Até o final do anoa revisão do programa fica pronta,tornando-o um sistema e de auditoria,alinhado todas as normas certificáveis exigidas pelo mercado
A indústria química brasileira está prestes a ter a sua disposição um sistema de gestão empresarial revolucionário.
O acontecimento já tem data marcada: entre o fim deste ano, quando termina a revisão do programa da Atuação Responsável, e o princípio de 2005, quando sua versão definitiva já tiver sido aprovada pelo conselho consultivo nacional e apresentada para os signatários e para a sociedade.
A revolução prometida pelo novo Atuação Responsável não é só exercício de retórica.
A estrutura do programa passa por remodelação que o transforma em um sistema de gestão propriamente dito. Isso porque apenas após a revisão ele passará a incorporar em seu arcabouço de implantação o chamado ciclo PDCA (plan, do, check and act), conceito obrigatório aos sistemas de gerenciamento.
Antes disso, em sua estrutura por códigos estanques, esse conceito de melhoria e checagem contínua do modelo não era estimulado pela estrutura do AR.
Christianini adaptou o programa para o PNQ.
“O Atuação Responsável, do modo como estava estruturado, era fragmentado por requisitos e não incluía o ciclo de continuidade, o que limitava seu envolvimento com a gestão das empresas”, afirmou Nelson Christianini, gerente de qualidade da Polibrasil, empresa-signatária do programa desde 1993 e bastante empenhada em vários outros sistemas de gestão.
Isso significa, em resumo, que ao implantar 100% os seis códigos do programa a empresa pouco mais tinha a fazer, a não ser manter as práticas.
Bom para o PNQ – A lembrança da experiência da Polibrasil em sistemas de gestão serve para entender o que está em curso, em um grau ainda mais abrangente e sofisticado, na revisão do Atuação Responsável.
Finalista do Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ) em 2003 e adepta de seus critérios desde 2000, a importante produtora de polipropileno, com capital da Suzano e do grupo Basell (Basf e Shell), já transformou internamente o Atuação Responsável em parte de seu sistema de gestão integrada, realizando trabalhos que as comissões técnicas da Abiquim fazem de forma relativa no momento.
“Organizamos cada código dentro das etapas de PDCA, utilizando as auto-avaliações como correspondentes à fase de controle [check] do ciclo”, explicou Christianini, também o coordenador da implantação dos critérios do PNQ na empresa.
Para tornar possível essa adaptação, houve necessidade de alinhamento do programa com uma série de normas ISO e similares, estas sim como parte de sistemas de gestão com o conceito de melhoria contínua embutido.
Foram alinhados, em um sistema integrado e preparatório para concorrer ao PNQ, programas de qualidade total, ISO 9001, ISO 14001 (meio ambiente), OSHAS 18001/BS 8800 (segurança e saúde ocupacional), SA 8000 (responsabilidade social) e ISO TS 16949 (qualidade para indústria automobilística).
O enquadramento do AR no sistema de gestão integrado da Polibrasil não denota sua fragilidade. Pelo contrário, o único problema residia justamente no seu formato sem PDCA.
Tanto é assim que quando a Polibrasil se submeteu à auditoria de certificação da ISO 14001, em 2000, segundo Christianini, por já ter na época implantado o código de proteção ambiental do Atuação Responsável, ela pouco precisou fazer.
A única adaptação necessária foi justamente a de incluir requisitos de controle e melhoria contínua. O mesmo ocorreu com a certificação OSHAS 18001/BS 8800 em 2001.
Mas não foram só essas as provas de que o Atuação Responsável vinha sendo uma boa ferramenta estratégica para a Polibrasil. Na busca pelo seu maior objetivo, a candidatura ao PNQ, o AR também foi útil, segundo explica o gerente.
Rigoroso sistema de avaliação que pontua a excelência empresarial por meio da análise de criterioso relatório, e do qual ser finalista (como foi o caso da Polibrasil) já se considera uma conquista, o PNQ faz exigências de vários requisitos já atendidos pela implantação do programa da indústria química.
Já no primeiro critério do PNQ, que questiona o exercício de liderança da empresa, o AR colabora ao propor a criação de grupos multifuncionais e de comitês executivos para gerir a implantação das práticas.
