Bombas: Retração dos grandes projetos preocupa fabricantes e estimula a ampliar a lista de aplicações

Química e Derivados, Corpo forjado de bomba de alta pressão para injeção em poços de petróleo, da KSB, em teste hidrostático
Corpo forjado de bomba de alta pressão para injeção em poços de petróleo, da KSB, em teste hidrostático

Os fabricantes de bombas industriais instalados no Brasil estão com as carteiras robustas, pelo menos para os próximos seis meses. Depois disso, porém, sobram incertezas. O clima eleitoral indica a presença de ventos de mudança e sofre com os desarranjos de um modelo de negócios que exige a a intermediação de empresas de engenharia, compras e construção (os epecistas), deixando no ar a impressão de que uma nova onda de grandes projetos – e das suas respectivas encomendas – vai demorar.

A redenção e a perdição do setor de bombas – e de quase todo o setor de equipamentos sob encomenda no Brasil – responde pelo nome de Petrobras. Desde a descoberta das reservas de óleo de gás na camada do pré-sal, trombeteada com grande dose de exagero, a estatal petroleira anunciou um aumento vertiginoso dos seus planos de investimentos quinquenais. Cifras gigantescas, mesmo descontado o pedágio do Petrolão, foram destinadas a construir sondas, plataformas submarinas, navios-plataformas, tubulações e também refinarias, além de uma pletora de instalações complementares. Todos esses investimentos contêm quantidades variáveis de bombas, de variados tipos de tamanhos.

A Petrobras já era, antes dessa fase, uma grande compradora de equipamentos não seriados. Anabolizada pela intenção megalômana de operar o setor de petróleo em um país convertido de importador a exportador desse recurso em quantidades sauditas, a estatal se tornou a maior compradora dessas bombas do país. Com um porém: as compras para os novos projetos foram concentradas nas mãos dos epecistas.

Esse porém não é nada desprezível porque, como se ficou sabendo mais tarde, ele representou a entrada em um dos círculos do inferno. Os contratos continham todas as pesadas exigências impostas pelo cliente final, mas os pagamentos (assim como toda a relação comercial) passaram a ser feitos por intermediários, que nem sempre pagam em dia, para desespero dos fabricantes, embora sequestrem parte da margem de lucro dos fornecedores, depois de pressionarem para baixo os seus preços.

Equipamentos engenheirados não custam barato. Os fabricantes precisam investir em recursos humanos qualificados, desde o projeto até a sua execução, precisam ter equipamentos e instalações adequadas, entre elas bancadas de testes hidráulicos avançados, além de comprar os insumos necessários à produção, como ligas metálicas especiais, aço inoxidável, entre outros. Todo isso consome capital de giro. Os sucessivos e constantes atrasos de pagamento afetam muito os resultados financeiros dessas empresas.

Indiretamente, o setor petroleiro também levou a pique outro grande cliente dos fabricantes nacionais de bombas: o setor sucoalcooleiro. O congelamento do preço da gasolina praticamente inviabilizou a produção de etanol, cujo custo de produção subiu nos últimos doze meses e não pôde ser repassado para os consumidores. Com mais de 400 unidades produtoras de álcool e açúcar no país, o setor representava uma demanda anual estável e atraente para as bombas não seriadas.

Química e Derivados, Vallo: ampliação do portfólio deve compensar retração estatal
Vallo: ampliação do portfólio deve compensar retração estatal

Mercado fraco – Um conjunto de fatores pode ser apresentado para explicar a atual situação do mercado de equipamentos industriais, entre eles a indústria de bombas. A pesada intervenção do governo federal no câmbio, mantendo o real valorizado frente ao dólar, a queda abrupta das encomendas da Petrobras, a falta de proteção aos produtos nacionais, os quais pagam impostos muito superiores aos exigidos dos importados, além das notórias deficiências de infraestrutura, são elementos típicos desse conjunto.

“O melhor ano que tivemos, em valor de vendas, foi 2009”, comentou Corrado Vallo, diretor da Omel Bombas e Compressores, conceituado fabricante de capital nacional, instalado em Guarulhos-SP. Segundo informou, as vendas de 2013 foram equivalentes à metade do valor alcançado naquele ano. “E estamos lutando para fechar 2014 com o mesmo valor de vendas do ano passado”, afirmou.

