O primeiro trimestre de 2000 trouxe aumento de 6% nas vendas totais do Grupo Basf no Brasil, quando avaliadas em reais, totalizando R$ 464 milhões no período.
O resultado superou a expectativa do grupo e é explicado pelo bom desempenho de vendas de termoplásticos, corantes e produtos químicos industriais.
Em toda a América do Sul o crescimento foi de 26%, alcançando o valor de 452 milhões de euros (quase US$ 410 milhões), semelhante ao verificado na Basf mundial, com 25% de variação, totalizando 8,87 bilhões de euros (US$ 7,7 bilhões).
A desvalorização cambial promovida no início de 1999 exige análise diferenciada dos resultados obtidos no ano.
Em moeda estrangeira, as vendas no Brasil somaram aproximadamente US$ 1,2 bilhão, 20% menos que o US$ 1,5 bilhão registrado em 1998.
Já em reais, o resultado foi 34% superior. Para a América do Sul, o crescimento de vendas ficou em 12%, saltando de 1,64 bilhão para 1,84 bilhão de euros.
Em âmbito mundial, as vendas do grupo Basf cresceram 6,6%, perfazendo 29,5 bilhões de euros no ano passado, contabilizando dados de 114 empresas atuantes em 170 países com 8 mil produtos.
Ainda em 2000, a Basf vai lançar ações na Bolsa de Nova York (EUA), com o objetivo de ampliar a competitividade internacional.
No ano passado foram promovidas várias modificações em áreas de negócios da Basf mundial.
Entre elas, sobressai a formação de joint venture com a DyStar (Hoechst e Bayer) para atuar em corantes têxteis com mais sinergia.
Nos acrílicos, foi adquirido o negócio de superabsorventes da norte-americana Chemdal, continuando processo de fortalecimento na área, iniciado com a compra de divisão análoga da Clariant, em 1998.
Na petroquímica, o grupo está formando com a Shell um dos maiores produtores de poliolefinas do mundo (polietilenos e polipropileno), unindo as subsidiárias Elenac, Targor e Montell sob a denominação Basell.
Na química fina (saúde e nutrição), cabe destacar a compra da divisão de agroquímicos da American Home Products (Cyanamid) por 4 bilhões de euros, além da aquisição de 40% do capital acionário da sueca Svalöf Weibul, maior fornecedora européia de sementes.
A compra dos defensivos da AHP abrangeu a área de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, com a possibilidade de lançar mais 15 ingredientes ativos até 2005, agregando mais US$ 2 bilhões ao faturamento do grupo, segundo o diretor Cristiano Burmeister.
No Brasil, a intenção anunciada da Monsanto de produzir glifosato na Bahia pode ampliar as vendas da Basf, que fabrica monoisopropilamina na Bélgica, um ingrediente usado na formulação do herbicida.
Um dos centros produtivos mais importantes da companhia, o Brasil se destaca nas linhas de tintas e vernizes, que representam 52% das vendas do grupo no País.
No entanto, a grande participação desse negócio foi ruim para a empresa, em especial pelo fato de as tintas para automóveis terem sofrido forte redução de vendas provocada pela retração da indústria automobilísitca em todo o Mercosul.
Quase 20% de todo o negócio de tintas automotivas do grupo alemão no mundo é gerado na América do Sul.
Nas tintas gráficas, a Basf comprou negócios no Chile, reforçando sua posição regional.
No Brasil, a empresa transferiu a produção de sistemas gráficos de Caieiras para São Bernardo do Campo-SP, com o intuito de obter economias pelo grau de atualização tecnológico e pela proximidade com todas as outras linhas de tintas.
No entanto, a nova fábrica explodiu em fevereiro, interrompendo a fabricação local e provocando a morte de um operador, além de 14 feridos. “Perdemos 40% das nossas vendas e os 60% restantes estão sendo atendidos por importação”, disse o diretor Fernando Figueiredo.
A empresa aguarda o laudo pericial da polícia para iniciar a recuperação da unidade.
Investimentos locais
O grupo Basf planeja investir 500 milhões de euros na América do Sul até 2004, sendo 85% do montante destinado ao Brasil.
A área mais beneficiada com o aporte de recursos é a de dispersões acrílicas, em Guaratinguetá-SP, a começar pela unidade de acrilato de butila, que fica pronta em meados de 2001, sendo capaz de fabricar 50 mil t/ano.
Para 2002 estão previstas as inaugurações da unidade de polímeros superabsorventes (SAP), de 70 mil t/ano, requerendo quase US$ 80 milhões, e a expansão da linha de dispersões acrílicas para tintas, adesivos e outros mercados, saltando de 90 mil para 140 mil t/ano.