Atende ainda, ao fomentar a criação de comitês técnicos e conselhos comunitários, aos questionamentos referentes à existência ou não de interação com partes interessadas, sejam fornecedores, vizinhos ou clientes. “Isso sem falar que a própria adoção ao programa já é considerado no relatório do PNQ como uma medida em busca da excelência”, diz Christianini.
Toda a seqüência de implantação das práticas do AR fazem parte, na avaliação do PNQ, da criação de uma cultura da excelência.
Ao definir indicadores de desempenho, por exemplo, uma das premissas mais recentes do programa, a empresa incorpora o critério de análise crítica avaliado pelo prêmio da qualidade e, ao adotar práticas gerenciais dos mais variados códigos, também se compromete com outro critério avaliado, o de formulação de estratégias.
Além disso, ao precisar demonstrar o percentual de implementação dos códigos, a empresa mostra planejamento de medição do desempenho, outra exigência.
O aproveitamento da Atuação Responsável para preparação da Polibrasil ao PNQ vai ainda mais longe e inclui o atendimento a critérios de responsabilidade socioambiental, com a identificação de aspectos e tratamento dos impactos.
Nesse caso, para provar o controle sobre essas práticas, a Polibrasil contou com as auto-avaliações e o programa VerificAR, de verificação externa do Atuação Responsável e cujas auditorias foram realizadas em suas unidades em agosto de 2004.
É fácil compreender o grau da ajuda que o Atuação Responsável deu à conquista da Polibrasil em ser finalista do PNQ.
Além da quantidade de práticas ajustáveis aos critérios do prêmio, apresentadas em palestra por Nelson Christianini no último congresso do Atuação Responsável em julho, em São Paulo, numa simples olhada no relatório entregue para concorrer ao PNQ é possível visualizar várias citações diretas ao programa.
Tudo de uma vez – Embora o objetivo da Abiquim, com a revisão, seja similar ao da Polibrasil, ou seja, passar a contar com uma ferramenta estratégica de gestão completa e preparatória à excelência empresarial, o novo Atuação Responsável vai mais longe e deverá facilitar a vida inclusive de empresas adiantadas como essa petroquímica.
Para começar, por ser um trabalho multipartite, com a participação de todas as empresas signatárias e de órgãos de certificação atualmente envolvidos com o AR, o programa revisado permitirá não apenas a convergência de implantação das variadas normas, como também das auditorias de certificação e manutenção.
A idéia é treinar os auditores e participantes das comissões do VerificAR, o programa de verificação externa do Atuação Responsável iniciado em 2002, para realizar apenas uma auditoria pela qual sejam dadas as notas alcançadas no programa e também concedidas todas as certificações requeridas.
“Ganharíamos muito em tempo e dinheiro, não precisando ‘parar’ a fábrica para cada auditoria como hoje fazemos”, afirmou Nelson Christianini.
No caso da Polibrasil, por exemplo, apenas para o VerificAR, entre julho e agosto de 2004, foi necessário tomar uma semana de verificação em cada uma das unidades da empresa (escritório em São Paulo e fábricas em Mauá-SP, Camaçari-BA e Duque de Caxias-RJ). Isso sem falar das auditorias de manutenção ISO e de demais normas feitas a cada três anos.
Essa medida de unificação de implantação de normas e auditorias vai totalmente ao encontro do anseio das empresas.
Além do motivo óbvio de reduzir o tempo e diminuir as horas paradas da empresa para as verificações, a vantagem também extrapola para o relacionamento com as partes interessadas, mais em específico com os clientes.
Isso porque algumas signatárias já precisaram negociar com parceiros a aceitação do Atuação Responsável como substituto de certificações ISO exigidos em contratos de fornecimento. A concessão integrada das certificações facilitaria e apressaria o entendimento.
Um exemplo de negociação desse tipo ocorreu com a Basf, no Brasil, em entendimento com as montadoras Ford e GM, que passaram a exigir ISO 14001 dos fornecedores.
Como a Basf não possuía essa certificação, mas estava adiantada com o AR, as montadoras, depois de um trabalho de convencimento, aceitaram a substituição de exigência.