Também diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Vallo avalia que a demanda nacional por bens de capital mecânicos está fraca, prejudicada pela falta de confiança dos empresários e pelos indicadores macroeconômicos ruins do país. Dessa forma, ainda há procura por bombas de médio e pequeno porte, com pedidos bem pulverizados. “O câmbio também não nos ajuda e facilita a entrada de bombas seriadas, as engenheiradas nem tanto, porque os clientes temem ficar sem assistência técnica e peças para manutenção”, comentou.

Química e Derivados, Heriberto: competitividade local fica aquém dos países vizinhos
Heriberto: competitividade local fica aquém dos países vizinhos

Com ele concorda José Heriberto, gerente geral de vendas da Flowserve do Brasil, empresa internacional com forte participação no mercado nacional de equipamentos engenheirados, detentora de marcas conhecidas, como Worthington, Durco, Pacific e Byron Jackson. “De 2012 para cá, o mercado local despencou porque o governo não apoiou a indústria nacional, não atacou o custo Brasil e os impostos agregados aos produtos ficaram cada vez mais elevados”, criticou.

Como se trata de um grupo internacional, é possível comparar o desempenho local com operações similares, instaladas em outros países. “No nosso benchmarking interno de competitividade, estamos muito abaixo das fábricas instaladas no México, Argentina, Colômbia e Venezuela, sem falar nas operações da Ásia”, relatou.

Em contraste com a situação brasileira, as unidades globais da Flowserve verificam resultados mais interessantes. Segundo Heriberto, o mercado americano por bombas está se recuperando rapidamente e isso também se reflete na operação mexicana, que produz equipamentos API e Ansi (linha química). A companhia mantém a produção de bombas API de grande porte na Argentina, que exporta produtos para os Estados Unidos e ao Brasil. “Até a Venezuela voltou a pagar as contas atrasadas”, comentou.

Heriberto informou que a Flowserve do Brasil possui uma carteira de pedidos formada, com duração prevista para dez meses, suficiente para manter a estrutura de produção até meados de 2015. “Mas o negócio é formado por encomendas de curto, médio e longo prazo, precisamos ter perspectivas para desenvolver nossas atividades; sem renovar as encomendas para o futuro, não conseguimos projetar nada”, disse.

Química e Derivados, Bombas de fluxo axial, da Omel, oferecem vazões elevadas
Bombas de fluxo axial, da Omel, oferecem vazões elevadas

Também membro da diretoria da Comissão Setorial de Bombas e Motobombas da Abimaq, Heriberto comenta que essa percepção é generalizada no setor. “O mercado está fraco em todos os segmentos, com exceção das bombas para poços artesianos e de equipamentos pequenos para água, de uso doméstico”, afirmou.

A companhia inaugurou há dois anos uma fábrica no Rio de Janeiro, especializada em equipamentos para petróleo e gás. As demais linhas de bombas de processos foram transferidas para São Caetano do Sul-SP, onde já operava uma fábrica de válvulas industriais. “Os grandes projetos da Petrobras pararam de gerar encomendas e o setor químico, outrora um grande comprador, está praticamente sem projetos novos”, informou.

A euforia do pré-sal e dos vultosos planos de investimentos da estatal petroleira atraíram novos players para o país, aumentando a competição por clientes, que se tornaram escassos. No setor químico, por exemplo, há apenas um grande projeto de investimento, as unidades de ácido acrílico e seus derivados, da Basf, em fase final de construção. Há alguns projetos da Braskem em curso, porém de menor tamanho. Ao todo, o setor químico está investindo pouco e isso se refletirá no aumento do déficit comercial de produtos químicos nos próximos anos.

Química e Derivados, Moldes desenvolve planos para aumentar exportação de bombas
Moldes desenvolve planos para aumentar exportação de bombas

A KSB do Brasil apresenta a mesma visão de mercado, porém com outra abordagem. “O mercado industrial realmente está muito ruim, mas conseguimos até ampliar ligeiramente as nossas vendas neste ano porque temos um portfólio de produtos muito diversificado e atendemos vários mercados diferentes, alguns deles com bom desempenho”, afirmou Carmelo Fernandez Moldes, presidente da empresa no América do Sul. Ele obteve bons resultados na construção civil – muito ativa no começo do ano, com uma queda perceptível no segundo semestre – e também na agricultura, com projetos de irrigação.

