Rio Oil & Gas – Avanços tecnológicos apoiam exploração sustentável do pré-sal

A abertura de novas fronteiras exploratórias, especialmente em águas ultraprofundas e cenários complexos, como o pré-sal brasileiro ou a região do Ártico e a costa ocidental africana, depende da inovação. Porém, os avanços científicos e tecnológicos só podem ser considerados válidos se priorizam os aspectos ambientais e sociais, fatores incorporados ao conhecido termo sustentabilidade.
Nesse contexto, foi muito feliz a escolha do tema Inovar e crescer com responsabilidade, pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) para destacar a 16ª edição da Rio Oil & Gas Expo and Conference, que se realiza entre os dias 17 e 20 de setembro, no Centro de Convenções do Riocentro, no Rio de Janeiro.
O tema revela os desafios da expansão acelerada dessa indústria no país, que ganhou vulto há pouco mais de uma década, quando houve a abertura do mercado, após 45 anos de monopólio da Petrobras. Mais ainda: propõe uma reflexão e debate sobre como seguir adiante e de forma sustentável nessa expansão, que impacta outros setores da economia, como a indústria naval e navipeças, máquinas e equipamentos pesados, eletroeletrônica e mecatrônica, tecnologia da informação, entre outras.
Da mesma maneira que fornecedores estrangeiros desejam assegurar sua participação nos empreendimentos brasileiros de óleo e gás – e abocanhar uma fatia dos mais de US$ 236 bilhões de investimentos previstos pela Petrobras até 2016, em quase mil projetos, dos quais 65,5% na área de E&P –, as empresas brasileiras também almejam ganhar o passaporte da qualificação para o mercado internacional.
Daí apostarem suas fichas em feiras como a Rio Oil & Gas (ROG), que completa 30 anos com uma sólida posição na agenda mundial de petróleo e gás: a feira brasileira só perde em dimensão e representatividade para a Offshore Technology Conference (OTC), realizada anualmente em Houston (EUA), que desde 2010 tem uma versão brasileira (bienal, como a ROG, mas em anos distintos desta).
Petrobras é destaque – O evento surgiu em 1982, com o título de Feira Industrial de Petróleo e Gás, e se tornou uma vitrine das mais modernas tecnologias desenvolvidas para as diversas etapas da indústria de óleo e gás, além de sinalizar as tendências desse setor, reunindo os principais especialistas e profissionais da área na conferência realizada em paralelo à exposição (nos mesmos moldes da OTC).

Os mais de 600 trabalhos inscritos na conferência, que em 2010 teve a participação de 4.500 congressistas, também revelam os desafios dessa indústria: a maior parte (224) tem relação direta com as atividades de exploração e produção, com destaque para as principais tecnologias e processos que buscam viabilizar técnica e economicamente a explotação de hidrocarbonetos em águas mais profundas.
Os assuntos relativos a transporte, refino, distribuição e comercialização de derivados, assim como petroquímica, estão sendo tratados em 113 trabalhos, enquanto que gás e energia são os temas de 73 papers inscritos na ROG, e biocombustíveis, em 45 outras apresentações.
Ganha cada vez mais peso nessa conferência a questão da responsabilidade socioambiental, abordada por 85 trabalhos, e as perspectivas jurídicas e econômicas do mercado brasileiro, com 60 estudos. Ou seja, não faltará assunto nas apresentações e plenárias marcadas para os quatro dias do evento, que, mais uma vez, este ano, gravita em torno da Petrobras.
Prova disso é o predomínio da estatal nas quatro plenárias da conferência, duas serão comandadas por Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras: a de inauguração, que tem como tema O Papel da Indústria do Petróleo na Promoção do Desenvolvimento Econômico Sustentável, e contará com a participação de executivos da Shell, Repsol Sinopec e Barra Energia, e a de encerramento.
O diretor de Exploração e Produção da estatal, José Formigli, será o moderador da plenária sobre Segurança Operacional Offshore e seus Impactos, ao lado de Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com a participação de representantes das petroleiras BP, Statoil e Shell, da agência reguladora australiana Nopsema e do órgão governamental norte-americano BSEE (Bureau of Safety and Environmental Enforcement).
A quarta plenária, que vai debater os Desafios para o Suprimento Energético no Século 21, será moderada pelo presidente do IBP, João Carlos de Luca, e terá a participação de dirigentes de outras entidades do setor como Renato Bertani, diretor da Barra Energia e presidente do World Petroleum Council (WPC), que também fez parte dos quadros da Petrobras. A mesa será integrada também por Jerome Ferrier, presidente da International Gas Union (IGU), para a qual se cogitou a candidatura de Graça Foster (declinada em razão da expectativa de comandar a Petrobras) e Adam Sieminski, do órgão norte-americano de energia EIA/DOE (Energy Information Administration).
A conferência terá ainda 27 painéis divididos em seis blocos temáticos: Exploração e Produção, Gás Natural e Energia, Abastecimento, Biocombustíveis, Responsabilidade Socioambiental, e Perspectivas Jurídicas e Econômicas. Já no Espaço Profissional do Futuro, voltado para estudantes de cursos técnicos e universitários, a expectativa é receber em torno de 2.500 alunos, de diferentes instituições. Promovido pelo IBP desde 2002, com o objetivo de atender à forte demanda por mão de obra qualificada, essa iniciativa propicia aos estudantes a oportunidade de interagir e debater o mercado de trabalho com representantes de empresas.
Organizações avalizam – Assim como a indústria brasileira de óleo e gás vem se expandindo na última década, a expectativa dos organizadores da ROG a cada edição é receber mais e mais visitantes e expositores. “Esperamos 55 mil visitantes durante os quatro dias de evento”, revela João Carlos de Luca, presidente do IBP. Para ele, o enorme público (que só perde para o da OTC) e a participação crescente de expositores dos quatro cantos do mundo é fruto da melhoria contínua na organização, no profissionalismo do evento e nos seus resultados.