A primeira montadora condicionou a troca apenas mediante a submissão da empresa ao VerificAR, mas a segunda não chegou a esse grau de exigência.
VerifcAR revisado – Para atender a esse objetivo de auditoria integrada, o próprio VerificAR, segundo explica o gerente de assuntos técnicos da Abiquim, Marcelo Kós, passará por revisão, a ficar pronta até o fim de 2005.
Kós – VerificAR também passará por revisão.
“Ele precisará usar o protocolo de auditoria, igual ao das normas ISO, com metodologia de pergunta e resposta”, diz Kós.
Segundo ele, quando definido, o novo processo de verificação concederá ao final um relatório similar ao atual do VerificAR, com atribuição de nota e demonstrativo dos pontos fracos e fortes da auditada, e também concederá as certificações ISSO, ou as confirmará em auditorias de manutenção.
Outro ponto a ser incluído no VerificAR revisado será relativo ao Prêmio Nacional de Qualidade.
As empresas signatárias do Atuação Responsável interessadas em concorrer serão motivadas a preparar um relatório bastante parecido ao do PNQ para ser também avaliado pelo Verificar.
“Logicamente só faremos essa determinação para empresas que utilizarem o Atuação Responsável como ferramenta para o prêmio”, explica o gerente da Abiquim.
O uso do VerificAR como aprimoramento do programa, aliás, foi atestado nesses dois anos de experiência. “O atual, mesmo sem a revisão, já mostrou ser um excelente apoio para a empresa ter certeza que está no caminho certo”, afirma Kós.
Tanto é assim que a partir de 2005 também foi decidida pela obrigatoriedade da verificação. “Ainda não está definida a periodicidade nem qual será o critério para a exigência”, completa. Quando se refere a critério, Marcelo Kós faz uma analogia: “É como se faltasse ainda a regulamentação de uma lei já definida, ou seja, a de que todas as signatárias vão ter de passar pelo VerificAR”.
Modelo – As vantagens da revisão do Atuação Responsável ficarão nítidas na própria apresentação física do novo programa.
Ao contrário dos grossos calhamaços dos atuais seis códigos, que normalmente impressionam as empresas iniciantes, o revisado será um conjunto único de práticas, sintéticas e diretas, mas suficientes para a empresa adotar um sistema de gestão bem mais completo.
Rollo – novo AR atrai interesse das pequenas.
“Isso com certeza vai atrair empresas e parceiros menores”, afirmou o coordenador da comissão executiva do Atuação Responsável, Antonio Rollo.
Esse alinhamento das práticas do programa com as normas e com o PNQ, e no caso até com a inclusão de novos indicadores, como o Ethos de responsabilidade social, tornam o Atuação Responsável brasileiro único em todo o mundo. O ineditismo começa até a chamar a atenção de outros países.
Já considerado um dos cinco mais avançados no Responsible Care, entre os 47 países signatários, o Brasil, com sua revisão, já atraiu o interesse de países latino-americanos.
Mais especificamente, Chile, Equador, Venezuela e Peru, iniciantes no programa, pretendem homogeneizar suas implementações com o programa revisado do Brasil.
“Esses países esperam nossos trabalhos terminarem para seguir o modelo de referência brasileiro”, ressalta Marcelo Kós.
Indo um pouco mais longe, até mesmo os Estados Unidos, que recentemente reformaram seu programa para transformá-lo em um sistema de gestão auditável, o RCMS (Responsile Care Management System), e no RC-14001, que o combina com a norma ambiental, também já demonstraram interesse pelo modelo brasileiro.
O diferencial do trabalho desenvolvido pela Abiquim tem sido o de manter as práticas do programa original, apenas reordenando-as e procurando as congruências com as diversas normas para evitar replicações.
O alinhamento será possível porque o futuro AR vai ser dividido por subprocessos: cadeia de suprimento, produção, transporte e distribuição, comercialização, diálogo com as partes interessadas e P, D & I (pesquisa, desenvolvimento e inovação).
Portanto, quando houver, por exemplo, uma prática de avaliação de risco, ela estará sendo indicada apenas uma vez para todos os processos, mas com explicações de implementação para cada um daquele onde precisará ser adotada.