Ao mesmo tempo, foram notáveis as quedas de demanda dos grandes projetos, tanto do setor petroleiro, quanto da mineração e do sucroalcooleiro. “Sem um marco regulatório adequado, os investimentos em mineração não estão sendo feitos, sem contar que o preço dos minérios caiu em todo o mundo”, comentou.

Os projetos de grande porte em saneamento básico no Brasil, embora tenham sido sobejamente anunciados, não decolaram. “Assim como a mineração, o saneamento é uma área na qual o país possui oportunidades enormes de investimento, mas que não estão sendo aproveitadas”, lamentou.

A KSB tem uma carteira de encomendas suficiente para entrar em 2015 com programação para três meses, mas é preciso angariar novos contratos para garantir a continuidade das operações. No panorama atual de mercado, a companhia busca manter seu nível de atividade reforçando suas exportações. “Historicamente, nossas vendas ao exterior giravam em torno de 5% do faturamento, mas já estamos perto de 15% e queremos chegar a 20%, sem prejuízo das vendas internas, assim teremos um volume de demanda mais estável”, salientou.

Química e Derivados, Sistema completo da KSB pressuriza água em instalações prediais
Sistema completo da KSB pressuriza água em instalações prediais

Para Carmelo Moldes, a taxa de câmbio atual, em torno de R$ 2,40 por dólar, não é a ideal, mas já confere alguma competividade às bombas nacionais. “Quando o dólar estava a R$ 1,50, nosso custo de produção era superior ao da Alemanha; agora, voltamos a ser competitivos em relação à Europa e aos Estados Unidos, mas não contra os asiáticos”, explicou.

A Abimaq vem lutando há algum tempo para que o setor de petróleo e gás respeite as regras de conteúdo local mínimo nas encomendas de m´quinas e equipamentos. “A questão do conteúdo local tem impactos diferentes em cada segmento de mercado: as válvulas sofrem muito mais com as importações do que as bombas”, comparou Moldes.

Dependência petroleira – Mesmo depois de perder quase um quarto de seu valor de mercado nas bolsas de valores, a Petrobras continua sendo o mais importante comprador de bombas do país e seu comportamento influencia todo o mercado. A magnitude de seus projetos atrai os fornecedores de todas as partes do mundo.

Além dos valores envolvidos, as encomendas da estatal possuem um poderoso fator de atração: elas representam um desafio aos fabricantes para superar condições extremas de operação, sob exigências severas de desempenho e qualidade.

“A Petrobras é um grande cliente, mas evitamos aumentar a participação de suas encomendas no nosso faturamento além dos 40% atuais”, comentou Moldes. A dependência de um só cliente é estrategicamente arriscada. Isso foi comprovado recentemente, com a retração abrupta das novas encomendas por parte da estatal. “Ela vinha investindo muito forte, mas deu uma parada em 2014”, comentou.

Moldes comentou que a queda de encomendas da área de refino de petróleo já era esperada, pois a estatal está concluindo dois investimentos pesados na Renest (Refinaria Abreu e Lima, em Suape-PE) e no Comperj (no Rio de Janeiro), que consumiram uma quantidade enorme de bombas. “Para o nosso setor, uma refinaria traz muito mais encomendas que uma plataforma de exploração”, comentou Moldes. As unidades Premium que seriam construídas no Ceará e no Maranhão foram postergadas.

A estatal também investiu para construir sua Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III, em Três Lagoas-MS, e está anunciando encomendas para a UFV-V.

A KSB investiu há alguns anos para produzir no país equipamentos para o setor de óleo e gás. “Investimos em maquinário, treinamos nosso pessoal e instalamos uma sofisticada bancada para testes hidráulicos de bombas com 7,5 MW de potência”, informou Moldes. “Adquirimos competência para produzir até bombas de injeção, que são o coração das plataformas de produção de petróleo, equipamentos de alta sofisticação, com poucos fornecedores mundiais”, afirmou. São bombas de elevadas pressão e vazão, responsáveis por injetar água nos poços para ajudar a recuperar o óleo que fica contido nos reservatórios. Por causa da elevada pressão de serviço, esses equipamentos precisam ser construídos com corpos forjados e recebem uma grande quantidade de acessórios de controle e segurança.