Concorda com ele Eloi Fernández Y Fernández, diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). “A Rio Oil & Gas conquistou nessas décadas prestígio e relevância internacional. Sua importância já não é medida apenas como sendo a maior feira de petróleo do Brasil, mas como uma das maiores do mundo. Com isso, desempenha um papel de extrema importância para o desenvolvimento dos negócios no setor no país”, afirma o dirigente da organização.
Uma das parcerias mais próximas do IBP, a entidade, que tem pouco mais de uma década, começou a participar da ROG no ano seguinte ao de sua fundação, em 1999. “A Onip congrega as associações de fornecedores e de empresas de petróleo, além de órgãos governamentais. Neste sentido, o IBP, como representante das empresas operadoras, é peça essencial no tripé que conceitua a Onip. Além disso, as relações entre as instituições são reforçadas pelo objetivo comum de fortalecer o setor de petróleo e gás no Brasil.”
Em 2004, a Onip passou a ter uma participação mais forte na feira como criadora e organizadora da Rodada de Negócios, que ganha importância a cada edição da ROG, na qual busca também dar maior visibilidade às ações da entidade. “A feira deste ano será uma ótima oportunidade para divulgarmos um novo projeto: o MultiFor, um Programa de Desenvolvimento de Fornecedores que integra diversas ações da Onip, por meio de um processo estruturado, com o objetivo de multiplicar fornecedores de bens e serviços para a indústria de petróleo e gás no Brasil”, explica o diretor-geral.
A entidade também vai promover um seminário sobre Certificação do Conteúdo Local, realizado pelo CadFor, o cadastro administrado pela Onip em parceria com nove grandes operadoras (Anadarko, BG, BP, Chevron, El Paso, Maersk, Repsol Sinopec, Shell e Statoil), que disponibiliza informações sobre fornecedores locais de bens e serviços. No estande, haverá ainda atendimento dos Cadastros Onip, CadFor e NaviPeças (que congrega fabricantes e prestadores de serviços da indústria naval e offshore).
O Sistema Firjan, que congrega a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, o Centro Industrial do Rio de Janeiro (Cirj), as regionais do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), além do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), de qualificação profissional, também é parceiro e presença certa na ROG.
“Como principal evento do setor de petróleo e gás da América Latina, a ROG tem atraído para o Rio de Janeiro, a cada edição, os principais interlocutores de todas as partes do mundo para discutir temas ligados aos desafios tecnológicos comuns à atividade offshore”, frisa o presidente do Sistema Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira. “A exposição é, para a indústria fluminense, uma oportunidade ímpar de mostrar para brasileiros e estrangeiros seus produtos e serviços e, nas Rodadas de Negócios, expandir seu potencial de oferta.”
Para o dirigente, o evento tem contribuído para impulsionar a indústria do estado e dar visibilidade internacional aos seus players. “A cada edição, percebemos a indústria fluminense mais participativa, mais atuante. A Rio Oil & Gas vem contribuindo para mostrar que a nossa indústria está atuando em bases mais sólidas, mais competitiva e sustentável, e com capacidade de resposta às demandas do setor.”
No estande do Sistema Firjan, além de destacar todos os serviços e a infraestrutura disponibilizada pela federação para dar suporte às empresas, a entidade vai destacar também os resultados de diversas iniciativas que promove, como o mapa do desenvolvimento do estado, os estudos de competitividade, e o Decisão Rio, que mostra as intenções de investimento no estado, entre outras ações.

Capital da energia – Na defesa do estado que responde por mais de 80% da produção nacional de petróleo e mais de um terço da produção de gás natural no país, além de responder por mais de 50% dos empregos na indústria naval e offshore, também se posicionará no Riocentro a secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis). “A Rio Oil & Gas tem o papel fundamental de tornar a indústria do petróleo nacional mais conhecida no exterior, como uma grande vitrine. É a oportunidade para o fornecedor nacional aparecer e para o estrangeiro vir aqui buscar parcerias”, destaca o secretário Júlio Bueno, que tem uma forte trajetória no setor de óleo e gás: ex-funcionário da Petrobras, ocupou diversos cargos na estatal, entre eles a presidência da Petrobras Distribuidora.
Segundo ele, a feira promove a indústria fluminense e faz parte de um ciclo virtuoso que consagra o Rio como a capital da energia. “O Rio de Janeiro possui vocação natural na produção de petróleo e concentra a maior parte da cadeia produtiva em seu território”, avalia Bueno. A Sedeis vai destacar no evento os diversos projetos previstos ou em andamento da cadeia produtiva de óleo e gás e da indústria naval e offshore, assim como apresentar os últimos números de uma de suas iniciativas na área energética, o Programa Rio Capital da Energia. A meta do programa, com projetos que somam mais de R$ 500 milhões, é transformar o estado em uma referência em eficiência energética e inovação no setor.