“Não haverá a possibilidade de encontrar uma prática, com outra roupagem, mas com o mesmo propósito, repetida em vários códigos ou normas”, explica Marcelo Kós.
Com a nova estrutura, o Brasil dá continuidade a sua posição atual de vanguarda. Muito além de simples ufanismo, isso se explica por fatos.
Em primeiro lugar, o grau de implantação dos códigos entre as 150 signatárias nacionais é bastante alto, de 75% na média. Além do mais, várias são as empresas que já implantaram totalmente o programa, daí a demanda crescente por reformulações.
Outro motivo de orgulho tupiniquim é o processo de verificação VerificAR estar em processo adiantado, com mais de 20 empresas auditadas e outras 20 com avaliação marcada. Esse sucesso significa muito, pois chega a criar um ciclo de melhoria contínua próximo dos exigidos em sistemas de gestão.
Também conta muito a favor dos trabalhos em curso pelos associados da Abiquim a recente criação do conselho consultivo nacional, já funcionando e dando palpites na revisão.
Formado por personalidades da sociedade brasileira, como os ex-ministros Paulo Renato Souza e Henrique Brandão Cavalcanti, ou ambientalistas, como Fábio Feldman e juristas como Edis Milaré, além de professores universitários e sindicalistas, o conselho se reunirá cerca de três vezes por ano para discutir o Atuação Responsável.
Já em sua primeira reunião, em junho, o conselho conseguiu deliberar sobre pontos importantes e propôs a mudança da visão do programa. “Ela foi aceita pelo conselho diretor”, afirmou o coordenador executivo, Antonio Rollo.
Revisão mundial – Outra prova incontestável do avanço brasileiro é saber que a revisão mundial em curso – por meio de encontros entre CEOs de várias grandes corporações e coordenada pela ICCA (associação internacional da indústria química) – não tem a abrangência da brasileira e ainda almeja pontos já conquistados no Brasil.
Uma prova é ela visar, entre outros fatores, o aumento do e o estreitamento da relação da indústria com partes interessadas externas. Isso tem sido largamente feito no Brasil, por meio do conselho consultivo, da publicação dos relatórios com os indicadores de desempenho e através do VerificAR, só para ficar em alguns pontos.
Também como meta da revisão mundial se destaca a necessidade de um compromentimento maior dos signatários com o chamado conceito do desenvolvimento sustentável, ampliando o leque do RC para além da saúde, segurança e meio ambiente.
Não custa lembrar que a Abiquim, com sua revisão, e vários associados que adaptaram o AR a seus sistemas de gestão (não só a Polibrasil, mas também a Braskem, Politeno, Basf, entre outros), têm feito vários esforços para ampliar a estrutura do programa.
Mais do que pretensão, como é o caso da postura do grupo de revisores mundiais, a meta de desenvolvimento sustentável está se transformando em algo factível no Brasil, tendo em vista a meta de alinhar o programa com o PNQ.
Para entender melhor ainda as diferenças entre as duas revisões, basta conhecer recentes decisões do grupo responsável pelo trabalho global, denominado Global Strategic CEO Task Force, e que fundamentam esses trabalhos.
A maior parte dessas decisões já foi contemplada de alguma forma pelo programa brasileiro, quer na versão atual ou na revisada a sair em breve.
A Task Force (força tarefa, em português) definiu que o Responsible Care precisará ser adotado como sistema de gestão; ser certificado por auditoria independente; aumentar sua transparência para o público; publicar métricas (indicadores); fortalecer gerenciamento de produto; e incorporar expectativas das partes interessadas.
Homogeneização – Além de estar atrasada em relação ao Brasil, a revisão mundial também pode trazer algumas complicações para associados locais.
Isso porque um dos objetivos imediatos do trabalho é a homogeneização de indicadores, de objetivos e metas, e de implementação das práticas.
O grupo de CEOs da Task Force identificou várias diferenças entre os 47 países signatários, tanto nos princípios e fundamentos de seus respectivos Responsible Cares como no grau de comprometimento de cada um deles. Muitas vezes até dentro de grupos transnacionais há posturas diferenciadas, dependendo do País onde contam com filiais.
