem reduziu o mesmo volume de exportação de DCE, de um total excedente que costuma oscilar entre 130 mil e 150 mil t, para atender suas necessidades internas e para elevar a produção total de PVC (incluindo Camaçari) para 520 mil t/ano.
Ocorre que esse investimento de R$ 90 milhões, segundo explicou o vice-presidente da unidade de vinílicos, Roberto Simões, é apenas uma primeira parte de um plano maior do grupo de ampliar a capacidade total de PVC para 630 mil t nos póximos anos.
Simões – Brasken pode ampliar depois de 2005.
“Quando for tomada a decisão pela continuidade dos investimentos, que aumentarão a capacidade de PVC em mais 50 mil t em Maceió e outras 50 mil em Camaçari, poderemos rever nossos estudos”, afirma Simões.
Por “rever os estudos” pode-se entender a necessidade de ampliar a unidade de cloro-soda.
Quem explica essa possibilidade é o próprio vice-presidente: “Ao ampliar em mais 100 mil t a produção do PVC, o que deve ser decidido até o fim de 2005, precisaremos de mesmo volume de DCE, o que vai zerar o excedente hoje exportado”, completa.
Como um grupo do porte da Braskem vive de resultados e explicações aos acionistas, fica difícil imaginar que a empresa vai se abdicar totalmente da exportação e de crescer em um mercado como o do PVC.
A unidade de cloro-soda da Braskem em Maceió-AL, aliás, não tem como sofrer mais desgargalamento para ampliar um pouco sua produção. De tecnologia de diafragma de amianto, passou por recentes investimentos para otimizar seu consumo de energia (R$ 50 milhões em 2003 e R$ 43 milhões em 2004) e hoje opera a 100%, segundo seu diretor comercial, Fernando Butze.
“Com a modernização, conseguimos ocupar totalmente as células sem comprometê-las e sem ser afetadas com oscilações de energia”, ressalta Butze. Já a unidade em Camaçari, na Bahia, de 60 mil t de cloro e 73 mil de soda e com tecnologia de mercúrio, é praticamente toda dedicada a nova fábrica de defensivos agrícolas Round-up da Monsanto.
PU também – No outro grande filão do cloro, o poliuretano, também há espaço para pensar em necessidade de expansões. Basta analisar o desempenho da principal empresa do ramo, a Dow Química, que tem a segunda maior unidade de cloro-soda do Brasil, em Aratu-BA, com capacidade de 415 mil t/ano, integrada a sua produção de óxido de propeno-poliol e TDI, empregados na síntese do poliuretano.
Operando a 90% da capacidade, a planta, de acordo com o gerente de marketing, Luiz Pimentel, não tem mais como tentar promover desgargalamentos para conseguir ganhos de produção.
A última dessas obras ocorreu em 1998, quando foram investidos US$ 42 milhões em modernização das células de diafragma e na construção de tubulação para interligar a fábrica com a produção de TDI da Dow, em Camaçari.
“Não temos mais o que fazer na fábrica, se for preciso aumentar a produção, será por meio de novas obras”, alerta Pimentel.
Como cerca de 80% do cloro da unidade volta-se para os intermediários do poliuretano, a probabilidade de investimentos não é das menores.
Isso porque o mercado de PU deve fechar 2004 com crescimento de até 4,5%, mantendo essa média pelos próximos anos (depois de só ter crescido à média de 2,5% nos anos anteriores) e registrando o melhor consumo aparente da história (285 mil t). “Estamos reavaliando o mercado e podemos concluir pela expansão”, diz.
Como a construção de nova unidade de cloro-soda demora no mínimo dois anos, a saída para suprir aumentos de demanda dentro desse período seria diminuir a exportação de alguns derivados clorados, como glicóis e solventes.
A fábrica da Dow, assim como todo mercado nacional, para Pimentel suporta o atual ritmo de consumo até o final de 2007. A partir daí, caso não haja investimentos, o Brasil poderá passar a importar mais PVC e PU. O momento, portanto, é de decisão para o parque de cloro-soda nacional.
Principalmente ao se levar em conta que os investimentos na China e no Oriente Médio com certeza sairão e, na perda de competitividade brasileira, não só o déficit da soda caústica deve aumentar como as duas resinas plásticas poderão seguir o mesmo caminho.