Analitica Latin America: Câmbio afeta o setor, mas há oportunidades

Programada para o Transamerica Expo Center, em São Paulo, de 24 a 26 de setembro, a Analitica Latin America – Feira Internacional de Tecnologia para Laboratórios, Análises, Biotecnologia e Controle de Qualidade abrigará cerca de seiscentas marcas de fornecedores mundiais, quantidade similar à da edição anterior, em 2011. Haverá, porém, alguma renovação nesse conjunto: “Receberemos 38 novos expositores, e mais de noventa expositores internacionais”, destaca Lígia Amorim, diretora-geral da NürnbergMesse Brasil, organizadora do evento.
Essa feira acontece em uma conjuntura na qual, apesar de indícios de reaquecimento dos investimentos em alguns segmentos de mercado, pontificam incertezas relativas à evolução da economia nacional, mas há também a recente valorização do dólar perante o real, capaz de impactar diretamente os negócios do setor, que importa grande parte do seu portfólio.
Atualmente, essa instabilidade cambial contribui para o estabelecimento de uma conjuntura mercadológica qualificada como “desafiadora” por Fernando Harada, gerente de negócios da divisão Lab da Mettler Toledo, fabricante de equipamentos como balanças e equipamentos de análise, que importa da Suíça cerca de 95% dos artigos que comercializa no Brasil.

De acordo com Harada, em meados deste ano foi possível observar ligeira retomada dos investimentos nesse gênero de equipamento em setores como produção de alimentos e petroquímica. Combinando esse reaquecimento de negócios com os fatores macroeconômicos, ele projeta: “Crescerão os negócios da divisão Lab da Mettler Toledo no decorrer deste ano, mas não dá para imaginar um crescimento muito grande.”
Também a Bruker traz do exterior, especialmente da Alemanha, seus equipamentos para análise de materiais: ressonância magnética nuclear, equipamentos de fluorescência e de difração de raios X, microtomógrafos, microscópios de força atômica (todos intensamente utilizados no controle de qualidade de setores como mineração, siderurgia e petroquímica, e também em pesquisas desenvolvidas pela indústria ou pelas instituições acadêmicas).
Nos últimos três anos, conta Danilo Bittar, diretor de vendas para a América do Sul da Bruker AXS – divisão da empresa dedicada aos equipamentos para análise de materiais –, cresceram significativamente os negócios da empresa no Brasil, mas neste ano a expansão será um pouco mais contida. “Setores como mineração e petroquímica refrearam seus investimentos, e o próprio poder público reduziu um pouco a destinação de recursos para instituições de pesquisa”, justifica.
Menos vidros – A fabricante de vidraria para laboratórios Laborglas também deve este ano registrar ligeiro incremento em seu volume de negócios, mas o sócio-gerente Walter Pinheiro Teixeira credita essa expansão à soma das comercializações de produtos e serviços, pois já há algum tempo a demanda específica por vidros para laboratórios encolheu em decorrência da introdução de instrumentos analíticos que necessitam cada vez menos de frascos e aparelhos.
Atualmente, compara Teixeira, a demanda por itens de vidraria é quase 15% inferior àquela existente há cinco anos. “Equipamentos para análise de condutividade, pH e oxigênio dissolvido, que anteriormente exigiam vasos específicos, hoje podem ser feitos com apenas um recipiente, e também com apenas um eletrodo”, exemplifica.
Em compensação, interessadas em certificações ISO e em outros atestados de qualidade, mais e mais empresas exigem vidraria com o atestado da RBC (Rede Brasileira de Calibração) e, assim, demandam mais serviços da Laborglas. “Nos últimos doze meses, aumentou em cerca de 300% a quantidade de empresas interessadas em nos homologar como fornecedores de produtos com esse certificado”, conta Teixeira.
Segundo ele, para atender à expansão dessa demanda, entre o final do ano passado e o início deste ano a Laborglas triplicou a capacidade de seu laboratório, que lhe permite trabalhar dentro dos parâmetros exigidos por essa certificação.
Na Metrohm Pensalab, que comercializa no Brasil os tituladores, cromatógrafos de íons, medidores de pH e condutividade, entre outros equipamentos de suíça Metrohm, haverá neste ano algum crescimento de negócios, afirma Sandro Barrionuevo, gerente de aplicação, produto e marketing da empresa. “De maneira geral, o mercado não está se expandindo, mas temos presença forte em segmentos como alimentos e indústrias farmacêuticas, menos sujeitos à conjuntura econômica”, justifica. “Além disso, o Brasil é um país muito grande, sempre permite a conquista de um novo cliente, ou mais negócios regionais”, acrescenta.