O setor das bombas industriais no País deve fechar 2001 com um faturamento estimado em R$ 550 milhões, empatando com o do ano anterior. As previsões são do presidente da Câmara Setorial de Bombas e Motobombas (CSBM), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Gilberto Chiarelli, também diretor comercial da KSB. “Esperávamos para 2001 um crescimento de 5% a 7%, mas já consideramos positivo não ter havido nenhum decréscimo”, avaliou, evando em conta os efeitos negativos causados pela crise energética do primeiro trimestre, a derrocada Argentina e o terrorismo de setembro, marcado pelo ataque às torres do World Trade Center, em Nova Iorque, EUA.
Neste mês, porém, a indústria brasileira de bombas industriais dá indício de haver retomado o bom rumo dos negócios ditado pelas perspectivas de investimentos.
O certo é que os segmentos não deixaram de investir. Os de papel e celulose, mineração, petróleo e petroquímica continuam fortes e até ensaiam ampliação. A Petrobrás manteve seus investimentos implementados e alavancados com os projetos das termoelétricas.
Para os irmãos Corrado e Marzio Vallo, da Omel, os responsáveis pelo crescimento de 20% a 25% do seu faturamento também foram os setores energéticos e de petróleo.
Com relação à crise de energia, houve uma adaptação do empresariado com mudanças de turnos, remanejamento dos postos de trabalho e investimentos em geradores. Na opinião de Marzio, a atual conjuntura internacional atrapalhou o mercado: “Fizemos uma série de orçamentos no setor de petróleo, mas nem tudo se realizou. As pessoas estão com medo de investir; se os Estados Unidos entram em crise, reflete aqui. O ano que vem é uma incógnita”, observa.
O gerente de marketing da Sulzer Marcos Koyama discorda de Marzio. Para ele, o impacto dessa crise tem sido neutro nos negócios da empresa. Cauteloso, Marzio diz que tem tomado extremo cuidado na área financeira. “Passamos a controlar com mais rigor as despesas, contratações e compras”, enfatiza.
De acordo com Koyama, o problema de energia no País fez deslanchar os investimentos nacionais na geração termoelétrica e cogeracão. Outro ponto positivo é que as exportações de bombas na alimentação de caldeiras, para plantas de ciclo combinado, especialmente para o mercado norte-americano, foram maiores em 2001. Para ele, “esses dois fatores combinados trouxeram um aumento significativo nas encomendas”. O câmbio também contribuiu para um resultado favorável nas exportações, que cresceram 50%.
A Sulzer atua na linha de bombas de processo API 610 de um e múltiplos estágios, bombas de alta pressão na alimentação de caldeiras para cogeração e termoelétricas de ciclo combinado, bombas de extração de condensado, as verticais de grande vazão para aplicação em saneamento, irrigação, resfriamento, bombas bipartidas de médio e grande porte para saneamento e indústria. Koyama conta que as encomendas cresceram 30%, por causa dos investimentos realizados pela Petrobrás, tanto em produção, como em refino.
O setor petrolífero tem merecido destaque e atenção especial. Tanto assim que o Grupo Netzsch resolveu separar as atividades da área em uma nova empresa. Com sede na Alemanha, tem como presidente o também gerente-geral da Netzsch do Brasil Silvio Beneduzzi Filho. O primeiro aniversário da nova empresa foi comemorado em agosto de 2001 e, segundo seu presidente, já atingiu o ponto de equilíbrio. Conta que tem 48 bombas vendidas para os Estados Unidos e Canadá, com entrega marcada entre março e maio de 2002. “Nosso produto pode ser encontrado a uma temperatura de – 45ºC, na Sibéria, ou permanentemente, a +45ºC, em Omã ou Catar”, disse. Para ter essa flexibilidade é preciso fazer adaptações, adotando óleos específicos para lubrificação. Motor e gaxeta também devem ser ajustados para atender uma ou outra opção climática. “É um produto brasileiro colocado no exterior por meio de uma empresa centrada na Alemanha”, explicou.
Beneduzzi comentou que a Netzsch iniciou parceria com a Petrobrás há 20 anos. Comercializaram bombas horizontais, oleodutos e até as atuais bombas de exploração nas quais o acionamento fica na superfície e pode extrair petróleo até mil metros de profundidade. A novidade está por conta da linha NM…L, bomba com vazão de até 500 m³/h e pressão de 4 ou 6 bar, capaz de atuar em temperaturas de –40°C até 200ºC. Essa bomba helicoidal de cavidade progressiva apresenta fluxo contínuo, sem pulsação, é compatível com alta viscosidade e alto teor de sólidos, tem bom desempenho no transporte de meios abrasivos, alto rendimento mesmo em baixas velocidades, boa capacidade de aspiração, e não necessita de válvulas. Além disso, deve ter flexibilidade na montagem e baixo valor NPSH requerido. Só na Petrobrás, afirma Beneduzzi, têm mais de mil unidades.
Além da helicoidal, a Netzsch produz as bombas centrífugas sanitárias, de lóbulos, de fusos e dosadoras. As de fusos são usadas nas hidroelétricas, em lubrificação de turbinas, mercado animado com a crise energética no País. Beneduzzi conta que há tempo a empresa operava nesse setor. As usinas iniciadas a partir do racionamento vão demorar para entrar em funcionamento. Ele explica que uma turbina leva de 24 a 36 meses para ser produzida, além de todo sistema de lubrificação, limpeza e balanceamento. “Muitos clientes nossos fecharam contrato de geração de energia com a Petrobrás e certamente vão precisar de bombas, mas só de 2003 para frente”, conta.