Atuação Responsável – Reformulação facilita implantação do programa
O Atuação Responsável, o sistema de gestão de saúde, segurança e meio ambiente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), passou por uma transformação radical. O anúncio do novo programa foi feito durante o 14º Congresso de Atuação Responsável, dias 11 e 12 de abril, em São Paulo.
Para começar, mudou sua coordenação, anteriormente sob a batuta de Marcelo Kós Silveira de Campos, que estava no programa desde sua criação em 1992, e agora passou para as mãos do recém-contratado gerente de gestão empresarial da Abiquim, Luiz Shizuo Harayashi, ex-Oxiteno. Mas a mudança mais radical foi mesmo na sua estrutura de implantação, simplificada ao máximo, para facilitar a vida das empresas signatárias, que estavam se queixando muito da complexidade do sistema desde que ele passou por uma extensa revisão em 2008.
“Ele ganhou uma roupagem reduzida e voltou ao seu foco em saúde, segurança e meio ambiente, baseado em um pequeno manual com 28 requisitos do sistema de gestão”, explicou Shizuo. O programa antigo, para se ter uma ideia, contava com 64 práticas que precisavam ser perpassadas por cinco dimensões organizacionais e também incluía as questões de qualidade e responsabilidade social e ainda a proteção corporativa (security). “Posso falar por experiência própria, na Oxiteno, onde era responsável pelo programa: o AR tinha se tornado praticamente impossível de ser implantado integralmente. E o pior: o chão de fábrica não o entendia”, complementou o gerente.

A complexidade do programa estava até provocando o desligamento de associados da Abiquim, visto ser o sistema compulsório. “O programa estava querendo dar um passo muito adiante do que a indústria realmente precisava e perdendo seu foco de ser um sistema de gestão de saúde, segurança e meio ambiente, como era no seu começo”, complementou a gerente de assuntos regulatórios da Abiquim, Nícia Mourão, também participante da nova revisão. Depois das mudanças, que tornaram o sistema uma síntese das principais normas da área – a ISO 14000, de meio ambiente e a OHSAS 18001, de saúde e segurança, mais práticas de segurança de processo –, a Abiquim já negocia o retorno das empresas desistentes.
Outro ponto reformulado, e que deve tornar ainda mais leve o programa para os associados, foi a interrupção da verificação externa, que dava a origem ao certificado VerificAR, e cujo trabalho ficava por conta de um comitê formado por auditores independentes. Agora estão previstas apenas auditorias a cada três anos do sistema, feitas por técnicos das próprias empresas, a serem treinados pela Abiquim. “Um auditor de uma empresa verifica outra ou mesmo um da própria empresa pode auditar outra unidade do grupo”, revelou Shizuo. Faz parte das mudanças também a criação de núcleos regionais de multiplicação do Atuação Responsável pelo país, do sul ao nordeste.
A despeito de a Abiquim anunciar a necessidade de mudança do programa, durante o congresso realizado em abril a associação divulgou indicadores de desempenhos positivos do “antigo” Atuação Responsável. Os associados, por exemplo, reduziram o consumo de água em processo de 4,58 m3/ t de produto em 2004 para 3,69 m3 em 2010 e de água captada a queda foi no mesmo período de 7,88 m3/t para 6,05 m3. O consumo de energia também caiu de 436 kWh/t de produto em 2004 para 350 kWh/t em 2010, também havendo substancial aumento no consumo de combustíveis renováveis, em detrimento dos não-renováveis. Em segurança ocupacional, a queda no mesmo período foi, em taxa de frequência de acidentes com afastamento, de 3,1 por milhão de horas de exposição para 1,64.
Leia Mais: