Automação – Mercado aquecido estimula fornecedores

Química e Derivados, automaçãoPromovida pelo Distrito 4 da ISA (International Society of Automation), a Brazil Automation teve sua décima quinta edição realizada em novembro, em São Paulo. Durante três dias, ela atraiu cerca de 14,2 mil visitantes, 11% além da visitação registrada na edição anterior.

Cresceram também – em quase 15% – a área total e a quantidade de expositores do evento, afirma Jorge Ramos, presidente do Distrito 4 da ISA (capítulo da entidade abrangendo a América do Sul e Trinidad e Tobago). “A Brazil Automation é hoje a maior feira de automação da América Latina; e, se considerarmos apenas as feiras específicas do setor de automação, talvez seja a maior do mundo”, destaca Ramos.

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Ramos: carência de pessoal pode inibir crescimento

Este ano, ele estima, o mercado brasileiro de automação registrou incremento de aproximadamente 10% (relativamente a 2010). “A automação não tem valor grande no total investido em uma planta, representa algo entre 5% e 7%, mas é hoje indispensável devido à necessidade de competitividade, qualidade, repetibilidade e controle ambiental”, justifica.

Por sua vez, Nelson Ninin, presidente da provedora de soluções de automação e controle Yokogawa, diretor executivo de automação e secretário-geral da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), fala em crescimento um pouco menor, mais exatamente de 9%, nos negócios realizados em 2010 pelo mercado brasileiro de automação.

Houve, porém, uma expansão bem mais acentuada na Yokogawa. De acordo com Ninin, em seu último ano fiscal – que abrange o período compreendido entre abril de um ano a março do ano seguinte –, a empresa registrou, no Brasil, incremento de negócios de 88%. “E no ano fiscal atual queremos crescer pelo menos 30%”, salientou.

Na Siemens, como informa Carlos Fernando Albuquerque, gerente de desenvolvimento de negócios para indústria de processos da empresa, nos últimos dois anos o crescimento acumulado dos negócios com automação superou a marca de 20%. “Nossa meta é sempre crescer duas vezes o índice de crescimento do PIB do Brasil, e isso deve ocorrer novamente este ano”, afirmou.

De acordo com Albuquerque, a Siemens tem um foco muito acentuado nas tecnologias associadas à sustentabilidade das atividades produtivas e ao uso mais eficiente da energia: “Temos conseguido grande presença no mercado da energia eólica e nos projetos de biocombustíveis: bioetanol, biodiesel e biogás”, exemplifica.

Novo ano promissor – Além de Yoko­gawa e Siemens, diversas outras empresas relataram, durante a última Brazil Automation, expansão marcante de seus negócios no decorrer de 2011: “Este foi o ano recorde nos dez anos da operação brasileira da Metrohm, e os setores que mais contribuíram para nosso crescimento foram: alimentos, farmacêutico, petróleo e gás, sucroalcooleiro, indústria química e mineração”, detalha Rogério Telles, gerente geral da Metrohm Pensalab (subsidiária brasileira da provedora de projetos e soluções para analítica de processo Metrohm).

No segmento da instrumentação da Honeywell, o crescimento de negócios no decorrer deste ano chegou a 70%, afirma Cláudio Costa, gerente de canais dessa empresa na América Latina. E, segundo ele, “é muito promissor o mercado dos PLCs, no qual estamos ingressando agora, e divulgando esse ingresso aqui na Brazil Automation”.

A AspenTech registrou em 2011, no Brasil, um desempenho “muito bom, especialmente na área de petróleo”, especifica Filipe Soares Pinto, vice-presidente regional dessa empresa para a América Latina. “E as perspectivas para os próximos anos continuam boas, o projeto de investimentos da Petrobras é muito significativo, e existem projetos grandes na área da petroquímica; e tudo isso demanda soluções de otimização”, complementa.

Perspectivas mais favoráveis para a indústria da automação instalada no Brasil durante o próximo ano são percebidas também por Ramos, do Distrito 4 da ISA. Mas a carência de mão de obra especializada em automação, ressalva, pode constituir um obstáculo para a evolução desse mercado. “Os profissionais de automação não saem prontos da faculdade, precisam complementar sua formação com uns dois anos de experiência prática. Quando a demanda explodir – e ela explodirá –, haverá carência de mão de obra qualificada tanto na indústria quanto em seus clientes”, prevê.