Química e Derivados, Pugliese: demanda de Colômbia e Peru atraiu unidades do grupo
Pugliese: demanda de Colômbia e Peru atraiu unidades do grupo

A KSB do Brasil é centro de referência para suprimento de produtos fabricados conforme norma API, possuindo participação nos principais mercados regionais, como Colômbia e Peru, países que entraram no foco dos investidores globais. “Montamos a KSB Peru há dois anos e agora inauguramos a KSB Colômbia”, informou Biagio Pugliese, vice-presidente da KSB do Brasil. Essas duas unidades pertencem ao grupo internacional, com sede na Alemanha, mas são operadas pela subsidiária brasileira. “Já tivemos fábrica na Colômbia, mas ela foi fechada há mais de 10 anos, quando o país estava em um período muito difícil, felizmente superado”, comentou. No momento, essas unidades terão equipes de vendas e assistência técnica, mas poderão receber estoques e ferramentas para suportar a montagem local de conjuntos. Na região, a companhia também possui operações na Argentina e no Chile.

A Omel, atenta às necessidades da Petrobras, não poupou esforços para desenvolver bombas especiais. “Foi preciso montar um banco de provas específico para testar todos os modelos”, comentou Vallo. Ele destacou algumas das novidades, a começar pelas bombas de fluxo axial, indicadas para movimentar altos volumes sob baixa carga manométrica. “A linha BFA tem rotores parecidos com hélices de barcos, com a possibilidade de regular o ângulo de ataque das pás e, com isso, modificar sua curva de operação”, explicou. Essas bombas são indicadas para o esvaziamento rápido de grandes tanques de sedimentação. “Vendemos apenas quatro dessas bombas, foi o suficiente para recuperar o investimento, mas ficou muito aquém do que esperávamos”, revelou.

Química e Derivados, Bomba vertical in line da Omel recebeu certificação da API
Bomba vertical in line da Omel recebeu certificação da API

Fato semelhante se verificou com a bomba de dois estágio tipo low flow, que opera com baixa vazão (de 3 mil a 30 mil litros/hora) e pressão elevada (até 600 mca). “A Petrobras queria uma dois estágios de grande porte, nas regras do Prominp de conteúdo nacional, e fizemos uma, com motor de 500 cv, mas ficou nisso”, lamentou.

A Omel também desenvolveu bombas verticais construídas sob norma API a pedido da Petrobras, mas só vendeu duas unidades dela. Para os navios-plataforma (FPSO), a empresa produziu duas bombas in line, com carga e descarga no plano horizontal, para uso em linhas de combate a incêndio.

Outro desenvolvimento para a estatal forma as bombas magnéticas HDRMAG, com certificação API, usadas para o bombeamento de gasolina e outros inflamáveis em duas refinarias da empresa (Regap, de Betim-MG, e e Henrique Lage, de São José dos Campos-SP), com elevado índice de segurança, superior ao oferecido pelos sistemas de selos mecânicos. O vaso interno que entra em contato com o bombeado é feito de Hastelloy C. “Nossas magnéticas entraram em operação em 2012 e não deram nenhum problema desde então”, afirmou.

Analisando o retrospecto dos últimos meses, Vallo se arrepende de ter aumentado a dependência das encomendas da Petrobrás. “Em 2012, 45% do nosso faturamento vinha de encomendas da estatal, e os 55% restantes eram ligadas a bombas de vácuo, compressores e bombas para a indústria química, entre elas alguns equipamentos para a unidade de acrílicos da Basf”, afirmou. Quando as encomendas da estatal minguaram, o faturamento despencou. “Investimos também na diversificação do portfólio, mas é difícil substituir um cliente desse tamanho”, disse Vallo.