Em suma, isso significa que muitos grupos internacionais (alguns deles representados na Task Force) poderão ter trabalho para homogeneizar seus programas.
Atentas à movimentação internacional, algumas dessas corporações globais já começam a olhar para si a fim de identificar incongruências que precisarão ser corrigidas.
Um exemplo ocorre na Basf que, ao contrário das criticadas pelo grupo de CEOs, afirma contar com estrutura global para o Atuação Responsável há vários anos, pelo menos segundo informa seu diretor regional de segurança e meio ambiente, Odilon Ern.
De acordo com ele, o grupo possui estrutura para o Atuação Responsável dividida em três níveis: global, regional e local, que trabalham com metas e objetivos harmonizados mundialmente.
Ern – Basf está preparada para a revisão mundial.
“Não teremos problemas quando a revisão mundial ficar pronta”, afirma Ern, também diretor do maior complexo industrial da Basf na América Latina, instalado em Guaratinguetá-SP.
Como exemplo da conduta da Basf, o diretor cita a organiação de metas globais para o programa, as coordenações mundiais de cada código e a definição como objetivo central em todos países, o chamado desenvolvimento sustentável.
Segundo Ern, a empresa adotou essa política para o programa em 1998 e, na sua visão, um grande mérito foi conseguir contrabalancear as metas conforme a realidade de cada país.
“Lugares com baixa contribuição de emissão de gases de efeito estufa, por exemplo, compensam com reduções em outros quesitos”, diz.
Desde 2002, a Basf implantou 100% de todos os códigos do Atuação Responsável. E até mesmo a sinalização de mudança no Brasil, que passará a dividir o programa por processos, e não por códigos estanques, não assusta o diretor. Isso porque, segundo ele, a Basf também sempre implantou o AR com visão de processo.
Além disso, por ter sido das primeiras a passar pelas auditorias VerificAR em alguns de seus sites (São José dos Campos-SP, Guaratinguetá-SP e São Bernardo do Campo-SP), a empresa já caminha para transformar o programa em sistema de gestão, com melhoria contínua e controle auditado.
Não custa lembrar que montadoras e outros clientes já aceitam o Atuação Responsável da Basf como substituto de normas ISO.
Lado financeiro – Nesse conceito de melhoria contínua, a Basf pretende adotar nos próximos anos no Brasil, seguindo a implementação do código de gerenciamento de produto (o último a ser implantado por todas as empresas, por ser o mais complexo), as análises de ecoficiência.
Ainda em fase de estudo no Brasil, mas com vários cases prontos na Europa, trata-se de ferramenta para analisar comparativamente produtos diversos, medindo aspectos ambientais não embutidos de forma direta no preço.
“É uma mameira de você analisar custos como emissão de poluentes, consumo de energia, que encarecem o produto ao longo da cadeia, tornando-o mais ou menos competitivo”, explica Ern.
O aspecto de custo, aliás, tende a ser cada vez mais levado em conta dentro do Atuação Responsável. Com seu compromisso de ser ferramenta para atender o desenvolvimento sustentável, este conceito que prega a boa conduta socioambiental como condição para o sucesso financeiro das corporações, o novo programa suscitará questionamentos relativos ao desempenho econômico.
Isso fica mais claro ainda na diposição de torná-lo “trampolim” para o PNQ, que também analisa a gestão financeira dos concorrentes.
“Embora na revisão não estejam contempladas práticas para melhorar a gestão de negócios financeiros, no final das contas toda a estratégia do novo Atuação Responsável será útil nesse aspecto”, afirmou o gerente de qualidade da Polibrasil e membro da comissão de qualidade da Abiquim (Qualiquim), Nelson Christianini.
O gerente utiliza o exemplo da própria Polibrasil para explicar sua afirmação. Segundo ele, no recente financiamento de US$ 150 milhões conseguidos com o banco de desenvolvimento holandês (FMO) para construção de sua nova fábrica de polipropileno em Mauá-SP, o envolvimento da empresa na gestão socioambiental foi fundamental para obtenção do recurso.
“Esses bancos só emprestam para grupos com ‘atuação responsável’ comprovada”, testemunha Christianini. Talvez esteja aí o principal motivo para a indústria química aderir de vez ao Atuação Responsável.