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Weiser: bons negócios no setor de petróleo e gás natural

Mas há empresas investindo na formação de pessoal. Caso da Altus, que encerrou 2010 com cerca de duzentos funcionários e deve chegar ao final deste ano com um quadro de aproximadamente trezentos colaboradores. Atualmente, além de plantas de produção nos municípios gaúchos de São Leopoldo e Sapucaia do Sul, a empresa mantém unidades de engenharia no estado do Rio de Janeiro, dedicadas ao mercado de óleo e gás, e nos municípios paulistas de São Paulo e Campinas (focados, respectivamente, nos setores de transportes e de energia).

Na opinião de Mário Weiser, diretor comercial da Altus, ainda há muito potencial de realização de negócios no mercado brasileiro de automação: “O Brasil corresponde a apenas 1% do mercado mundial de PLCs, e tem recebido investimentos de muitas empresas, inclusive de concorrentes da Altus.”

Expositores da feira – Ampliar a presença de empresas de outros países, como Alemanha, China e Taiwan, é um dos objetivos de Jorge Ramos, do Distrito 4 da ISA, para as próximas edições da Brazil Automation. “Assim como o Brasil está cada vez mais internacionalizado, queremos ampliar a participação internacional no evento”, justifica.

Por enquanto, apesar da presença esporádica de representantes de outros países, predominam de maneira quase absoluta empresas nacionais ou com operação direta no Brasil. Como mostram os textos das páginas seguintes, nessa edição essas empresas privilegiaram a exibição de produtos e sistemas capazes de tornar mais amplos e mais completos seus pacotes de soluções, menos dotados de fios, mais capazes de integrar informações de automação e dados referentes a insumos – como energia –, e mais aptos a disponibilizar as informações em equipamentos móveis, como tablets e smartphones.

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Haddad: mercado pede integração entre processos e parte elétrica

ABB– A integração entre sua solução de automação DCS para projetos maiores – de setores como óleo e gás, mineraçãoe papel e celulose – com o sistema de gestão de energia elétrica foi destaque no estande da ABB. E, de acordo com Raphael Ramos Haddad, gerente de produto da área de tecnologias de controle da empresa, a demanda por esse tipo de solução integrada vem crescendo, pois, além de gerar economia nos sistemas, na operação e no treinamento, ela tem capacidade de resposta da ordem de milésimos de segundo, muito mais rápida que os controles convencionais de energia.

Segundo Haddad, “quando a planta possui um sistema de cogeração e um sistema de descarte de carga, em uma eventual queda de um gerador essa resposta rápida ajuda a evitar uma parada inesperada”. Além disso, ele prossegue, “essa integração do DCS com a parte elétrica produz muito mais informações de diagnóstico, referentes, por exemplo, a erros, falhas, conexão com a rede e versão do software”.

A Repar (refinaria da Petrobras localizada em Araucária-PR) promove essa integração por meio de um sistema fornecido pela ABB, conta Haddad. “Para implementar essa solução, é necessário apenas utilizar relés inteligentes – agora chamados IEDs –, que se comunicam com o sistema de controle por meio do protocolo IEC61850”, ressalta.

Altus – Nome já consolidado no mercado dos PLCs, a Altus lançou na Brazil Automation um software SCADA de uma empresa israelense chamada Pulse, uma solução WirelessHART para captação das informações de instrumentos sem fio, e a série de IHMs iX (os dois últimos de fabricação própria). “Esses lançamentos complementam nosso mix, e nos permitem disponibilizar um conjunto completo de produtos de qualidade mundial”, destaca Mário Weiser, diretor comercial da empresa.

A Altus mantém hoje duas unidades de negócios: uma oferece seu portfólio de produtos a diversos setores de atividade, e a outra se posiciona como integradora de soluções para os mercados de óleo e gás, energia e transporte.

Com essa segunda unidade, saiu-se vitoriosa na licitação promovida pela Petrobras para escolher a empresa responsável pela automação das oito primeiras unidades de exploração do pré-sal. Como base, esse projeto terá a série de PLCs Nexto, lançada pela Altus em 2009. “É uma série muito inovadora em termos de performance, tecnologia, comunicação e, graças aos inúmeros níveis de redundância, confiabilidade”, afirma Weiser.

Aselco – Com um mix composto por produtos de fabricação própria e de marcas representadas, essa empresa destacou os visores de nível da norte-americana Clark-Reliance. Eles têm versões distintas: por exemplo, visor de nível de vidro ou magnético. “O equipamento magnético tem ímãs muito mais poderosos que a maioria disponível no mercado, e isso permite sua utilização em dutos com paredes mais espessas”, frisa Miguel D’Avilla, diretor comercial da Aselco.