Acker espera propeno para produzir ácido acrílico
“Esperamos também estar com a fábrica de ácido acrílico pronta, para 160 mil t/ano de produto cru para alimentar toda a cadeia”, disse o presidente Rolf-Dieter Acker.
Para tanto, ele espera a definição da Petrobrás sobre o fornecimento de propeno extraído de correntes de refino de petróleo, que também é desejado pelo grupo Ultra, Elekeiroz e Stockhausen (Degussa-Hüls).
O site do Vale do Paraíba também terá recursos para ampliar a linha de Styropor (poliestireno expandido), de 10 mil para 40 mil t/ano, com aplicação de US$ 30 milhões, e para a construção de terminal ferroviário, este avaliado em US$ 4 milhões.
“Em uma primeira etapa, pretendemos fazer a ligação com o Porto de Santos para operar com 6 mil a 7 mil contâineres por ano”, explicou o diretor Michel Mertens.
Esse ramal fica pronto ainda no primeiro semestre deste ano e deve reduzir o custo de transporte para importação e exportação, além de oferecer mais segurança. Segundo Mertens, o terminal será operado pela empresa de transportes Gafor. Em uma segunda etapa, o plano da companhia é estabelecer ligação por trem até Buenos Aires.
Na área de polímeros, o grupo inaugura em agosto, em São José dos Campos-SP, a nova linha de produção de poliestireno de alto impacto (HIPS) para 110 mil t/ano, que deverá substituir a unidade existente, para 60 mil t/ano.
“A instalação atual receberá US$ 30 milhões para adaptação e modernização para produzir PS cristal, na mesma capacidade”, informou o diretor Rainer Michael Blair, responsável pelo negócio de plásticos do grupo e também principal executivo na Argentina. A fábrica de PS cristal (GPPS) fica pronta em 2001.
Blair informou que a empresa está vendendo no Brasil o grade HIPS 2710, muito usado para a produção de partes de geladeiras. Esse produto é feito na Argentina, mas poderá ser feito na fábrica nova de PS.
“As fábricas novas de PS usam tecnologia mais moderna, da própria companhia, que reduz a 30% o custo de instalação, oferecendo grande vantagem competitiva”, disse. Com isso, ele não espera problemas de competição no mercado local, que poderá apresentar superoferta com a entrada em operação da fábrica da Innova, em Triunfo-RS.
A área de tintas terá pronta até o mês de junho a quase duplicação da unidade produtora de resinas alquídicas em São Bernardo do Campo. Trata-se de material usado nas linhas imobiliária e automotiva, atualmente com capacidade de 40 mil t/ano, que deve ir a 70 mil t/ano, tendo consumido US$ 15 milhões na ampliação.
A Knoll, subsidiária do grupo para a produção de medicamentos, receberá 9% do total previsto de investimentos do grupo entre 2000 e 2004. com isso, vai reforçar o lançamento de produtos desenvolvidos mundialmente. Ao mesmo tempo, a empresa pretende ampliar sua linha de genéricos, tendo atualmente 6 medicamentos aprovados pelo Ministério da Saúde nessa categoria.
A linha Generix, iniciada antes da legislação atual, teve seus produtos classificados como similares. Dessa forma, a companhia pretende atender aos mercados de alto e baixo poder aquisitivo.
Na área administrativa, o grupo está concluindo a implantação no Brasil do sistema SAP R/3 de gerenciamento integrado, que exigiu investimento de US$ 20 milhões, distribuídos em vários anos.
E-commerce
O comércio eletrônico vai absorver 75 milhões de euros em investimentos por parte do grupo Basf em todo o mundo. Segundo Mertens, a meta global da companhia é realizar 40% das vendas de 2002 por esse meio, e 50% em 2005. Atualmente, o canal de negócios não responde por mais de 8% do faturamento mundial do grupo.
Na América do Sul, até 2002, o grupo espera obter 25% de suas vendas por meio da internet, que hoje não passam de 2%. No Brasil, detentor de 51% dos negócios pela rede na região, as unidades de negócios de agroquímicos e tintas imobiliárias estão em fase avançada de aplicação desse meio.
O planejamento da companhia prevê o uso das redes de comunicação para implementar a relação entre clientes e fornecedores, de forma a reduzir custos de estoques e aprimorar logística de atendimento em toda a cadeia produtiva.
Para atingir esse objetivo, serão usadas diferentes formas de comunicação, como troca eletrônica de informações (EDI, já em uso), mercados via internet (site aberto, participações em leilões por meio da ChemConnect e SAP) e extranet (soluções personalizadas, com acesso restrito a grupos de clientes cadastrados).
“O meio eletrônico vai mudar profundamente o relacionamento entre empresas, fortalecendo-o”, comentou Mertens.