Um exemplo desse esforço é o compressor de trilóbulos que a Omel está desenvolvendo para substituir bombas de vácuo em várias aplicações, como transporte pneumático, limpa-fossas e outros, oferecendo a vantagem de resfriamento por passagem de ar frio, dispensando o circuito de água de refrigeração que é típico das bombas de vácuo. “Esse compressor é mais robusto e ocupa menos espaço que as bombas de vácuo”, explicou Vallo.

Química e Derivados, Omel espera maior demanda pela bomba low flow...
Omel espera maior demanda pela bomba low flow…

Investimentos – Apesar das dificuldades conjunturais, os fabricantes de bombas são obrigados a manter um plano de investimentos atualizado, com o objetivo de aumentar sua qualidade, produtividade e eficiência, além de evitar o risco da obsolescência das suas linhas de fabricação.

“Mantemos a média de US$ 10 milhões de investimentos anuais, porém neste ano ficaremos um pouco abaixo disso, até porque inauguramos no ano passado uma fábrica de válvulas em Jundiaí-SP, que consumiu mais recursos do que a média histórica”, comentou Carmelo Moldes, da KSB. A companhia substitui a cada ano as máquinas principais mais antigas, contando sempre com equipamentos avançados, como as centrais de usinagem capazes de autocompensar o desgaste as ferramentas de corte para oferecer resultados sempre homogêneos.

A operação brasileira da KSB completará 60 anos em dezembro e se prepara para um novo round de ampliações. “Temos um projeto pronto para construir uma fábrica moderna de bombas seriadas em Jundiaí, ao lado do prédio onde produzimos válvulas”, comentou Moldes. “Estamos estudando para ver se ativamos esse projeto em 2015.” Atualmente, as bombas seriadas são fabricadas na unidade de Vinhedo-SP. A KSB possui também uma fundição em Americana-SP, capaz de suprir toda a demanda das operações brasileiras, com folga para atender pedidos de terceiros.

Química e Derivados, ...enquanto suas magnéticas operam em refinarias
…enquanto suas magnéticas operam em refinarias

A modernização de produtos também requer esforços da fabricante brasileira. “Atualizamos recentemente a nossa tradicional linha Mega e isso exigiu redesenhar toda a parte hidráulica, além de modificar a parte mecânica para acomodar novo sistema de selagem, combinando avanços na sua eficiência e segurança”, comentou Moldes. O novo projeto da linha Mega é globalizado, ou seja, idêntico em qualquer lugar do mundo, com versões para água e aplicações industriais.

A companhia também está atualizando sua linha de pressurizadores para edifícios, equipamento cuja demanda começou a se tornar mais frequente no país. “São conjuntos de bombas que mantém a linha de distribuição hidráulica de um edifício sob pressão constante; quando o consumo aumenta, o sistema vai ligando mais bombas e aumentando a rotação para manter a pressão constante”, explicou Moldes. A KSB entrega o conjunto completo, com interface para conexão ao sistema de controle geral do prédio. O uso dos pressurizadores evita colocar caixas d’água no topo das torres, exigindo reforçar a sua estrutura.

Além desses projetos, a KSB inaugurou recentemente os centros de serviços nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, perfazendo o total de oito dessas unidades, instaladas em locais em que a população de bombas da marca é grande. “Os distribuidores também fazem esse serviço, dentro de sua área de atuação”, comentou.

A Flowserve inaugurou em 2012 a fábrica do Rio de Janeiro, especializada em produtos para o setor de óleo e gás. “Essa unidade possui todos os equipamentos e procedimentos exigidos pelas normas API e pelas normas internas da Petrobras”, salientou Heriberto. Sem novos projetos, a estatal ainda é um cliente de respeito, por comprar peças de manutenção. “Temos um parque muito grande de bombas instaladas na Petrobras”, afirmou. Porém, ele mesmo aponta que a demanda por peças também está reprimida.

Química e Derivados, Beneduzzi mostra bomba T-2: alternativa para as helicoidais
Beneduzzi mostra bomba T-2: alternativa para as helicoidais

Deslocamento positivo – A Netzsch do Brasil colhe os frutos de um reposicionamento estratégico realizado em 2005, quando as unidades de negócios foram transferidas para Pomerode-SC, com as operações de moagem, separação e bombas devidamente segmentadas. “Estamos investindo para melhor distribuir a produção e os serviços em mais 4 mil m² de área construída, dentro de um site no qual já temos 28 mil m² construídos”, afirmou Silvio Beneduzzi, diretor geral da divisão de bombas da companhia. As bombas ocuparão o espaço deixado pela divisão de moagem, que está se mudando para outro local, onde terá 7 mil m². A companhia investe no Brasil, em média, entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões por ano.