Segundo ele, a Aselco começou a comercializar esses equipamentos há cerca de 1,5 ano, e eles têm sido muito bem recebidos pelo mercado. Atenta a essa receptividade, em 2012 a Clark-Reliance projeta montar uma operação direta no Brasil – inicialmente, ela cuidará apenas da montagem dos equipamentos, permanecendo com a Aselco a comercialização.

AspenTech – Mostrou na feira uma aplicação destinada a levar para tablets e smartphones as informações de seu sistema de monitoramento IP.21. Atualmente, observa Mark Walls, diretor mundial de operação de canais da AspenTech, é crescente a percepção de valor em ferramentas associadas à mobilidade, mas a efetiva consolidação mercadológica dessas soluções precisa ainda superar uma barreira cultural, pois a disponibilização em celulares e em outros equipamentos móveis de dados referentes à operação de plantas industriais ainda gera insegurança nos gestores dessas operações. “Mas essa barreira será vencida”, prevê Walls.

Filipe Soares Pinto, vice-presidente regional da AspenTech na América Latina, associa a demanda pelas soluções móveis à expansão do quesito mobilidade em todo o contexto da tecnologia da informação. “E ter acesso móvel a informações de monitoramento ajuda a melhorar a eficácia dos processos”, argumenta.

Mas a IP.21, salienta Soares Pinto, é apenas uma das ferramentas do AspenOne, pacote de aplicativos destinado a otimizar operações de processos contínuos, utilizado especialmente pela indústria petrolífera, pela petroquímica e pela atividade de engenharia. Segundo ele, a atual estratégia de expansão da companhia prioriza um trabalho mais próximo e mais conjunto com seus clientes, entre os quais se incluem empresas do porte de Petrobras e Braskem. “Queremos também aumentar nosso quadro, dotando-o de mais engenheiros”, finaliza Soares Pinto.

Honeywell – Após uma reorganização implementada em âmbito mundial (concluída em julho), a Honeywell estruturou uma unidade de negócios denominada field products, na qual combina sua atuação anterior no mercado da instrumentação com o recente ingresso – com a marca Masterlogic – no segmento dos PLCs.

E, na opinião de Claudio Costa, gerente de canais da Honeywell na América Latina, o mercado brasileiro de PLCs é “promissor”. Já na área dos instrumentos, ele acrescenta, a Honeywell registrará este ano, no Brasil, expansão de negócios de aproximadamente 80%.

Mas o mercado embute bom potencial também no segmento dos produtos para segurança e controle de combustão, como válvulas e equipamentos para monitoramento e análise de chamas, crê Lincoln Ninomiya, gerente de contas da área Environmental & Combustion Controls da Honeywell. “Aqui, muitas plantas não têm nem detectores de chama e o custo do combustível é muito elevado”, comenta. “Combinando o uso tanto de analisadores quanto de queimadores mais eficazes, é possível obter ganhos bastante significativos”, acrescenta.

Segundo Ninomiya, a atuação da Honeywell no segmento dos equipamentos para segurança e controle de combustão se fortaleceu com as recentes aquisições de duas empresas: a fabricante de queimadores e válvulas Maxon, e a Iris, especializada em detectores de chamas para aplicações especiais, como caldeiras multicombustíveis ou com queima tangencial.

Marte Científica – Mais conhecida por suas balanças de precisão, a Marte enfatizou na Brazil Automation seu recente ingresso no segmento da detecção e análise de gases, para o qual disponibiliza agora detectores e analisadores de gases combustíveis e tóxicos – inclusive em áreas classificadas –, fundamentados em diversos métodos: infravermelho, catalítico, eletroquímico, MOS e PID. “Com as balanças, tínhamos já presença muito forte no segmento dos sólidos, e nosso mix de produtos para controle de processo em líquidos estava completo; percebemos então a necessidade de incluir aplicações para gases em nosso portfólio”, conta Renata Simão, gerente da divisão analítica da Marte.

Mas essa empresa apresentou novidades também para seus mercados mais tradicionais. Para os líquidos, por exemplo, apresentou um refratômetro de processo capaz de realizar a medição de Brix, ABW (álcool em peso), CO2 e TA – percentuais de açúcares, álcool e adoçante – diretamente no processo. “Atualmente, isso é feito com medidores de concentração, cuja indicação deve ser transformada com base em uma conversão manual, mas nosso equipamento dispensa essa conversão, pois já indica o valor em Brix”, afirma Renata.