O seu portfólio não compreende bombas centrífugas, mas é líder mundial nas helicoidais do tipo Nemo (com rotor helicoidal e estator feito de elastômeros especiais). “Somos a sede global dos produtos para petróleo e indústria naval da companhia”, explicou Beneduzzi.

Com isso, a unidade brasileira consegue manter o fluxo de inovações, abrangendo o ciclo completo, desde o projeto de engenharia até a fabricação das peças e montagem final dos equipamentos. As bombas helicoidais contam com quatro centros de competência: Alemanha, China, Índia e Brasil, a partir dos quais são atendidos todos os clientes. Mas a unidade de Pomerode é a referência mundial nas fórmulas de borracha para a confecção dos estatores.

“Com esse grau de responsabilidade dentro da companhia e com os esforços para sermos competitivos, estamos exportando 43% do nosso faturamento e queremos chegar a 60%”, informou o diretor geral. Ele comentou que a operação brasileira estava preparada para lidar com uma relação cambial de R$ 1,80 por dólar e, por isso, não vê problema com a taxa atual de R$ 2,40. Apesar disso, a rentabilidade da operação brasileira, com 40 anos de atividade contínua, está abaixo da média do grupo internacional.

A elevada exportação ajuda a contrabalançar a tibieza do mercado interno por equipamentos. Beneduzzi comenta que a Petrobras é o maior cliente individual da companhia em todo o mundo, mas a companhia não depende dela para manter ativa sua produção, hoje 80% ocupada (em dois turnos). Mesmo assim, o setor de óleo e gás representa 40% das vendas da Netzsch do Brasil, incluindo exportações.

No caso da indústria naval, a empresa desenvolveu bombas de fusos para líquidos viscosos, caso do óleo bunker (combustível naval). “Começamos a fazer bombas com dois fusos na década de 1970, de forma quase artesanal, ganhamos mercado com a linha de três fusos e lançamos recentemente as bombas com quatro fusos, fabricadas em processo automatizado, capazes de substituir com vantagens as bombas de engrenagens”, explicou.

Beneduzzi comentou que as regras de conteúdo local na fabricação de navios não resultam em nenhum favorecimento para a produção local de equipamentos. “O valor destes dentro do investimento total de um navio é muito pequeno, fica fácil alcançar o percentual mínimo de nacionalização mesmo com a importação deles”, explicou.

Como se posiciona na fronteira tecnológica dos produtos e também dos processos produtivos, a Netzsch se preocupa em manter o ritmo de lançamentos. Segundo Beneduzzi, no futuro serão lançadas bombas helicoidais engenheiradas para aplicações em plataformas de exploração e FPSO, executadas em ligas metálicas nobres e com selos especiais. Aliás, as helicoidais dominam o transporte de óleo por dutos, segundo o diretor geral.

As bombas da Netzsch também atendem os setores de alimentos, químico, mineração, celulose e papel, ente outros. “Fornecemos todas as helicoidais que estão instaladas nas ‘cozinhas’ de celulose e papel da América Latina”, comentou. São equipamentos críticos, capazes de paralisar uma fábrica inteira caso apresentem defeito. “É um setor que não parou de investir”, disse.

A Netzsch também tem forte participação no setor sucroalcooleiro, lidando com caldo, melaço e lodo. “Esse setor é grande, mas os novos projetos estão paralisados”, lamentou.

A companhia está apresentando a Tornado T-2, bomba de lóbulos de design compacto, com pouco espaço ocupado, indicada para saneamento básico (movimentação de esgotos e lodos) e também na indústria de celulose. “O equipamento concorre com a bomba Nemo, mas a bomba helicoidal consegue ajustar melhor a vazão por meio de inversores de frequência”, explicou. A T-2 pode ser desmontada facilmente pela parte frontal, permitindo a manutenção sem desacoplamento da linha.

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