E, com a ampliação de seu portfólio, este ano a Marte mudou sua denominação: deixou de ser Marte Balanças para se tornar Marte Científica. “Ainda estamos praticamente iniciando nossa atuação na área analítica, mas esse é um mercado muito promissor”, diz o diretor Renan Malschitzky. “Na área analítica, atuamos tanto com produtos próprios fabricados por terceiros – como analisadores de gás e de hidrazina – quanto por meio da representação de parceiros relevantes: KNF (referência em bomba de vácuo, sem óleo, portáteis, silenciosas), WTW (análise de água e efluentes), e B+S (refratometria)”, detalha. Atualmente, revela Malschitzky, a divisão analítica gera cerca de 15% do faturamento da Marte Científica.

Metrohm / Pensalab – Entre as novidades apresentadas na feira pela subsidiária brasileira da multinacional de origem suíça Metrohm, Rogerio Telles, gerente geral da Metrohm Pensalab, destacou o analisador modular da marca Metrohm Applikon, desenvolvido para determinar diversos parâmetros em amostras líquidas e gasosas. “Esse equipamento é usado por diversos setores: petróleo e gás, álcool e açúcar, indústria química, papel e celulose, farmacêutica, saneamento, entre outros”, especifica Telles.

A mesma empresa lançou ainda o refratômetro em linha da marca Schmidt-Haensch, parceira da Metrohm, cujas aplicações incluem a medição dos índices Brix em indústrias de açúcar e álcool, bebidas e alimentos, entre outras. “A tradição, precisão e robustez são diferenciais importantes dos produtos Schmidt-Haensch”, enfatiza Telles.

Como representante no Brasil de outras marcas – atividade que desenvolve independentemente da Metrohm –, o grupo Pensalab divulgou na Brasil Automation equipamentos como um microdestilador da marca Pac e amostradores herméticos da marca Dopak. “Esses amostradores garantem que a amostra retirada de um processo será a mesma analisada em um laboratório”, afirma André Paneque, gerente operacional da Pensalab.

Schneider Electric – Combinar informações de processo – tradicionalmente disponíveis via softwares SCADA – com os dados referentes ao consumo de energia: essa é a proposta básica do sistema Ecoestruxure, divulgado pela Schneider Electric na Brazil Automation. “Ele dá aos gestores, em tempo real, condições de reduzir gargalos no processo de produção e identificar pontos de possíveis melhorias”, diz Fernando Capelari, gerente de marketing da área de indústria, automação e controle.

A empresa também mostrou na feira, entre outros itens, um controlador programável que, de acordo com Capelari, permite alterações on-line de hardware sem a necessidade de paralisar a produção. “Isso geralmente não é encontrado em controladores programáveis”, observa.

Este ano, a Schneider Electric adquiriu globalmente a multinacional Telvent, com presença marcante no segmento dos softwares de gestão. No ano passado, no mercado nacional, já havia incorporado a SoftBrasil, com a qual se fortaleceu no campo das aplicações para a camada MES, e nas atividades de supervisão e telemetria. “Este ano, esperamos crescer no Brasil pelo menos 15%”, finaliza Capelari.

Siemens – Diversos produtos de instrumentação, de analisadores de gases até a linha de temperatura, pressão, vazão, nível, além de posicionadores de válvulas e do sistema de controle de processos (DCS) SIMATIC PCS 7, foram exibidos pela Siemens na feira.

Para o mercado do controle discreto, a empresa mostrou a plataforma de software para automação de manufatura TIA Portal e sua interligação ao software de modelagem de produção para indústrias de manufatura discreta (indústria automobilística, por exemplo). “Essa plataforma será a base para todo o nosso desenvolvimento de ferramentas de software de automação para o futuro”, observa Carlos Fernando Albuquerque, gerente de desenvolvimento de negócios para a indústria de processos da Siemens.

Segundo ele, 2012 foi um ano “muito bom” para a Siemens, que participou de diversos projetos de setores comobioetanol, química, mineração, petróleo e gás e indústria automobilística. “Em 2012, a taxa de crescimento talvez diminua um pouco, mas seguirá havendo demanda expressiva para novos projetos”, ressalta Albuquerque.

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Ninin: tablets ajudam a gerir aplicativos no

Yokogawa– A tecnologia wireless constituiu um dos principais focos da Yokogawa na Brazil Automation. “Essa tecnologia tem muitas vantagens na área da automação”, justifica Nelson Ninin, presidente da empresa. Mas a Yokogawa apresentou também alguns avanços em seu sistema SDCD, destinados a dotá-lo de mais características relacionadas à segurança. “Há hoje maior demanda pela integração entre SDCD e SIS (Sistema Instrumentado de Segurança), e a Yokogawa tem um SIS que pode operar isoladamente ou integrado ao SDCD”, afirma Ninin.

 

 

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